Este trabalho representa um esforço para divulgar as atividades da Disciplina Historia da África da UFMT. Ministrada pela Professora Dra. Adiléa De Lamônica Navarros. Representa uma perspectiva inovadora que coloca a atividade da avaliação do curso em uma portal de possibilidade criativa para os discentes. Podemos dizer que é um dialogo profícuo ente a Historiografia Africana, as Fontes Literárias e a Prática Pedagógica.
1. Mãe África.
África sofreu o maior fluxo
imigratório involuntário no período
das grandes descobertas europeias.
Desse continente saíram muitas
pessoas, crianças, mulheres, homens.
Todos tiveram suas vidas
transformadas. Ou simplesmente a
perderam. Foram forçados a migrar
para outro continente, perder a
liberdade, a religião, os costumes e
sua dignidade. Viraram moeda de
troca e protagonizaram o maior e mais
fantástico fator de sociabilidade
involuntária que a humanidade já
presenciou.
2. Este trabalho foi Produzido pelas alunas:
Margarete Luzia da Costa Assis
Stela Oliveira e
Lucilene da Silva
Como parte de Conclusão da Disciplina de
História da África.
Sob a supervisão da professora Adiléa De
Lamônica Navarros
Setembro de 2016/1 7º Semestre
3. UM DEFEITO DE COR, De Ana Maria Gonçalves Ed. Record
Um Defeito De Cor: Por Ana Maria Gonçalves, tem esse título devido a um decreto registrado num
dos Anais do Período Colonial que proibia os negros e mestiços de assumirem função pública.
É uma história de vida baseado em fatos reais, contado sempre na primeira pessoa pela suposta
personagem.
É a história de uma africana da cidade de Mina que foi trazida ainda criança para o Brasil, sofreu
violência sexual, física, moral, viveu os horrores da escravidão, comprou sua alforria, casou com
um francês, teve filho, aprendeu a ler e escrever três idiomas sozinha e venceu os horrores da
escravidão.
Nunca perdeu sua identidade social, ideológica e espiritual. Foi uma mulher forte, bem a frente de
seu tempo. Conseguiu retornar a seu país. E ainda sobraram-lhe força para depois de muito tempo
voltar ao Brasil numa busca incessante a seu filho. Que nasceu livre mais foi vendido por seu
próprio pai. Sua busca se torna história de luta.
4. A face da Liberdade
Em África o sol é isso aí, transmite a paz, calor humano, vida, sociabilidade. Pois as lutas existem mais cada uma segue seu curso
e assim deveria continuar. Somente os signos da fé, da continuidade sem interferências.
5. Os fatos irão ocorrer e deste destino não tenho domínio
Os meus deuses, aqueles que minha avó e minha mãe me apresentou eu nunca irei renegar.
Tudo começou aqui nesta terra linda, com esse céu azul de
anil. Meu nome é Kehinde, nasci em Savalu, reino de
Daomé. A Taiwo é minha irmã, minha mãe, meu irmão
Kokumo e minha avó. Éramos felizes com o pouco que
tínhamos, até que minha mãe e meu irmão foram
assassinados por guerreiros do rei Adandozan. Minha avó
decide que iriámos mudar dali é aí que começa minha
trajetória.
Fui vendida e levada ao estrangeiro, o Brasil. Vivi uma
aventura dura, nua e crua da escravidão, tudo doeu muito,
mais nada é mais doloroso que ter seu filho vendido e saber
que talvez nunca mais você o verá. Por isso é que volto
depois de muito tempo para procura-lo porque como eu
penso que ele deve saber sua origem.
6. Essa sou eu, minha irmã e meu irmão
Nossa vida em Savalu era simples, mais era feliz ,éramos família, eu e minha irmã éramos uma só. Minha mãe
dançava na feira, toda bonita e enfeitada, minha avó sentada tecia e cuidava de nós. Até o dia em fomos surpreendido
pelo destino da morte.
7. A face da Morte
A face da morte é a mesma da discórdia, da incompreensão, do insulto. A face da morte pode se apresentar como o começo de um
infortúnio ou inicio de uma aventura, de descobertas, só depende de como cada um vê o seu inimigo ou seu provedor de um futuro que
você só descobre se aceitar.
8. Minha avó
Tecia, cuidava de nós e não chorou quando viu minha mãe ser afundada pelo guerreiro e morta junto com meu irmão.
Pegou a mim e minha irmã e rumamos junto a um lugar que não era o fim. Não era o destino. Porque o destino só Deus pode nos apresentar.
9. O caminho de um novo destino; Uidá
Foi lá que conhecemos pessoas boas que nos ajudaram assim que chegamos, nos deu moradia e emprego pra minha avó. E tudo se seguia,
conheci o mar e muitas pessoas, conheci o mar. E foi aí que tudo começou a mudar quando aproximei-me eu e Taiwo do mercado de gente. E
fomos pegas mais aminha avó e mandadas para o estrangeiro o (Brasil).
10. O Grande Navio Negreiro
Aquela Grande embarcação ficou pequena para tantos corpos, sub desumanizados, transformado em coisa. No porão onde todos se
misturavam éramos misturados a tudo inclusive a vontade de morrer, porque o sofrimento era na alma, porque no corpo a gente
aguentava, mais na alma era muito difícil. Nesse caminho perdi minha avó e a Taiwo, parecia que ia metade de mim.
11. Casa Grande
Chegando ao estrangeiro fui direto a casa grande do senhor José Gama e eu tive que adotar um nome da terra porque nos tiravam tudo até
nosso nome, Kehinde eu ainda seria somente no meu coração. Fiquei na casa grande um tempo, aprendi a ler e trabalhar muito. Mais
sinhazinha me mandou para a Senzala Grande onde tive a oportunidade de conhecer a verdadeira escravidão. A face do infortúnio.
12. A Senzala Grande
Na Grande Senzala conheci pessoas que sofriam muito e aprendi com eles, me tornei forte talvez foi a melhor de toda as preparações para
uma grande luta todos com quem convivi me foram de grande valia. Me ajudaram a manter vivo dentro de mim o vigor, mesmo nos momentos
mais difíceis, aqueles que pensei que não sobreviveria.
13. O Grande Horror
De volta a Casa Grande, fiquei vulnerável. Já tinha 12 anos e meu corpo mudou, sonhava em me casar e ter família, mais no caminho havia uma
grande pedra, aquela que você tropeça e cai. O desejo macabro dos senhores por suas escravas jovens. Assim como com muitas meu destino se
cumpriu da forma mais hostil possível. Fui violada no corpo, na alma e no meu ser, pensei desistir da vida, mais uma vida nova me fez viver.
14. Amor de Mãe
Só uma vida salva a outra. E
foi assim que resolvi viver
pelo meu pequeno, fruto da
brutalidade que sofri no
engenho pelas mãos do Senhor
meu dono. Quando a morte o
levou aí começa uma nova
caminhada. A sinhazinha
decide ir para São Salvador
da Bahia então tive a chance
de rever meus deuses e batizar
meu filho na minha fé.
15. Banjokô seria apresentado a meus deuses, aos Ibejis e aos Orixás- Mais
não pude cria-lo a meu modo de certa forma foi retirado de mim. A
sinhá apossou-se de sua criação e me tira o direito de ser mãe.
16. SÃO SALVADOR
DA BAHIA
Foi aqui nesta cidade que várias
coisas me aconteceu. Trabalhei com
os ingleses onde aprendi muito da
culinária o que me ajudou muito a
ganhar dinheiro quando tive que ser
escrava de ganho, uma atividade
imposta a escravos na cidade por
seus donos. A liberdade dessa
atividade valia muito. Mais era
enganosa, pois sempre estava
acorrentado por deveres a seus
senhores. Dali saia ideias e a
possibilidade de comprar a alforria.
Me envolvi em tantos fatos que o
tempo eu não via passar.
17. SÃO SALVADOR-
PELOURINHO
Nesta cidade vivi muitos fatos, pessoal e social.
Vi meu primogênito ser criado a modo dos
brancos e depois o vi morrer.
Aprendi sobre a política e me envolvi em
levantes.
Tive meu segundo filho e não sei se fui eu ou
destino quem quis assim, mais foi lá que o
perdi.
Me envolvi com a religião de África como
jamais pude pensar.
Vivi na pele fatos históricos com jamais
imaginei que poderia me envolver.
18. Peregrinação
Minha peregrinação em busca de meu filho que foi vendido pelo pai para saldar dívidas começa logo que notei seu desaparecimento,
junto comigo a culpa de não ter sido presente o quanto ele precisava. Deixando-o com o pai que por vícios vendeu-o como escravo
mesmo ele tendo nascido livre.
19. São Sebastião do Rio de Janeiro
Aqui começa a luta em busca do filho. Foi um dos lugares mais fantástico que Kehinde já conheceu. Envolveu com pessoas influentes e consegue noticias
do filho que poderia ter sido levado pelo mercador para Santos ou São Paulo. Onde ela procura e não encontrando decide voltar para São Salvador e África
20. Caminho de Volta
Na volta para África, porque nada mais lhe prendia ao Brasil, levou tudo que restava,
na esperança de que o filho havia sido mandado para lá em algum cargueiro.
Conheceu seu grande e último amor de sua vida. Do qual teve dois filhos, ibejis
(gêmeas) como ela e sua irmã.
Construiu uma vida econômica bem sucedida, com construção civil pois havia
aprendido engenharia de como construir casas iguais os sobrados da Bahia, que eram
considerados lindos na época.
Porém sua vida nunca seria boa se ela deixasse essa dúvida, sobre o paradeiro do filho.
Por isso retorna ao Brasil aos 74 anos para tentar cumprir tal missão..
21. Pedido de Desculpas.
Porque é assim que vejo tudo isso, como um grande mea-culpa
Eu tinha que voltar, voltar por você.
Depois da morte de meu marido, John,
peguei novamente tudo que era meu e
voltei para Lagos com meus Ibejis e
mais um adotivo que era como se meu.
Mais não ficou comigo voltando para
África, assim como meus filhos foram
estudar fora na França também.
A vida seguiu e somente vivi tanto
tempo acredito foi para te contar que
nunca desisti de encontrar e pedir
desculpas pelas falhas e faltas minhas.
22. Esta é a história de uma menina da região de Mina Daomé África, que teve sua mãe e irmão mortos por
guerreiros de tribos rivais, foi traficada junto com a avó e a irmã gêmea para o Brasil. Recusou ser batizada,
passou pelo mercado de gentes, foi dama de sinhazinha, trabalhou na senzala e foi estuprada por seu
“sinhozinho” que a engravidou. Depois da morte dele a Sinhá foi morar na cidade e para afastá-la do filho
mandou ser escrava de aluguel e depois de ganho. Nas ruas de São Salvador da Bahia conheceu muitas
pessoas, aproveitou todo o conhecimento que adquiriu para empreender negócios, mais foi uma serendipity
que proporcionou a compra da sua alforria e a de seu filho.
Casou com um homem que parecia bom, teve seu segundo filho o qual foi vendido pelo pai como escravo.
Se envolveu em rebeliões, foi presa e teve que se esconder, foi o tempo que conheceu tudo sobre suas raízes
africanas, sua religião se entregou a fundo. Quando voltou seu filho havia desaparecido junto ao pai, que logo
ficou sabendo ter sido vendido pelo mesmo. Começa uma peregrinação em busca do filho em vários lugares,
capitanias e por fim resolve voltar a África por acreditar ele ter voltado para lá.
No caminho conhece seu último companheiro e tem dois filhos e empreende vários negócios e obtém muito
lucro. Com a morte do marido volta ao Brasil com seus filhos e dá a eles a melhor educação da época,
pagando seus estudos. Vive o apogeu das boas finanças e família tudo como tinha que ser. Porém nunca foi
feliz pois o seu filho não consegui localizar por mais que procurasse e termina a história pedindo desculpas a
ele pelas faltas e falhas porque acredita ser sua culpa sua perda para o mundo. E escreve uma espécie de
diário onde conta como que para ele, vezes na primeira pessoa eu, vezes na terceira você.
Como no final ela diz: você tem que saber.
Gostaríamos que fosse um final feliz, mais foi fato e não novela e aos fatos só nos basta aceitar.
FIM