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MANUAL DE PINTA PRETA
MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
2
3
PINTA PRETA
A pinta preta dos citros, também
conhecida como mancha preta dos
citros, é considerada uma das doen-
ças mais importantes da citricultura
brasileira e mundial. Apesar do alto
custo de controle dessa doença, para
cada R$1,00 gasto com pulveriza-
ções, o citricultor deixa de perder de
R$5,00 a R$25,00 com a redução da
queda de frutos causada pela pinta
preta. Os maiores prejuízos são ob-
servados em pomares mais velhos,
de variedades de maturação tardia,
principalmente em plantas mal nutri-
das. O histórico da doença no pomar
é importante para definir as estraté-
gias de controle. Depois de instalada
em um pomar, não há possibilidade
de eliminação, por isso, a adoção de
estratégias que previnam a entrada
do fungo é essencial.
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
4
AGENTE CAUSAL – a pinta preta é causada por um fungo, que recebe o nome de
Phyllosticta citricarpa (Guignardia citricarpa). O fungo pode se multiplicar e produzir
seus esporos assexuais (conídios) em frutos, folhas e ramos secos da planta e os espo-
ros sexuais (ascósporos) em folhas caídas no solo.
VARIEDADES ATACADAS – a pinta preta ocorre em todas as variedades de laranjas
doces, limões verdadeiros, tangerinas e seus híbridos. Não há sintomas na lima ácida
‘Tahiti’. As variedades de maturação tardia podem apresentar maiores severidades de
sintomas, bem como queda de fruto mais acentuada.
PINTA PRETA
Sintomas típicos de pinta preta em frutos de laranja doce, limão siciliano e mexerica
5
Estados com pinta preta
Área de citros
sem pinta preta
Área de citros
com pinta preta presente em baixos níveis
Área de citros
com pinta preta presente
PREJUÍZOS DISTRIBUIÇÃO
No estado de São Paulo, os maiores
problemas são observados nas regiões
Leste, Centro e Norte. De maneira geral, a
doença pode se estabelecer em todas as re-
giões brasileiras, porém as epidemias mais
severas são observadas em regiões onde há
condições mais propícias para a queda de
folhas e seca dos ramos. A doença ocorre
na maioria das áreas citrícolas do mundo,
exceto em regiões de clima mediterrâneo.
O principal problema da pinta preta para a
citricultura paulista é a queda prematura de
frutos, que pode reduzir em até 85% a pro-
dução das plantas de laranja doce
No Brasil, a doença está presente em to-
dos os estados das regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, nos estados do Amazonas e
Rondônia (Norte) e na Bahia (Nordeste)
A doença não altera a qualidade do
suco, pois as lesões afetam apenas a cas-
ca do fruto. Além de causar a queda de
frutos, a pinta preta deixa a fruta com apa-
rência manchada, o que prejudica a sua
comercialização no mercado in natura. É
uma doença quarentenária e, por isso, fru-
tos de áreas contaminadas não podem ser
exportados para áreas livres da doença,
como é o caso da Europa.
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
6
MANCHA DURA
É o sintoma mais típico da doen-
ça. Aparece logo após a mudança
de cor da casca. As lesões apresen-
tam bordas salientes marrom escu-
ras ou negras e centro deprimido de
cor palha com pontinhos escuros
(picnídios), nos quais são formados
os esporos.
+
6
SINTOMAS
MANCHA SARDENTA
Pequenas lesões levemente de-
primidas e avermelhadas que apare-
cem em frutos maduros e também na
pós-colheita. Picnídios também são
formados no centro das lesões.
+
7
FALSA MELANOSE
São pequenas manchas super-
ficiais pretas e lisas, dispersas ou
agregadas na casca. Este sintoma
ocorre em frutos ainda verdes e é
o primeiro a aparecer, a partir de
fevereiro no estado de São Paulo.
Pode ser confundido com a mela-
nose dos citros, que apresenta le-
sões mais ásperas e claras.
7 7
MANCHA VIRULENTA
Formada pela fusão de lesões
de manchas dura e sardenta.
Pode tomar boa parte do fruto.
+
+
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
8
MANCHA RENDILHADA
Pequenas lesões escuras, super-
ficiais e lisas. Este sintoma não
tem bordas definidas. Em geral,
as lesões tomam grande parte da
superfície do fruto, sendo algumas
com aspecto de lágrimas.
MANCHA TRINCADA
Lesões superficiais escuras
sem formato e tamanho definidos
que aparecem em frutos verdes
e ficam trincadas à medida que
ocorre o amadurecimento. Está
associada à presença do ácaro da
falsa ferrugem.
SINTOMAS
+
+
9
EM FOLHAS
Não são comuns em laranja
doce, mas são facilmente en-
contradas em limão verdadeiro.
São do tipo mancha dura e falsa
melanose.
+
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
10
Após 40 a 360 dias
da infecção os
sintomas aparecem
nos frutos.
Nas folhas de citros
em decomposição são
formados os esporos
(ascósporos).
Mudas de viveiros
desprotegidos podem
ser contaminadas
e introduzirem a
doença em uma nova
área, uma vez que os
sintomas raramente são
observados em folhas.
Ascósporos são levados
pelo vento até os ramos,
folhas e frutos da mesma
planta ou de outras
plantas vizinhas.
CICLO DA
PINTA PRETA
11
Em frutos sintomáticos,
folhas ou ramos secos
são formados os
esporos (conídios).
Novos sintomas
são formados
nos frutos,
aumentando a
doença na planta.
Os conídios são
levados dos frutos
e ramos doentes,
pela água, para
frutos sadios
localizados abaixo
deles.
Folhas
contaminadas
podem introduzir
a doença em uma
nova área.
As folhas infectadas
caem dando
continuidade ao
ciclo da doença.
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
12
DISSEMINAÇÃO
A pinta preta pode chegar ao pomar de diversas formas. As mais comuns são:
MUDAS – plantio de mudas de viveiros não certificados contendo o fungo pode dis-
persar a doença para áreas nas quais não está presente;
MATERIAL VEGETAL – folhas e ramos de pomares contaminados podem ser leva-
dos, principalmente por caminhões e implementos, em época de colheita;
VENTO – os esporos do fungo presentes nas folhas de citros em decomposição
podem ser levados pelo vento para outras plantas do mesmo pomar e de pomares
vizinhos.
Em pomares novos há maior circulação de vento, que favorece a disseminação dos esporos
13
Os frutos podem ser infecta-
dos desde a queda de pétalas
até o período de colheita, seja em
frutos verdes ou maduros. As in-
fecções ocorrem no período de
elevada frequência de chuvas,
que no estado de São Paulo vão
de setembro a abril. Entretanto, as
precipitações podem se estender
para os meses de maio e junho
e as infecções aparecem mais
tardiamente. Em outros estados
brasileiros, o período de infecção
poderá variar de acordo com o
período chuvoso.
A infecção dos frutos em São
Paulo pode ocorrer com as chu-
vas a partir de setembro, mas os
sintomas somente serão expres-
sos a partir de fevereiro, de 40 a
360 dias após a infecção. As le-
sões dos tipos mancha dura, sar-
denta ou virulenta estão mais as-
sociadas com a queda prematura
de frutos. Esses sintomas apa-
recem somente 100 dias após a
infecção, sendo a grande maioria
expressa a partir de 200 dias.
PERÍODO DE INFECÇÃO DOS FRUTOS
Sintomas típicos de pinta preta que são expressos
até um ano após a infecção do fruto pelo fungo
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
14
INSPEÇÃO DA DOENÇA
A avaliação da doença no pomar é importante aliada para a detecção a tempo de
tomar medidas para evitar que a pinta preta se espalhe pelo pomar. Para obter mais
eficiência na busca de sintomas da doença, inspecione os frutos posicionados no
terço inferior da copa da árvore (saia), no lado que está mais exposto à luz solar, pois
o aparecimento dos sintomas é favorecido pela luminosidade combinada com altas
temperaturas. A quantificação da doença nos frutos é muito importante para definir a
ordem de colheita dos talhões na propriedade, evitando a queda acentuada de frutos.
A quantificação da doença pode ser feita com o uso de uma escala com diferentes níveis
de severidade
15
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
PLANTIO DE MUDAS CERTIFICA-
DAS – as mudas devem ser adquiridas
em viveiros telados e certificados;
NUTRIÇÃO E SANIDADE DO POMAR
– árvores severamente afetadas por outras
doenças devem ser removidas do pomar.
Plantas debilitadas normalmente apresentam
queda mais acentuada de frutos;
CONTROLE DA ENTRADA DE MA-
TERIAL NO POMAR – é preciso estar
atento ao que circula no pomar, desin-
festar e retirar restos vegetais de veículos
e de materiais de colheita. O trânsito de
material vegetal entre áreas com e sem a
doença deve ser evitado. A instalação de
bins distantes dos pomares auxilia na pre-
venção da pinta preta, assim como outras
doenças, pois diminui o trânsito de veícu-
los nos pomares;
REMOÇÃO DOS FRUTOS TEMPO-
RÃOS INFECTADOS ANTES DO INÍ-
CIO DA FLORADA – frutos com sinto-
mas podem conter esporos do fungo que
são levados por respingos de chuva para
outros frutos, folhas e ramos.
Bin instalado na entrada da propriedade
Produção de mudas em viveiro protegido
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
16
Nos pomares com pinta preta, o ma-
nejo pode ser complementado por um
conjunto de medidas que ajuda a proteger
os frutos e a impedir a disseminação da
doença no pomar.
COBERTURA DE FOLHAS CAÍDAS –
o plantio de adubo verde nas entrelinhas
do talhão e posterior corte com roçadeira
ecológica permite direcionar a vegetação,
intercalar para debaixo da copa das plan-
tas, cobrindo as folhas de citros caídas e
servindo como barreira física que dificulta
a liberação dos ascósporos.
REMOÇÃOOUDECOMPOSIÇÃODAS
FOLHAS CAÍDAS – as folhas de citros
caídas podem ser removidas com sugado-
res de folhas ou rastelo e trituradas com trin-
chas. Outra opção é acelerar a decomposi-
ção deste material com o uso de compostos
como ureia, que podem ser aplicados por
meio de barras de herbicidas.
PODA DE RAMOS SECOS – esta me-
dida é importante para reduzir as fontes de
contaminação na planta, além de facilitar a
aeração e melhorar a penetração dos defen-
sivos no interior da copa das árvores.
ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
Roçada ecológica para cobrir as folhas caídas Poda dos ramos secos
17
IRRIGAÇÃO – principalmente no inver-
no, esta medida reduz a queda excessi-
va de folhas e frutos. Também propicia
floradas mais uniformes, o que melhora e
facilita o controle químico. A irrigação por
gotejo é a mais indicada neste caso, pois
está associada a uma menor formação de
ascósporos nas folhas caídas, em compa-
ração com a microaspersão.
ANTECIPAÇÃO DA COLHEITA – a
medida é indicada nos talhões em que a
doença está presente em níveis altos, prin-
cipalmente nos mais velhos de variedades
tardias. Evita a queda dos frutos com sin-
tomas, os quais além de serem fontes de
contaminação para outros frutos, folhas e
ramos, podem cair prematuramente e re-
duzir a produção das plantas.
Frutos colhidos de forma antecipada
Irrigação de plantas por gotejamento
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
18
FUNGICIDAS
O controle químico da pinta preta
deve ser feito com critério e planejamen-
to para que seja eficiente e não selecione
fungos resistentes aos fungicidas utiliza-
dos. Desde 2012, os fungicidas carben-
dazim, mancozebe e tiofanato-metílico,
que eram utilizados no controle da doen-
ça, foram retirados da lista PIC (Produ-
ção Integrada dos Citros). Desde então,
esses fungicidas não são recomendados
para uso em pomares que destinam sua
fruta a produtos de exportação, como o
suco de laranja.
Os fungicidas mais utilizados são as es-
trobilurinas e os cobres. As estrobilurinas
devem ser utilizadas durante o período de
chuvas mais frequentes e intensas. Os co-
bres devem ser utilizados em épocas me-
nos favoráveis para a doença. Para o ma-
nejo conjunto da pinta preta e do cancro
cítrico, o cobre é utilizado em associação
com as estrobilurinas.
Grupo
químico
Ingrediente
ativo
Produto
comercial
Intervalo de
aplicação
Dose
Estrobilurina
Azoxistrobina
Piraclostrobina
Trifloxistrobina
Oxicloreto de cobre
Hidróxido de cobre
Óxido cuproso
Cobre
* Lista de defensivos da Produção Integrada de Citros disponível no site www.fundecitrus.com.br
** Essa dose deve ser utilizada em pomares mais velhos, das variedades de maturação meia-estação e tardia. Em pomares jovens e
de maturação precoce, a calda fungicida sem óleo ou com 0,15 ou 0,20% de óleo é suficiente para controlar a doença.
3,8 g de ativo/100L
ou 2,8 mg de ativo/m3
de copa
75-90 g de cobre metálico/100L
ou > 40 mg de cobre
metálico/m3
de copa
35 a 42
dias
21 a 28
dias
Consultar
Lista PIC
Consultar
Lista PIC
Vegetal ou mineral
Óleo
21 a 42
dias
0,25%
Consultar
Lista PIC
CONTROLE QUÍMICO
*
*
*
**
FUNGICIDAS RECOMENDADOS NA LISTA PIC*
19
Atenção: no estado de São Paulo já existe relato de resistência de Phyllosticta citri-
carpa aos benzimidazóis (carbendazim). Ainda não há relato de resistência desse fungo
às estrobilurinas no Brasil e no mundo. Porém, já existem relatos de Colletotrichum
acutatum (causador da podridão floral) e Alternaria alternata (causador da mancha mar-
rom em tangerinas e híbridos) resistentes a esse grupo de fungicidas. O uso excessivo
das estrobilurinas no controle da pinta preta pode acarretar resistência dos diferentes
fungos presentes nos pomares de citros. Para evitar resistência desses patógenos às
estrobilurinas, recomenda-se não utilizá-las em mais de três aplicações por safra.
ADJUVANTES
Os fungicidas, principalmente as estrobilurinas devem ser utilizados em mistura com
óleo mineral ou vegetal. A dose de óleo de 0,25% (5L/2000L) deve ser utilizada em po-
mares mais velhos, das variedades de maturação meia-estação e tardia. Em pomares
jovens (<10 anos) e de variedade de maturação precoce, apenas a aplicação de fungi-
cidas é suficiente para manter a doença e a queda de frutos em baixos níveis.
Pulverizadores comumente usados para o controle da pinta preta
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
20
PERÍODO DE CONTROLE
EM QUAL IDADE DO POMAR DEVE-SE INICIAR AS APLICAÇÕES?
Em pomares para a produção de frutas frescas, as pulverizações devem ser ini-
ciadas quando os primeiros sintomas de pinta preta forem detectados na área. Vale
ressaltar que, em pomares jovens recém-plantados a doença será introduzida e dis-
seminada principalmente pelos esporos produzidos em folhas em decomposição.
Portanto, a aplicação de fungicidas terá pouco efeito sobre a produção e liberação
desses esporos nas folhas caídas. Nesses pomares mais jovens é indispensável o
uso da roçadeira ecológica e outras estratégias que ajudem a cobrir ou degradar as
folhas caídas.
EM QUAL PERÍODO DA SAFRA DEVE-SE FAZER AS PULVERIZAÇÕES?
Em pomares mais velhos do estado de São Paulo, nos quais a pinta preta ocorre
com frequência, o número de aplicações pode variar de quatro a seis por ano. As
aplicações iniciam após a queda das pétalas das flores e terminam no final do período
chuvoso (geralmente em março/abril). De maneira geral, a queda de pétalas ocorre
em setembro, e a primeira aplicação deve ser feita com cobre. A segunda aplicação
também com cobre é feita em outubro (após 21-28 dias). A partir de novembro até
o fim do período chuvoso aplica-se estrobilurina pura ou associada com cobre (a
cada 35-42 dias). Se o florescimento for tardio e a queda de pétalas ocorrer a partir
de meados de novembro, as aplicações já devem iniciar com estrobilurina pura ou
associada com cobre e seguir até o fim do período chuvoso. Pulverizações após
março/abril podem ser necessárias se as chuvas se estenderem para os meses se-
guintes. Nesses casos, apenas devem ser pulverizados os pomares mais velhos, de
variedades de maturação tardia, que serão colhidos após dezembro, ou aqueles para
produção de fruta fresca.
21
FLORADA NORMAL (QUEDA DE PÉTALAS EM SETEMBRO)
FLORADATARDIA (QUEDA DE PÉTALAS A PARTIR DE NOVEMBRO)
SET
NOV
NOV
OU
Cobre
Cobre
Estrobilurina
200 DIAS
ANTES DA
COLHEITA
Estrobilurina
FIM DO
PERÍODO
CHUVOSO
MAR/ABR
NOV OU
200 DIAS
ANTES DA
COLHEITA
FIM DO
PERÍODO
CHUVOSO
MAR/ABR
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
22
O Sistema de Pulverização Integrado do Fundecitrus (SPIF) foi desenvolvido para
auxiliar os citricultores na adequação das doses dos produtos e no volume de calda a
ser aplicado em função do volume de copa das plantas. No sistema é possível calcular
o volume de copa de cada talhão da propriedade e padronizar a quantidade de calda.
Os volumes de calda das pulverizações para controlar a pinta preta não devem ser
muito baixos. Em pomares para a produção de suco recomenda-se em torno de 75 mL
de calda/m3
de copa (ver abaixo). Esse volume de calda deve ser aplicado com uma
velocidade inferior a 4,5 km/h. Para a produção de fruta fresca, as plantas devem ser
pulverizadas com o volume em torno de 100 mL/m3
e a velocidade deve ser de 2,5 a
4,0 km/h, o que contribui para aumentar a penetração da calda no interior da copa.
Volume de calda (mL/m3
)
Produtividade
(kg/planta)
Sem aplicação
125
a
a a
a
b
100 75 50
100
80
60
40
20
0
VOLUME DE CALDA
Produtividade de plantas de laranja doce ‘Valência’ pulverizadas com fungicidas em dife-
rentes volumes de calda no controle da pinta preta em Mogi Guaçu/SP
23
AVALIAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO
A qualidade da pulverização pode ser avaliada com papéis hidrossensíveis. Para
verificar se a pulverização está atingindo os frutos mais internos, recomenda-se a co-
locação desses papéis no interior da copa das plantas. A cobertura da pulverização
nos papeis colocados no interior da copa (próximo ao tronco) deve ser superior a
30%. Em pomares com copa menos densa, essa cobertura pode ser alcançada com
volumes inferiores a 75 mL/m3
(ver abaixo). Entretanto, esses volumes mais baixos
somente devem ser utilizados em pomares onde a cobertura mínima foi atingida nos
alvos internos.
100 50
a
a
Cobertura
(%)
0
15
125 75
100 50
Volume de calda (mL/m3
)
30
45
60
a a
ab
b
A B
Papéis hidrossensíveis colocados no interior de plantas de laranja ‘Valência’ com copa
mais densa (A) e menos densa (B), pulverizadas com diferentes volumes de calda
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
24
PROGRAMA DE PULVERIZAÇÃO
A) ÁREAS SOMENTE COM PINTA PRETA
FLORESCIMENTO PRINCIPAL (QUEDA DE PÉTALAS EM SETEMBRO)
As duas primeiras aplicações são realizadas com cobre (a primeira em setembro e a
segunda após 21-28 dias). A partir de novembro, as pulverizações são realizadas com es-
trobilurina a cada 35-42 dias. As plantas mais velhas de variedades meia-estação e tardia
devem ser pulverizadas até março/abril (fim do período de chuvas frequentes e intensas).
Após esse período, pulverizações são necessárias apenas em pomares para a produção
de frutas frescas, bem como nos mais velhos de variedades de maturação tardia que se-
rão colhidos mais tardiamente para a produção de suco.
Ago-Set
Cobre
Dez-Jan
Dez-Jan
Estrobilurina
Out-Nov
Out-Nov
Estrobilurina
Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina
Estrobilurina
Fev-Mar
Fev-Mar
Set-Out
Cobre
Jan-Fev
Jan-Fev
Nov-Dez
Nov-Dez
Mar-Abr
Mar-Abr
FLORESCIMENTO TARDIO (QUEDA DE PÉTALAS A PARTIR DE NOVEMBRO)
A primeira aplicação deverá ser realizada com cobre em associação com a estrobilurina
em novembro. A partir de novembro, as pulverizações são realizadas com estrobilurina a
cada 35-42 dias. O programa de pulverização deve ser finalizado de forma similar ao men-
cionado anteriormente para o florescimento de setembro.
Cobre
21-28 dias
35-42 dias
21-28 dias
35-42 dias
25
B) ÁREAS COM PINTA PRETA E CANCRO CÍTRICO
Em pomares jovens (até 6 anos), o cancro cítrico deve ser controlado com o uso de
pelo menos 40 mg de cobre metálico/m3
de copa quando houver brotações e/ou frutos
com até 50 mm de diâmetro ou quatro meses de idade. Em geral, esses pomares não
apresentam pinta preta ou apresentam a doença em incidência baixa, não suficiente para
causar a queda de frutos. Nessa fase jovem somente os pomares para produção de
frutas frescas devem ter os frutos protegidos com cobre e/ou estrobilurina contra a pinta
preta, seguindo o Manejo 1 ou 2 descrito abaixo.
Em pomares com mais de 6 anos, as pulverizações de cobre e estrobilurina são reque-
ridas para o controle da pinta preta e do cancro cítrico. As pulverizações devem ser realiza-
das a partir do florescimento, geralmente em setembro, com pelo menos 40 mg de cobre
metálico/m3
de copa, a cada 14 dias (Manejo 1) ou 21 dias (Manejo 2), principalmente para
o controle do cancro cítrico. Esse intervalo de 14 dias deve ser utilizado para áreas com alta
intensidade de cancro. Para associar o manejo das duas doenças, a estrobilurina para o
controle da pinta preta deve ser utilizada na dose de 2,8 mg de ativo/m3
de copa, em seu
intervalo máximo que é de 42 dias, para ambos os manejos.
Cobre
Cobre Cobre Cobre
Cobre Cobre Cobre
Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre
Dez-Jan
Out-Nov Fev-Mar
Set-Out Jan-Fev
Nov-Dez Mar-Abr
Estrobilurina
Estrobilurina
Estrobilurina
Estrobilurina
Estrobilurina
Estrobilurina
21 dias
14 dias
MANEJO 2
MANEJO 1
42 dias
42 dias
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
26
INTERVALO ENTRE AS APLICAÇÕES
Devido a problemas com a pulverização, excesso de chuvas, ou atraso na colheita, os
intervalos entre as aplicações de cobre e estrobilurina, ultrapassam 28 e 42 dias, respecti-
vamente, comprometendo todo o programa de controle.
MOMENTO DA APLICAÇÃO
As duas primeiras pulverizações normalmente são com cobre, porém em safras com flo-
rescimento tardio, a segunda pulverização coincide com o período chuvoso intenso e deve
ser feita com estrobilurinas a partir de meados de novembro, pois esse grupo de fungicida
apresenta até 97% de controle.
PERÍODO DE CONTROLE
Em áreas com problemas de pinta preta, o citricultor não deve finalizar o programa de con-
trole antes do fim do período chuvoso, que em São Paulo normalmente vai até março/abril. Se
adotar intervalos mais curtos entre aplicações, o número de pulverizações será maior.
ADEQUAÇÃO DO EQUIPAMENTO AO POMAR
Em pomares velhos não podados, o espaço na entrelinha para passagem do pulverizador
fica reduzido, tornando a pulverização desuniforme e ineficiente. Além disso, usar pulveriza-
dor pequeno em plantas muito altas não permite boa cobertura no terço superior da copa.
ERROS COMETIDOS NO CONTROLE
27
DOSE DOS PRODUTOS
A dose dos fungicidas não deve ser reduzida sem critérios, pois pode comprome-
ter a eficiência e aumentar o risco de resistência. O SPIF é uma excelente ferramenta
para calcular a dose correta dos produtos. Em pomares velhos com muita pinta preta,
não excluir ou substituir o óleo mineral ou vegetal por outros produtos.
VOLUME DE CALDA
Recomenda-se em pomares para a produção de frutas para suco, o volume de
75 mL de calda/m3
de copa. Usar volumes inferiores somente em pomares menos
densos, onde a calda atinge o interior da copa.
VELOCIDADE DE APLICAÇÃO
Velocidade acima de 4,5 km/h não é recomendada. Em pomares para produ-
ção de frutas frescas a velocidade não deve ser superior a 4 km/h.
REGULAGEM E CALIBRAGEM
Os pulverizadores devem estar conservados, regulados e calibrados. A calda
deve ser bem distribuída por toda a copa. Tamanho de gotas em torno de 150
micra. Pressão de trabalho de 100 a 200 psi.
FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
28
Autor: Geraldo José da Silva Junior | Edição: Jaqueline Ribas | Revisão: Camila Souza | Projeto gráfico: Valmir
Campos | Ilustrações: Mayara Laurindo | Fotos: Henrique Santos e Arquivo Fundecitrus | 2018 © - Versão atualizada
Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201
Vila Melhado, Araraquara/SP
16 3301 7000 / 0800 112155
www.fundecitrus.com.br

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  • 1. MANUAL DE PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE
  • 2. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 2
  • 3. 3 PINTA PRETA A pinta preta dos citros, também conhecida como mancha preta dos citros, é considerada uma das doen- ças mais importantes da citricultura brasileira e mundial. Apesar do alto custo de controle dessa doença, para cada R$1,00 gasto com pulveriza- ções, o citricultor deixa de perder de R$5,00 a R$25,00 com a redução da queda de frutos causada pela pinta preta. Os maiores prejuízos são ob- servados em pomares mais velhos, de variedades de maturação tardia, principalmente em plantas mal nutri- das. O histórico da doença no pomar é importante para definir as estraté- gias de controle. Depois de instalada em um pomar, não há possibilidade de eliminação, por isso, a adoção de estratégias que previnam a entrada do fungo é essencial.
  • 4. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 4 AGENTE CAUSAL – a pinta preta é causada por um fungo, que recebe o nome de Phyllosticta citricarpa (Guignardia citricarpa). O fungo pode se multiplicar e produzir seus esporos assexuais (conídios) em frutos, folhas e ramos secos da planta e os espo- ros sexuais (ascósporos) em folhas caídas no solo. VARIEDADES ATACADAS – a pinta preta ocorre em todas as variedades de laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e seus híbridos. Não há sintomas na lima ácida ‘Tahiti’. As variedades de maturação tardia podem apresentar maiores severidades de sintomas, bem como queda de fruto mais acentuada. PINTA PRETA Sintomas típicos de pinta preta em frutos de laranja doce, limão siciliano e mexerica
  • 5. 5 Estados com pinta preta Área de citros sem pinta preta Área de citros com pinta preta presente em baixos níveis Área de citros com pinta preta presente PREJUÍZOS DISTRIBUIÇÃO No estado de São Paulo, os maiores problemas são observados nas regiões Leste, Centro e Norte. De maneira geral, a doença pode se estabelecer em todas as re- giões brasileiras, porém as epidemias mais severas são observadas em regiões onde há condições mais propícias para a queda de folhas e seca dos ramos. A doença ocorre na maioria das áreas citrícolas do mundo, exceto em regiões de clima mediterrâneo. O principal problema da pinta preta para a citricultura paulista é a queda prematura de frutos, que pode reduzir em até 85% a pro- dução das plantas de laranja doce No Brasil, a doença está presente em to- dos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos estados do Amazonas e Rondônia (Norte) e na Bahia (Nordeste) A doença não altera a qualidade do suco, pois as lesões afetam apenas a cas- ca do fruto. Além de causar a queda de frutos, a pinta preta deixa a fruta com apa- rência manchada, o que prejudica a sua comercialização no mercado in natura. É uma doença quarentenária e, por isso, fru- tos de áreas contaminadas não podem ser exportados para áreas livres da doença, como é o caso da Europa.
  • 6. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 6 MANCHA DURA É o sintoma mais típico da doen- ça. Aparece logo após a mudança de cor da casca. As lesões apresen- tam bordas salientes marrom escu- ras ou negras e centro deprimido de cor palha com pontinhos escuros (picnídios), nos quais são formados os esporos. + 6 SINTOMAS MANCHA SARDENTA Pequenas lesões levemente de- primidas e avermelhadas que apare- cem em frutos maduros e também na pós-colheita. Picnídios também são formados no centro das lesões. +
  • 7. 7 FALSA MELANOSE São pequenas manchas super- ficiais pretas e lisas, dispersas ou agregadas na casca. Este sintoma ocorre em frutos ainda verdes e é o primeiro a aparecer, a partir de fevereiro no estado de São Paulo. Pode ser confundido com a mela- nose dos citros, que apresenta le- sões mais ásperas e claras. 7 7 MANCHA VIRULENTA Formada pela fusão de lesões de manchas dura e sardenta. Pode tomar boa parte do fruto. + +
  • 8. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 8 MANCHA RENDILHADA Pequenas lesões escuras, super- ficiais e lisas. Este sintoma não tem bordas definidas. Em geral, as lesões tomam grande parte da superfície do fruto, sendo algumas com aspecto de lágrimas. MANCHA TRINCADA Lesões superficiais escuras sem formato e tamanho definidos que aparecem em frutos verdes e ficam trincadas à medida que ocorre o amadurecimento. Está associada à presença do ácaro da falsa ferrugem. SINTOMAS + +
  • 9. 9 EM FOLHAS Não são comuns em laranja doce, mas são facilmente en- contradas em limão verdadeiro. São do tipo mancha dura e falsa melanose. +
  • 10. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 10 Após 40 a 360 dias da infecção os sintomas aparecem nos frutos. Nas folhas de citros em decomposição são formados os esporos (ascósporos). Mudas de viveiros desprotegidos podem ser contaminadas e introduzirem a doença em uma nova área, uma vez que os sintomas raramente são observados em folhas. Ascósporos são levados pelo vento até os ramos, folhas e frutos da mesma planta ou de outras plantas vizinhas. CICLO DA PINTA PRETA
  • 11. 11 Em frutos sintomáticos, folhas ou ramos secos são formados os esporos (conídios). Novos sintomas são formados nos frutos, aumentando a doença na planta. Os conídios são levados dos frutos e ramos doentes, pela água, para frutos sadios localizados abaixo deles. Folhas contaminadas podem introduzir a doença em uma nova área. As folhas infectadas caem dando continuidade ao ciclo da doença.
  • 12. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 12 DISSEMINAÇÃO A pinta preta pode chegar ao pomar de diversas formas. As mais comuns são: MUDAS – plantio de mudas de viveiros não certificados contendo o fungo pode dis- persar a doença para áreas nas quais não está presente; MATERIAL VEGETAL – folhas e ramos de pomares contaminados podem ser leva- dos, principalmente por caminhões e implementos, em época de colheita; VENTO – os esporos do fungo presentes nas folhas de citros em decomposição podem ser levados pelo vento para outras plantas do mesmo pomar e de pomares vizinhos. Em pomares novos há maior circulação de vento, que favorece a disseminação dos esporos
  • 13. 13 Os frutos podem ser infecta- dos desde a queda de pétalas até o período de colheita, seja em frutos verdes ou maduros. As in- fecções ocorrem no período de elevada frequência de chuvas, que no estado de São Paulo vão de setembro a abril. Entretanto, as precipitações podem se estender para os meses de maio e junho e as infecções aparecem mais tardiamente. Em outros estados brasileiros, o período de infecção poderá variar de acordo com o período chuvoso. A infecção dos frutos em São Paulo pode ocorrer com as chu- vas a partir de setembro, mas os sintomas somente serão expres- sos a partir de fevereiro, de 40 a 360 dias após a infecção. As le- sões dos tipos mancha dura, sar- denta ou virulenta estão mais as- sociadas com a queda prematura de frutos. Esses sintomas apa- recem somente 100 dias após a infecção, sendo a grande maioria expressa a partir de 200 dias. PERÍODO DE INFECÇÃO DOS FRUTOS Sintomas típicos de pinta preta que são expressos até um ano após a infecção do fruto pelo fungo
  • 14. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 14 INSPEÇÃO DA DOENÇA A avaliação da doença no pomar é importante aliada para a detecção a tempo de tomar medidas para evitar que a pinta preta se espalhe pelo pomar. Para obter mais eficiência na busca de sintomas da doença, inspecione os frutos posicionados no terço inferior da copa da árvore (saia), no lado que está mais exposto à luz solar, pois o aparecimento dos sintomas é favorecido pela luminosidade combinada com altas temperaturas. A quantificação da doença nos frutos é muito importante para definir a ordem de colheita dos talhões na propriedade, evitando a queda acentuada de frutos. A quantificação da doença pode ser feita com o uso de uma escala com diferentes níveis de severidade
  • 15. 15 MEDIDAS DE PREVENÇÃO PLANTIO DE MUDAS CERTIFICA- DAS – as mudas devem ser adquiridas em viveiros telados e certificados; NUTRIÇÃO E SANIDADE DO POMAR – árvores severamente afetadas por outras doenças devem ser removidas do pomar. Plantas debilitadas normalmente apresentam queda mais acentuada de frutos; CONTROLE DA ENTRADA DE MA- TERIAL NO POMAR – é preciso estar atento ao que circula no pomar, desin- festar e retirar restos vegetais de veículos e de materiais de colheita. O trânsito de material vegetal entre áreas com e sem a doença deve ser evitado. A instalação de bins distantes dos pomares auxilia na pre- venção da pinta preta, assim como outras doenças, pois diminui o trânsito de veícu- los nos pomares; REMOÇÃO DOS FRUTOS TEMPO- RÃOS INFECTADOS ANTES DO INÍ- CIO DA FLORADA – frutos com sinto- mas podem conter esporos do fungo que são levados por respingos de chuva para outros frutos, folhas e ramos. Bin instalado na entrada da propriedade Produção de mudas em viveiro protegido
  • 16. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 16 Nos pomares com pinta preta, o ma- nejo pode ser complementado por um conjunto de medidas que ajuda a proteger os frutos e a impedir a disseminação da doença no pomar. COBERTURA DE FOLHAS CAÍDAS – o plantio de adubo verde nas entrelinhas do talhão e posterior corte com roçadeira ecológica permite direcionar a vegetação, intercalar para debaixo da copa das plan- tas, cobrindo as folhas de citros caídas e servindo como barreira física que dificulta a liberação dos ascósporos. REMOÇÃOOUDECOMPOSIÇÃODAS FOLHAS CAÍDAS – as folhas de citros caídas podem ser removidas com sugado- res de folhas ou rastelo e trituradas com trin- chas. Outra opção é acelerar a decomposi- ção deste material com o uso de compostos como ureia, que podem ser aplicados por meio de barras de herbicidas. PODA DE RAMOS SECOS – esta me- dida é importante para reduzir as fontes de contaminação na planta, além de facilitar a aeração e melhorar a penetração dos defen- sivos no interior da copa das árvores. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE Roçada ecológica para cobrir as folhas caídas Poda dos ramos secos
  • 17. 17 IRRIGAÇÃO – principalmente no inver- no, esta medida reduz a queda excessi- va de folhas e frutos. Também propicia floradas mais uniformes, o que melhora e facilita o controle químico. A irrigação por gotejo é a mais indicada neste caso, pois está associada a uma menor formação de ascósporos nas folhas caídas, em compa- ração com a microaspersão. ANTECIPAÇÃO DA COLHEITA – a medida é indicada nos talhões em que a doença está presente em níveis altos, prin- cipalmente nos mais velhos de variedades tardias. Evita a queda dos frutos com sin- tomas, os quais além de serem fontes de contaminação para outros frutos, folhas e ramos, podem cair prematuramente e re- duzir a produção das plantas. Frutos colhidos de forma antecipada Irrigação de plantas por gotejamento
  • 18. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 18 FUNGICIDAS O controle químico da pinta preta deve ser feito com critério e planejamen- to para que seja eficiente e não selecione fungos resistentes aos fungicidas utiliza- dos. Desde 2012, os fungicidas carben- dazim, mancozebe e tiofanato-metílico, que eram utilizados no controle da doen- ça, foram retirados da lista PIC (Produ- ção Integrada dos Citros). Desde então, esses fungicidas não são recomendados para uso em pomares que destinam sua fruta a produtos de exportação, como o suco de laranja. Os fungicidas mais utilizados são as es- trobilurinas e os cobres. As estrobilurinas devem ser utilizadas durante o período de chuvas mais frequentes e intensas. Os co- bres devem ser utilizados em épocas me- nos favoráveis para a doença. Para o ma- nejo conjunto da pinta preta e do cancro cítrico, o cobre é utilizado em associação com as estrobilurinas. Grupo químico Ingrediente ativo Produto comercial Intervalo de aplicação Dose Estrobilurina Azoxistrobina Piraclostrobina Trifloxistrobina Oxicloreto de cobre Hidróxido de cobre Óxido cuproso Cobre * Lista de defensivos da Produção Integrada de Citros disponível no site www.fundecitrus.com.br ** Essa dose deve ser utilizada em pomares mais velhos, das variedades de maturação meia-estação e tardia. Em pomares jovens e de maturação precoce, a calda fungicida sem óleo ou com 0,15 ou 0,20% de óleo é suficiente para controlar a doença. 3,8 g de ativo/100L ou 2,8 mg de ativo/m3 de copa 75-90 g de cobre metálico/100L ou > 40 mg de cobre metálico/m3 de copa 35 a 42 dias 21 a 28 dias Consultar Lista PIC Consultar Lista PIC Vegetal ou mineral Óleo 21 a 42 dias 0,25% Consultar Lista PIC CONTROLE QUÍMICO * * * ** FUNGICIDAS RECOMENDADOS NA LISTA PIC*
  • 19. 19 Atenção: no estado de São Paulo já existe relato de resistência de Phyllosticta citri- carpa aos benzimidazóis (carbendazim). Ainda não há relato de resistência desse fungo às estrobilurinas no Brasil e no mundo. Porém, já existem relatos de Colletotrichum acutatum (causador da podridão floral) e Alternaria alternata (causador da mancha mar- rom em tangerinas e híbridos) resistentes a esse grupo de fungicidas. O uso excessivo das estrobilurinas no controle da pinta preta pode acarretar resistência dos diferentes fungos presentes nos pomares de citros. Para evitar resistência desses patógenos às estrobilurinas, recomenda-se não utilizá-las em mais de três aplicações por safra. ADJUVANTES Os fungicidas, principalmente as estrobilurinas devem ser utilizados em mistura com óleo mineral ou vegetal. A dose de óleo de 0,25% (5L/2000L) deve ser utilizada em po- mares mais velhos, das variedades de maturação meia-estação e tardia. Em pomares jovens (<10 anos) e de variedade de maturação precoce, apenas a aplicação de fungi- cidas é suficiente para manter a doença e a queda de frutos em baixos níveis. Pulverizadores comumente usados para o controle da pinta preta
  • 20. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 20 PERÍODO DE CONTROLE EM QUAL IDADE DO POMAR DEVE-SE INICIAR AS APLICAÇÕES? Em pomares para a produção de frutas frescas, as pulverizações devem ser ini- ciadas quando os primeiros sintomas de pinta preta forem detectados na área. Vale ressaltar que, em pomares jovens recém-plantados a doença será introduzida e dis- seminada principalmente pelos esporos produzidos em folhas em decomposição. Portanto, a aplicação de fungicidas terá pouco efeito sobre a produção e liberação desses esporos nas folhas caídas. Nesses pomares mais jovens é indispensável o uso da roçadeira ecológica e outras estratégias que ajudem a cobrir ou degradar as folhas caídas. EM QUAL PERÍODO DA SAFRA DEVE-SE FAZER AS PULVERIZAÇÕES? Em pomares mais velhos do estado de São Paulo, nos quais a pinta preta ocorre com frequência, o número de aplicações pode variar de quatro a seis por ano. As aplicações iniciam após a queda das pétalas das flores e terminam no final do período chuvoso (geralmente em março/abril). De maneira geral, a queda de pétalas ocorre em setembro, e a primeira aplicação deve ser feita com cobre. A segunda aplicação também com cobre é feita em outubro (após 21-28 dias). A partir de novembro até o fim do período chuvoso aplica-se estrobilurina pura ou associada com cobre (a cada 35-42 dias). Se o florescimento for tardio e a queda de pétalas ocorrer a partir de meados de novembro, as aplicações já devem iniciar com estrobilurina pura ou associada com cobre e seguir até o fim do período chuvoso. Pulverizações após março/abril podem ser necessárias se as chuvas se estenderem para os meses se- guintes. Nesses casos, apenas devem ser pulverizados os pomares mais velhos, de variedades de maturação tardia, que serão colhidos após dezembro, ou aqueles para produção de fruta fresca.
  • 21. 21 FLORADA NORMAL (QUEDA DE PÉTALAS EM SETEMBRO) FLORADATARDIA (QUEDA DE PÉTALAS A PARTIR DE NOVEMBRO) SET NOV NOV OU Cobre Cobre Estrobilurina 200 DIAS ANTES DA COLHEITA Estrobilurina FIM DO PERÍODO CHUVOSO MAR/ABR NOV OU 200 DIAS ANTES DA COLHEITA FIM DO PERÍODO CHUVOSO MAR/ABR
  • 22. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 22 O Sistema de Pulverização Integrado do Fundecitrus (SPIF) foi desenvolvido para auxiliar os citricultores na adequação das doses dos produtos e no volume de calda a ser aplicado em função do volume de copa das plantas. No sistema é possível calcular o volume de copa de cada talhão da propriedade e padronizar a quantidade de calda. Os volumes de calda das pulverizações para controlar a pinta preta não devem ser muito baixos. Em pomares para a produção de suco recomenda-se em torno de 75 mL de calda/m3 de copa (ver abaixo). Esse volume de calda deve ser aplicado com uma velocidade inferior a 4,5 km/h. Para a produção de fruta fresca, as plantas devem ser pulverizadas com o volume em torno de 100 mL/m3 e a velocidade deve ser de 2,5 a 4,0 km/h, o que contribui para aumentar a penetração da calda no interior da copa. Volume de calda (mL/m3 ) Produtividade (kg/planta) Sem aplicação 125 a a a a b 100 75 50 100 80 60 40 20 0 VOLUME DE CALDA Produtividade de plantas de laranja doce ‘Valência’ pulverizadas com fungicidas em dife- rentes volumes de calda no controle da pinta preta em Mogi Guaçu/SP
  • 23. 23 AVALIAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO A qualidade da pulverização pode ser avaliada com papéis hidrossensíveis. Para verificar se a pulverização está atingindo os frutos mais internos, recomenda-se a co- locação desses papéis no interior da copa das plantas. A cobertura da pulverização nos papeis colocados no interior da copa (próximo ao tronco) deve ser superior a 30%. Em pomares com copa menos densa, essa cobertura pode ser alcançada com volumes inferiores a 75 mL/m3 (ver abaixo). Entretanto, esses volumes mais baixos somente devem ser utilizados em pomares onde a cobertura mínima foi atingida nos alvos internos. 100 50 a a Cobertura (%) 0 15 125 75 100 50 Volume de calda (mL/m3 ) 30 45 60 a a ab b A B Papéis hidrossensíveis colocados no interior de plantas de laranja ‘Valência’ com copa mais densa (A) e menos densa (B), pulverizadas com diferentes volumes de calda
  • 24. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 24 PROGRAMA DE PULVERIZAÇÃO A) ÁREAS SOMENTE COM PINTA PRETA FLORESCIMENTO PRINCIPAL (QUEDA DE PÉTALAS EM SETEMBRO) As duas primeiras aplicações são realizadas com cobre (a primeira em setembro e a segunda após 21-28 dias). A partir de novembro, as pulverizações são realizadas com es- trobilurina a cada 35-42 dias. As plantas mais velhas de variedades meia-estação e tardia devem ser pulverizadas até março/abril (fim do período de chuvas frequentes e intensas). Após esse período, pulverizações são necessárias apenas em pomares para a produção de frutas frescas, bem como nos mais velhos de variedades de maturação tardia que se- rão colhidos mais tardiamente para a produção de suco. Ago-Set Cobre Dez-Jan Dez-Jan Estrobilurina Out-Nov Out-Nov Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Fev-Mar Fev-Mar Set-Out Cobre Jan-Fev Jan-Fev Nov-Dez Nov-Dez Mar-Abr Mar-Abr FLORESCIMENTO TARDIO (QUEDA DE PÉTALAS A PARTIR DE NOVEMBRO) A primeira aplicação deverá ser realizada com cobre em associação com a estrobilurina em novembro. A partir de novembro, as pulverizações são realizadas com estrobilurina a cada 35-42 dias. O programa de pulverização deve ser finalizado de forma similar ao men- cionado anteriormente para o florescimento de setembro. Cobre 21-28 dias 35-42 dias 21-28 dias 35-42 dias
  • 25. 25 B) ÁREAS COM PINTA PRETA E CANCRO CÍTRICO Em pomares jovens (até 6 anos), o cancro cítrico deve ser controlado com o uso de pelo menos 40 mg de cobre metálico/m3 de copa quando houver brotações e/ou frutos com até 50 mm de diâmetro ou quatro meses de idade. Em geral, esses pomares não apresentam pinta preta ou apresentam a doença em incidência baixa, não suficiente para causar a queda de frutos. Nessa fase jovem somente os pomares para produção de frutas frescas devem ter os frutos protegidos com cobre e/ou estrobilurina contra a pinta preta, seguindo o Manejo 1 ou 2 descrito abaixo. Em pomares com mais de 6 anos, as pulverizações de cobre e estrobilurina são reque- ridas para o controle da pinta preta e do cancro cítrico. As pulverizações devem ser realiza- das a partir do florescimento, geralmente em setembro, com pelo menos 40 mg de cobre metálico/m3 de copa, a cada 14 dias (Manejo 1) ou 21 dias (Manejo 2), principalmente para o controle do cancro cítrico. Esse intervalo de 14 dias deve ser utilizado para áreas com alta intensidade de cancro. Para associar o manejo das duas doenças, a estrobilurina para o controle da pinta preta deve ser utilizada na dose de 2,8 mg de ativo/m3 de copa, em seu intervalo máximo que é de 42 dias, para ambos os manejos. Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Dez-Jan Out-Nov Fev-Mar Set-Out Jan-Fev Nov-Dez Mar-Abr Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina 21 dias 14 dias MANEJO 2 MANEJO 1 42 dias 42 dias
  • 26. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 26 INTERVALO ENTRE AS APLICAÇÕES Devido a problemas com a pulverização, excesso de chuvas, ou atraso na colheita, os intervalos entre as aplicações de cobre e estrobilurina, ultrapassam 28 e 42 dias, respecti- vamente, comprometendo todo o programa de controle. MOMENTO DA APLICAÇÃO As duas primeiras pulverizações normalmente são com cobre, porém em safras com flo- rescimento tardio, a segunda pulverização coincide com o período chuvoso intenso e deve ser feita com estrobilurinas a partir de meados de novembro, pois esse grupo de fungicida apresenta até 97% de controle. PERÍODO DE CONTROLE Em áreas com problemas de pinta preta, o citricultor não deve finalizar o programa de con- trole antes do fim do período chuvoso, que em São Paulo normalmente vai até março/abril. Se adotar intervalos mais curtos entre aplicações, o número de pulverizações será maior. ADEQUAÇÃO DO EQUIPAMENTO AO POMAR Em pomares velhos não podados, o espaço na entrelinha para passagem do pulverizador fica reduzido, tornando a pulverização desuniforme e ineficiente. Além disso, usar pulveriza- dor pequeno em plantas muito altas não permite boa cobertura no terço superior da copa. ERROS COMETIDOS NO CONTROLE
  • 27. 27 DOSE DOS PRODUTOS A dose dos fungicidas não deve ser reduzida sem critérios, pois pode comprome- ter a eficiência e aumentar o risco de resistência. O SPIF é uma excelente ferramenta para calcular a dose correta dos produtos. Em pomares velhos com muita pinta preta, não excluir ou substituir o óleo mineral ou vegetal por outros produtos. VOLUME DE CALDA Recomenda-se em pomares para a produção de frutas para suco, o volume de 75 mL de calda/m3 de copa. Usar volumes inferiores somente em pomares menos densos, onde a calda atinge o interior da copa. VELOCIDADE DE APLICAÇÃO Velocidade acima de 4,5 km/h não é recomendada. Em pomares para produ- ção de frutas frescas a velocidade não deve ser superior a 4 km/h. REGULAGEM E CALIBRAGEM Os pulverizadores devem estar conservados, regulados e calibrados. A calda deve ser bem distribuída por toda a copa. Tamanho de gotas em torno de 150 micra. Pressão de trabalho de 100 a 200 psi.
  • 28. FUNDECITRUS I PINTA PRETA MEDIDAS ESSENCIAIS DE CONTROLE 28 Autor: Geraldo José da Silva Junior | Edição: Jaqueline Ribas | Revisão: Camila Souza | Projeto gráfico: Valmir Campos | Ilustrações: Mayara Laurindo | Fotos: Henrique Santos e Arquivo Fundecitrus | 2018 © - Versão atualizada Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201 Vila Melhado, Araraquara/SP 16 3301 7000 / 0800 112155 www.fundecitrus.com.br