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06-04-2018
Entrevista
Augusto Homem de Mello é, ac-
tualmente Sales & Marketing
Manager e o rosto da Louvre Pro-
perties. Em entrevista ao CONS-
TRUIR, dá-nos conta dos projectos
da promotora, dos novos mercados
que estão a surgir e onde preten-
dem também estar presentes.
O vosso foco é apenas a cidade
de Lisboa ou pretendem tam-
bém apostar noutras cidades?
Para se estar de pedra e cal no
negócio, acreditamos ser necessá-
rio acompanhar de perto cada ope-
ração e estar presente em todos os
momentos. Neste sentido, ainda es-
tamos a consolidar o nosso posi-
cionamento em Lisboa, com
planos para fazer crescer o porte-
fólio de activos na capital, antes de
partimos para outras geografias.
Contudo, temos planos para cres-
cer para outras zonas como Cas-
cais e, claro, o Porto.
O vosso investimento tem-se
centrado em projectos de reabi-
litação no segmento da habita-
ção. Consideram que com os
valores por metro quadrado que
actualmente se praticam na ci-
dade de Lisboa ainda é vantajoso
investir nesta área?
Actualmente a principal dificul-
dade prende-se com o sourcing de
novas oportunidades. Os preços su-
biram (e continuam a subir) em
toda a linha, quer na venda como
na aquisição, assim como os cus-
tos de construção. Encontrar edifí-
cios para reabilitação, em zonas
residenciais “core plus” a preços
que permitam encaixar os custos
de toda a operação de renovação
(não estamos só a considerar a
construção) e ainda integrar uma
margem para pagar o investi-
mento, que se mantenha dentro
das referências de preços de mer-
cado começa a ser cada vez mais
difícil. Ainda assim, acreditamos
que há boas oportunidades e esta-
mos diariamente, por isso mesmo,
extremamente activos no lado da
aquisição, em Lisboa.
Ponderam apostar noutros
segmentos?
Sem dúvida, sentimos que o
mercado está a dar sinais de mu-
dança, tanto pela redução de oferta
nas zonas consolidadas e de maior
interesse histórico, como pelas
oportunidades que a banca vem
permitindo, alavancando o poder
de compra das famílias portugue-
sas, por exemplo. Assim, estamos a
redireccionar alguns investimentos
no sentido de dar respostas, sem-
pre de qualidade, à procura in-
terna, em zonas residenciais que se
categorizam no mercado por gama
média ou média/alta.
E, por outro lado, na constru-
ção nova?
Sim, a construção nova está no
nosso horizonte a curto prazo.
Pretendem aumentar o seu portefólio em Lisboa
mantendo o foco na habitação e esperam vir
a desenvolver o seu primeiro projecto ao nível
da construção nova a curto prazo. Uma área
para a qual perspectivam um crescimento
para os próximos anos. Até ao momento já
investiram cerca de 35M€ nos projectos em
desenvolvimento. Embora considere que
“os pequenos projectos são, por vezes,
verdadeiros desafios”, um projecto a não
esquecer seria um “masterplan à escala macro”
Louvre Properties quer
“mínimo de 10 activos até final
do ano”
Augusto Homem de Mello
Sales & Marketing Manager da Louvre Properties
“Acreditamos que deveria haver
uma séria revisão na regulamen-
tação de construção nova, com
vista a optimizar custos e matérias
tidas como obrigatórias, para
dar mais espaços à promoção
imobiliária que, de outra forma,
não consegue praticar preços
competitivos para a maioria das
carteiras do consumidor final”
Entrevista
Cidália Lopes
clopes@construir.pt
06-04-2018
Contudo, este segmento tem algu-
mas contingências como seja o fac-
tor legislação a pesar na equação
do promotor. A realidade portu-
guesa neste campo está, na nossa
opinião, sobre acautelada e as con-
dicionantes são muitas vezes um
deal breaker. Ter de considerar es-
paços sobredimensionados para
áreas comuns ou apertadíssimas
normas de segurança, que custam
dinheiro a construir e que não se
reflectem no pricing à saída, por
exemplo, torna-se num problema
que os promotores enfrentam cada
vez mais. Acreditamos que deveria
haver uma séria revisão na regula-
mentação de construção nova, com
vista a optimizar custos e matérias
tidas como obrigatórias, para dar
mais espaços à promoção imobi-
liária que, de outra forma, não con-
segue praticar preços competitivos
para a maioria das carteiras do
consumidor final.
Qual o montante de investi-
mento já aplicado no vosso port-
folio?
Até ao momento investimos
cerca de 35 milhões de euros, que
se distribuem nos custos de aquisi-
ção de cinco edifícios em portefó-
lio e nos custos de reabilitação do
Alexandre Herculano 41 e do SCE-
NIC Lisbon, na Gomes Freire 18. A
mais recente aquisição foi em
Campo de Ourique. Estamos a fe-
char uma nova operação na zona
da Graça e temos várias ainda em
fase de avaliação, com vista a atin-
gir a meta mínima de 10 activos até
final do ano.
A vossa estratégia centra-se no
investimento para depois alienar
Alexandre Herculano 41
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Quinzenal
Âmbito: Outros Assuntos
Pág: 28
Cores: Cor
Área: 21,00 x 29,30 cm²
Corte: 3 de 4ID: 74391266 06-04-2018
Entrevista
a algum investidor institucional
ou o cliente final?
Somos um promotor imobiliário
especializado em reabilitação ur-
bana para fins residenciais, logo o
nosso foco será sempre o cliente
final, tanto nacional como interna-
cional. Trabalhamos e comunica-
mos para quem procura comprar
casa em Lisboa. Temos, natural-
mente, um conjunto de stakehol-
ders institucionais, entenda-se os
nossos investidores, que alimen-
tam o negócio e para quem traba-
lhamos diariamente no sentido de
devolver o retorno desejado, mas a
LOUVRE Properties é, na sua na-
tureza, um promotor imobiliário.
Qual o peso que tem actual-
mente o cliente nacional e o es-
trangeiro?
Temos diferentes realidades, por
projecto. No Alexandre Herculano
41 a maioria, se não quase a totali-
dade, são estrangeiros. Já no SCE-
muito variado, já que estamos a
considerar diferentes realidades.
Preferimos focar-nos no formato
que pretendemos investir, caso-a-
caso, onde estamos dispostos a ava-
liar oportunidades com um ticket
de entrada até cerca de 25 milhões
de euros. A realidade é que a Lou-
vre Properties surgiu exactamente
no período de crescimento e insta-
lou o seu próprio status quo e forma
de estar no mercado. Se existe algo
que nos caracteriza é a nossa agili-
dade e comodidade nas transacções
imobiliárias, sem financiamento
bancário, e com pagamento ime-
diato, de forma rápida e conve-
niente. Em boa verdade, esta
qualidade permite-nos criar maior
valor para os proprietários que pro-
curam uma solução de venda rá-
pida para o seu imóvel. Um dos
“targets” tipo da Louvre é o pro-
prietário ou grupo familiar que pos-
sui património de família ao qual
está ligado através dum grande
valor sentimental, prevalecendo a
celeridade e a discrição ao longo de
todo o processo de compra e venda.
E como vêem o vosso investi-
mento no sector público? Algum
projecto?
Não fechamos, de todo, a porta a
esta realidade. Trabalhamos diaria-
mente com todo o tipo de entida-
des, incluindo públicas, e por vezes
temos a necessidade de considerar
investimento em áreas de domínio
público, para fazer funcionar os
projectos de teor privado. Se for
uma solução win-win, faz sentido.
Aliás, temos em vista ideias e pro-
jectos que visam, de certa maneira,
ter uma presença mais consciente
no mercado imobiliário e que pas-
sam por dar respostas ao nível da
responsabilidade social. Trabalha-
mos na cidade de Lisboa, logo de-
vemos pensar a cidade no seu todo
e para todos.
Qual o projecto, ainda que a
longo prazo, que a Louvre Pro-
perties gostaria de promover?
Para um promotor imobiliário o
desafio ideal é algo que envolva di-
ferentes motivações e realidades,
considerando um alargado mix de
produto imobiliário. Estou certo de
que pensar e definir o masterplan de
um Parque das Nações, por exem-
plo, terá sido um excelente exercício
e uma experiência extremamente
completa. Um projecto que permi-
tisse desenvolver um masterplan à
escala macro seria, seguramente,
um desafio a não esquecer. Ainda
assim os pequenos projectos, por
vezes, são verdadeiros desafios e no
final enchem-nos do mesmo senti-
mento de dever cumprido. I
NIC, na Gomes Freire 18, dos 23
apartamentos já vendidos de um
total de 26, temos 85% de compra-
dores nacionais. Iremos lançar,
muito brevemente, um empreendi-
mento na Rodrigo da Fonseca onde
acreditamos que o comprador na-
cional se destacará, mas por
norma, a zona tem dado provas de
que o target brasileiro não perde
terreno, logo será uma agradável
surpresa concluir qual se destacará
mais, neste caso.
Qual o montante previsto de
investimento nos próximos
anos?
O investimento, em si, pode ser
“Até ao momento investimos
cerca de 35 milhões de euros,
que se distribuem nos custos
de aquisição de cinco edifícios
em portefólio e nos custos
de reabilitação do Alexandre
Herculano 41 e do SCENIC
Lisbon, na Gomes Freire 18”
ALEXANDRE
HERCULANO, 41
- Arquitectura:
Fvarq - Frederico
Valsassina
- Fase: Em
construção
- Data conclusão:
Final do Q1 de 2019
SCENIC
- Arquitectura:
Fvarq - Frederico
Valsassina
- Fase: Em
construção
- Data conclusão:
Maio 2019
RODRIGO DA
FONSECA, 11
- Arquitectura:
Fvarq – Frederico
Valsassina
- Fase: Fase final
de projecto
ROSA ARAÚJO,
12
- Arquitectura:
Fvarq - Frederico
Valsassina
CAMPO DE
OURIQUE
- Arquitectura: Em
fase de angaria-
ção de projectos
PROJECTOS ACTUAIS:
Edifício Scenic Lisbon
Meio: Imprensa
País: Portugal
Period.: Quinzenal
Âmbito: Outros Assuntos
Pág: 1
Cores: Cor
Área: 5,29 x 5,99 cm²
Corte: 4 de 4ID: 74391266 06-04-2018
Quinzenário - sai à sexta-feira - 7.50 euros Director: Ricardo Batista 06 de Abril de 2018 Ano XIV Número 362
CONSTRUÇÃO
ARQUITECTURA
IMOBILIÁRIO
As metas da
Louvre Properties
Os responsáveis da promotora
imobiliária têm as metas bem
definidas até final do ano. Augusto
Homem de Mello, marketing
manager da Louvre revela a
estratégia para o mercado nacional
PÁGS. 26-28
MATERIAIS
Domótica ao
serviço do cliente
No âmbito da Light+Building 2018,
António Andrade, CEO da JUNG
Portugal, falou com o CONSTRUIR
sobre o mercado, as tendências e os
projectos em que a empresa está
envolvida PÁGS. 34-35
CONSTRUIRO j o r n a l d e n e g ó c i o s d a i n d ú s t r i a d a C o n s t r u ç ã o
www.construir.pt
Vanguard investe 80M€
numa torre em Lisboa
Está avaliado em 80 milhões de euros o investimento previsto pela Vanguard Properties para
a construção de uma torre de apartamentos em Campolide, Lisboa, um edifício desenhado
pela equipa da Saraiva + Associados, que será “um dos edifícios mais altos de Lisboa”. A torre
começará a ser construída em Outubro de 2018, estando a sua conclusão prevista para
Outubro de 2020. O edifício terá cerca de 195 apartamentos PÁG. 04
ESPECIAL
Pavimentos e
Revestimentos
Mercados muito dinâmicos com
exigências muito próprias. É,
sobretudo, este o factor de
evolução de novas soluções e de
resposta que as empresas devem
ter em mente PÁGS. 42-47
“Auguro uns
próximos anos
generosos”
Em entrevista ao CONSTRUIR, Margarida
Caldeira, Main Board Director da Broadway
Malyan Portugal, faz uma retrospectiva dos últimos
15 anos e antevê um futuro luminoso PÁG. 16 -17
ANOS

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Construir

  • 1. 06-04-2018 Entrevista Augusto Homem de Mello é, ac- tualmente Sales & Marketing Manager e o rosto da Louvre Pro- perties. Em entrevista ao CONS- TRUIR, dá-nos conta dos projectos da promotora, dos novos mercados que estão a surgir e onde preten- dem também estar presentes. O vosso foco é apenas a cidade de Lisboa ou pretendem tam- bém apostar noutras cidades? Para se estar de pedra e cal no negócio, acreditamos ser necessá- rio acompanhar de perto cada ope- ração e estar presente em todos os momentos. Neste sentido, ainda es- tamos a consolidar o nosso posi- cionamento em Lisboa, com planos para fazer crescer o porte- fólio de activos na capital, antes de partimos para outras geografias. Contudo, temos planos para cres- cer para outras zonas como Cas- cais e, claro, o Porto. O vosso investimento tem-se centrado em projectos de reabi- litação no segmento da habita- ção. Consideram que com os valores por metro quadrado que actualmente se praticam na ci- dade de Lisboa ainda é vantajoso investir nesta área? Actualmente a principal dificul- dade prende-se com o sourcing de novas oportunidades. Os preços su- biram (e continuam a subir) em toda a linha, quer na venda como na aquisição, assim como os cus- tos de construção. Encontrar edifí- cios para reabilitação, em zonas residenciais “core plus” a preços que permitam encaixar os custos de toda a operação de renovação (não estamos só a considerar a construção) e ainda integrar uma margem para pagar o investi- mento, que se mantenha dentro das referências de preços de mer- cado começa a ser cada vez mais difícil. Ainda assim, acreditamos que há boas oportunidades e esta- mos diariamente, por isso mesmo, extremamente activos no lado da aquisição, em Lisboa. Ponderam apostar noutros segmentos? Sem dúvida, sentimos que o mercado está a dar sinais de mu- dança, tanto pela redução de oferta nas zonas consolidadas e de maior interesse histórico, como pelas oportunidades que a banca vem permitindo, alavancando o poder de compra das famílias portugue- sas, por exemplo. Assim, estamos a redireccionar alguns investimentos no sentido de dar respostas, sem- pre de qualidade, à procura in- terna, em zonas residenciais que se categorizam no mercado por gama média ou média/alta. E, por outro lado, na constru- ção nova? Sim, a construção nova está no nosso horizonte a curto prazo. Pretendem aumentar o seu portefólio em Lisboa mantendo o foco na habitação e esperam vir a desenvolver o seu primeiro projecto ao nível da construção nova a curto prazo. Uma área para a qual perspectivam um crescimento para os próximos anos. Até ao momento já investiram cerca de 35M€ nos projectos em desenvolvimento. Embora considere que “os pequenos projectos são, por vezes, verdadeiros desafios”, um projecto a não esquecer seria um “masterplan à escala macro” Louvre Properties quer “mínimo de 10 activos até final do ano” Augusto Homem de Mello Sales & Marketing Manager da Louvre Properties “Acreditamos que deveria haver uma séria revisão na regulamen- tação de construção nova, com vista a optimizar custos e matérias tidas como obrigatórias, para dar mais espaços à promoção imobiliária que, de outra forma, não consegue praticar preços competitivos para a maioria das carteiras do consumidor final” Entrevista Cidália Lopes clopes@construir.pt
  • 2. 06-04-2018 Contudo, este segmento tem algu- mas contingências como seja o fac- tor legislação a pesar na equação do promotor. A realidade portu- guesa neste campo está, na nossa opinião, sobre acautelada e as con- dicionantes são muitas vezes um deal breaker. Ter de considerar es- paços sobredimensionados para áreas comuns ou apertadíssimas normas de segurança, que custam dinheiro a construir e que não se reflectem no pricing à saída, por exemplo, torna-se num problema que os promotores enfrentam cada vez mais. Acreditamos que deveria haver uma séria revisão na regula- mentação de construção nova, com vista a optimizar custos e matérias tidas como obrigatórias, para dar mais espaços à promoção imobi- liária que, de outra forma, não con- segue praticar preços competitivos para a maioria das carteiras do consumidor final. Qual o montante de investi- mento já aplicado no vosso port- folio? Até ao momento investimos cerca de 35 milhões de euros, que se distribuem nos custos de aquisi- ção de cinco edifícios em portefó- lio e nos custos de reabilitação do Alexandre Herculano 41 e do SCE- NIC Lisbon, na Gomes Freire 18. A mais recente aquisição foi em Campo de Ourique. Estamos a fe- char uma nova operação na zona da Graça e temos várias ainda em fase de avaliação, com vista a atin- gir a meta mínima de 10 activos até final do ano. A vossa estratégia centra-se no investimento para depois alienar Alexandre Herculano 41
  • 3. Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Quinzenal Âmbito: Outros Assuntos Pág: 28 Cores: Cor Área: 21,00 x 29,30 cm² Corte: 3 de 4ID: 74391266 06-04-2018 Entrevista a algum investidor institucional ou o cliente final? Somos um promotor imobiliário especializado em reabilitação ur- bana para fins residenciais, logo o nosso foco será sempre o cliente final, tanto nacional como interna- cional. Trabalhamos e comunica- mos para quem procura comprar casa em Lisboa. Temos, natural- mente, um conjunto de stakehol- ders institucionais, entenda-se os nossos investidores, que alimen- tam o negócio e para quem traba- lhamos diariamente no sentido de devolver o retorno desejado, mas a LOUVRE Properties é, na sua na- tureza, um promotor imobiliário. Qual o peso que tem actual- mente o cliente nacional e o es- trangeiro? Temos diferentes realidades, por projecto. No Alexandre Herculano 41 a maioria, se não quase a totali- dade, são estrangeiros. Já no SCE- muito variado, já que estamos a considerar diferentes realidades. Preferimos focar-nos no formato que pretendemos investir, caso-a- caso, onde estamos dispostos a ava- liar oportunidades com um ticket de entrada até cerca de 25 milhões de euros. A realidade é que a Lou- vre Properties surgiu exactamente no período de crescimento e insta- lou o seu próprio status quo e forma de estar no mercado. Se existe algo que nos caracteriza é a nossa agili- dade e comodidade nas transacções imobiliárias, sem financiamento bancário, e com pagamento ime- diato, de forma rápida e conve- niente. Em boa verdade, esta qualidade permite-nos criar maior valor para os proprietários que pro- curam uma solução de venda rá- pida para o seu imóvel. Um dos “targets” tipo da Louvre é o pro- prietário ou grupo familiar que pos- sui património de família ao qual está ligado através dum grande valor sentimental, prevalecendo a celeridade e a discrição ao longo de todo o processo de compra e venda. E como vêem o vosso investi- mento no sector público? Algum projecto? Não fechamos, de todo, a porta a esta realidade. Trabalhamos diaria- mente com todo o tipo de entida- des, incluindo públicas, e por vezes temos a necessidade de considerar investimento em áreas de domínio público, para fazer funcionar os projectos de teor privado. Se for uma solução win-win, faz sentido. Aliás, temos em vista ideias e pro- jectos que visam, de certa maneira, ter uma presença mais consciente no mercado imobiliário e que pas- sam por dar respostas ao nível da responsabilidade social. Trabalha- mos na cidade de Lisboa, logo de- vemos pensar a cidade no seu todo e para todos. Qual o projecto, ainda que a longo prazo, que a Louvre Pro- perties gostaria de promover? Para um promotor imobiliário o desafio ideal é algo que envolva di- ferentes motivações e realidades, considerando um alargado mix de produto imobiliário. Estou certo de que pensar e definir o masterplan de um Parque das Nações, por exem- plo, terá sido um excelente exercício e uma experiência extremamente completa. Um projecto que permi- tisse desenvolver um masterplan à escala macro seria, seguramente, um desafio a não esquecer. Ainda assim os pequenos projectos, por vezes, são verdadeiros desafios e no final enchem-nos do mesmo senti- mento de dever cumprido. I NIC, na Gomes Freire 18, dos 23 apartamentos já vendidos de um total de 26, temos 85% de compra- dores nacionais. Iremos lançar, muito brevemente, um empreendi- mento na Rodrigo da Fonseca onde acreditamos que o comprador na- cional se destacará, mas por norma, a zona tem dado provas de que o target brasileiro não perde terreno, logo será uma agradável surpresa concluir qual se destacará mais, neste caso. Qual o montante previsto de investimento nos próximos anos? O investimento, em si, pode ser “Até ao momento investimos cerca de 35 milhões de euros, que se distribuem nos custos de aquisição de cinco edifícios em portefólio e nos custos de reabilitação do Alexandre Herculano 41 e do SCENIC Lisbon, na Gomes Freire 18” ALEXANDRE HERCULANO, 41 - Arquitectura: Fvarq - Frederico Valsassina - Fase: Em construção - Data conclusão: Final do Q1 de 2019 SCENIC - Arquitectura: Fvarq - Frederico Valsassina - Fase: Em construção - Data conclusão: Maio 2019 RODRIGO DA FONSECA, 11 - Arquitectura: Fvarq – Frederico Valsassina - Fase: Fase final de projecto ROSA ARAÚJO, 12 - Arquitectura: Fvarq - Frederico Valsassina CAMPO DE OURIQUE - Arquitectura: Em fase de angaria- ção de projectos PROJECTOS ACTUAIS: Edifício Scenic Lisbon
  • 4. Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Quinzenal Âmbito: Outros Assuntos Pág: 1 Cores: Cor Área: 5,29 x 5,99 cm² Corte: 4 de 4ID: 74391266 06-04-2018 Quinzenário - sai à sexta-feira - 7.50 euros Director: Ricardo Batista 06 de Abril de 2018 Ano XIV Número 362 CONSTRUÇÃO ARQUITECTURA IMOBILIÁRIO As metas da Louvre Properties Os responsáveis da promotora imobiliária têm as metas bem definidas até final do ano. Augusto Homem de Mello, marketing manager da Louvre revela a estratégia para o mercado nacional PÁGS. 26-28 MATERIAIS Domótica ao serviço do cliente No âmbito da Light+Building 2018, António Andrade, CEO da JUNG Portugal, falou com o CONSTRUIR sobre o mercado, as tendências e os projectos em que a empresa está envolvida PÁGS. 34-35 CONSTRUIRO j o r n a l d e n e g ó c i o s d a i n d ú s t r i a d a C o n s t r u ç ã o www.construir.pt Vanguard investe 80M€ numa torre em Lisboa Está avaliado em 80 milhões de euros o investimento previsto pela Vanguard Properties para a construção de uma torre de apartamentos em Campolide, Lisboa, um edifício desenhado pela equipa da Saraiva + Associados, que será “um dos edifícios mais altos de Lisboa”. A torre começará a ser construída em Outubro de 2018, estando a sua conclusão prevista para Outubro de 2020. O edifício terá cerca de 195 apartamentos PÁG. 04 ESPECIAL Pavimentos e Revestimentos Mercados muito dinâmicos com exigências muito próprias. É, sobretudo, este o factor de evolução de novas soluções e de resposta que as empresas devem ter em mente PÁGS. 42-47 “Auguro uns próximos anos generosos” Em entrevista ao CONSTRUIR, Margarida Caldeira, Main Board Director da Broadway Malyan Portugal, faz uma retrospectiva dos últimos 15 anos e antevê um futuro luminoso PÁG. 16 -17 ANOS