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Centro Educacional 104 do Recanto das Emas
Prof. Jailson Carvalho
História do Teatro: Teatro Primitivo, Teatro Medieval, Comédia Dell’Arte e Teatro Grego.
1 – Teatro Primitivo:
O teatro é tão velho quanto a história da humanidade. Existem formas primitivas desde os primórdios do
homem. A transformação numa outra pessoa é um das formas arquetípicas da expressão humano. O raio de
ação do teatro, portanto, inclui a pantomina de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramáticas
diferenciadas dos tempos modernos.
O encanto mágico do teatro, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos
olhos do público sem revelar seu segredo pessoal. O xamã que é o porta voz do deus, o dançarino mascarado
que afasta os demônios, o ator que traz a vida à obra do poeta – todos obedecem ao mesmo comando, que é a
conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Converter essa conjuração em “teatro” pressupõe duas
coisas: a elevação do artista acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no mediador de
um vislumbre mais alto; e a presença de espectadores preparados para receber a mensagem desse vislumbre.
Do ponto de vista da evolução cultural, a diferença essencial entre formas de teatro primitivo e mais
avançadas é o número de acessos cênicos à disposição do ator para expressar sua mensagem. O teatro
primitivo real é arte incorporada na forma humana e abrangendo todas as possiblidades do corpo informado
pelo espirito. Ele é simultaneamente, a mais primitiva e mais multiforme, e de qualquer maneira a mais velha
arte da humanidade. Por essa razão é ainda a mais humana, a mais comovente arte. Arte imortal.
Podemos aprender sobre o teatro primitivo pesquisando três fontes: as tribos aborígenes, que tem pouco
contato com o resto do mundo e cujo estilo de vida e pantominas mágicas devem portanto ser próximas
daquilo que nós presumimos ser estágio primordial da humanidade; as pinturas das cavernas pré-históricas e
entalhadas em rochas e ossos; e a inesgotável riqueza e danças mímicas e costumes populares que
sobreviveram pelo mundo afora.
O teatro dos povos primitivos assenta-se no amplo alicerce dos impulsos vitais primários, retirando deles seus
misteriosos poderes de magia, conjuração, metamorfoses – dos encantamentos de caça nômade da Idade da
Pedra, das danças de fertilidade e colheita dos primeiros labradores do campo, dos ritos de iniciação,
totemismo e xamanismos e dos vários cultos divinos.
A forma e conteúdo da expressão teatral soa condicionados pelas necessidades da vida e pelas concepções
religiosas. Dessas concepções um indivíduo extrai as forças elementares que transformam o homem em um
meio capaz de transcender –se e a seus semelhantes. O homem personificou os poderes da natureza.
Transformou o Sol e a Lua, o vento e o mar em criaturas vivas que brigam, disputam e lutam entre si e que
podem ser influenciadas a favorecer o homem por meio de sacrifícios orações, cerimonias e danças. Não
somente os festivais do Dionísio da antiga Atenas, mas a Pré-história, a história da religião, a etnologia e o
folclore oferecem um material abundante sobre danças rituais e festivais das mais diversas formas que
carregam em si as semente dos teatro.
Para o historiador do teatro, um estudo das formas pré-históricas revela paralelos que permite ver um conjunto
de uma só vez que seduzem a traçar o desenvolvimento da humanidade mediante o fenômeno do teatro. O
teatro primitivo utilizava acessórios exteriores, exatamente com seu sucessor altamente desenvolvido o faz.
Máscaras e figurino, acessórios de contra-regragem, cenários e orquestras eram comuns, embora na mais
simples forma concebível.
Aromas inebriantes e ritmos estimulantes reforçam os efeitos do teatro primitivo, uma arte em que tanto
aquele que atua como os espectadores escapam de dentro de si mesmo. O teatro primitivo é uma grande ópera
ao ar livre. O palco do teatro primitivo é um área aberta de terra batida. Seus equipamentos de palco podem
incluir um totem fixo no centro, um feixe de lanças espetadas no chão, um animal abatido, um monte de tribo,
milho, arroz ou cana-de-açúcar.
Além da dança coral e do teatro de arena, o teatro primitivo também faz uso de procissões para suas
celebrações rituais de magia. O teatro, enquanto compensação para rotina da vida, pode ser encontrado onde
quer que as pessoas se reúnam na esperança da magia que as transportará para uma realidade mais elevada.
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2 – Teatral Medieval:
O teatro da Idade Média é tão colorido, variado e cheio de vida e contraste quanto os séculos que
acompanham. Dialoga com Deus e o diabo, apoia seu paraíso sobre quatro singelos pilares e move todo
universo com um simples molinete. Carrega a herança da Antiguidade na bagagem como viático, tem o mimo
como companheiro e traz nos pés um rebrilho do outro bizantino. Provocou e ignorou as proibições da Igreja e
atingiu seu esplendor sob os arcos abobadados dessa mesma Igreja. Assim como a Idade Média não foi mais
“escura” do que qualquer outra época, tampouco seu teatro foi cinzento e monótono. Mas suas forma de
expressão não foram as mesmas da Antiguidade e, pelos padrões desta foram “não clássicas”. É por isso sue o
teatro medieval é tão difícil de ser estudado, e é por isso que frequentemente ocupa um lugar inferior no
certame das formas rivais do teatro mundial.
Elementos do teatro primitivo sobreviventes nos costumes populares, o instinto congênito da representação e a
força não secularizada da nova fé combinaram-se, perto do final do milênio, para conjurar os vestígios
esparsos do teatro europeu numa nova forma de arte: a representação nas igrejas. Seu ponde de partida foi o
serviço divino das duas mais importantes festas cristã, a Páscoa e o Natal. O altar tornou-se o cenário do
drama. O coro, o transepto e o cruzeiro emolduraram a peça litúrgica a expandir-se cada vez mais e devolviam
o eco das antífonas solenes provenientes das alturas imaginárias aas quais se dirigiam.
O teatro só ganhou em cores e originalidade ao ser assim colocado no meio da vida cotidiana. Em locais
especialmente preparados, erguiam-se plataformas e tablados de madeira, tubleaux vivants eram carregados
em procissões e encenados em estações predeterminadas. Ao lado do Evangelho, descobriram e exploraram as
inesgotáveis reservas do mimo da arte do ator em todas as suas potencialidades. O problema artístico do teatro
medieval, conforme o filólogo e historiador alemão Karl Vossler, não foi o conflito trágico entre Deus e o
mundo, mas antes a submissão do mundo a deus.
2.1 – Representações Religiosas:
 Celebrações Cênicas no Altar:
Nas tardes de sábado, a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém é o cenário de um espetáculo único e
inesquecível: a adoração ao Senhor em corais das mais diversas línguas. O ponto de partida era a celebração
da Páscoa, a reprodução em atos da crucificação e da Ressurreição e, ordenada nos termos da grande
significação atemporal de todas os cultos religiosos. Os acréscimos subsequentes à representação cênica
seguiam estritamente o texto dos Evangelhos. Gestos amplos, compreensíveis para todos, interpretam o texto
solenemente cantado. Aqui temos a primeira cena de pantomima da igreja. Possibilidades bem maiores de
enriquecimento cênico foram oferecidas pela cena do Mercator, introduzida pela primeira vez por volta de
1100.
As 224 dramatizações pertencentes ao serviço pascal, recolhida por toda a Europa e publicadas por Carl Lange
em 1887, provam o quanto o desenvolvimento da liturgia, no que diz respeito à representação dramática, foi
universal no conjunto do Ocidente. A questão da relação entre artes visuais e o teatro na Idade Média é tão
fascinante quanto controvertida. Estudiosos especialistas no período bizantino assentaram marcos confiáveis.
 O Auto Pascal na Igreja:
O século XIII trouxe consigo duas inovações de grande importância para o desenvolvimento do teatro
ocidental. Cristo, que até então havia estado presente apenas como símbolo, agora aparece em pessoa como
parceiro que fala e atua, e a linguagem vernácula traz vida aos rígidos textos litúrgicos. Com isso o espaço
destinado à dramatização teve de ser proporcionalmente ampliado. O drama eclesiástico sempre teve uma
função pedagógica, mesmo quando passou a ser apresentado na praça do mercado e passou a preocupar-se
com o conjunto dos cidadãos. Na retratação do inferno, o teatro tentou superar a arte pictóricas.
No século XV os papeis femininos eram desempenhados por clérigos e eruditos. Na Idade Média, da mesma
forma que na Antiguidade, no antigo Oriente Próximo e no teatro do Extremo Oriente, a plateia não via
nenhuma incongruência na intepretação de um papel feminino por um ator.
Embora a corrente medieval possa, de modo geral, parecer uniforme no que diz respeito às suas raízes, suas
aspirações possibilidades e representações e sobretudo em suas origens na fé cristã, ele se divide em múltiplas
correntes de seu desenvolvimento posterior. Tornou-se incrivelmente mais natural, graças ao uso não apenas
de diferentes línguas vernáculas, mas também de diferentes figurinos e acessórios cênicos. Os aspectos
3

organizacionais do teatro medieval desenvolveram sob o mesmo plano que sua subestrutura teológica e
didática. O caminho da celebração litúrgica ao espetáculo teatral, que a Igreja havia encetado e incentivado,
fundia-se agora com o da ascendente população urbana europeia, que, nos séculos seguintes determinaria
ocurso da história e, dessa forma, também o aspecto do teatro ocidental.
 A Separação da Igreja: a Peça de Lendas:
Os textos dos Evangelhos forma realmente uma importante fonte de material para as dramatizações religiosas,
mas não a única. A irrupção do mundo manifestou-se não apenas num estilo mais realista de representação,
mas nos figurinos e no surgimento de elementos farsescos e grotescos dentro da dramatização na igreja,
revelando-se também em referencias tópicas a e na crítica de acontecimentos contemporâneos que se tornaram
um elemento do teatro europeu no século XII. Um dos textos mais magníficos conservados do século XII é o
Antichristo de Tegernsee, representado por clérigos, com seu texto escrito em latim. As representações de
lendas, alegorias e milagres muito cedo deixaram o interior das igrejas.
 Estações, Procissões e Teatro em Carros:
As origens do carro-palco remontam a 1264, quando a peça Urbano IV institui a festa de Corpus Christi, que
foi depois celebrada com procissões solenes pro toda a Europa ocidental. O desenvolvimento do palco
processional e do palco sobre carros deu-se de maneira independente da literatura dramática. Sua natureza
móvel oferecia duas possiblidades: os espetáculos podiam movimenta-se de um local de ação para outro,
assistindo à sequência das cenas à medida que alteravam a própria posição, ou então as próprias cenas,
montadas em cenários sobre os carros, eram levadas pelas ruas e representadas em estações predeterminadas.
 O Auto de Natal:
O tempo todo as Paixões, os mistérios e as representações das lenda forma acompanhados pelos ofícios e
ciclos relacionados com o Natal. As peças, nesse meio tempo, seguiam seus próprios caminhos, em parte
condenadas pela Igreja em parte promovidas pela clero. As cenas básicas eram cada vez mais enriquecidas
com detalhes episódicos, embora ao mesmo tempo nenhum reforço fosse poupado para apresentar provas
teológicas do milagre do Natal.
 Alegorias e Moralidades:
No final da Antiguidade, por volta do ano 400, o retórico Prudêncio escreveu uma obra em louvor à
Cristandade, ele foi o primeiro a personificar os conceitos fundamentais da ética cristã. No continente
europeu, as moralidades mostraram um ceticismo crescente.
3 – Comédia Dell’Arte
Comédia de habilidade. Isto quer dizer arte mimética segundo a inspiração do momento, improvisação ágil,
rude e burlesca, jogo teatral primitivo tal como na Antiguidade os atelanos haviam apresentados em seus
palcos itinerantes: o grotesco de tipos segundo esquemas básicos de conflitos humanos demasiadamente
humanos, a inesgotável, infinitamente variável e, em última análise, sempre, inalterada matéria-prima dos
comediantes no grande teatro do mundo. Mas isto também significa domínio artístico dos meios de expressão
do corpo, reservatório de cenas prontas para a apresentação e modelos de situações, combinações engenhosas,
adaptação espontânea do gracejo à situação do momento.
Quando o conceito de Comédia Dell’Arte surgiu na Itália no começo do século XVI, inicialmente significava
não mais que uma delimitação em face do teatro literário culto, a commedia erudita. Os atores dell’arte eram,
no sentido origina da palavra, artesãos de sua arte, a do teatro. Foram, ao contrário dos grupos amadores
acadêmicos, os primeiros atores profissionais. Tiveram por ancestrais os mimos ambulantes, os
prestidigitadores e os improvisadores. Seu impulso imediato veio do Carnaval, com os cortejos mascarados, a
sátira social dos figurinos de seus bufões, as apresentações de números acrobáticos e pantomimas. A Comédia
Dell’arte estava enraizada na vida do provo, extraída dela sua inspiração, vivia da improvisação e surgiu em
contraposição ao teatro literário dos humanistas.
Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas, ao chegarem a uma cidade pediam permissão para
se apresentar, em suas carroças ou praticáveis, pois eram raras as possibilidades de conseguir um espaço
cênico adequado. As companhias de commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de
esquema familiar, excepcionalmente contratando um profissional. Ela se fundamenta nos seguintes
parâmetros: A ação cênica ocorria no improviso dos atores, que passavam a ser os autores dos diálogos
4

apresentados, seguiam apenas um roteiro, que se denominava “canovacci”, possuindo total liberdade de
criação; os personagens eram fixos, e muitos atores desta estética de teatro viviam seus papéis até a morte.
Os personagens da commedia dell’arte possuíam duas categorias distintas, que eram os patrões e os criados.
Os personagens mais importantes eram: Arlequim, Pantaleão, Capitão, Polichinelo, e a Colombina. O
Arlequim possuía habilidades acrobáticas, era um servo astuto e ignorante, um pouco ingênuo, e estava
sempre envolvendo as pessoas em confusões. O Pantaleão era um comerciante idoso e mesmo com a idade
avançada costumava se apaixonar facilmente, no entanto era avarento. O Capitão era um militar que gostava
de festa, fanfarrão, mas com uma enorme insegurança, própria dos covardes. O Polichinelo era um criado
simples e gracioso, que gostava de uma boa macarronada. Já a Colombina era uma criada com extrema
agilidade, esperta e inteligente, ela costumava tirar proveito de todas as situações. A maioria dos personagens
da commedia dell’arte foram incorporados pelo teatro de fantoches.
Não é dado nenhum valor literário para a commedia dell’arte e nem a fonte de origem dessa manifestação
artística é determinada, apenas alguns teóricos indicam da possibilidade dela ter surgido da “Fabula Atellana”.
A commedia dell’arte influenciou a “comédia Erudita” dos séculos XVI ao século XVIII.
Sua teatralidade extrapola os limites das convenções de sua época, com figurinos coloridos, alegria e
espontaneidade nas cenas, e ainda o domínio dos personagens por cada ator e atriz emprestar sua própria vida
a arte. A commedia dell’arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de
interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado
papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a
commedia dell’arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro.
No século XVIII a commedia dell’arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns
autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a
espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a commedia dell’arte não tardou a
desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni
(1707-1793).
4 – Teatro Grego:
A história do teatro europeu começa aos pés da Acrópole, em Atenas, sob o luminoso céu azul-violeta da
Grécia. Suas origens encontram-se nas ações recíprocas de dar e receber que, em todos os tempos e lugres,
prendem os homens aos deuses e os deuses aos homens: elas estão nos rituais de sacrifício, dança e culto. Para
a Grécia homérica isso significava os sagrados festivais báquicos, menádicos, em homenagem a Dioniso, o
deus do vinho, da vegetação e do crescimento, da procriação e da vida exuberante. Os festivais rurais da
prensagem do vinho, em dezembro, e as festas das flores de Atenas, em fevereiro e março eram dedicadas a
ele. Quando os ritos dionisíacos se desenvolveram e resultaram na tragédia e na comédia, ele se tornou o deus
do teatro. Do século VI a.C. em diante, Atenas passou também a homenagear Dioniso na grande Dionisíaca
citadina, que durava vários dias e incluía representações dramáticas.
O teatro é uma obra de arte social e comunal; nunca isso foi mais verdadeiro do que na Grécia antiga.

 Tragédia:
Para honrar os deuses, em cujas mãos impiedosas estão o céu e o inferno, o provo reunia-se no grande
semicírculo do teatro. Com cantos ritmados, o coro rodeava a archestra. Duas correntes foram combinadas,
dando à luz a tragédia; uma delas provém do legendário menestrel da Antiguidade remota, a outra dos ritos de
fertilidade dos sátiros dançantes.
Dioniso, a encarnação da embriagues e do arrebatamento é o espirito selvagem do contraste, a contradição
extática da bem aventurança e do horror. Ele é a fonte da sensualidade e da crueldade, da vida procriadora e
da destruição letal. Téspis (um dos primeiros atores) se apresentou na Dionisíaca de Atenas usando uma
máscara de linho com os traços, de um rosto humano, visível a distância por destacar-se do coro de sátiros,
com suas tangas felpudas e cauda de cavalo.
5

 Trágicos Precursores:
1. Ésquilo: é a Ésquilo que a tragédia grega antiga deve a perfeição artística e formal, que
permaneceria um padrão para todo o futuro. Toda sua obra anterior a 472 a.C., quando Os
Persas foi encenada pela primeira vez, está perdida. Ele escreveu ao todo noventa tragédias. Os
componentes dramáticos da tragédia arcaica eram um prologo que explicava a história prévia, o
cântico de entrada do coro, o relato dos mensageiros na trágica virada do destino e o lamento
das vítimas. As principais obras são: Os Persas - 472 a.C.; Sete Contra Tebas - 467 a.C.; As
Suplicantes - 463 a.C.; Prometeu Acorrentado - 462-459 a.C.; Agamemnon - 458 a.C.;
Coéforas - 458 a.C.; Eumênides - 458 a.C.
2. Sófocles: dos cento e vinte três dramas que escreveu, e que o século II a.C., ainda se
conservavam na Biblioteca de Alexandria, conhecemos cento e onze títulos, mas apenas sete
tragédias e os restos de uma sátira chegaram até nós. Para o home de Sófocles, o sofrimento é a
dura mas enobrecedora escola do “Conhecer-te a ti mesmo”.
3. Eurípedes: com ele teve início o teatro psicológico do Ocidente. Enquanto Ésquilo via a
tentação do herói trágico como um engano que condenava a si mesmo pelos próprios excessos,
e enquanto Sófocles havia superposto o destino da malevolência divina à disposição humana
para o sofrimento, Eurípedes rebaixou a providência divina ao poder cego do acaso. Estava
interessado nas contradições e ambiguidades, no princípio da decepção, na relativização dos
valores éticos. De suas setenta o oito tragédias, restam dezessete e uma sátira.
 As Grande Dionisíacas:
Com origem na época de Péricles, as Grandes Dionisíacas ou Dionisíacas Urbanas constituíam um ponto
culminante e festivo na vida religiosa, intelectual e artística da cidade-Estado de Atenas. Aristóteles credita a
Sófocles a invenção do cenário pintado. Foi Ésquilo que introduziu as máscaras de planos largos e solenes.
Com Sófocles, a qualidade arcaica e linear, da máscara começou a suavizar-se. Com a maior individualização
das máscaras Eurípedes exigia, também, contrastes impactantes entre vestimentas e ambientes.
 Comédia:
A comédia grega, tem dois pontos culminantes. O primeiro se deve a Aristófanes, o segundo ocorreu no
período helenístico com Menandro, que novamente deu a ela a importância histórica. Platão em seu Banquete
concluiu que o homem é capaz de escrever comédia e tragédia. A origem da comédia, de acordo com a
Poética de Aristóteles, reside nas cerimónias fálicas e canções que, em sua época, eram ainda comuns em
muitas cidades. A palavra comédia é derivada de komos, orgias noturnas nas quais os cavalheiros da sociedade
ática se despojavam de toda sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso e saciavam toda sua sede de
bebida, dança e amor.
 Teatro Helenístico:
O teatro em si consistia em um palco espaçoso com três entradas e bastidores que se projetavam a esquerda e
a direita, oferecendo duas entradas adicionais dos camarins para o palco. O auditório se erguia em terraços, e
suas três fileiras podiam receber quinze mil ou mesmo vinte mil espectadores.

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Historia do teatro ced 104

  • 1. 1 Centro Educacional 104 do Recanto das Emas Prof. Jailson Carvalho História do Teatro: Teatro Primitivo, Teatro Medieval, Comédia Dell’Arte e Teatro Grego. 1 – Teatro Primitivo: O teatro é tão velho quanto a história da humanidade. Existem formas primitivas desde os primórdios do homem. A transformação numa outra pessoa é um das formas arquetípicas da expressão humano. O raio de ação do teatro, portanto, inclui a pantomina de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramáticas diferenciadas dos tempos modernos. O encanto mágico do teatro, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal. O xamã que é o porta voz do deus, o dançarino mascarado que afasta os demônios, o ator que traz a vida à obra do poeta – todos obedecem ao mesmo comando, que é a conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Converter essa conjuração em “teatro” pressupõe duas coisas: a elevação do artista acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no mediador de um vislumbre mais alto; e a presença de espectadores preparados para receber a mensagem desse vislumbre. Do ponto de vista da evolução cultural, a diferença essencial entre formas de teatro primitivo e mais avançadas é o número de acessos cênicos à disposição do ator para expressar sua mensagem. O teatro primitivo real é arte incorporada na forma humana e abrangendo todas as possiblidades do corpo informado pelo espirito. Ele é simultaneamente, a mais primitiva e mais multiforme, e de qualquer maneira a mais velha arte da humanidade. Por essa razão é ainda a mais humana, a mais comovente arte. Arte imortal. Podemos aprender sobre o teatro primitivo pesquisando três fontes: as tribos aborígenes, que tem pouco contato com o resto do mundo e cujo estilo de vida e pantominas mágicas devem portanto ser próximas daquilo que nós presumimos ser estágio primordial da humanidade; as pinturas das cavernas pré-históricas e entalhadas em rochas e ossos; e a inesgotável riqueza e danças mímicas e costumes populares que sobreviveram pelo mundo afora. O teatro dos povos primitivos assenta-se no amplo alicerce dos impulsos vitais primários, retirando deles seus misteriosos poderes de magia, conjuração, metamorfoses – dos encantamentos de caça nômade da Idade da Pedra, das danças de fertilidade e colheita dos primeiros labradores do campo, dos ritos de iniciação, totemismo e xamanismos e dos vários cultos divinos. A forma e conteúdo da expressão teatral soa condicionados pelas necessidades da vida e pelas concepções religiosas. Dessas concepções um indivíduo extrai as forças elementares que transformam o homem em um meio capaz de transcender –se e a seus semelhantes. O homem personificou os poderes da natureza. Transformou o Sol e a Lua, o vento e o mar em criaturas vivas que brigam, disputam e lutam entre si e que podem ser influenciadas a favorecer o homem por meio de sacrifícios orações, cerimonias e danças. Não somente os festivais do Dionísio da antiga Atenas, mas a Pré-história, a história da religião, a etnologia e o folclore oferecem um material abundante sobre danças rituais e festivais das mais diversas formas que carregam em si as semente dos teatro. Para o historiador do teatro, um estudo das formas pré-históricas revela paralelos que permite ver um conjunto de uma só vez que seduzem a traçar o desenvolvimento da humanidade mediante o fenômeno do teatro. O teatro primitivo utilizava acessórios exteriores, exatamente com seu sucessor altamente desenvolvido o faz. Máscaras e figurino, acessórios de contra-regragem, cenários e orquestras eram comuns, embora na mais simples forma concebível. Aromas inebriantes e ritmos estimulantes reforçam os efeitos do teatro primitivo, uma arte em que tanto aquele que atua como os espectadores escapam de dentro de si mesmo. O teatro primitivo é uma grande ópera ao ar livre. O palco do teatro primitivo é um área aberta de terra batida. Seus equipamentos de palco podem incluir um totem fixo no centro, um feixe de lanças espetadas no chão, um animal abatido, um monte de tribo, milho, arroz ou cana-de-açúcar. Além da dança coral e do teatro de arena, o teatro primitivo também faz uso de procissões para suas celebrações rituais de magia. O teatro, enquanto compensação para rotina da vida, pode ser encontrado onde quer que as pessoas se reúnam na esperança da magia que as transportará para uma realidade mais elevada.
  • 2. 2 2 – Teatral Medieval: O teatro da Idade Média é tão colorido, variado e cheio de vida e contraste quanto os séculos que acompanham. Dialoga com Deus e o diabo, apoia seu paraíso sobre quatro singelos pilares e move todo universo com um simples molinete. Carrega a herança da Antiguidade na bagagem como viático, tem o mimo como companheiro e traz nos pés um rebrilho do outro bizantino. Provocou e ignorou as proibições da Igreja e atingiu seu esplendor sob os arcos abobadados dessa mesma Igreja. Assim como a Idade Média não foi mais “escura” do que qualquer outra época, tampouco seu teatro foi cinzento e monótono. Mas suas forma de expressão não foram as mesmas da Antiguidade e, pelos padrões desta foram “não clássicas”. É por isso sue o teatro medieval é tão difícil de ser estudado, e é por isso que frequentemente ocupa um lugar inferior no certame das formas rivais do teatro mundial. Elementos do teatro primitivo sobreviventes nos costumes populares, o instinto congênito da representação e a força não secularizada da nova fé combinaram-se, perto do final do milênio, para conjurar os vestígios esparsos do teatro europeu numa nova forma de arte: a representação nas igrejas. Seu ponde de partida foi o serviço divino das duas mais importantes festas cristã, a Páscoa e o Natal. O altar tornou-se o cenário do drama. O coro, o transepto e o cruzeiro emolduraram a peça litúrgica a expandir-se cada vez mais e devolviam o eco das antífonas solenes provenientes das alturas imaginárias aas quais se dirigiam. O teatro só ganhou em cores e originalidade ao ser assim colocado no meio da vida cotidiana. Em locais especialmente preparados, erguiam-se plataformas e tablados de madeira, tubleaux vivants eram carregados em procissões e encenados em estações predeterminadas. Ao lado do Evangelho, descobriram e exploraram as inesgotáveis reservas do mimo da arte do ator em todas as suas potencialidades. O problema artístico do teatro medieval, conforme o filólogo e historiador alemão Karl Vossler, não foi o conflito trágico entre Deus e o mundo, mas antes a submissão do mundo a deus. 2.1 – Representações Religiosas:  Celebrações Cênicas no Altar: Nas tardes de sábado, a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém é o cenário de um espetáculo único e inesquecível: a adoração ao Senhor em corais das mais diversas línguas. O ponto de partida era a celebração da Páscoa, a reprodução em atos da crucificação e da Ressurreição e, ordenada nos termos da grande significação atemporal de todas os cultos religiosos. Os acréscimos subsequentes à representação cênica seguiam estritamente o texto dos Evangelhos. Gestos amplos, compreensíveis para todos, interpretam o texto solenemente cantado. Aqui temos a primeira cena de pantomima da igreja. Possibilidades bem maiores de enriquecimento cênico foram oferecidas pela cena do Mercator, introduzida pela primeira vez por volta de 1100. As 224 dramatizações pertencentes ao serviço pascal, recolhida por toda a Europa e publicadas por Carl Lange em 1887, provam o quanto o desenvolvimento da liturgia, no que diz respeito à representação dramática, foi universal no conjunto do Ocidente. A questão da relação entre artes visuais e o teatro na Idade Média é tão fascinante quanto controvertida. Estudiosos especialistas no período bizantino assentaram marcos confiáveis.  O Auto Pascal na Igreja: O século XIII trouxe consigo duas inovações de grande importância para o desenvolvimento do teatro ocidental. Cristo, que até então havia estado presente apenas como símbolo, agora aparece em pessoa como parceiro que fala e atua, e a linguagem vernácula traz vida aos rígidos textos litúrgicos. Com isso o espaço destinado à dramatização teve de ser proporcionalmente ampliado. O drama eclesiástico sempre teve uma função pedagógica, mesmo quando passou a ser apresentado na praça do mercado e passou a preocupar-se com o conjunto dos cidadãos. Na retratação do inferno, o teatro tentou superar a arte pictóricas. No século XV os papeis femininos eram desempenhados por clérigos e eruditos. Na Idade Média, da mesma forma que na Antiguidade, no antigo Oriente Próximo e no teatro do Extremo Oriente, a plateia não via nenhuma incongruência na intepretação de um papel feminino por um ator. Embora a corrente medieval possa, de modo geral, parecer uniforme no que diz respeito às suas raízes, suas aspirações possibilidades e representações e sobretudo em suas origens na fé cristã, ele se divide em múltiplas correntes de seu desenvolvimento posterior. Tornou-se incrivelmente mais natural, graças ao uso não apenas de diferentes línguas vernáculas, mas também de diferentes figurinos e acessórios cênicos. Os aspectos
  • 3. 3 organizacionais do teatro medieval desenvolveram sob o mesmo plano que sua subestrutura teológica e didática. O caminho da celebração litúrgica ao espetáculo teatral, que a Igreja havia encetado e incentivado, fundia-se agora com o da ascendente população urbana europeia, que, nos séculos seguintes determinaria ocurso da história e, dessa forma, também o aspecto do teatro ocidental.  A Separação da Igreja: a Peça de Lendas: Os textos dos Evangelhos forma realmente uma importante fonte de material para as dramatizações religiosas, mas não a única. A irrupção do mundo manifestou-se não apenas num estilo mais realista de representação, mas nos figurinos e no surgimento de elementos farsescos e grotescos dentro da dramatização na igreja, revelando-se também em referencias tópicas a e na crítica de acontecimentos contemporâneos que se tornaram um elemento do teatro europeu no século XII. Um dos textos mais magníficos conservados do século XII é o Antichristo de Tegernsee, representado por clérigos, com seu texto escrito em latim. As representações de lendas, alegorias e milagres muito cedo deixaram o interior das igrejas.  Estações, Procissões e Teatro em Carros: As origens do carro-palco remontam a 1264, quando a peça Urbano IV institui a festa de Corpus Christi, que foi depois celebrada com procissões solenes pro toda a Europa ocidental. O desenvolvimento do palco processional e do palco sobre carros deu-se de maneira independente da literatura dramática. Sua natureza móvel oferecia duas possiblidades: os espetáculos podiam movimenta-se de um local de ação para outro, assistindo à sequência das cenas à medida que alteravam a própria posição, ou então as próprias cenas, montadas em cenários sobre os carros, eram levadas pelas ruas e representadas em estações predeterminadas.  O Auto de Natal: O tempo todo as Paixões, os mistérios e as representações das lenda forma acompanhados pelos ofícios e ciclos relacionados com o Natal. As peças, nesse meio tempo, seguiam seus próprios caminhos, em parte condenadas pela Igreja em parte promovidas pela clero. As cenas básicas eram cada vez mais enriquecidas com detalhes episódicos, embora ao mesmo tempo nenhum reforço fosse poupado para apresentar provas teológicas do milagre do Natal.  Alegorias e Moralidades: No final da Antiguidade, por volta do ano 400, o retórico Prudêncio escreveu uma obra em louvor à Cristandade, ele foi o primeiro a personificar os conceitos fundamentais da ética cristã. No continente europeu, as moralidades mostraram um ceticismo crescente. 3 – Comédia Dell’Arte Comédia de habilidade. Isto quer dizer arte mimética segundo a inspiração do momento, improvisação ágil, rude e burlesca, jogo teatral primitivo tal como na Antiguidade os atelanos haviam apresentados em seus palcos itinerantes: o grotesco de tipos segundo esquemas básicos de conflitos humanos demasiadamente humanos, a inesgotável, infinitamente variável e, em última análise, sempre, inalterada matéria-prima dos comediantes no grande teatro do mundo. Mas isto também significa domínio artístico dos meios de expressão do corpo, reservatório de cenas prontas para a apresentação e modelos de situações, combinações engenhosas, adaptação espontânea do gracejo à situação do momento. Quando o conceito de Comédia Dell’Arte surgiu na Itália no começo do século XVI, inicialmente significava não mais que uma delimitação em face do teatro literário culto, a commedia erudita. Os atores dell’arte eram, no sentido origina da palavra, artesãos de sua arte, a do teatro. Foram, ao contrário dos grupos amadores acadêmicos, os primeiros atores profissionais. Tiveram por ancestrais os mimos ambulantes, os prestidigitadores e os improvisadores. Seu impulso imediato veio do Carnaval, com os cortejos mascarados, a sátira social dos figurinos de seus bufões, as apresentações de números acrobáticos e pantomimas. A Comédia Dell’arte estava enraizada na vida do provo, extraída dela sua inspiração, vivia da improvisação e surgiu em contraposição ao teatro literário dos humanistas. Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas, ao chegarem a uma cidade pediam permissão para se apresentar, em suas carroças ou praticáveis, pois eram raras as possibilidades de conseguir um espaço cênico adequado. As companhias de commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar, excepcionalmente contratando um profissional. Ela se fundamenta nos seguintes parâmetros: A ação cênica ocorria no improviso dos atores, que passavam a ser os autores dos diálogos
  • 4. 4 apresentados, seguiam apenas um roteiro, que se denominava “canovacci”, possuindo total liberdade de criação; os personagens eram fixos, e muitos atores desta estética de teatro viviam seus papéis até a morte. Os personagens da commedia dell’arte possuíam duas categorias distintas, que eram os patrões e os criados. Os personagens mais importantes eram: Arlequim, Pantaleão, Capitão, Polichinelo, e a Colombina. O Arlequim possuía habilidades acrobáticas, era um servo astuto e ignorante, um pouco ingênuo, e estava sempre envolvendo as pessoas em confusões. O Pantaleão era um comerciante idoso e mesmo com a idade avançada costumava se apaixonar facilmente, no entanto era avarento. O Capitão era um militar que gostava de festa, fanfarrão, mas com uma enorme insegurança, própria dos covardes. O Polichinelo era um criado simples e gracioso, que gostava de uma boa macarronada. Já a Colombina era uma criada com extrema agilidade, esperta e inteligente, ela costumava tirar proveito de todas as situações. A maioria dos personagens da commedia dell’arte foram incorporados pelo teatro de fantoches. Não é dado nenhum valor literário para a commedia dell’arte e nem a fonte de origem dessa manifestação artística é determinada, apenas alguns teóricos indicam da possibilidade dela ter surgido da “Fabula Atellana”. A commedia dell’arte influenciou a “comédia Erudita” dos séculos XVI ao século XVIII. Sua teatralidade extrapola os limites das convenções de sua época, com figurinos coloridos, alegria e espontaneidade nas cenas, e ainda o domínio dos personagens por cada ator e atriz emprestar sua própria vida a arte. A commedia dell’arte esbarra, de forma paradoxal à liberdade de criação, com a limitação de interpretação, pois quando um ator fica especialista em sua personagem, fazendo apenas um determinado papel, se torna repetitivo e “pobre” em relação a maior característica da Arte: a inovação. Mesmo assim, a commedia dell’arte marcou o ator e a atriz como sendo a base do teatro. No século XVIII a commedia dell’arte entrou em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa, então alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste estilo de teatro, mas a espontaneidade e a improvisação textual lhe era peculiaridade central, então a commedia dell’arte não tardou a desaparecer. Um dos autores que muito trabalhou para este resgate foi o dramaturgo italiano Carlo Goldoni (1707-1793). 4 – Teatro Grego: A história do teatro europeu começa aos pés da Acrópole, em Atenas, sob o luminoso céu azul-violeta da Grécia. Suas origens encontram-se nas ações recíprocas de dar e receber que, em todos os tempos e lugres, prendem os homens aos deuses e os deuses aos homens: elas estão nos rituais de sacrifício, dança e culto. Para a Grécia homérica isso significava os sagrados festivais báquicos, menádicos, em homenagem a Dioniso, o deus do vinho, da vegetação e do crescimento, da procriação e da vida exuberante. Os festivais rurais da prensagem do vinho, em dezembro, e as festas das flores de Atenas, em fevereiro e março eram dedicadas a ele. Quando os ritos dionisíacos se desenvolveram e resultaram na tragédia e na comédia, ele se tornou o deus do teatro. Do século VI a.C. em diante, Atenas passou também a homenagear Dioniso na grande Dionisíaca citadina, que durava vários dias e incluía representações dramáticas. O teatro é uma obra de arte social e comunal; nunca isso foi mais verdadeiro do que na Grécia antiga.  Tragédia: Para honrar os deuses, em cujas mãos impiedosas estão o céu e o inferno, o provo reunia-se no grande semicírculo do teatro. Com cantos ritmados, o coro rodeava a archestra. Duas correntes foram combinadas, dando à luz a tragédia; uma delas provém do legendário menestrel da Antiguidade remota, a outra dos ritos de fertilidade dos sátiros dançantes. Dioniso, a encarnação da embriagues e do arrebatamento é o espirito selvagem do contraste, a contradição extática da bem aventurança e do horror. Ele é a fonte da sensualidade e da crueldade, da vida procriadora e da destruição letal. Téspis (um dos primeiros atores) se apresentou na Dionisíaca de Atenas usando uma máscara de linho com os traços, de um rosto humano, visível a distância por destacar-se do coro de sátiros, com suas tangas felpudas e cauda de cavalo.
  • 5. 5  Trágicos Precursores: 1. Ésquilo: é a Ésquilo que a tragédia grega antiga deve a perfeição artística e formal, que permaneceria um padrão para todo o futuro. Toda sua obra anterior a 472 a.C., quando Os Persas foi encenada pela primeira vez, está perdida. Ele escreveu ao todo noventa tragédias. Os componentes dramáticos da tragédia arcaica eram um prologo que explicava a história prévia, o cântico de entrada do coro, o relato dos mensageiros na trágica virada do destino e o lamento das vítimas. As principais obras são: Os Persas - 472 a.C.; Sete Contra Tebas - 467 a.C.; As Suplicantes - 463 a.C.; Prometeu Acorrentado - 462-459 a.C.; Agamemnon - 458 a.C.; Coéforas - 458 a.C.; Eumênides - 458 a.C. 2. Sófocles: dos cento e vinte três dramas que escreveu, e que o século II a.C., ainda se conservavam na Biblioteca de Alexandria, conhecemos cento e onze títulos, mas apenas sete tragédias e os restos de uma sátira chegaram até nós. Para o home de Sófocles, o sofrimento é a dura mas enobrecedora escola do “Conhecer-te a ti mesmo”. 3. Eurípedes: com ele teve início o teatro psicológico do Ocidente. Enquanto Ésquilo via a tentação do herói trágico como um engano que condenava a si mesmo pelos próprios excessos, e enquanto Sófocles havia superposto o destino da malevolência divina à disposição humana para o sofrimento, Eurípedes rebaixou a providência divina ao poder cego do acaso. Estava interessado nas contradições e ambiguidades, no princípio da decepção, na relativização dos valores éticos. De suas setenta o oito tragédias, restam dezessete e uma sátira.  As Grande Dionisíacas: Com origem na época de Péricles, as Grandes Dionisíacas ou Dionisíacas Urbanas constituíam um ponto culminante e festivo na vida religiosa, intelectual e artística da cidade-Estado de Atenas. Aristóteles credita a Sófocles a invenção do cenário pintado. Foi Ésquilo que introduziu as máscaras de planos largos e solenes. Com Sófocles, a qualidade arcaica e linear, da máscara começou a suavizar-se. Com a maior individualização das máscaras Eurípedes exigia, também, contrastes impactantes entre vestimentas e ambientes.  Comédia: A comédia grega, tem dois pontos culminantes. O primeiro se deve a Aristófanes, o segundo ocorreu no período helenístico com Menandro, que novamente deu a ela a importância histórica. Platão em seu Banquete concluiu que o homem é capaz de escrever comédia e tragédia. A origem da comédia, de acordo com a Poética de Aristóteles, reside nas cerimónias fálicas e canções que, em sua época, eram ainda comuns em muitas cidades. A palavra comédia é derivada de komos, orgias noturnas nas quais os cavalheiros da sociedade ática se despojavam de toda sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso e saciavam toda sua sede de bebida, dança e amor.  Teatro Helenístico: O teatro em si consistia em um palco espaçoso com três entradas e bastidores que se projetavam a esquerda e a direita, oferecendo duas entradas adicionais dos camarins para o palco. O auditório se erguia em terraços, e suas três fileiras podiam receber quinze mil ou mesmo vinte mil espectadores.