2. Programa:
Definição, perspetiva histórica
Causas
Desenvolvimento normal das capacidades de cálculo
Manifestações
Aspetos cognitivos explicativos da discalculia
Aspetos neurobiológicos
Avaliação e diagnóstico
Sinais de alerta
Comorbilidades
Intervenção
3.
4. Definição, perspetiva histórica
1925 (Henschen)
Postula a existência de redes corticais implicadas nas
funções aritméticas
1974 (Kosc)
Dificuldade específica para a aprendizagem da aritmética
Base neurobiológica
Provavelmente genética
5. Definição, perspetiva histórica
Inesperada (DSM-IV-TR)
Inteligência normal
Escolaridade apropriada
Menos estudada e consensual do que a Dislexia
Grandes repercussões no rendimento académico
6. Definição, perspetiva histórica
Prevalência:
3 – 6% na população escolar
Sem diferenças masculino/feminino
Consciência do número muito anterior à invenção da
escrita
7. Definição, perspetiva histórica
A maioria dos autores apresenta definições que
coincidem em 3 aspetos:
Dificuldades na matemática
Perturbação específica
Base neurobiológica da perturbação
8.
9. Causas
Não é conhecida a causa exata desta perturbação
Estudos sugerem a presença de uma forte componente
genética (= a outras Perturbações da Aprendizagem)
10.
11. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Conceito de número
Conceito abstrato
A sua aquisição implica várias etapas
Passo fundamental: aprender a contar
Ser humano nasce com uma série de competências
quantitativas básicas, evidentes desde muito cedo
(antecedem a linguagem), sobre as quais se constroem as
mais complexas
12. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas biológicas primárias
Noção de número e pré-contagem
Capacidade de determinar corretamente pequenas
quantidades sem contá-las
13. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas biológicas primárias
Ordem
Compreensão dos conceitos de “mais do que” e “menos do
que”
14. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas biológicas primárias
Ordem
Compreensão dos conceitos de “mais do que” e “menos do
que”
Mais tarde, compreensão das relações de ordem (>,<)
16. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas adquiridas secundárias
Número e contagem
Associar números a letras
Automatização da contagem
Pratica da contagem = maior complexidade
Contar de 2 em 2
Contar de 10 em 10
Contar de 25 em 25…
17. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas adquiridas secundárias
5 princípios básicos para realizar a contagem
PRINCÍPIO DA CORRESPONDÊNCIA BIUNÍVOCA
A cada objeto contado corresponde um número
PRINCÍPIO DA ORDEM ESTÁVEL
Os nomes dos números seguem sempre uma ordem estável e fixa que
se repete
18. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas adquiridas secundárias
5 princípios básicos para realizar a contagem
PRINCÍPIO DE CARDINAL
O último número contado é o cardinal, i.e. indica a soma total dos
objetos
PRINCÍPIO DE ABSTRAÇÃO
Os elementos são contáveis independentemente da sua aparência
física
19. Desenvolvimento Normal das
Capacidades de Cálculo
Competências quantitativas adquiridas secundárias
5 princípios básicos para realizar a contagem
PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA DA ORDEM
O número de objetos é sempre o mesmo independentemente
do lugar que ocupam
20.
21. Manifestações de Discalculia
Utah Frith
Manifestações da discalculia diferem de acordo com…
Idade
Nível de escolaridade
22. Manifestações de Discalculia
Dificuldades Pré-escolar
Seriar os objetos por categorias
Compreender os conceitos de “mais que” / “menos que”
Ordenar objetos pelo tamanho
Fazer a correspondência 1 a 1
Contar até 10
Copiar os números
23. Manifestações de Discalculia
Dificuldades 1.º Ciclo
Fraca noção de quantidade
Execução incorreta dos exercícios de aritmética
Competências de contagem (2 em 2, 5 em 5, 10 em 10…)
Horas
Resolução de problemas matemáticos
Medidas
24. Manifestações de Discalculia
Dificuldades 1.º Ciclo
Confundem a leitura e escrita dos números (240=204,
52=25)
Fraca automatização = lentidão na resolução das
operações
Uso incorreto dos sinais das operações (+, -, x, ÷)
Mesmo quando alcança o resultado correto, utiliza um
processo demorado e pouco eficaz
25. Manifestações de Discalculia
Dificuldades nos anos subsequentes
Fraco uso dos números no seu dia a dia
Erros nos cálculos
Necessitam da calculadora para efetuar cálculos básicos
Não automatização das tabuadas
Poucas estratégias de resolução de problemas
Não conseguem fazer estimativas
Dificuldades nas probabilidades
26.
27. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Dehaene e Cohen (1992) – modelo cognitivo que
reúne maior consenso atualmente
Define 3 códigos de manipulação da informação
numérica:
Código de Magnitude (Quantidade)
28. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Código de Magnitude (Quantidade)
Representação analógica das quantidades
Permite compreender:
Relações de tamanho/distância entre os números
A sequência numérica mental
Estimativas
Comparação e…
Cálculo aproximado.
29. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Dehaene e Cohen (1992) – modelo cognitivo que
reúne maior consenso atualmente
Define 3 códigos de manipulação da informação
numérica:
Código de Magnitude (Quantidade)
Código Auditivo-Verbal
30. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Código Auditivo-Verbal
Representação verbal – números como conjuntos de
palavras
Permite:
Processar as tabuadas da multiplicação e das somas simples
Contagem
Todas as funções matemáticas dependentes da linguagem
31. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Dehaene e Cohen (1992) – modelo cognitivo que
reúne maior consenso atualmente
Define 3 códigos de manipulação da informação
numérica:
Código de Magnitude (Quantidade)
Código Auditivo-Verbal
Código Arábico-Visual
32. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
Código Arábico-Visual
Representação da forma visual-arábica dos números
Permite:
A leitura e a escrita dos números Árabes
Operações com números de vários dígitos
Diferenciação entre pares-ímpares…
33. Aspetos cognitivos explicativos da
Discalculia
A escolha de um código depende da operação que se
pretende realizar
Os 3 códigos complementam-se
29 “vinte e nove”
Código
Arábico-
Visual
Código
Auditivo
-Verbal
34.
35. Aspetos Neurobiológicos
Estudos de neuroimagem mostram:
Nas tarefas de cálculo ativam-se sistematicamente os
circuitos neuronais localizados principalmente nos
lóbulos parietais, embora também possam intervir
outras áreas.
38. Avaliação e Diagnóstico
Clínico – como na maioria das Perturbações da
Aprendizagem!
Diagnóstico - difícil porque…
Existem diversas causas para um baixo rendimento a
matemática
Falta de consenso acerca da perturbação
Falta de ferramentas específicas para a sua avaliação
39. Avaliação e Diagnóstico
Avaliação
História clínica
Avaliação cognitiva e psicoeducacional
Exploração do tipo de erros cometidos no cálculo
matemático
40. Avaliação e Diagnóstico
Tipo de erros:
ESPACIAL
Organização na folha
Pobre sentido de orientação
Falha na colocação dos números em colunas
Erros nos números decimais
Dificuldades na geometria
Necessita de mais tempo para copiar os trabalhos
Apresentação descuidada: apaga e borra muito o papel
41. Avaliação e Diagnóstico
Tipo de erros:
PROCESSUAL
Desconhece, ou não se recorda, dos passos em operações ou em
problemas
Conhece-os mas falha na aplicação da sequência de passos
necessários à resolução da operação/problema
Não sabe como iniciar uma operação ou não se recorda das
estratégias
Não consegue perceber se precisa de um “número emprestado”
42. Avaliação e Diagnóstico
Tipo de erros:
ATENCIONAL
Cálculos pouco precisos
Erros causados por impulsividade
Fica facilmente frustrado
Omite detalhes
Confunde sinais
Esquece-se dos números “emprestados”
Não comprova os resultados, não revê as tarefas
Cansa-se com facilidade em tarefas matemáticas
43. Avaliação e Diagnóstico
Tipo de erros:
LINGUAGEM
Não retém a linguagem matemática
Processa lentamente o conteúdo oral ou escrito
Custa-lhe descrever os passos a realizar
Dificuldade na descodificação dos símbolos matemáticos
Comete erros na recuperação dos factos matemáticos
Rotação de números e letras ao escrever
Dificuldade para recordar sequências e passos na resolução das
operações
44. Avaliação e Diagnóstico
Tipo de erros:
NOÇÃO DE QUANTIDADE
Má gestão dos valores ??????????
Dificuldade em estimar quantidades
Erros ao comparar números
Dificuldades no cálculo aproximado, na contagem, nos
arredondamentos…
45.
46. Sinais de alerta
A criança…
Revela dificuldades na aprendizagem das horas?
Tem dificuldade em lembrar-se dos dias da semana e
dos meses do ano por ordem?
Escreve de modo persistente os números por ordem
inversa (13 como 31)?
Tem dificuldade em contar por ordem inversa?
47. Sinais de alerta
A criança…
Tem dificuldade em contar de 2 em 2, 5 em 5…?
Confunde o 2 com o 5, 6 com o 9, + com x, + com ÷?
Considera os quebra-cabeças e os puzles difíceis?
Não consegue ler ou compreender o que leu?
Sente dificuldade em realizar cálculo mental?
O seu desempenho melhora se puder fazer o cálculo por
escrito?
48. Sinais de alerta
A criança…
Revela dificuldades na aprendizagem da soma e da
subtração?
Revela dificuldades na aprendizagem da multiplicação
(mais velhos)?
Usa os dedos para contar ou para adicionar?
Começa sempre a partir do 1 para adicionar dois números?
49. Sinais de alerta
A criança…
Tem dificuldade em seguir um método para efetuar o
cálculo com sucesso?
Frequentemente não completa as tarefas atribuídas?
Despende mais tempo na realização dos TPC do que os
seus colegas?
Refere ansiedade acerca das aulas de matemática?
50.
51. Comorbilidades
As aptidões de cálculo implicam múltiplas funções:
Memória
Linguagem
Atenção
Funções executivas
Funções visuo-espaciais…
Pelo que…
52. Comorbilidades
Pelo que…
Uma criança com PHDA pode cometer erros matemáticos
devido às…
dificuldades na memória de trabalho (curto termo)
Uma criança disléxica falha na resolução das operações
devido à…
não automatização das tabuadas de multiplicar
dificuldades na compreensão do enunciado
53. Comorbilidades
Pelo que…
Uma criança com problemas visuo-percetivos
coloca incorretamente os números em colunas
engana-se na medição dos ângulos
não discrimina figuras geométricas (idade pré-escolar)…
54. Comorbilidades
O mais difícil é perceber se estamos perante…
uma perturbação específica
dificuldades espectáveis perante o diagnóstico de
umas das perturbações mencionadas!
57. Intervenção
Não existe evidência científica sobre a eficácia de
nenhum tipo de intervenção específica
Intervenção deverá ser:
Precoce
Individual
58. Intervenção
Dependerá:
Da idade
Do ano de escolaridade
Das dificuldades específicas de cada criança
Das comorbilidades existentes
59. Intervenção
Explicar à criança o diagnóstico e desmistificar
Planear a gestão do tempo das sessões e o tipo de
atividades a realizar
Praticar intensivamente e sistematicamente cada nova
capacidade ou conceito
Não assumir nunca que a capacidade está adquirida
60. Intervenção
Reforçar as noções básicas periodicamente
Tornar as aprendizagens mais atrativas através da
utilização de materiais apelativos
Utilizar estratégias visuais (esquemas, desenhos,
material concreto)
Evitar dar os conceitos de modo muito abstrato no
início da aprendizagem
61. Intervenção
Consolidar o conceito básico de número
Progredir para um grau de dificuldade/abstração maior,
gradualmente
Ensinar os passos para resolver os problemas:
Ler o enunciado pelo menos 2 vezes
Destacar os números
Procurar palavras chave para saber que operação realizar
Criar fichas com fórmulas para memorizar
Esquematizar
62. Intervenção
Ensinar e treinar a utilização de estratégias
diversificadas de resolução dos exercícios matemáticos
Pedir-lhe para explicar os conteúdos por palavras suas
Utilizar o computador ou jogos lúdicos para trabalhar
os factos matemáticos
Ensinar a rever os exercícios para confirmar a correção
dos resultados
63.
64. Bibliografia
Bird, Ronit (2009). Overcoming Difficulties with
number. SAGE. Los Angeles
Clayton, Pauline (2003). How to develop numeracy in
children with dyslexia. The Dyslexia Institute
Roca, Enric e outros (2010). El aprendizaje en la
infancia y la adolescencia: claves para evitar el fracaso
escolar. Esplugues de Llobregat: Hospital Sant Joan de
Déu