2. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
SEMINARIO TEOLOGICO BATISTA EM SÃO LUIS
TEOLOGIA PASTORA – FORMAÇÃO MINISTERIAL
TEOLOGIA DA FAMÍLIA –
EMENTA
1. EMENTA: apresentar uma visão geral da família à luz da Bíblia
2. OBJETIVOS:
2.1. Conscientizar-se da importância da família na Bíblia;
2.2. Compreender a família, suas origens, funções, classificações e
assuntos relacionados a ela.
3. METODOLOGIA:
3.1. Exposições do conteúdo teórico;
3.2. Debates dos temas tratados;
3.3. Apresentações de seminários em equipes.
4. ATIVIDADES:
4.1. Trabalho de Pesquisa (Seminários)
4.1.1. Trabalho Escrito
4.1.2. Trabalho Apresentado
4.2. Resumo: MALDONADO, Jorge [ed]. Casamento e família:
uma abordagem bíblica e teológica [et al.]; tradução de Carlos
Tadeu Grybowski. 2ª Ed. – Viçosa/MG: Ultimato, 2003.
4.3. Apresentação de textos complementares (Xerox)
5. CALENDÁRIO DE ATIVIDADES
5.1. 1ª Nota - Trabalho de Pesquisa
5.2. 2 ª Nota - Resumo do livro
5.3. 3ª Nota - Textos complementares
SUMÁRIO1
INTRODUÇÃO...........................................................................
1. FAMÍLIA...............................................................................
2. O INICIO DA FAMILIA: O CASAL.......................................
2.1. NAMORO......................................................................
2.2. NOIVADO......................................................................
2.3. CASAMENTO.................................................................
2.4. SEXO.............................................................................
2.5. VIRGINDADE ................................................................
2.6. CELIBATO......................................................................
3. A AMPLIAÇÃO DA FAMILIA: OS FILHOS.........................
3.1. PLANEJAMENTO FAMILIAR.........................................
3.2. ABORTO........................................................................
3.3. ADOÇÃO........................................................................
3.4. EDUCAÇÃO DE FILHOS...............................................
4. A MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA: O LAR.............................
4.1. ORÇAMENTO FAMILIAR..............................................
4.2. COMUNICAÇÃO FAMILIAR..........................................
4.3. CONFLITOS FAMILIARES............................................
5. A FRAGILIDADE DA FÁMÍLIA...........................................
5.1. DIVORÇIO......................................................................
5.2. ORFÃOS........................................................................
5.3. VIUVAS..........................................................................
6. TERCEIRA IDADE................................................................
IMPORTANCIA DA FAMÍLIA PASTORAL..........................
CONCLUSÃO............................................................................
REFERENCIAS.........................................................................
1
Os conteúdos dos itens 2.1;2.2;2.5;2.6;3.2;3.3;5.2;5.3 não estão incluídos no
conteúdo da apostila pois referem-se aos trabalhos (de pesquisa e apresentação) e os
itens 5.1 e 6 serão entregues posteriormente.
3. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
I - FAMILIA
Definição de Família:
A palavra família deriva do latim família (conjunto de escravos
e servos da mesma casa) que por sua vez vem do grego famulus
(servos ou escravos), (EMI, 1987, p.4488-4489) e pode ter as
seguintes definições:
1)Um grupo de pessoas relacionadas entre se por laços de parentesco ou
matrimônio, como os pais e seus filhos, que vivem juntos em uma mesma
residência; 2)Um grupo de pessoas com o mesmo antepassado; 3)Um
grupo atualmente vivo, composto de muitas unidades familiares
individuais; 4)Pessoas que não estão biologicamente relacionadas entre si,
como sucede nas fraternidades, nos clubes sociais, compostos por pessoas
que não tem qualquer conexão racial umas com as outras (EB-TF, 1991,
Vol.2, p.680).
Podemos então resumir que família é “um grupo social que
tem residência comum, que cooperam economicamente e se reproduz”
(EB, 1987, Vol.7, p.288).
Na Bíblia encontramos a palavra família com vários
significados. 1)Velho Testamento: a palavra hebraica para designar
família é minhpãhâ (família, clã, parentes com laços sanguíneos),mas
aparecem ainda outras três palavras com outros sentidos: a)bêt:
referindo-se a casa ou moradores da mesma casa; b)bêt` ab: casa do
pai; c)she`bet: quando trata de tribos. 2)Novo Testamento: a expressão
usada e oikeios (pertencentes à mesma casa ou membros da mesma
família). Ela aparece com três significados: a)Família Biologica: no
sentido literal (I Tm.5:8); b)Congregação de Deus (Ef. 2:19);
c)Membros da família de Deus (Gl. 6:10).
Origens da Família:
As ciências humanas (historia, antropologia, sociologia, etc)
têm apresentado as suas teorias a respeito da origem do homem e
conseqüentemente, da família, mas nosso propósito não é reapresenta-
las aqui, e sim, a explicação bíblica sobre o assunto, a qual
acreditamos ser a absoluta verdade.
Em Gênesis observamos que por mais que o homem tivesse
aparentemente todas as condições para uma sobrevivência digna e
feliz (saúde, trabalho e habitação) ele ainda não estava completamente
satisfeito. Tal verdade é confirmada nas palavras do próprio Deus:
“não e bom que o homem esteja só” (Gn. 2:18) havendo portanto a
necessidade Dele criar alguém “de carne, osso e espírito” assim
como o próprio Adão (Gn.2:19-25; Pv.18:1; Ec.4:9-12).Quando Deus
criou o homem Ele o fez a Sua imagem e semelhança (Gn. 1:26).
Dentre as muitas verdades contidas nesse fato está também a dele ter
sido criador um ser social, para si relacionar. Com a criação de Eva
nascia não só uma auxiliadora para o homem, mas também a primeira
instituição humana e divina chamada família.
Classificações da Família:
Existem cinco tipos de famílias, que são: 1)Biológica: pessoas
ligadas entre si por parentesco, (mesmo descendente); 2)Monogâmica:
também chamada nuclear, constituída de pais (marido e mulher) e
filhos; 3)Composta: duas ou mais famílias nuclear com laços
familiares que dividem a mesma residência; 4)Poligâmica: divide em
três tipos: a)Polignica - um homem, suas mulheres e filhos (Gn.
35:23-29); b)Poliândrica - uma mulher, seus maridos e filhos;
c)Grupal - vários homens e várias mulheres - casal com liberdade
sexual; 5)Extensa: - composta de famílias monogâmicas, poligâmicas
ou ambas - que seguem determinadas regras de residência, que são:
a)Patrilocal: pais que criam todos os descendentes do sexo masculino;
4. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
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b)Matrilocal: mães que criam todos os descendentes do sexo
feminino; c)Bilocal: (compostas), pais que criam filhos, filhas ou
ambos (Gn.46:1-27); d)Avunculocal: filhos de dez nos saem de casa
para morarem com os tios, casarem-se com primas
Funções da Família:
Podemos destacar cinco funções básicas da família, que são:
a)Sexual: embora durante muito tempo o sexo tenha sido ligado ao
pecado, hoje está mais claro para todos que ele sempre fez parte do
propósito de Deus para o homem. b)Econômica: é de responsabilidade
dos membros da família, principalmente os pais, a manutenção e o
sustendo dos seus integrantes e, às vezes, ate dos demais parentes
(Lv.25:35-38: Dt.15:7-11; Ec.4:9); c)Educacional: também
percebemos claramente essa responsabilidade dentro da família dos
pais para com os filhos (Dt. 6:7-9; Pv. 4; 22:6; Ef. 6:4); d)Segurança:
é dever da família promover a segurança presente e futura de seus
membros (Lv. 25: 39-55; I Tm. 5:16). e)Afetiva: sexo, dinheiro,
educação e segurança são importantes, mas o carinho dos conjugues
um para com o outro, dos pais para os filhos e vise- versa é
indispensável (Gn. 26:8; Cantares; Ef. 5:22-29; 6:1; Cl. 3:18-21; I Pd.
3: 1-7).
II - CASAMENTO:
Definições de Casamento:
Casamento em português deriva do latin casa (rocha ou
cabana) sendo definida pela EB-TF (Vol.4,1991,p.114, grifo nosso) de
forma mais específica como: “uma relação pessoal, com o intuito de
perdurar por tempo específico, entre um homem e uma mulher
[monogâmico], ou entre um homem e mulheres [polignico], ou entre
uma mulher e homens [poliândrico], com o intuito de procriação”. O
conceito teológico e corretamente definido pela BM (2003, s/p)2
quando ela diz:
O casamento é um compromisso de aliança – um voto feito a Deus e ao
companheiro, não apenas de amor, mas também de fidelidade, que deve
durar a vida toda num relacionamento de exclusividade (Mt.19:6)”. “é um
milagre de três fases: É um encontro biológico, em que duas pessoas se
tornam uma só carne; é um milagre social, por meio da qual duas famílias
são enxertadas uma na outra; é um milagre espiritual, no qual a relação do
casal é uma figura da união de Cristo e Sua noiva, a Igreja (Ef.5:23-27).
O casamento aparece na Bíblia tanto no sentido literal
(Gn.2:24; Dt.7:3; 24:1-4; 25:5-10; Ne.13:27; Mt.19:3-12; 22:24-28;
Rm.7:2-3; I Co.7:1-16, 25-40; Cl.3:18-19I Tm.4:3; 5:14) como
também no figurado, representando o relacionamento de Deus com
Israel (Is.54:5; 62:4; Jr.3:14; Ez.16:1-63; Os.2:19-20) e de Jesus com
a Igreja (Mt.9:15; 2 Co.11:2; Ef.5:23; Ap.19:7; 21:9; 22:17).
Encontramos as seguintes expressões relacionadas ao
casamento na Bíblia: 1)Velho Testamento: a)basar`ehad: (carne), ou
“parentesco ou comunhão vinculada por corpo físico” - união sexual
2
A BIBLIA DA MULHER. Casamento: O plano de Deus para o casamento. 2ª ed. –São Paulo-SP:
Mundo Cristão e SBB, 2003;
5. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
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(Gn.2:24); b)`aras: (despensório), ou “contrato de casamento
obrigatório firmado entre os pais dos noivos” (Dt.28:30; 2 Sm.3:14);
c)hãtunnãh: (casamento), ou “fazer-se marido da filha, tornar-se genro
de alguém” (Js. 23:12-13; Ca.3:11); d4)misteh: festa de casamento”,
ou “convívio em que se bebe vinho” (Jz.14:10-18). 2)Novo
Testamento: a)gameo: casar derivado de gam (encaixar juntos, formar
um par), da raiz gennao (gerar, dar a luz); b)gamos: casamento ou
bordas de casamento; c)gamizo: dar em casamento; d)gamisko: dar
em casamento.
A partir deste conceito se faz necessário entendermos também
qual a origem, os tipos de casamentos praticados pela sociedade em
geral, bem como a diferença entre o casamento israelita e o cristão
assim como outras questões relacionadas a ele.
Origem de Casamento:
Quanto à origem do casamento, dentro da visão bíblica, é a
mesma da família, ou seja, criado por Deus no Éden com adão e Eva.
Já quanto às classificações, os casamentos se dividem em:
monogâmicos, poligâmicos (polígnicos e poliândricos) e grupal.
Sobre esse ultimo a EMI (1987, p.214 apud MURDOCK, 1960, s/p)3
faz o seguinte comentário:
Não há nenhuma evidência de que o casamento grupal tenha jamais
existido, embora fosse muito citado nos primórdios da antropologia.
O que parece existir em muitas tribos e a extensão dos privilégios
sexuais a vários homens e varias mulheres ao mesmo tempo, o que
não acarreta, porem, a extensão de responsabilidades econômicas.
Classificação de Casamento:
3
MURDOCK, George Peter. Structure in Soulheast Ásia. :Ed. Social, New York, 1960);
Na Bíblia encontramos exemplos mencionados acima, como
também outros específicos, que são: 1)Tribal: onde um dos cônjuges,
na maioria das vezes as mulheres, se filiam à tribo do outro. Neste
caso a tribo era considerada mais importante do que o casal
(GN.29:28); 2)Consangüíneo: um homem poderia se casar com sua
meia irmã, por questões tribais; 3)Misto: “casamento de um israelita
com uma pessoa de outro povo”. Esse tipo de relação era proibido por
Deus (Ex.34:16; Dt.7:3-6; Ed.9:2; 10:3, 16-17), mas também
acontecia por desobediência sendo permitido nas seguintes situações:
a)Com prisioneiras de guerra (Dt.21:10-14; ICo.7); b)Com
convertidas ao judaísmo (Zípora, Raabe, Rute). c)Com o povo
dominador (José do Egito). 4)Poligâmico: embora fosse reprovado
por Deus, há muitos exemplos desse tipo de relacionamento
(Dt.17:17: I Rs.11:1-11). Ele era permitido nos seguintes casos: a)A
Esterilidade: quando a mulher fosse estérea poderia oferecer ao
marido suas servas, os filhos dessa relação com o marido seriam da
estério e não da escrava ; b)A Descendência: casamento levirato ou
“casamento com a cunhada”. Quando um homem morria sem deixar
filhos era de responsabilidade de seu irmão ou, na ausência deste, do
parente vivo mais próximo assumir (maritalmente) a cunhada viúva,
os filhos nascidos seriam do falecido (Gn.38; Lv.18:12; Dt.25:5-10;
Rt.3:4);
O Casamento Israelita:
A escolha do Noivo: Em geral existem cinco critérios para a
escolha de um(a) noivo(a): a)Endogamia (pessoa do mesmo território
e/ou grupo social); b)Exogamia (pessoa de outro território e/ou grupo
social); c)Tipo de família (nas famílias extensas os mais velhos
escolhem os noivos para os filhos de acordo com a capacidade de
trabalho e reprodução (Gn.21:21; 34:4,8; 38:6; Js.15:16; Jz.14:23; I
Sm.18:17-27), já nas famílias nucleares os mais velhos, na sua
maioria, não interferem nas escolhas dos filhos, mas essas dependem
6. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
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de fatores tais como religião, etnia, e posição social dos pais;
(4)Casamentos Prescritos: o homem é obrigado a casar-se com uma
mulher de uma determinada categoria); (5)Casamentos Preferências: é
desejável que o homem case-se com uma mulher de uma determinada
categoria (Lv.18:18; 20::17-21; Dt. 27:20-23).
O Contrato Nupcial (Noivado): O “Despensório” (contrato
obrigatório de casamento firmado entre os pais dos noivos), poderia
ser feito das seguintes maneiras: a)Com Retribuição: doação de bens,
espécie ou serviços (Js.15:16; I Sm.18:17-21,27); b)Sem Retribuição:
troca de presentes de valores aproximados entre as duas famílias
interessadas no matrimonio (Gn.34:12; Ex.22:17); c)Com Restituição
e Punição: caso a noiva fosse seduzida ou adultera respectivamente
(Dt.22:23-24; I Sm.18:25).
A Cerimônia de Casamento: Poderiam ser de dois tipos
(publica ou privada) geralmente na casa do noivo com a presença de
ambas as famílias e amigos dos noivos (Jz.14:11; Mt.9:15; 22:1-10;
João 2:9). O ambiente e decorado com flores (Is.61:10) e a noiva
usava acessório tais como: vestes especiais (Mt.22:1;12), jóias
(Is.61:10), véu (Gn.24:65) coroa de flores (Is.61:10; Ef.5:27;
Ap:19:8). Alem disso ela se cobria como símbolo de proteção e
pureza sexual. Era pronunciada a aliança, acordo pessoal e tribal
(Pv.2:17; Ez.16:8; Ml.2:4) e o casal recebia a benção publica daquela
união (Gn.24:60; Rt.4:11). Após a cerimônia dirigiam-se para a
Câmara Nupcial (Joel 2:16) onde acontecia a “consumação” do
casamento (ato sexual). Por fim, o noivo apresentava publicamente a
“prova da virgindade” ,lençol manchado de sangue (Dt.22:13-21) e as
festividades em comemoração ao casamento duravam até uma semana
(Gn.29:27; Jz.14:12-18).
O Casamento Cristão:
Os cristãos da Igreja Primitiva eram judeus que se converteram
a Jesus, assim sendo, a forma de casamento deles era a mesma citada
acima (casamento israelita), por isso abordaremos neste item os novos
papeis dados aos cônjuges na família cristã:
O Papel da Esposa (Gn.2:18-25; Ef.5;22-24): Aparentemente
parece que houve uma mudança no papel da esposa, de auxiliadora
para submissa ao marido, mas de fato isso não aconteceu. A expressão
sujeitar-se citada em Efésios traz as seguintes implicações:
a)Voluntariedade ao marido: ou seja, a mulher se submeterá não por
obrigação, mas por vontade própria; b)Obediência a Jesus Cristo: a
mulher deve “obedecer” ao marido não apenas pela posição que ele
ocupa dentro da família, mas também porque Cristo exige essa atitude
dela.
O Papel do Marido (Gn.2:18-25; Ef.5:25-33): As palavras de
Deus a Eva: “[...] e o teu desejo será para o teu marido, e ele te
dominará (Gn.3:16)[...]” não foram uma determinação Dele, mas uma
comunicação (informação) de uma nova realidade conseqüente do
pecado. Antes do erro Adão considerava Eva igual a ele: “[...] esta é
agora osso dos meus ossos e carne da minha carne [...]” (Gn. 2:23).
Paulo diz em Efésios que o marido deve AMAR a esposa assim como
Cristo amou a Igreja. Isto implica que: a)A Posição da Esposa:
(1)Ela NÃO é PROPRIEDADE dele; (2)Ela NÃO é
SUBORDINADA dele (serva ou empregada); (3)Ela NÃO é
INFERIOR a ele (Gl.3:28); b)A Posição do Marido: (1)Respeitar a
esposa (Ef.1:22; I Pd.3:7); (2)Amar a Esposa: a expressão usada é
agapao (derivada de ágape, palavra usada para definir o amor
incondicional e/ou sacrifical – amor de Deus por Israel, pela
humanidade; de Jesus pela Igreja).
Portanto, a constante rivalidade entre o homem e a mulher que
resultam no machismo ou feminismo são conseqüência do pecado na
vida do homem, porem esses sentimentos e atitudes comuns aos
nossos dias não fazem parte do propósito de Deus para o casamento.
No casamento cristão o homem dará a mulher o mesmo valor que
7. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Adão deu a Eva (antes de pecar) e Jesus a Igreja. Como comenta
WRIGHTH (1999, p.20 apud SMALL, 1959, p.26)4
:
[...] O casamento cristão jamais pode falhar, mas as pessoas envolvidas
nesse casamento sim. Existe uma vasta diferença entre as duas
possibilidades. Portento, se o casamento de dois cristãos parece falhar, é
porque eles desconhecem os propósitos de Deus ou não estão dispostos a
dedicar-se a eles.
6 As Condições ideais para um CASAMENTO IDEAL:
O autor KEMP (2000, p.23-28) baseado em Gênesis 2:24,
afirma que o propósito de Deus para o casamento inclui dois fatores
indispensáveis, que são: independência e interdependência.
Independência: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua
mãe...” DEIXAR significa abandonar, renunciar, quebrar uma relação
antes de estabelecer outra. Para que o casamento esteja nos padrões
divino é necessário: a)Independência Geográfica: autoridade,
educação dos filhos, liberdade, privacidade, etc, são algumas das áreas
que serão atingidas por problemas conseqüentes da falta dessa
independência; b)Independência Financeira: quando o casal depende
financeiramente de outras pessoas para se manter haverá
interferências destes e perca da autoridade resultando em insatisfação
e conflitos no casamento. c)Independência Psico-emocional: um casal
que não tenha maturidade psicológica e emocional suficiente para
tomar as suas próprias decisões e resolver seus conflitos a dois não
estará plenamente apto para o casamento; Sobre este assunto
CARREIRO (p.11)5
comenta o seguinte:
“O casal precisa de independência em relação aos seus familiares. Isso não
quer dizer que devem cortar relações com a família, mas que, a partir do
4
SMALL, Dwight. Design for Christian Marriage (Desígnio Para o Casamento Cristão), Fleming H.
Revell, 1959 (p.26);
5
CARREIRO, Vanderli Lima. A Família – Sua composição. Revista Escola Bíblica Dominical (Jovens e
Adultos): Cristã Evangélica, Ano XXVIII – Nº3 (p.11);
casamento, vão traça seu próprio caminho e encarar, a dois, os problemas
da vida”.
Interdependência: “e se unirá a sua mulher, e serão ambas
umas sós carnes”. UNIR significa soldar, segurar ou aderir um ao
outro. Agora Adão e Eva não eram dois, mas um. Para haver um
casamento dentro dos propósitos divinos precisa-se de independência
(dos pais), mas também a interdependência (dos cônjuges). Isto
implica em: a)Interdependência Física: o corpo do homem não
pertence a ele, assim como o da mulher não pertence a ela. Ambos
precisam satisfazer as necessidades um do outro (I Co.7:4-5);
b)Interdependência Relacional: marido e mulher saem da autoridade
(submissão obrigatória) dos pais para agora se sujeitar um ao outro
(submissão voluntária); c)Interdependência Espiritual: existe agora
não só uma interdependência física, mas também uma espiritual, no
sentido que dependência de comunhão, onde para estarem ambos em
paz com Deus precisam estar primeiro entre si (I Co.6:15-16; 7:5).
O mesmo autor citado acima comenta o seguinte sobre essa
interdependência: “Ao se unirem, homem e mulher demonstram a
disposição de se apegarem, de seguirem de perto um ao outro, de
ficarem juntos. A união matrimonial pressupõe entre os cônjuges -
estão ligados (CARREIRO, p.11)”.
7 Questões práticas sobre o casamento:
1)Por que as pessoas não querem se casar? Podemos citar
dois motivos básicos: a)Desvalorização do Casamento: “o casamento
é apenas um pedaço de papel” é a desculpa apresentada por muito
para justificarem seu desinteresse pelo casamento. Até evangélicos
tem demonstrado essa atitude através de palavras tais como: “amigado
com fé casado é”; b)A Omissão ao Casamento: muitos não querem
assumir as responsabilidades que o casamento traz, deveres esses
reconhecidos pela legislação e sociedade. Em todos os paises existe
um ritual ou cerimônia publica ou particular que expressa a união de
8. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
um casal, aos que ignoram isso ceto autor pergunta: “se não há
disposição de se assumir um compromisso sério e inequívoco, diante
dos homens, haverá disposição de faze-lo diante de Deus? 6
”.
2)Por que as pessoas estão se casando? Dentre as varias
razões podemos destacar as seguintes: a)Medo da solidão;
b)Conveniência; c)Imitação; d)Influencia; e)Interece; f)Fuga (da
autoridade e controle dos pais); g)Carência emocional; h)Busca da
felicidade;
3)Por que as pessoas deveriam se casar? O casamento tem as
seguintes vantagens: a)Satisfação sexual legal e legitima;
b)Intimidade física e espiritual; c)companheirismo; d)Procriação
legitima e responsável; e)Complementação. Sobre essas vantagens do
casamento a EB-TF (1991, Vol.4, p.180) comenta que “Quando há
harmonia no casal, ambas as pessoas são beneficiadas como seres
humanos, passando a desfrutar de melhor saúde física, com menor
acumulo de tensões, com melhor estabilidade mental e com melhor
saúde psìquica”
Conclusão:
Sobre o casamento podemos então concluir o seguinte: a)Sua
Origem: foi criado por Deus “... Deus o criou;...” (Gn.1:26-27; 2:18-
25); b)Seu Gênero: deve ser heterossexual – “...macho e fêmia os
criou...” (Gn.1:27); c)Seu Tipo: deve ser monogâmico – “...sua
própria mulher......” (Gn.2:25; I Co.7:1-2); d)Seu Propósito:
companheirismo, procriação e satisfação (Gn.1:28; 2:18); e)Sua
Duração: ser permanente e indissolúvel “... o que Deus uniu não
separe o homem...” (Mt.19:6).
6
Texto extraído da internet (Pesquisa sobre Casamento) sem identificação da fonte;
III – SEXO
A Bíblia não faz referencia direta a palavra sexo ou aos órgãos
genitais, mas usa eufemismo para representa-los. 1)Velho Testamento
refere-se aos Órgãos Genitais com as seguintes expressões: a)Coxa:
órgão sexual masculino (Gn.24:9; Ex.28:42); b)Prepúcio: parte do
órgão sexual masculino que era cortada na circuncisão (Gn.17:11;
Dt.25:11); c)Semente: sêmem masculino ou descendência (Gn.3:15;
Lv.15:16-18;22:4); d)Vergonhas: órgãos sexuais masculinos e/ou
femininos (Dt.28:56; Rt.3:1-9; Is.7:20). Encontramos também
referências aos seios e ventres das mulheres (Jô 3:12;
Ct.1:13;4:5;8:10).
Quanto ao Ato Sexual, no Velho Testamento, usam-se as
seguintes expressões: a)Carne: “união sexual entre um homem e uma
mulher” (Gn.2:24; 17:11); b)Conheceu (Gn.4:1,17,25; Jz.19:25);
c)Deitou-se (Dt.22:22; Nm.31:17-18). O Novo Testamento emprega
as seguintes expressões: a)Membros menos dignos (I Co.12:23-24);
b)Leito: “koite”, coabitar ou implantar o esperma masculino
(Hb.13:4); c)Abrasar-se: desejo sexual do solteiro ou viúva (I Co.7:9).
Origem do Sexo:
O sexo teve sua origem no Éden logo após a criação da mulher
(Gn.1:26-28; 2:24; 4:1). Ele foi criado com os seguintes propósitos:
a)A Intimidade física: “.serão uma só carne” b)A reprodução do
homem: quando Deus disse a Adão e Eva: “crescei-vos e multiplicai-
vos e enchei a terra” (Gn.1: 28) Ele não estava dando uma permissão
mas um mandamento ao envolvimento sexual entre eles para o
crescimento e permanência da humanidade (Gn.3:16;4:1; 5:1-32;
Sl.127:3-5); c)A satisfação do homem: embora esse papel não esteja
tão claro no Velho Testamento no Novo percebemos a importância
dele (I Co. 7:3-5).
9. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Classificação do Sexo: (faltam os tipos de sexo)
O relacionamento sexual pode acontecer de inúmeras formas
dependendo de que o pratica. Essa pratica pode ser aceitável ou
reprovável por Deus. Vejamos o que a Bíblia diz sobre este assunto:
Relações Sexuais Proibidas:
Podemos encontra claramente na Bíblia a proibição aos
seguintes tipos de relações sexuais: fornicação, adultério,
homossexualismo, prostituição, estupro, incesto e bestialismo.
Sexo Antes do Casamento (Fornicação):
A palavra fornicação vem do grego pornoi (impuro,
imoralidade) e significa “Relações sexuais ilícitas entre pessoas
solteiras (EB-TF, 1991, Vol.2, p.808)” ou ainda uma “relação sexual
voluntária entre uma pessoa solteira e outra do sexo oposto [...] a
coabitação ilícita entre uma pessoa casada e outra, qualquer que seja o
sexo (EHT-IC, 1988, Vol.II, p.181)”.
O homem que se relacionasse sexualmente com uma mulher
antes do casamento teria que pagar uma indenização ao pai da noiva
ou ao dono da escrava (Lv.19:20). Já a mulher que não casasse
virgem era condenada a morte, na maioria das vazes por
apedrejamento (Dt.22:13-29). Já o Novo testamento recomenda a
fugir dela, pois nenhum fornicário herdará o Reino de Deus (I
Co.6:18; Gl.5:19; Ef.5:3; Cl.3:5).
Ela aparece na Bíblia com dois sentidos: 1)Geral: referindo se
a qualquer tipo de imoralidade ou impureza sexual (Mt.:32;19:9;
At.15;29; ICo.5:1; 6:18; 7:2; Ef.5:3,23-27; Gl.5:19; Cl.3:15);
2)Específico: referindo-se a pratica do sexo antes do casamento
(Mt.5:28; I Co.5:11;6:18-20).
Sobre a pratica da fornicação GEISLER (1991, p.171) adverte:
“Não se deve ‘começar’ nada a não ser que se esteja disposto a ir até o
fim. E não se deve ir até o fim até que seja casado, porque as relações
sexuais estão reservadas para o casamento aos olhos de Deus”.
Sexo Fora do Casamento (Adultério):
Podemos definir adultério como sendo: “relação sexual de um
homem casado, com uma mulher que não seja a sua, ou a mesma
relação entre uma mulher casada e um homem que não seja o seu
marido [sentido especifico] ou ainda o culto a deuses estranhos ou
outras violações do pacto com Jeová [sentido figurado]7
”.
Embora o adultério fosse condenado por Deus encontramos
vários exemplos na Bíblia desta pratica (Jò.24:15; Pv.2:16 ;Jr.23:10-
14; 29:23). 1)Velho Testamento: considerado adultério tanto o ato
sexual com uma pessoa casada quanto com uma noiva (Lv. 18:20;
20:10; Dt.5:21; 22:22-27). A lei condenava até desejar a mulher do
próximo (Ex.20:7) e a mulher suspeita de adultério era submetida a
um rigoroso exame (Nm.5:11-31). Caso alguém fosse considerado
adúltero (por exame ou fragrante) era condenada a morte por
apedrejamento (Dt.22:22; Ez.16:40; 23:43-47). 2)Novo Testamento:
usa a expressão moichoi para referi-se ao adultério (I Co.6:9). E
também condena tanto o ato sexual como o desejo pela mulher casada
(Mt.5:27-28;12:39;16:4;19:18; Mc.8:38;10:11,19; Lc.18:20; Jô.8:2-
11; Rm.13:9; I Ts.4:3; Tg.2:11;4:4) e seus praticantes não herdarão o
Reino de Deus (I Co.6:9; 2 Pd.2:14).
O adultério aparece na Bíblia com dois sentidos: 1)Literal:
relacionamento sexual fora do casamento; 2)Figurado: representando
o : a)A infidelidade de Israel para com Deus (Jr.2:2; 3:8; 5:7;
Ez.16:23; Os.2:4); b}A rejeição dos Judeus para com Jesus (Mt.12:39;
16:4; Mc.8:38: Tg.4:4).
7
DB, 1990 (p.20) grifo nosso;
10. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Para VONDEREN (1996,p. ) existe “três tipos de adultério”
que são: 1)Adultério Aceitável: o cônjuge é trocado pelo trabalho,
lazer, televisão etc; 2)Adultério Inaceitável: a troca do relacionamento
conjugal por outro extraconjugal; 3)Adultério Mais Aceitável: o
cônjuge é substituído pelo serviço cristão e pela igreja.
Sexo com pessoas do mesmo sexo (Homossexualismo):
Defini-se por homossexualismo o desejo ou a relação sexual
com uma pessoa do mesmo sexo. A autora CASTILHO (1989, p.15)8
apresenta a seguinte classificação pra essa relação: 1)Pederastia:
desejo ou relação sexual entre um homem e um menino; 2)Sodomia:
relação sexual entre um homem passivo com outro homem;
3)Andrognia: relação sexual entre um homem ativo com outro
homem; 4)Lesbianismo: relação sexual entre uma mulher e outra
mulher; 5)Bissexualismo: relação sexual de uma pessoa com outras
(de ambos os sexos).
A Bíblia condena essa pratica que já era comum nos
primórdios da humanidade. 1)Velho Testamento: a palavra usada para
definir os sodomitas (como eram conhecidos os homossexuais ativos e
passivos) era Kadesh (Gn.19:5; Dt.23:17;Jô 36:14). A lei de Moises
dizia que se um homem que fosse achado mantendo relação sexual
com outro homem ambos eram condenados à morte (Lv.19:22;
20:13). O exemplo de maior destaque é o de Sodoma, de onde se
origina a palavra sodomia (Gn.19:1-10), e Gibeá (Jz.19:22), mas há
outros casos (I Rs.14:24; 15:12; 2 Rs.23:7). 2)Novo Testamento: as
palavras usadas são: a)Malakoi: “efeminados” – homem com traços e
comportamento feminino (ICo.6:10); b)Arsenokoitai; sodomitas (I
Tm.1:10).
O homossexualismo é uma perversão da natureza conseqüente
do pecado. Paulo adverte que essas pessoas não herdarão o Reino de
Deus (Rm.1:27-28; 2 Pe.2;6-7,10; Jd v.7-8).
8
CASTILHO, Líssias. Homossexualidade. São Paulo: ABU, 1989 (p.15);
Sexo Por Dinheiro (Prostituição):
A prostituição é a pratica da relação sexual visando um fim
financeiro, ou seja, ceder o próprio corpo por um determinado tempo
para a satisfação sexual do outro por um preço pré-estabelecido.
1)Velho Testamento: encontramos os seguintes tipos definidos
nas palavras: a)Qedêshâ: Prostituição feminina; b)Qãdhêsh:
Prostituição masculina (Dt.23:17;I Rs.14:24); c)Qdsm: Prostituição
cultual canaanita (Dt.23:18). A pratica da prostituição era comum nos
tempo dos patriarcas (Gn.38:15-22), mas foi condenada pela Lei de
Moises, o que não impedia a sua pratica. As prostitutas não poderiam
dizimar no Templo (Dt.23:17-18), muito menos se casa com um
sacerdote (Lv.21:7). As punições para tal pratica eram: a)Morte na
fogueira: para as filhas dos sacerdotes (Lv.21:9); b)Morte por
apedrejamento: para a pratica da fornicação (Dt.22:20-21). 2)Novo
Testamento: também proíbe tal pratica (At.15:20). A prostituta é
citada nos seguintes casos: a)Responsável pelo desperdício financeiro
(Lc.15:13,30); b)Sendo reprovada a união sexual de um crente com
ela (I Co.6:15-16); c)Alcançando o perdão dos pecados pela fé em
Jesus (Lc.7:36-50); d)Alcançando a salvação pela fé em Jesus
(Mt.21:31).
Sexo por Sedução e/ou Estupro:
A Bíblia condena tanto a sedução como o sexo forçado ( com
escrava, virgem livre e noiva). O exemplo mais conhecido é o de
Amnom e Tamar, filhos de Davi (2 Sm.13:1-19). A punição para tais
praticas era de acordo com os seguintes casos: 1)Com o consentimento
da mulher (Sedução): quando um homem se relacionasse sexualmente
com uma virgem que não fosse noiva, com a permissão dela, existiam
as seguintes maneira de resolver a questão: a)O sedutor indenizaria o
pai da virgem e se casaria com ela sem direito a divorcio (Dt.22:29);
b)Caso o pai da virgem não aprovasse o casamento ele seria
11. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
indenizado pelo sedutor e sua filha não poderia mais se casar; 2)Sem o
consentimento da mulher (Estupro): em caso de relações sexuais com
uma virgem (noiva) sem o seu consentimento, o local do fato
determinava o tipo de punição: a)Na cidade: ambos seriam
condenados a morte por apedrejamento - a mulher por não ter gritado
e o homem por humilhar a mulher do próximo (Dt.22:23-24); b)No
campo: sendo uma noiva, somente o estuprador seria morto por
apedrejamento, (Dt.22:25-27). Sendo uma virgem livre o estuprador
pagaria uma indenização ao pai e se casaria sem direito a divorcio
(Dt.22:28-29).
Sexo Com Parentes Muito Próximos (Incesto):
A palavra incesto deriva do latin incestus (não casto) podendo
ser definida de forma mais clara como: “uma relação sexual ou
marital entre duas pessoas consideradas pela sociedade como tão
próximas que o casamento entre elas é proibido (EMI, 1987, Vol.1,
p.6032-6033)”.
No sentido geral existem algumas razões para a proibição
dessa pratica, que são: 1)Sociais: onde ele desestabiliza as fronteiras
especificas do casamento legítimo; 2)Naturais: a fim de evitar
possíveis deficiências físicas, mentais e psicológicas dos filhos dessa
união; 3)Religiosas: para a qual o incesto é um erro moral do ponto de
vista divino;
O Velho Testamento usa a seguinte expressão “Se’erbesárô”
que significa “carne da sua carne” ou “parentes consangüíneos”. O
incesto foi praticado no inicio da humanidade por uma necessidade de
crescimento e preservação (Gn.19:30-35; 20:12; 35:22; 49:4;
Ex.6:20), mas posteriormente foi proibido pela Lei de Moíses, exceto
para o casamento levirato (Lv.18:6-18; 2 Sm.13:7-14, Ez.22:10-11). A
punição para os desobedientes deste mandamento era a morte
(Lv.20:11,12,14,17,19,20,21). O autor HARRISON (1989, p.174)9
explica o porquê dessa proibição:
Se o casamento entre parentes próximos tivesse sido permitido, os
resultados teriam sido que as terras e os bens se concentrassem rapidamente
nas mãos de umas poucas famílias. Este acontecimento, por sua vez, teria
levado os israelitas a servidão, destruindo, assim, qualquer consciência de
comunidade e da igualdade individual sob a lei que o ideal da aliança
representava.
O Novo Testamento traz o exemplo de um jovem que
mantinha relação sexual com a mulher do próprio pai. Por esse pecado
ele foi excluído da igreja, sendo entretanto incluído novamente após
arrependimento e abandono dessa pratica (I Co.5:1-5; 2 Co.2:5-11).
Sexo Entre Homens e Animais (Bestialismo):
“Bestialismo” é a relação sexual entre um homem, ou uma
mulher e um animal. Deus proibiu essa pratica que era comum entre
os canaanitas (Lv.18:23;Dt.27:21), a punição para quem fosse
surpreendido cometendo esse ato era a morte (Lv.20:15-16). Esse tipo
de relação sexual também é uma perversão da natureza resultante do
pecado na vida do homem (Rm.1:28)
Relações Sexuais Permitidas:
O ato sexual aprovado por Deus tem as seguintes
características: 1)Heterossexual: Deus criou “macho e fêmia” isso
implica que a relação sexual e permitida quando envolve homem e
mulher (Gn.1:26-28;2:7,21-24); 2)Monogâmico: Deus criou também
“um homem (Adão) e uma mulher ( Eva)”, ou seja, o sexo deve ser
praticado entre um casal – um homem e uma mulher (Gn.1:26-
9
HARRISON, R.K. Levítico: introdução e comentário. Tradução de Gordon Chown – São Paulo: Vida
Nova e Mundo Cristão, 1989 (p.174);
12. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
28;2:7,21-24); 3)Conjugal: o ato sexual é legitimo e lícito quando
praticado dentro do casamento, não antes (fornicação), não fora
(adultério ou prostituição), mas por pessoas legitimamente casadas
(Mt.5;27-28;I Co.7;2,5;At.15:29; Hb.13:4).
4. Questões Praticas Sobre o Sexo:
4.1 A Masturbação é Pecado? A Bíblia não trata diretamente
deste assunto, portanto o abordaremos sobre o ponto de vista dos
autores, baseados nos princípios bíblicos. Podemos definir
“masturbação” como sendo “a provocação do orgasmo mediante
excitações praticadas fora das relações sexuais, ou seja, excitar os
órgãos sexuais para extrair prazer (SHORT, 1988, p.114)10
”.
Para os LaHAYE (1980, p.250-251) ela não é recomendável,
pós alem de ser fruto de pensamentos impuros: É antinatural: o prazer
alcançado dessa pratica é fruto de um “sexo solitário”, diferente do
ideal de Deus, que envolve duas pessoas; Produz Sentimento de
Culpa: o cristão que pratica tal ato geralmente sente-se triste e
frustrado; Pode Ser Uma Fuga: o cônjuge pode, em vez de resolver os
conflitos que estão atrapalhando a vida sexual do casal, recorre para
tal pratica;É um desrespeito ao Cônjuge: pós lhe nega o que é seu
direito.
Para GEISLER (1994, p.171), diz que a masturbação só é
aceitável nos seguintes casos: a)Controle próprio temporário (para os
noivos antes do casamento); b)Necessidades especiais (exames
médicos, afastamento por viagens, questões de saúde do casal, etc.). A
masturbação para ele é um pecado, quando é motivada pelas seguintes
razões: a)Satisfação pessoal egoísta (prazer biológico); b)Desejo
incontrolável (hábito compulsivo); c)Busca por auto-afirmação
10
SHORT, Ray E. 77 Perguntas Sobre Sexo, Namoro e Amor. 2ª ed. Tradução de Neyd Siqueira. São
Paulo:
Mundo Cristão, 1988 (p.114);
(complexo de inferioridade); d)Pensamentos impuros (impureza e
imoralidade).
Os solteiros, para os mesmo autores, têm as seguintes
alternativas: a)Sublimação: drenar a energia sexual através de
exercícios físicos/ocupação; b)Polução Noturna: ejaculação
espontânea noturna do acumulo de esperma.
4.2 Os Sexos Oral e Anal são pecados? Devido à escassez de
materiais evangélicos que tratem deste assunto nos propomos a
apresentar as duas correntes e seus respectivos argumentos:
1)Argumentos Contra: Os que condenam esta pratica destas
relações apresentam os seguintes argumentos: Eles não devem ser
praticados porquê: a)A Proibição da Sodomia: o sexo entre dois
homens só é possível pela relação oral e principalmente pela anal. Ao
condenar o homossexualismo Deus também condenou o sexo oral e
anal (Lv.19:22; 20:13); b)As funções dos Membros: A Bíblia diz que
Deus fez o corpo humano constituído de vários membros, e todos têm
a sua função. A boca e o ânus têm como funções principais à
alimentação, comunicação e evacuação respectivamente. Portanto
nenhum desses dois membros foi designado para a penetração do
órgão masculino (Mt.15:10,11,17,18-20); c)O Uso Contrario das
Mulheres: a Bíblia diz que, como resultado da desobediência, os
homens passaram se satisfazer sexualmente com as mulheres de
outros meios, contrários aos naturais. Subtende-se que isso inclui o
sexo oral e anal (Rm.1:26;13:13).
2)Argumentos a Favor: Os que defendem estas praticas
apresentam os seguintes argumentos a favor: Eles são permitidos
quando: a)Com Consentimento: quando ambos os cônjuges
concordem, nenhum se senta agredido ou desrespeitado; b)Com
Moderação: quando essas relações não forem à única forma de
satisfação, mas um dos meios para alcança-la; c)Com Prevenção: com
o uso de preservativos.
13. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
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IV - PLANEJAMENTO FAMILIAR:
Razões para ter filhos:
Novamente os LaHAYE (1980, p.178-180) apresentam as
seguintes razões para termos filhos: 1)Gerar filhos é um dom singular
de criar um ser eterno: todos os outros seres se reproduzem, mas
somente o homem produz outro com uma característica tão valiosa
(ser eterno); 2)Os filhos são bênção (herança) do Senhor (Sl.127:3,5);
3)Os filhos são prova do amor tangível do casal: ou seja eles são a
extensão da família; 4)Realização do designo mental: ao terem filhos
uma casal esta cumprindo não só um propósito natural como também
um mental que lhe proporciona satisfação.
Responsabilidades dos pais:
Os pais têm os seguintes deveres para com os filhos:
1)Provisão Material: como seres humanos, os filhos são dependentes
de seus pais no que diz respeito as suas necessidades materiais básicas
(alimentação, saúde, habitação e lazer); 2)Provisão Educacional: os
pais devem proporcionar aos seus filhos uma boa educação, não só no
sentido de informação como também de valores (Dt. 6:7-9; Pv. 4;
22:6); 3)Provisão Espiritual: como mordomos de Deus devemos
cumprir também o papel de guia espiritual para nossos filhos,
ensinando-lhes a amar a Deus através do nosso exemplo pratico;
4)Provisão Afetiva: não devemos como pais evitar apenas os
problemas de saúde ou informação, mas principalmente os
psicológicos frutos da falta de amor.
A Pratica do Planejamento Familiar:
GEISLER (1980, p.180-185) apresenta os seguintes
argumentos contra, a favor do Planejamento Familiar e seu Conceito
Cristão. Vejamos cada um deles com mais detalhes.
Argumentos Contra: aqueles que são contrários ao
Planejamento Familiar se justificam apresentando os seguintes
argumentos. Evitar filhos para eles é: a)Uma Desobediência ao
Mandamento de Propagação: Deus ordenou que o homem se
multiplicasse gerando filhos, pois eles são benção e a esterilidade era
uma maldição (Gn.1:28;Sl.127:3,5;Dt.17:14); b)Um Assassinato
Intencional Antecipado: o homem não deve querer se colocar no lugar
de Deus, pois só Ele dá e tira a vida (Gn.20:18;29:31;32:39;Jô 1:21);
c)Contrario ao Propósito Sexual da Procriação: o propósito original do
sexo não era egoísta, ou seja recreacional (para a nossa satisfação
pessoal), mas sim altruísta, ou seja procriacional (para compartilhar
vidas); d)Condenado Explicitamente por Deus: Onã por não querer
gerar filhos foi punido por Deus com a morte. Castigo semelhante
está reservado para os que o praticam (Gn.38:9-10).
Argumentos a Favor: os que são favoráveis ao planejamento
Familiar refutam os argumentos acima apresentando as seguintes
interpretações para os mesmos: a)O Mandamento de Procriação é
Geral: ele foi dado a humanidade como um todo e não a cada homem
individualmente. Caso ele fosse uma desobediência Jesus teria
condenado os celibatários e a abstinência sexual temporária aos
casados (Mt.19:12;I Co.7:5); b)Não é um Assassinato Intencional
Antecipado: evitar o nascimento de uma nova criança a fim de
proporcionar uma melhor vida para outra que já existe não é
assassinato. Existe uma grande diferença entre tirar e evitar uma vida;
c)A Procriação Não É o Único Propósito do Sexo: Deus criou o sexo
com três propósitos básicos (procriação, unificação e satisfação);
d)Deus Não Condenou o Planejamento Familiar: o pecado de Onã foi
o egoísmo, e a desobediência, não ao mandamento de procriação, mas
ao casamento levirato, pois era seu dever gerar descendência ao seu
irmão (Dt.25:5).
14. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
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6. O Conceito Cristão:
Dentro de uma perspectiva cristã, para GEISLER, o
Planejamento Familiar pode ser visto sobre dois lados: 1)Pode Ser
Errado: quando praticado fora do casamento (sexo promiscuo e
ilícito); nega a preservação da raça humana (ameaçada de extinção por
guerra, epidemias, catástrofes etc,); ameaça o crescimento natural da
humanidade; é praticado por omissão ou desvalorizações das
responsabilidades de pais. 2)Pode Ser Certo: quando se espera as
condições ideais (psicológicas, econômicas, etc); busca-se qualidade
de vida (número de filhos suficientes às condições de supri-lhe as
necessidades); envolve questões de saúde (física, mental e
psicológica) da criança ou casal; por propósito (alguém que se
consagra ao celibato – Mt.19:12). Sobre este assunto os LaHAYE
(1980, p.189) concluem o seguinte:
Todo casal deve resolver, em atitude de oração, qual será sua deliberação
quanto ao numero de filhos. É melhor fazer-se um planejamento neste
sentido. Deus orientará nisso a quem buscar sua vontade. Certifique-se de
não está sendo influenciado pela filosofia humanista de nossos dias, mas
que está procurando conhecer a vontade de Deus, revelada em sua Palavra
[...] O número deles será determinado pelas suas possibilidades. Será
quantos eles pensam que podem amar e criar de forma adequada, para que
levem uma vida dedicada ao serviço de Deus11
.
7. Questões Praticas Sobre o Planejamento Familiar:
1)Quais São os Métodos Concepcionais Artificiais? Vejamos
os principais: a)Homólogos: as células germinativas (óvulos e/ou
espermatozóides) do casal; b)Heterólogos: células germinativas de
outra pessoa; c)Extracorpóreos: células germinativas fecundadas fora
do corpo feminino (in vitro); d)Intracorpóreos: células germinativas
11
LaHAYE, 1980, (p.189);
fecundadas dentro do corpo feminino com auxilio técnico (Método
“Gift”).
2)Quais São os Métodos Anticoncepcionais Artificiais?
destacamos os seguintes: a)Hormonais: utilização de pílulas,
injetáveis e implantes subdermais; b)Espermaticidas: esponjas,
geléias, pomadas; c)Barreiras: capuz cervical, preservativo e
diafragmas; d)Ação Mecânica: DIU’S (Dispositivos intra-uterinos);
e)Esterilizações Cirúrgicas: ligação das trompas e vasectomia.
A laqueadura de tubas uterinas (ligação das trompas) é uma técnica de
esterilização feminina. Consiste numa cirurgia em que a tuba uterina é
alcançada e amarrada com um fio inabsorvível. A laqueadura impede que
os espermatozóides alcancem o óvulo, evitando a fecundação [...] A
vasectomia é um método de esterilização do homem e consiste de uma
pequena cirurgia em cada um dos ductos deferentes, de maneira a impedir
que os espermatozóides possam ser expelidos do corpo masculino durante a
ejaculação (PAULINO, 2004, p.50, grifo nosso).12
3)Quais São os Métodos Anticoncepcionais Naturais? Esses
métodos são mais falíveis, pois dependem de vários outros fatores.
São eles: a)A Tabela: consiste na observação dos seguintes fatores da
menstruação. a)A Temperatura Basal da mulher, que se eleva durante
o período fértil e b)A Abstinência Sexual durante o período que
antecede e precede a ovulação (período de risco). Como somente 20%
das mulheres têm o período menstrual normal esse método oferece
bastante risco; b)O Coito Interrompido: concite em expelir o sêmem
fora do órgão sexual feminino, a exemplo de Onã (Gn.28:8-10). No
entanto, como mesmo antes da ejaculação os espermatozóides já
circulam pelo líquido lubrificante produzido pelo casal esse método é
tão de risco quanto o acima citado. c)A Abstinência Sexual: a
utilização do sexo exclusivamente para a procriação. Esse método
porem não é recomendada pela Bíblia (I Co.7:3-5).
12
PAULINO, Wilson Roberto. Ciências: o corpo humano. – São Paulo: Ática, 2004;
15. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
8. Conclusões:
Portanto sobre o Planejamento Familiar devemos levar em
conta as seguintes questões: 1)Ele Não é Pecado: Deus se preocupa
com o nosso bem, não deseja Ele que sejamos irresponsáveis
colocando pessoas no mundo que não terão uma vida digna; 2)É
Indispensável: é de fundamental importância que os casais tenham
filhos esperados; 3)A Segurança do Método: o que oferecer o menor
risco possível; 4)A Eficácia do Método: os métodos artificiais são os
mais recomendáveis (seu uso deve ser regular e não casual) .
V – EDUCAÇÃO DE FILHOS
Somos responsabilizados por Deus a construir o caráter de
nossos filhos: “Ensina o caminho em que a criança deve andar e ainda
quando for velha não se desviará dele (Provérbios 22:6)”. Se nos
omitirmos ou negligenciarmos essa tarefa tão importante não somente
nós mas também toda a sociedade arcara com as terríveis
conseqüências. Deus adverte o seu povo sobre a importância de
começa a educação em casa:
“Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor,
o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas
forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu
coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas
quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho,
quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços
e prenda-as na testa. Escreve-as nos batentes das portas de sua casa e em
seus portões” (Deteuronômio 6:4-9).
Definições de Educação:
Educar significa promover a educação através da transmissão
do conhecimento ou “Processo de desenvolvimento da capacidade
física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral,
visando à sua melhor integração individual e social (FERREIRA,
p.499)”.
Existem os seguintes tipos de Educação; 1)Heteroeducação:
quando a educação independe da vontade do educando;
2)Assistemática: quando a educação acontece sem a intenção do
educador; 3)Sistemática: quando há intenção do educador e o
interesse do educando; 4)Auto-educação: quando a educação é de
interesse exclusivo do educando. As maiorias dos pais educam
negativamente os filhos quando se omitem ou negligenciam seu papel
16. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
de educador utilizando-se, ainda que inconscientemente, a
heteroeducação enquanto que deveriam aplicar a educação
assistemática para educar positivamente.
Para STOTT (2001, p.188) existem dois tipos de educação e
devemos fazer a distinção entre elas:
[...] Temos de distinguir entra a educação verdadeira e a falsa. A falsa
educação é a doutrinação em que os pais e mestres impõe a sua vontade
sobre a criança. A educação verdadeira, de outro lado, é o estimulo, em que
pais e mestres agem como catalisadoras e encorajam a criança a ter suas
próprias respostas. Não podem fazer assim se deixam à criança avançar aos
tropeços, devem ensinar os valores cristãos da verdade e da bondade,
defende-los, e recomendar a sua aceitação, mas ao mesmo tempo abster-se
de qualquer pressão, e muito mais de qualquer coerção.
A Pratica da Criação de Filhos:
VONDEREN (1996, p.93-143) apresenta as seguintes
ordenanças para serem evitadas e seguidas respectivamente pelos pais
a fim de que eduquem corretamente seus filhos:
As Advertências aos Pais:
Não Provoquem ira em seus filhos (Ef.6:4): Para
compreendermos melhor essa advertência é necessário definirmos o
que é ira . No Novo Testamento encontramos as seguintes palavras
que a definem: 1)Thumas: “explosão de raiva” (Gl.5:20); 2)Orgay:
“raiva derivada de uma ameaça ou dano a algum aspecto valioso de
nossa vida” (Ef.4:26; 5:6); 3)Perigismos: “hostilidade em estado de
efervescência”, raiva reprimida, que não se expressa, ira camuflada
(Ef.6:4). A ira que os pais não devem provocar nos filhos é então, uma
hostilidade em estado de efervescência. Ela é gerada nos seguintes
casos: a)Não deixamos que eles expressem as suas raivas; b)Nossa
falta de coerência entre palavras e ações: c)Ignoramos seus
pensamentos, decisões e sentimentos; d)Invadimos sua privacidade;
e)Não lhe damos a atenção devida; f)Não ser presente: g)Humilhar-los
publicamente.
Não seja tropeço aos seus filhos (Lc.17:2): Segundo o autor
nos tornamos tropeços para nossos filhos quando demonstramos
através de nossas atitudes que só os amamos quando eles fazem o que
“é certo” ou “o que queremos”. Assim os pressionamos a se
adaptarem as nossas exigências. Nosso erro é comprovado através dos
seguintes fatos: a)Nossos Objetivos: tentativa constante de controlar a
conduta deles; b)Nossos Métodos: restrições e castigos, manipulação,
mensagem de culpa; c)Nossos Alvos: alcançar uma boa conduta
exterior em nos filhos (aparência). Sobre essas atitudes o autor faz a
seguinte advertência:
Quando nós, pais, tentamos dirigir e controlar excessivamente a conduta de
nossos filhos (mas não respondemos pela nossa), nós os desabilitamos.
Impedimos que se tornem capazes e que assumam responsabilidade por seu
comportamento. Assim, provocamos neles uma hostilidade latente. Esse
tipo de criação faz tropeça os pequeninos, pois cria um ambiente no qual
eles aprendem a adotar um procedimento de aparência, na ânsia de serem
amados e aceitos. O amor e a aceitação são dádivas que recebemos por
causa de Jesus e não que obtemos por mérito (VONDEREN, 1996, p.136).
Os Mandamentos aos Pais:
Ensina a Criança no Seu Caminho (Pv.22:6): criar é fazer com
que uma pessoa aceite alguma coisa, e no caminho significa levar a
criança a se interessar pelo que ela mais gosta. O mesmo autor explica
como isso deve ser feito:
Então, como é que se ensina a criança no seu próprio caminho? Criando um
ambiente onde ela possa aprender a:
respeitar sua própria sexualidade e a dos outros;
tornar-se competente no desempenho de suas tarefas cotidianas;
viver de forma coerente com sua identidade peculiar de ser humano;
viver de forma coerente com sua identidade em Cristo (VONDEREN,
1996, p.120).
17. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Ensina a Criança a Confiar em Deus (Ef.6:4): embora a
expressão usada aqui seja pateres (pais do gênero masculino) o
mandamento é dirigido a ambos. Os pais têm a responsabilidade de
criar ektrepho (alimentar, cuidar e nutrir) seus filhos. Para que essa
educação tenha resultados eles devem fazer uso da disciplina paidaia
(que tem aqui o significado de educação) e admoestação nouthesia
(instrução e advertência). O autor Russell Champlin, sobre o texto
acima, comenta o seguinte:
[...] Mas essa educação é do Senhor, ou seja, tem natureza espiritual, pois
sua finalidade é beneficiar uma alma eterna. Este texto ultrapassa em muito
as ações severíssimas de certos pais para com os seus filhos! Ira e
Restrição, como também ameaças e castigos corporais por motivos banais,
não são ações apropriadas dos progenitores. Pois há um elevadíssimo alvo
que precisa ser obtido através de meios espirituais [...] O treinamento
pertence a Cristo, tendo sido prescrito por ele, sendo administrado em seu
nome, sob a sua autoridade (CHAMPLIN, 2002, Vol.4, p.637).
O Plano de Educação Positiva dos Filhos:
MCDOWELL e DAY (2001, p.30-37) afirmam que um “plano
de educação positivo de filhos” deve incluir os seguintes elementos:
Aceitação: quando os pais amam os filhos incondicionalmente
desenvolvem neles a segurança e auto-estima, pois através da
aceitação lhes dizem: “Você é Especial”. Deus nos dá o exemplo
dizendo que nos amou quando nós ainda éramos pecadores e mesmo
já reconciliados com Ele quando pecamos está pronto a nos perdoar
(Rm.5:8).
Quando os filhos percebem a verdadeira aceitação dos pais, eles sentem
segurança. Sabem que são valiosos e que seu valor não é determinado pelo
seu bom desempenho. Mas apenas por serem quem são, e que são amados
por si mesmo […] Não ha nada mais importante para um pai aprender e
praticar do que a aceitação incondicional. Se seu filho não sente que você o
aceita incondicionalmente, ele não se sentirá seguro. A criança insegura
raramente está disposta a ser vulnerável. Ela não será transparente. Isto é,
não voltará da escola pronta a compartilhar com você o que está
acontecendo, o que seus amigos estão dizendo e fazendo. A criança que não
se sente aceita é insegura e vive com medo – medo de que ‘eu serei
rejeitada, então é melhor ficar de boca fechada (McDOWELL & DAY,
2001, p.30)”.
Apreciação: os pais devem elogiar sinceramente os filhos e
lhes afirmar o seu valor. Para tanto é necessário procurar identificar os
“acertos e qualidades” neles em vez de só apontar os “erros e
defeitos”, e evitar transforma-los em perfeccionistas, ou seja, pessoas
que não aceitam erros. Os pais, ao apreciarem seus filhos,
desenvolvem neles o valor de significado e lhes dizem: “Você é
Importante”. Nossos filhos são especiais pelos seguintes motivos;
a)Foram criadas as Imagens de Deus; b)São membros em potencial da
Família Eterna de Deus; c)Enriquecem as nossas vidas; d)São
singulares em personalidades, talentos e dons (McDOWELL &
WOKEFILD, 2001, p.93-96).
Afeição: o amor, que é o melhor que pode ser dado aos filhos,
deve ser demonstrado tanto com palavras quanto com atos físicos de
carinhos. Com as manifestações de afeto os pais dizem aos filhos:
“Você é Digno do Meu Amor”. A bíblia diz que somos a “menina dos
olhos de Deus”, “povo de propriedade exclusiva Dele”.
Disponibilidade: já disse alguém que “podemos identificar o
que é importante para uma pessoa observando em que ela investe
estes três itens de sua vida: seu dinheiro, sua capacidade e seu tempo”.
O amor que sentimos e declaramos por nossos filhos é comprovado ou
não com o tempo que investimos com eles. Ao reservarmos tempo
para os nossos filhos estamos desenvolvendo neles o sentimento de
importância deles e estamos lhes dizendo: “Você é Realmente
Importante”. Jesus nos disse que estaria conosco todos os dias
(Mt.28:19-20).
Há duas maneiras de estarmos disponíveis. Primeiro, podemos separa cada
semana uma parcela de tempo especial só para eles; e passar alguns
18. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
minutos a seu lado cada dia, quando acordam de manhã, quando voltam da
escola ou antes de dormir. Quando você estuda seu filho você descobre
certo tempo durante o dia em que está mais aberto à conversa. Esses
momentos são o “horário nobre” para dialogar com ele, sobre o que fez
nesse dia [...] Em segundo lugar podemos aprender a “criar” tempo quando
eles precisam estar à espreita de hora para ensinar [...](WHIGHT &
OLIVER, 2000, p.38-39).
Para Jeff Vonderen é fundamental não só está com os filhos,
mas também ouvi-los:
É necessário que nos disponhamos a ouvir o que nossos filhos têm a dizer.
Precisamos deixar que emitam sua opinião nas questões que lhe dizem
respeito. Porquê? Porque assim lhe comunicaremos a mensagem de que
confiamos neles e os consideramos capazes de pensar e tomar decisões. Há
situações em que eles sabem qual a atitude certa nós erramos. Há ocasiões
em que o que eles querem não é que se faça a sua vontade, mas que os
escutemos e respeitemos [...] (VONDEREN, 1996, p.103).
Responsabilidade: demonstrando e permitindo
responsabilidades para os filhos estamos lhes ensinando a
desenvolverem um senso de autodisciplina e autocontrole. É preciso
entretanto que haja coerência entre o nosso ensino e a nossa pratica.
Ilma Lima Silva nos adverte: [...] As crianças então olhando para os
pais, imitando gestos, tom de voz, atitudes, palavras e
comportamentos que, certamente, irão ser repetidos na sua futura
família [...] Os filhos miram-se no espelho dos pais. Como aprenderão
a ser responsáveis se não observaram isto nos pais?[...] (SILVA, 2005,
p.14-15). Deus também nos atribui responsabilidades.
Mas o que é responsabilidade? Muitas coisas vêm à mente, como
dever ou obrigação, confiabilidade e fidelidade ou apenas ‘fazer o que deve
ser feito’.
Responsabilidade é na verdade muito mais do que isso. Pensamos na
responsabilidade em termos de posse. Assumir a própria vida é, em ultima
análise, ter controle. Assumir significa realmente ser dono de si e saber que
é você quem responde por sua vida – para com Deus e para os outros.
Quando você assume o controle, percebe que todos os aspectos da vida
verdadeiramente seus e apenas seus, e que ninguém pode viver por você
(CLOUD & TOWNSEND, 2001d, p.32).
Os autores Josh e Dick comentam sobre este tema o seguinte:
Demonstrar e ensinar responsabilidades na sua família fornece um meio
perfeito para ser um herói – um bom modelo – para seus filhos. O herói não
apenas faz com que seus filhos prestem contas e sejam responsáveis pelo
próprio comportamento; ele também está disposto a prestar contas com os
filhos (McDOWELL & DAY, 2001, p.35).
Autoridade: administra com amor fornece limites aos filhos
para se fazer escolhas certas e desenvolvam a autodeterminação. Os
autores (2001, p.199)13
citados acima apresentar os seguintes tipos de
pais e suas respectivas filosofias de educação de filhos: a)Autocrata:
“faça o que eu quero ou você vai ver”; b)Permissivo: “você pode fazer
o que quiser”; c)Negligente: “o que você faz não me importa”;
d)Relacional: “estou ouvindo... gosto de você....quero
compreender....vamos fazer assim porque....”. Esse pai a fim de tornar
o filho responsável por suas atitudes e decisões lhe disciplina
permitindo que ele assuma os seguintes resultados: 1)As
conseqüências Naturais (Lc.15:11-32); 2)As Conseqüências Lógicas
(Gn.2 :15-17).
A Necessidade de Limites:
O primeiro homem a quem Deus impôs limites foi a Adão
(Gn.3:1-24). Ele poderia dá nome aos animais, dominar a criação
terrena, mas não poderia comer da arvore do conhecimento. Com a
sua desobediência vieram sobre ele novos limites – geográficos (não
entra no Jardim do Éden), físicos (dor, cansaço, envelhecimento),
19. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
temporais (morte). Assim como Ele nos dá limites devemos ensina
limites aos nossos filhos, mas precisamos entender o que isso
significa.
Definição de Limites:
Para entendermos a necessidade de impormos limites sobre as
crianças é preciso primeiro definir o que são limites. “[..] Linha real
ou imaginária que separa dois terrenos ou territórios contíguos” [...].
“Ponto que não se deve ou não se pode ultrapassar, fronteira, raia “
[...] (FERREIRA, p.839)14
. Os autores Henry Cloud e John
Townesend tratam de maneira bem especifica este assunto em uma
série intitulada LIMITES (CLOUD & TOWNSEND, 2001a). Sobre
os limites eles esclarecem:
[…] Da mesma forma que uma cerca marca onde termina o seu terreno e
começa o do vizinho, os limites pessoais distinguem a sua propriedade
sentimental ou interior da dos outros. Você não consegue ver seus próprios
limites. Entretanto, saber que os tem quando alguém os ultrapassa
(CLOUD & TOWNSEND, 2001b, p.29).
A implantação de limites, assim como a educação, deve
começar na infância, mas isso requer atitude e informação dos pais
para não se exigir aquilo que a criança não pode corresponder.
A construção de limites fica mais evidente aos três anos de idade. Nessa
época, a criança já deve ser capaz de:
1. Ligar-se emocionalmente aos outros, sem perder a noção de si mesma e
sem deixar sua autonomia de lado.
2. Dizer ‘não’ aos outros quando for ocaso, sem ter medo de perder o
amor das pessoas.
3. Aceitar o ‘não’ dos outros sem se retrair emocionalmente (CLOUR &
TOWNSEND, 2001d,p.78)
Os Tipos dos Limites:
Eles podem ser divididos nos seguintes grupos: a)Funcionais:
ligados á capacidades de realizar tarefas, projetos, atividades que
requerem desempenho, disciplina, iniciativa e planejamento;
b)Relacionais: ligados à capacidade de sermos verdadeiro (dizer SIM
ou NÃO) nos relacionamento. Esses são os seguintes:
LIMITES FÍSICOS: nos ajudam a determinar quem, e sob quais
circunstâncias podem nos tocar.
LIMITES MENTAIS: nos dão a liberdade de ter nossos próprios
pensamentos e nossas próprias opniões.
LIMITES EMOCIONAIS: nos ajudam a lidar com nossos próprios
sentimentos e a nos libertar das emoções danosas e prejudiciais a outras
pessoas.
LIMITES ESPIRITUAIS: nos ajudam a distinguir a vontade de Deus
da nossa e a renovar a admiração por nosso Criador (CLOUD &
TOWNSEND, 2001a, p. contra capa, grifo nosso).
Os Propósitos dos Limites:
Podemos apresentar as seguintes finalidades para os limites:
a)Definições: através deles podemos dizer quem somos e quem não
somos; b)Atribuições: com eles aprendemos que somos responsáveis
pelos outros “com” as suas cargas (tribulações, adversidades) e “por”
nossos próprios fardos (sentimentos, emoções e atitudes). As crianças
cumprirão aquilo que lhes cabe e não assumirão os compromissos dos
outros; c)Autoproteção: eles tornam possível guardar ou permitir que
entre o que é bom para dentro de nós, excluindo e não permitindo que
entre o que é ruim. As pessoas com limite tanto vão evitar fazer aquilo
que lhes prejudiquem quanto não permitirão que os outros lhe façam;
d)Autocontrole: pessoas com limites não tomam atitudes em reação as
atitudes dos outros, mas tomam suas decisões baseadas naquilo que
acreditam está certo. Como a carta abaixo exemplifica, ensinar e
20. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
impor limites à criança é prepara-la para a vida adulta que tem limites
muitos maiores.
Caro Filho,
Certamente você está emocionado ao pensar que finalmente
assumirá seu lugar entre os adultos – situação de vida que provavelmente
você considera um período quando a “gente grande” já não vai mandá-lo
fazer as coisas... ou deixar de fazer coisas...Seu pai já descobriu que as
coisas que nos atam na vida adulta são feitas de material mais duro do que
os suaves grilhões da infância. Creia no que digo: ninguém desenvolve
rugas na testa por causa de ordens tão simples como, “Coma o seu ovo”...
“Faça sua lição”... “vá ao ensaio...” O que pode ter soado como algo
severo, “Guarde seu gibi”, assumirá pálida insignificância comparada com
o seu médico dirá: “Nada de doces e massa”.
Quanto maior você ficar, tanto maiores as outras pessoas parecem
ser – se não em tamanho, então em autoridade. Por exemplo, você reparou
no olhar de seu pai quando o inspetor de impostos de renda o mandou
comparecer a coletoria com os recibos dos impostos pagos em 1957?...
Quando o guarda rodoviário manda encostar o carro, papai encosta.
Quando vovó diz, “Feche a janela”, papai fecha... Só quero preparar você
para uma vida de dizer “Sim, Senhor” para sargentos, encarregados do
serviço, funcionários da companhia de crédito, bancários, comerciantes,
oficiais públicos, revendedores de carro, fiscais de caça, e uma multidão de
outras pessoas que você nunca sonhou ser seus superiores. Até as
instruções que empregam as frases mais corteses, tais como, “Favor
remeter pagamento”, “Tenha a gentileza de dar um passo para frente do
ônibus”, não deixam de ser ordens. As recepcionistas mandarão você ao
longo de tal corredor, os garçons chefes lhe mandarão a tal mesa; os fóruns
o chamarão para fazer seu depoimento; a prefeitura o intimará a tirar o lixo
da sua calçada.
Você será arrastado pra festas em casa de outros, e tirado da cama
quando chegam visitas. Os policiais o proibirão de pisar na grama, e as
visitas do fim de semana não o deixarão dormir. Você será colocado em
comitês, e fora de ônibus. Esta, sim, é a verdadeira vida que se descortina
diante de você, Parabéns, e boa sorte.
Papai.
P.S. Mande cortar os cabelos para a colação de grau (BRANDI, 1974, p.
145-146).
Os Problemas Com Limites:
A ausência de limites pode gera os seguintes tipos de pessoas:
a)Aquiescentes: são pessoas que dizem SIM para o que não é bom;
b)Esquivos: são pessoas que dizem NÃO para o que é bom;
c)Controladores: são pessoas que NÃO respeitam os limites dos
outros. Elas são agressivas e manipuladoras (Pv.30:20; Mc.8:33);
d)Insensíveis: são pessoas não se importam com as necessidades dos
outros. São pessoas egocêntricas (Pv.3:27; Rm.12:18).
As Condições Para a Construção de Limites:
Para a criação de limites ter sucesso é necessário os seguintes
elementos: a) Vínculos: a implantação dos limites só funciona quando
ha vínculos de amor, por isso nos primeiro meses de vida (de 0 a 12
meses) a criança precisa receber toda a atenção possível para que se
sinta amada e segura. A partir do primeiro ano de vida os limites já
poderão ser impostos; b)A Separação: quando a criança descobre sua
individualidade através dos descobrimentos (minha mãe e eu somos
não a mesma pessoas, mas sim diferentes), das experimentações
(posso fazer tudo) e do reequilibrio (não posso fazer tudo). “[...] A
criação de limites é um processo contínuo, mas os estágios mais
importantes se encontram já nos primeiros anos, quando nosso caráter
é formado” (CLOUD & TOWNSEND, 2001d, 67).; c) Exemplo: os
pais devem ser os primeiros a ter limites bem definidos;
A Pratica da Criação de Limites (Os Dez Princípios):
A Lei do Semear e Ceifar: esta lei ensina a criação que toda
ação tem uma reação (conseqüência). Como pais devemos evitar as
conseqüências psicológicas (negativas), tais como afastamento,
21. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
indiferença ou mensagem de culpa. Mas permitir que experimentem
as conseqüências naturais (positivas) para que eles aprendam a ter
AUTOCONTROLE (Gl.6:7-8).
A lei funciona... se você não se puser no caminho. Mas, em geral, é isso
que acontece. Nos interferimos interrompendo as conseqüências antes que
elas possam ensinar a nossos filhos o que eles precisam aprender. Muitas
vezes, a pessoa só aprende mais tarde, num momento da vida em que não
há ninguém mais para socorre-la. Todos os envolvidos pagam um preço
pela irresponsabilidade da pessoa, mas um dia acabam se cansando disso.
Cabe aos pais dar um basta nesse vício ou hábito, parando de socorre a
criança, para que os outros não tenham de faze-lo no futuro (CLOUD &
TOWNSEND, 2001d, p. 80).
A Lei da Responsabilidade: ensina a criança que ela é a única
responsável pelas suas emoções e comportamento e que esses não
devem estar condicionados a atitudes de outras pessoas. Quanto mais
cedo ela aprender essa verdade menos, no futuro, pessoas assumirão
suas irresponsabilidades.
A criança vai aproveitar toda oportunidade que tiver para fugir de suas
responsabilidades. Até que façamos com que as assuma e isso se torne um
fato comum da Vida. [...] você não vai ensinar seu filho apenas ater limites.
Ensinar verbalmente não basta. Você precisa dar o exemplo. Você é quem
traça os limites de seu filho. Em outras palavras, é você que vai fazer com
que lê estruture sua vida na responsabilidade e verdade. É assim que a
criança desenvolve o senso de responsabilidade (CLOUD & TOWNSEND,
2001d, p.99).
A Lei do Poder: a implantação desta lei é necessária por duas
razões: a) a criança tenta constantemente controlar o que não lhe
pertence; b) com essa atitude ela deixar de controla o que realmente
lhe pertence (seus sentimentos, desejos e atitudes).
Para criar limites apropriados, a criança precisa ter poder ou a capacidade
de controlar algo. [...] a sobrevivência e o desenvolvimento da criança no
mundo depende de uma interpretação correta e realista.
Do que ela pode ou não fazer;
Da extensão do poder dela sobre as coisas que ela controla, e
De como ela pode se adaptar as coisas que ela não pode controlar
(CLOUD & TOWNSEND, 2001d, p.106).
A Lei do Respeito: essa lei ensina a criança que seu poder é
limitado, ou seja, ela não é a dona do mundo. Por isso deve tratar as
pessoas como gostaria de ser tratada, pois nem sempre terá o que
deseja e que o não será uma realidade em muitas situações da vida.
Ela precisará respeitar o limite das outras pessoas também. Diante de
um NÃO a criança precisa agir corretamente.
Lembre-se, o caminho [da criança diante de uma negação] geralmente é o
seguinte:
A criança protesta contra o limite;
Ela tenta mudar o limite e castigar quem o impôs;
Você mantém o limite sendo realista e empático;
A criança aceita o limite e aprende a agir com mais sensibilidade
diante dele (CLOUD & TOWNSEND, 2001, p.142).
A Lei da Motivação: essa lei ensinar a criança o “por que” ele
deverá ou não fazer determinada coisa. Ela não deve ter como
motivação as seguintes razões: a)o sentimento de culpa; b) o medo de
ser punido; c) o medo de perder o amor dos pais. Mas sim a
consciência correta dos fatos. [...] “Seu filho precisa pensar nas
conseqüências que sofrerá pela irresponsabilidade, no certo e errado
em seu comportamento e no prejuízo que suas ações podem causar
para seus amigos e para Deus” [...] (CLOUD & TOWNSEND, 2001d,
p.158).
A Lei da Avaliação: essa lei ensina a criança que “a dor pode
ser uma benção”. Como pais tentamos de todas as formas evitar que
nossos filhos experimentem a dor, no entanto ela é uma realidade e
acima de tudo necessária. Para ensinar a criança à importância da dor
é necessário; a)não ser controlado pela dor da criança; b)diferencia a
sua dor da dor de seu filho; d)ensinar seu filho a não fugir da dor, mas
22. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
faze-la sua aliada; e)diferenciar a dor necessária da dor de sofrimento
ou necessidade.
Se lapidarmos uma pedra preciosa, ela ficara sem falhas e brilhará. O calor
purifica o ouro. O treino fortalece o atleta. A esperança pela recompensa e a
dedicação aos estudos pode fazer do estudante um cirurgião. Da mesma
forma, o conflito refina o caráter da criança. A espera pela recompensa
ensina a criança a se comportar. A experiência e a dor nos ensinam as
lições que construirão o caráter de que precisamos para vencer na vida
(CLOUD & TOWNSEND, 2001d, p.173).
A Lei da Proatividade: essa lei ensinar a criança que ela pode
se zangar, mas que essa raiva não pode determinar a sua vida. Diante
dos limites impostos ela terá duas possibilidades de reação: a)reativa:
revoltar-se e protestar contra os limites; b)proativa: identificar o
problema, resolve-lo quando possível ou, quando não, adaptar-se a
nova realidade. A criança aprende a reagir da maneira mais sensata
diante dos limites dos outros.
A Lei da Inveja: essa lei ajuda a criança a diferenciar e aplicar
devidamente dois sentimentos importantes: a)merecimento: ela não
deve sentir que os outros lhe devem algo ou que merece tratamento
especial pelo simples fato de existir; b)gratidão: ela deve ter um
sentimento de alegria resultante da compreensão que, sem
merecimento, recebeu uma graça. Através desta lei a criança aprende
a diferença entre inveja e desejo. Para isso os pais devem dar (amor,
afeto, proteção, tempo), limitar (não dá tudo que a criança queira) e
conter.
A inveja é o grande paradoxo da vida. As pessoas invejosas pensam que
merecem tudo, mas no final acabam sem nada. Elas não são capazes de
assumir e cuidar das coisas que tem e agradecer por elas. O QUE NÃO
POSSUEM É O QUE AS POSSUI. [...] As pessoas humildes, ganharam e
são gratas pelo que têm. Com esse tipo de atitude, é bem provável que Deus
e os outros lhe dêem mais. Esse é o paradoxo. O invejoso quer mais, mas
recebe menos. O agradecido é satisfeito com o que tem e recebe mais
(CLOUD & TOWNSEND, 2001d, p.211, grifo nosso).
A Lei da Atividade: essa lei ensina que a criança é a única que
pode suprir as suas necessidades, para tanto ela não pode depender de
outras pessoas. Em outras palavras, a criança precisa tomar a
iniciativa para alcançar o que deseja. Os pais devem está atentos a
passividade da criança que geralmente tem algumas características
(postergação, indiferença, negligencia, isolamento, medo – de
intimidade, conflito, fracasso, preguiça, acomodação, etc).
A vida precisa de atividade para sobrevivermos e vencermos. O primeiro
choro da criança ao nascer é algo que ninguém mais pode fazer por ele.
Quando você ouve esse choro, procura fazer a sua parte para satisfazer a
necessidade dele. Durante a vida inteira, o ônus – da responsabilidade é a
criança tomar a iniciativa de resolver seus dilemas, muito embora,
principalmente nos primeiros anos de vida, ela dependa imensamente
daqueles que lhe fornecem cuidados e meios de sobrevivência (CLOUD &
TOWNSEND, 2001d, p.215).
A Lei da Exposição: essa lei ensina a criança que a sinceridade
é a melhor política que existe, pois na maioria das vezes, por medo
(de perder, ser rejeitada ou sofre represália) ela poderá se tornar falsa
(o que não faz bem a ninguém). Para tanto é necessário: a)Pais
Exemplares. A sinceridade deve parte dos pais para com a criança,
assim como também para com as demais pessoas com quem se
relacionam; b)Clareza dos Limites. É preciso um conhecimento
recíproco em relação aos limites de pais e filhos; c)Não inibe a raiva
da criança, mas redireciona-la a verbalização; d)não intermediar
relações; e)expressar seus limites com palavras (NÃO).
No final, tudo se resume em relacionamentos. Conforme disse Jesus, todos,
os ‘limites’ do mundo podem ser resumidos em duas leis: ‘ame a Deus’ e
‘ame ao próximo como a si mesmo’. Por isso, seu filho precisa aprender a
levar seus sentimentos, medos, idéias, vontades e todos as suas
experiências para o relacionamento. E quando o conflito tiver a ver com
uma determinada pessoa, ele deve tentar resolve-lo com ela sempre que
possível (CLOUD & TOWNSEND, 2001d, p.243).
23. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Disciplina:
A base bíblica para a disciplina dos filhos está no exemplo do
próprio Deus que nos disciplina como pai. No Velho Testamento são
usadas duas palavras: a)Yasar (Dt.8:5; Sl.6:1: 38:1); b)Musar (Jó
5:17; Sl.118:18; Pv.3:11-12; 10:13; 12:1; 13:24;; 22:15; 23:13-14;
29:15,17). No Novo Testamento a palavra usada é Paidaia (I
Co.11:33; 2 Co.1:3-11; 6:9; 12:7-10). O texto mais claro estar em
Hebreus 12:5-11:
Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como filhos:
“Meu filho, não despreze as disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua
repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a
quem aceita como filho”. Suportem as dificuldades, recebendo-as como
disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é
disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é
para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim
ilegítimos. Alem disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e
nós os respeitávamos. Quanto mais devemos nos submeter-nos ao Pai dos
espíritos, para assim vivermos! Nossos pais nos disciplinavam por curto
período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o
nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina
parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mas tarde,
porem, produz fruto de justiça e paz para eles que por ela foram
exercitados.
Definição de Disciplina:
Para iniciarmos este assunto é importante primeiramente
entendermos o que seja disciplina. Para tanto vejamos alguns
conceitos: [...] “a instrução e a correção, o treinamento que melhora,
molda, fortalece e aperfeiçoa o caráter. É a educação moral, obtida
por meio da imposição da obediência através da supervisão e
controle” (EH-TIC, Vol.2, p. 476); Para Merval Rosa a disciplina é:
[..] normas e princípios que regulam o tratamento mútuo dos membros da
família é o que chamamos de disciplina familiar [ou ainda] o método
coerente de impor limites [...] método pelo qual o homem aprende a
diferença fundamental entre o possível e o desejável [...] é o método pelo
qual o homem aprende a controla seus próprios impulsos e paixões [...]
significa oferecer opções e alternativas [...] responsabilizar o educando
perlas decisões que toma [...] simplificar os padrões de comportamento,
tornando-os mais funcionais [...] ‘ensinar a verdade em amor’ (ROSA,
1979, p.91,97-99)
Os Tipos de Disciplina:
Podemos afirmar que existem dois tipos de disciplina:
a)Rígida: a disciplina exercida com autoritarismo; b)Flexível: a
disciplina que envolve autoridade e compreensão. A diferença entre
eles, como comenta Merval Rosa, esta no resultado:
[...] um sistema muito rígido de disciplina familiar pode produzir um tipo
humano CONFORMISTA ou mesmo APÁTICO. Por outro lado, um
sistema rígido de disciplina familiar pode produzir um tipo humano
REVOLTADO, mas sem a necessária criatividade para ser realmente uma
força moral na sociedade. Os sistemas flexíveis e coerentes de disciplina
familiar são os que mais reúnem maiores possibilidades de produzir
caracteres verdadeiramente sadios e equilibrados para a sociedade (ROSA,
1979, p.98, grifo nosso).
Os Propósitos da Disciplina:
Na educação dos filhos a disciplina não deve ter como objetivo
principal “punir” o erro, mas conscientizar a criança da importância
de se tomar a uma decisão e as suas implicações. Os autores Paul
Faulkner e Carl Brecheen afirmam o seguinte sobre o propósito da
disciplina:
O alvo de toda disciplina é a AUTO-DISCIPLINA. Como pais, ajudar
nossos filhos a desenvolver força interior e independência a fim de que
possa ter vidas saudáveis e felizes. Queremos que aprendam sem nós – de
24. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
fato, sem precisar de ninguém que exerça pressão do lado de fora.
Queremos ajudar nossos filhos para que desenvolvam uma pressão interior
no sentido de agir corretamente. Fazemos isso usando os princípios da boa
disciplina desde a infância até que estejam prontos para ‘andar sozinhos’
(FAULKNER & BRECHEEN, 200, p.154, grifo nosso).
A autora Margaret Jacobsen comenta:
A palavra chave da disciplina é a interpretação. Nos primeiros anos de vida,
os pais levam suavimente o filho a fazer o que é certo. À medida que ele
vai crescendo, eles dão razões especificas para fazer essas coisas. Quando
o filho for mais velho e tiver a capacidade de generalizar, os pais encorajá-
lo-ão a compreender as regras de conduta (JACOBSEN, 1985, p.11, grifo
nosso)
As Condições para Disciplinar:
Para a disciplina ser executada com sucesso pelos pais é
necessário: a)Vinculo. Assim como na criação de limites, na
disciplina também é indispensável que a criança se sinta amada por
quem a estar disciplinando; b)Clareza. É preciso que a criança
compreenda o alvo e o por quê da disciplina; c)Consistência: que é
resultado da concordância e permanência das normas pelos pais;
d)Coerência. a disciplina deve variar de acordo com a infração
cometida pela criança; e)Exemplo. É preciso que haja exemplo por
partes dos pais diante das normas estabelecidas por eles para os filhos.
A família moralmente responsável é aquela que não se nega ao sagrado
dever de educar adequadamente a seus filhos. Ora, educar sem disciplina é
tarefa praticamente inconcebível. A família disciplinada é aquele que
oferece a seus filhos o ambiente adequado a formação de hábitos salutares e
de atitudes corretas perante a vida e perante a dignidade humana e perante
Deus. A família moralmente responsável é aquela que, pelo exemplo
insuspeito dos próprios pais, guia a criança na senda da verdade e da
honestidade preparando-a, assim, para uma vida útil e digna de ser
vivida(ROSA, 1979, p.94).
A Pratica da Disciplina (Os Métodos):
Na aplicação da disciplina podemos fazer uso dos seguintes
métodos:
Modelagem: ou “modificação comportamental”, a estimulação
ou inibição, por meios de recompensas e punições, a prática do que é
aceitável ou reprovável respectivamente. Quanto ao uso deste método
POWELL (1989, p.21, grifo do autor) faz a seguinte advertência:
[...] As conseqüências deste tratamento podem ser catastróficas para a
criança em termos de sua auto-imagem e capacidade de amar a si mesma.
Uma criança que aprende suas lições através de pais que ligavam e
desligavam amor alternadamente, concluirá, que seu valor esta na
habilidade de atender as necessidades e desejos dos outros. Ela nunca
viverá para si, mas somente para os outros.
Reforço: a utilização de qualquer recurso que aumente a
possibilidade de repetição de uma resposta positiva; sobre a utilização
deste método James Dobson (1990, p.66-89) diz que para haver
sucesso é preciso: a)Reforço imediato. A recompensa deve ser
imediata, pois o retardo pode extinguir o acerto; b)a natureza do
reforço pode ser material e principalmente verbal; c)os educadores
não se sujeitarem aos reforços da criança; d)não reforçarmos o mau
comportamento.
Castigo: ele pode ser inibidor quando o aplicamos fazendo
uso da punição (física ou psicológica) e educativo quando é aplicado
juntamente com o reforço; 4)Privação: a negação temporária de algo
(nunca o amor dos pais) que a criança gosta.
A Disciplina na Moralidade:
25. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Sobre a questão da educação sexual da criança James Dobson
(1990, p.167-177)15
destaca o seguinte: a)Os pais são os mais
indicados para educar sexualmente; b)A curiosidade da criança
determina a educação sexual; c)A exemplificação deve ser feita com a
mãe-natureza; d)Na adolescência os pais devem está disponíveis para
ajudar os filhos com seus conflitos sobre sexo.
O Processo de Disciplinar:
Diz o ditado popular: “errar é humano, mas permanecer no
erro é burrice”. Por essa razão não será no primeiro deslize que
necessariamente teremos de disciplinar. É preciso seguir os seguintes
passos: 1ª Infração (compreensão, instrução e compensação); 2ª
Infração (instrução e advertência); 3ª Infração (conseqüências e
justificação); 4ª Infração (confronto, conseqüências e reaproximação).
Deus, como nosso pai, faz o mesmo processo através da Bíblia .
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ENSINO, para a
REPREENSÃO, para a CORREÇÃO e para a INSTRUÇÃO na justiça,
para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa
obra (I Tm. 2:16-17, grifo nosso).
7 Questões Para Reflexão:
7.1 Qual a melhor idade para começar a educar os filhos? Para
Josh McDowell (2001, p.67-68) a educação deve começa nos
primeiros anos da criança (0 a 6 anos de idade) por que nesse período
elas passam por três fases fundamentais, que são: a)A Fase da
Confiança: dos 0 aos 1 anos, onde a criança adquire auto-estima ao ter
as suas necessidades básicas supridas; b)A Fase da Autonomia: dos 1
ao 2 anos, quando a criança começa a perceber que não é uma
extensão da mãe, adquirindo assim individualidade; c)A Fase da
Iniciativa: dos 2 aos 3 anos, quando no relacionamento consciente
com outras crianças ela começa a interagir, planejar e construir
conceitos.
7.2 A disciplina física ainda deve e quando ser aplicada?
8.Conclusão:
Sobre a educação de filhos chegamos então as seguintes
conclusões: a)Quanto mais cedo educar melhor: os primeiro anos são
os mais importantes para a educação; b)Os Pais Podem Ser os
Melhores (ou os piores) Professores: a forma como os filhos encaram
o mundo será resultado do que ouviram e viram nos pais; c)As
Atitudes Ensinam Mais Que as Palavras: já diz uma velha, mas
importante frase: “as nossas atitudes falam mais auto dos que as
nossas palavras” ou ainda “as nossas atitudes falam tão auto que as
nossas palavras não podem ser ouvidas”. Elas se aplicam a todos os
sentidos da vida, inclusive a educação dos filhos. d)A ausência de
limites e disciplina é tão prejudicial quanto o controle excessivo e a
rigidez: cabe aos pais colocar o equilíbrio entre liberdade e
responsabilidade, entre convicção e insubordinação.
26. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
VI – ORÇAMENTO FAMILIAR
Desmistificando o Uso do Dinheiro:
Há quem diga erradamente que a Bíblia diz: “o dinheiro é a
raiz de todos os males” quando na verdade ela diz: “o AMOR ao
dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm.6:10)”. Outros já dizem: “o
dinheiro não traz felicidades, mas evita algumas tristezas”. A verdade
é que ele pode ser para a família uma BENÇÃO ou uma MALDIÇÃO
dependendo de como o adquirimos ou do uso que fazemos dele.
Vejamos alguns equívocos e propósitos na administração financeira.
Os Equívocos do Dinheiro: ele pose ser uma maldição para a
família quando é adquirido e administrado incorretamente. Jaime
Kemp16
apresenta os seguintes equívocos cometidos pelo casal em
relação ao uso do dinheiro: a)Contas Bancarias Separadas; b)Tentar
Controlar as Pessoas (conjugue e/ou filhos); c)Substituir a Presença
por Presentes; d)Economizar por Medo de Apertos; e)Provedor
Decide Sozinho.
Os Propósitos do Dinheiro: ele pode ser uma benção para a
família quando é adquirido e administrado corretamente. Para os
autores Darci e Nancy Dusiler 17
o dinheiro tem as seguintes
finalidades: a)Atender as Necessidades Básicas; b)Ensinar a
Autodisciplina (como adquiri e gasta-lo); c)Oportunidade de Servir e
Investir (no próximo e reino de Deus).
Equilibrando o Orçamento Familiar:
O desequilíbrio financeiro é resultado de vários fatores. Na
maioria das vezes quando começarmos a não honrar com os nossos
16
KEMP, 2000, (p.88-89);
17
DUSILEK, Darci & Nancy. A Família no Plano de Deus. (Estudos Temáticos): JUERP, (p.32-34);
compromissos humanos é porque já estamos sendo infiéis nos
espirituais ou os administrando erradamente. O autor John D.
Barnett18
diz que para equilibramos o nosso orçamento familiar é
necessário:
Pague [consagre] a Deus: a Bíblia diz que há pessoas que são
capazes de roubar a Deus, se roubam a Ele quanto mais aos homens
(Ml. 3:8). Por isso o primeiro compromisso financeiro que temos que
honrar é com Deus. A motivação para a fidelidade a Deus deve ser a
obediência, gratidão e a dependência. Isso pode ser feito de duas
maneiras: a)O Dízimo: a décima parte de todas as nossas receitas (do
bruto) que deve ser a primeira a ser separada (Pv.3:9; Ml. 3:7-12);
Dízimo é privilégio, não obrigação. Damos o dízimo como reflexo de nosso
compromisso com Deus e com seu Reino aqui na Terra. Não é uma troca
de favores, mas é uma promessa divina, pois quando o crente dá o dízimo
motivado pelo favor de Deus a ele, o Senhor multiplica o que fica em suas
mãos. Não é dar para receber. Não é barganha. É um processo de
aprendizado e desenvolvimento na vida espiritual que se reflete na
material19
.
b)As Ofertas: não há um valor mínimo especifico para se
ofertar, mas há um principio para o ofertante que diz: “Não der nada a
Deus que não lhe custe nada”. Deus não quer sobras, mas o melhor de
nossas vidas – tempo, capacidade e recursos (2 Sm.24:24; Lc.21:1-4).
Pagar [invista] a Si Mesmo: na maioria das vezes,
principalmente na cultura brasileira, as pessoas não têm o hábito de
fazer uma poupança. Essa negligencia acarreta sérios problemas tanto
no presente quanto no futuro. A Bíblia recomenda “aos preguiçosos”,
mas podemos aplicar a qualquer pessoa, a seguirem o exemplo das
formigas que no verão trabalham em dobro para descansar no inverno
(Pv.6:6-8).O ideal é que se reserve 10% das receitas na poupança
18
BARNETT, Jonh D. Equilibrando o Orçamento Familiar. (E Sua Família ...Como Esta?) Revista
Jovens & Adultos
(EBD): Cristã Evangélica, Ano XXVIII, nº3 (p.71-72);
19
DUSILER, Ibid, (p.35);
27. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
(para investimento ou aquisição de bens) e mais 10% para as
eventualidades (emergências, imprevistos e outros), mas a realidade -
como dizem os CHAPMAN, (2005 p.85, grifo nosso) é oposta:
‘Gastamos dinheiro que não possuímos para comprar o que não
necessitamos a fim de impressionarmos pessoas de quem não gostamos’.
Com certeza esse nunca foi o plano de Deus. O dinheiro é um recurso, uma
ferramenta para usarmos juntos, no serviço do Senhor. ELE DEVE SER
NOSSO SERVO E NÃO NOSSO FEITOR. A mordomia financeira foi
criada para aproximar o casal e não para afastar os cônjuges um do outro.
Pagar [honre] aos Homens: Jesus disse certa vez: “der aos
homens o que dos homens”. Ao adquirimos um produto ou serviço a
prazo estamos assumindo um compromisso (diante de Deus e dos
homens) de que cumpriremos nossa parte (pagar o combinado),
quando não o fazemos estamos errando perante as leis dos homens e
de Deus.
Planejando um Orçamento Familiar:
Uma vez equilibrada as finanças do lar é preciso fazer com que
elas permaneçam assim, para tanto é necessário à elaboração de um
bom orçamento familiar , que inclui o seguinte:
Um Relatório Financeiro Mensal: este nada mais é do que um
controle de gastos. Nele deve conter as discriminações das receitas (as
fontes e somas das rendas do casal) e as despesas (fixas, futuras e
eventuais). Usa-se a matemática simples (receitas – despesas = saldo
do mês).
A Adaptação as “Receitas Regulares”: é importante lembrar
que ao comprarmos algum bem ou serviço devemos contar somente
com o que já temos garantido. Com a lista das despesas fixas do mês
em mãos classifiquem os itens contidos nela (produtos e serviços) nas
seguintes categorias: a)Opcional: os itens dessa categoria respondem
SIM a pergunta: “Eu posso viver sem isso?”; b)Importante:
respondem SIM a pergunta: “isso é necessário para viver?”;
c)Indispensável: esses itens respondem SIM a outra importante
pergunta Eu não posso viver sem isso?. Caso você esteja endividado e
deseje realmente equilibrar seu orçamento é preciso eliminar os itens
da primeira categoria assim que possível, pois são desnecessários para
a sua sobrevivência. Sobre esses gastos opcionais o economista
ALMEIDA adverte:
‘Você sabe distinguir desejo de necessidade?’ Pois é, este é o segredo para
você ter sucesso na administração de suas finanças pessoais e familiar. A
principal razão para o descontrole das finanças pessoais e orçamento
familiar hoje em dia é, gastar mais do que se ganha, ou seja, as despesas, os
gastos, os desembolsos, superam as receitas, o salário, a renda, as entradas
de recursos [...]20.
Gerenciamento de Gastos: o controle de gasto é
importantíssimo e envolve dois fatores fundamentais: 3.1 As Formas
de Compras: que são duas; a)A Vista (essa ainda é a melhor e mais
barata forma de aquisição de bens); b)A Prazo (que inevitavelmente
inclui juros maiores ou menores dependendo do número de parcelas
alem de multa de 2% por atraso); 3.2 As Formas de Pagamento:
podem ser as seguintes: a)Pagamento Antecipado (comprar a prazo e
pagar antecipadamente garante por lei a redução proporcional dos
juros e demais acréscimos das prestações); b)Cheque/Cartão de
Débito (equivalente a pagamento a vista); c)Cheque pré-datado (é
necessário que o fornecedor especifique – alem de datar e assinar, na
nota fiscal os números de cheque e as datas previstas para os
descontos); d)Cheque Especial (evitar o uso do limite especial que
tem juros de 8% a 12% de juros ao mês dependendo do banco);
e)Cartão de Credito (é indispensável o pagamento total da fatura até o
vencimento, assim como da preferências a cartões sem anuidades).
20
ALMEIDA, Augusto. Finanças Pessoais e Orçamento Familiar: 5 passos para se livra das dívidas.
Disponível em
http://www.artigos.com. Acesso em 28/04/2006;
28. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
Sobre o uso do cartão de credito KEMP (2000, p.94-95, grifo do
autor) comenta o seguinte:
Quando você compra algo fazendo uso do cartão, isso significa que você
fez uma divida. Se pudesse, eu colocaria em cada um dele o aviso: ‘USE
CUIDADOSAMENTE! CARTÃO DE DIVIDA’. Eles são causadores de
prejuízos e sérios estragos em muitos casamentos. Pesando bem, acho que
colocaria outro aviso: ‘O USO DESTE CARTÃO PODE CAUSAR
SERISSIMAS TENSÕES E DESENTENDIMENTOS NO
CASAMENTO’. [...] apesar de ser um mal necessário por evitar que a
pessoa carregue dinheiro e seja assaltada (perigo tão presente atualmente),
o cartão de credito é uma opção ardilosa porque facilita a compra
desordenada. Diante da arrasadora manipulação da maquina de publicidade,
torna-se uma quase irrecusável tentação comprar agora e pagar mais tarde.
Facilmente os limites do orçamento são ultrapassados.
Renegociação de Dívidas: a inclusão de um nome no SPC ou
SERASA acarreta sérios problemas (constrangimento e limitações)
para a vida de uma pessoa, alem de ser um mau testemunho dos
cristãos para com os credores. Por isso é necessário arcarmos com as
nossas decisões e paguemos nossos débitos.
Questões Praticas sobre a Administração Financeira:
Porque gastamos mais do que ganhamos? Há vários motivos
para esse problema:
a)A Modernidade: em tempos de grande evolução tecnológica
os bens adquiridos no primeiro momentos como lançamentos em
pouco tempo são considerados ultrapassados. Na tentativa de estarmos
atualizados nos sentimos obrigados a troca-los por outros novos
modelos. Como “o que é bom (e novo) custa caro”, acabamos por
assumir dívidas que não conseguiremos honrar;
b)A Competição: nos preocupamos muito com a aparência ,
física e principalmente social. Na busca por estarmos bem aos olhos
dos outros (visinhos, amigos e até inimigos) adquirimos, consumimos
e utilizamos tudo o que eles têm e fazem. Essa atitude já se torna um
problema mesmo quando temos condições de manter essa igualdade
de vida, imaginem quando eles estão economicamente acima de nós.
Com toda certeza teremos sérios problemas;
c)A Auto-satisfação: na tentativa de compensar um complexo
pessoal, um conflito ou uma necessidade interior muitas pessoas se
lançam à compra desordenada;
d)O Consumismo: a palestrante Vicki Robin, uma das
organizadoras do Movimento Simplicidade Voluntária, respondendo a
pergunta: “Por que se consome tanto hoje em dia?” afirma:
Porque a cultura do consumismo vende a vergonha. Se a propaganda puder
envergonhar alguém, terá um consumidor em potencial. As pessoas se
envergonham de não ter algo. E correm as compras para cobrir essa
vergonha imediatamente. Dessa forma, nossa cultura vende vergonha e
sentimento de inferioridade. E ninguém quer ser inferior [...].21
È correto sermos fiadores para outras pessoas?
O R Ç A R M E N T O F A M I L I A R
MÊS:_____________
R E C E I T A S
Descriminação VALOR R$
Regulares
Esposo
Esposa
Filhos
21
LEAL, Renata. Comprar faz mal a saúde. – São Paulo. Revista Época: Globo, Nº 408, 13 de março de
2006 (p.78-79);
29. TEOLOGIA DA FAMÍLIA
Seminário Teológico Batista em São Luis [2010]
TOTAL R$
D E S P E S A S
Regulares
Descriminação VALOR R$
Dízimo (10%)
Poupança (10%)
Eventualidades (10%)
Habitação
(aluguel/prestação/condomínio)
Água
Luz
Telefone (residencial/celular)
Alimentação (supermercado/feira)
Saúde (farmácia/plano de saúde)
Educação (filhos/pessoal):
Outras
Mensalidade..............................
............
Material didático (livros, etc.)
Transporte
(combustível/contrato).
Lanche.................................
Transporte da família
(Vale/combustível)
Prestações de produtos e serviços
(10%)
TOTAL R$
R E S U M O F I N A N C E I R O
Receitas
Despesas
Saldo p/ o próximo mês
Disponível;
Poupança.
1. Conclusões:
Sobre a Administração Financeira no lar concluímos que é
preciso:a)Saber Ganhar: o dinheiro fruto do trabalho honesto
dignifica o homem, mas o desonesto traz inquietação e vergonha;
b)Saber Gastar: quando gastamos o nosso dinheiro com o
desnecessário (opcional) ou alem do que ganhamos teremos
dificuldades de adquiri o que é realmente importante ou
indispensável; c)Saber Poupar: quem gasto tudo que tem hoje sem se
preocupar com o amanhã certamente nos imprevistos