O documento discute os principais tipos de pesquisa em ciências humanas, incluindo pesquisa etnográfica, estudo de caso, pesquisa histórica, pesquisa-ação e pesquisa experimental. Ele também aborda níveis, momentos e objetivos de pesquisa, além de fornecer exemplos de cada tipo de pesquisa por meio de filmes.
1. TIPOS DE PESQUISA EM
CIÊNCIAS HUMANAS
Prof.ª Esp. Mayara Pereira
Especialista em diagnostico por imagem (ESAMAZ)
Especialista em Gestão em Saúde Publica (FIOCRUZ)
Especialista em Gestão e Trabalho do SUS(UFF)
Mestranda em Epidemiologia em Saúde (FIOCRUZ)
Biomédica - UFPA
2. Ao falarmos de
pesquisa, nos
referimos a
um/uma...
...intenção de pesquisa
(elementos
constituintes da
pesquisa)
...espaço metodológico
tipo
estratégia
método
abordagem
tradição
conjunto de
práticas e
procedimentos
para a coleta de
dados
3. Certamente, não é fácil realizar uma
diferenciação clara entre perspectivas
epistemológicas, teóricas e métodos de
pesquisa específicos, porque muitas
orientações teóricas constituem, por sua
vez, um modelo com pautas específicas
para o desenvolvimento do trabalho
empírico. Assim, Tesch (1990) afirma que
é impossível construir uma tipologia clara
e excludente de categorias que permitam
classificar os diferentes tipos de pesquisa
qualitativa (a autora identifica mais de
quarenta tipos de pesquisa qualitativa) e
nos propõe duas formas possíveis de
organização:
(ESTEBAN, 2010, p. 146)
EM FUNÇÃO DA
RAIZ DISCIPLINAR
EM FUNÇÃO DOS
OBJETIVOS DE
INVESTIGAÇÃO
Níveis
Momentos
Exploratório
Descritivo
Explicativo
Tipos
Métodos
Tradições
Pesquisa
etnográfica
Estudo de caso
Pesquisa histórica
Pesquisa-ação
Pesquisa
experimental
Estudos
quantitativos
(GIL, 2002)
4. NÍVEIS
MOMENTOS
EXPLORATÓRIO EXPLICATIVO DESCRITIVO
“proporcionar maior
familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais
explícito ou a constituir
hipóteses. Na maioria dos
casos, essas pesquisas
envolvem: (a) levantamento
bibliográfico, (b) entrevistas
com pessoas que tiveram
experiências práticas com o
problema pesquisado e (c)
análise de exemplos que
‘estimulem a compreensão’”.
(GIL, 2002, p. 41)
“identificar os fatores que
determinam ou que
contribuem para a ocorrência
dos fenômenos. É o tipo que
mais aprofunda o
conhecimento da realidade,
porque explica a razão, o
porquê das coisas. [...] Pode-
se dizer que o conhecimento
científico está assentado nos
resultados oferecidos pelos
estudo explicativos.” (GIL,
2002, p. 42)
“descrever as características
de determinada população ou
fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relação
entre variáveis. São inúmeros
os estudos que podem ser
classificados sob este título e
uma de suas características
mais significativas está na
utilização de técnicas
padronizadas de coleta de
dados, tais como o
questionário e a observação
sistemática.” (GIL, 2002, p. 42)
5. Pesquisa
etnográfica
Tem por objetivo investigar em
profundidade uma realidade específica.
É basicamente realizada por meio da
observação direta das atividades do
grupo estudado e de entrevistas com
informantes para captar as explicações
e interpretações do que ocorre naquela
realidade.
Algumas características:
- Caráter holístico: descreve os fenômenos de maneira global,
aceitando o cenário complexo e a totalidade da realidade investigada.
- Condição naturalista: o etnógrafo estuda as pessoas em seu hábitat
natural.
- O problema pode ser redescoberto no campo; o etnógrafo evita a
definição rígida e antecipada de hipóteses.
6. Pesquisa
etnográfica
Filme
Baile Perfumado
(1996)
O filme conta a interessante história de Lampião e seu
bando. Beirando o documentário, o filme retrata a vida
de Lampião em interação com seu bando, em seu dia-a-
dia, registrado por Duda Mamberti (Benjamim
Abrahão), que decide filmar Lampião com o sonho de
ficar rico. No filme, numa pesquisa etnográfica, o
personagem Abrahão sistematicamente e
imparcialmente faz anotações ao ouvir depoimentos
das pessoas envolvidas naquele grupo, observa o bando
no seu dia-a-dia, bate fotos e faz filmagens,
caracterizando assim o nível descritivo de pesquisa. O
método utilizado neste tipo de pesquisa é o etnográfico,
pois os agentes daquela comunidade são observados
em interação, no local vivido pelo bando de
cangaceiros.
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7. Estudo de caso
O estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele
simples e específico, como o de uma professora bem
sucedida de uma escola pública, ou complexo e
abstrato, como o das classes de alfabetização ou do
ensino noturno. O caso é sempre bem delimitado,
devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenrolar do estudo. [...] o caso se destaca por se
constituir uma unidade dentro de um sistema mais
amplo (LÜDKE;ANDRÉ, 1986, p. 17)
Algumas características:
- Particularista (uma situação, um evento, um programa ou um fenômeno em particular)
- Descritivo (variedade de fontes de informação)
- Heurístico (sequência de etapas que podem levar ao replanejamento do objeto de estudo
– análise sistemática / relatórios parciais)
- Indutivo (“generalizações naturalísticas” elaboradas pelo leitor do estudo)
8. Estudo de caso
“De um estudo de caso se espera que abranja a complexidade de um caso
particular (...) é o estudo da particularidade e da complexidade de um caso
singular, para chegar a compreender sua atividade em circunstâncias
importantes (...) O caso pode ser uma criança, um professor (...)
Pretendemos compreendê-los. Nós gostaríamos de escutar suas histórias”
(STAKE, 1998, p. 11 e 15 apud ESTEBAN, 2010, p. 181 e 182).
“Um programa inovador pode ser um caso. Todas as escolas da Suécia
também podem ser. Mas é menos frequente considerar como casos a
relação entre as escolas, as razões de um ensino inovador ou a política da
reforma educacional. Essas são questões gerais, não específicas. O caso é
algo específico, algo complexo, em funcionamento” (STAKE, 1998, p. 16
apud ESTEBAN, 2010, p. 182).
9. Pesquisa
histórica
Estudo dos conhecimentos, processos e
intuições passadas, procurando identificar
e explicar as origens contemporâneas.
Muitos dos problemas contemporâneos podem ser analisados e
entendidos a partir de uma perspectiva histórica. E a partir da
análise, evolução e comparação históricas se podem traçar
perspectivas.
10. Pesquisa
histórica
Filme
Uma cidade
sem passado
(1990)
O filme Uma Cidade sem Passado relata a luta
incrivelmente persistente de Lena Stolz (Sonja
Rosenberger) para desvendar a verdade que está por
trás do passado de sua cidade durante o nazismo.
Mesmo diante de graves ameaças, Sonja sai em busca
da verdade consultando arquivos nunca antes vistos,
pesquisando jornais e documentos antigos, ouvindo
pessoas mais velhas que viveram no período histórico
do nazismo, e termina por descobrir que sua
comunidade é essencialmente hipócrita, em especial a
Igreja e o Estado. Dessa forma, podemos detectar
neste filme a pesquisa exploratória, baseada em
entrevistas não padronizadas e levantamento
documental. O método utilizado aqui é o método
histórico, pois Sonja vai buscar, nos dados do passado,
explicações para os eventos do presente.
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11. Pesquisa-ação
A pesquisa-ação está localizada na metodologia da
pesquisa orientada à prática educacional. Nessa
perspectiva, a finalidade essencial da pesquisa não é o
acúmulo de conhecimento sobre o ensino ou a
compreensão da realidade, mas, fundamentalmente,
contribuir com informações que orientem a tomada de
decisões e os processos de mudança para a sua melhoria.
Justamente, o objetivo prioritário da pesquisa-ação
consiste em melhorar a prática em vez de gerar
conhecimentos; por isso, a produção e a utilização do
conhecimento se subordinam a esse objetivo
fundamental e estão condicionadas por ele (ELLIOT, 1993
apud ESTEBAN, 2010, p. 167).
O processo de pesquisa-ação é definido ou caracterizado como uma espiral
de mudança. A característica fundamental dessa metodologia é a natureza
cíclica e flexível do processo, que apresenta quatro fases com tarefas bem
definidas.
12. Identificação de
uma preocupação
temática e
abordagem do
problema
Elaboração de um
plano de atuação
Desenvolvimento
do plano e coleta
de dados sobre
sua implantação
Reflexão,
interpretação e
resultados -
replanejamento
Pesquisa-ação
13. Pesquisa-ação
Envolve
uma
reflexão
sistemática
na ação.
Envolve a
transformação
e melhoria de
uma realidade
educacional
e/ou social.
O elemento de “formação” é essencial e
fundamental no processo de pesquisa-ação.
É uma
pesquisa que
envolve a
colaboração
das pessoas.
É realizada
pelas pessoas
envolvidas na
prática que se
pesquisa.
Parte da
prática, de
problemas
práticos.
Algumas características
15. Pesquisa
experimental
“Consiste em determinar um objeto de
estudo, selecionar as variáveis que seriam
capazes de influenciá-lo, definir as formas
de controle e de observação dos efeitos
que a variável produz no objeto” (GIL,
2002, p. 47).
.
A base filosófica desta abordagem tem as suas origens nas
tradições positivistas e científico-realistas que começaram a ser
desenvolvidas durante o Iluminismo, sendo, depois consolidadas
durante os séculos XVIII e XIX à medida que a “ciência” e a
“tecnologia” começaram a exercer um domínio cada vez mais
forte sobre a produção de conhecimento.
16. Pesquisa
experimental
Filme
O óleo de
Lorenzo (1992)
O filme “O óleo de Lorenzo” conta a história incrivelmente
sofrida do menino Lorenzo e a busca desesperada de seus
pais pela cura da doença rara que acomete seu filho. No
filme, o pai e a mãe de Lorenzo, inconformados com a falta
de opções que a Medicina tradicional oferece, buscam
informações através de pesquisa bibliográfica sobre a
doença. Também procuram escutar casos de outras crianças
que foram também acometidos por ela, procurando dessa
forma entender as causas da doença e suas razões. A partir
disso, tentam interpretar os fenômenos estudados,
manipulando e controlando as variáveis envolvidas. Esta
investigação corresponde ao método experimental, pois a
experiência é montada de acordo com a necessidade da
descoberta, e as variáveis vão sendo manipuladas a partir do
surgimento de novas descobertas.
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17. Estudos
quantitativos
“... a análise de dados quantitativos
constitui-se em um trabalho que propicia
que “a informação que não pode ser
diretamente visualizada a partir de
uma massa de dados poderá sê-lo se tais
dados sofrerem algum tipo de
transformação que permita uma
observação de um outro ponto de
vista”. [...] a quantificação abrange um
conjunto de procedimentos, técnicas e
algoritmos destinados a auxiliar o
pesquisador a extrair de seus dados
subsídios para responder à(s) pergunta(s)
que o mesmo estabeleceu como
objetivo(s) de seu trabalho”.
... os métodos quantitativos de análise
são recursos para o pesquisador, o qual
deve saber lidar com eles em seu
contexto de reflexão (num certo
sentido deve dominá-los) e, não,
submeter-se cegamente a eles,
entendendo que o tratamento dos
dados por meio de indicadores, testes
de inferência, etc. oferecem indícios
sobre as questões tratadas, não
verdades; que fazem aflorar
semelhanças, proximidades
ou plausibilidades, não certezas.. GATTI, B. A. Estudos quantitativos em educação. Educação e
Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p. 11-30, jan./abr. 2004.