O documento discute as dificuldades na implementação de compliance nas empresas, apontando que apenas ter normas e procedimentos não é suficiente se as pessoas não assumirem suas responsabilidades. A cultura organizacional e a vontade dos gestores em definir responsabilidades são fatores cruciais, mas que muitas vezes são negligenciados.
Por que a implementação de compliance nas empresas é tão difícil
1. Por que implementar compliance nas empresas é tão
difícil?
*Por Marcos Assi
Tenho ultimamente criticado a postura de muitos administradores e
gestores no que tange a compliance ou conformidade, pois alguns
organismos internacionais vêm trabalhando com muita dedicação
na busca de melhorias na gestão de compliance, com publicações,
seminários e congressos, mas onde esta então a dificuldade, se a
teoria esta divulgada?
Cultura, necessitamos parar de viver em um mundo de sonhos e
viver a realidade, pois somente possuir as normas, os
procedimentos e os sistemas não são o suficiente, se as pessoas
não fizerem a parte delas, e isso me incomoda há muito tempo, e
quando algumas pessoas falam como se estivéssemos no mar de
rosas, e sei que muitas empresas possuem processos bem
definidos, mas quero dizer que acredito na eficiência e eficácia em
controles internos e compliance, mas não podemos deixar de lado a
dificuldade que é implementar a gestão de compliance, riscos e
controles internos.
Não sou pessimista, mas realista, e acredito no que faço e no que
transmito, pois convivo com isso há mais de dez anos e já vivenciei
conflitos de interesses, pouco caso dos gestores, negligencia de
controles, ausência de entendimento das necessidades, falta de
qualificação de alguns profissionais, ausência de índole, pois gestão
de compliance, riscos e controles internos superam as normas e
procedimentos, afinal a responsabilidade é de todos na
organização, por isso devemos entender o negócio, até para poder
em parcerias internas melhorar a gestão, mas se eu não conheço...
Por exemplo, quando publicamos uma norma que nenhuma
operação pode ser realizada sem contrato ou cadastro completo,
entendemos os riscos envolvidos e a necessidade de compliance,
mas sempre encontramos um diretor que abona a operação com
pendência, então pergunto? Para que temos gestão de compliance,
2. riscos e controles internos? Somente para apresentar ao órgão
regulador e para a auditoria?
Respeito às regras e normas, comprometimento com a empresa,
busca de resultados, gestão de riscos, tem custo, mas ficar parado
também. Falar que na Europa ou nos EUA a consciência de
Compliance esta evoluída é perigoso, basta recordar dos
escândalos do Société Genéralé, UBS, Lehman Brothers, Siemens,
entre outros, todos temos os mesmos problemas, pessoas.
Melhores práticas de controles internos, de governança corporativa,
gestão de riscos, compliance, gestão de TI, gestão de pessoas, e
principalmente a tão falada cultura organizacional são palavras
muito utilizadas palestras, seminários e congressos, mas quão
efetivos são os gestores na implementação destes procedimentos e
quanto eles disseminam isso entre os seus colaboradores?
Acredito que devemos buscar outros meios de conscientização de
todos na organização afinal quem aprova as operações? Que
contrata os profissionais? Quem contrata terceiros? Quem fecha as
informações financeiras e contábeis? Uma certeza eu tenho, não
são os profissionais de riscos, compliance e controles internos, mas
os gestores e administradores, por isso é tão difícil implementar
uma gestão de compliance, falta vontade e definição das
responsabilidades de cada um para que a gestão seja respeitadora
das regras e legislações pertinentes ao seu negócio, pense nisso!
* Marcos Assi é professor do MBA Gestão de Riscos e Compliance da
Trevisan Escola de Negócios, da Saint Paul Escola de Negócios e da FIA
(Labfin), autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional –
como consolidar a confiança na gestão dos negócios” e “Gestão de
Riscos com Controles Internos - Ferramentas, certificações e métodos
para garantir a eficiência dos negócios” pela (Saint Paul Editora) e
consultor de finanças do programa A Grande Idéia do SBT. Sócio Diretor
da MASSI Consultoria e Treinamento.