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A lírica
A lírica é a expressão do eu,
dos seus sentimentos
e das suas emoções.
Corresponde a uma
visão subjetiva da realidade.
O Beijo, Gustav Klimt (1907-1908).
Tens contactado com poetas de várias épocas, da Idade Média
ao século XXI. No entanto, os temas tratados nos textos líricos
são idênticos, independentemente da época.
Tal deve-se à natureza da poesia. Ao estar relacionada
com a expressão do eu, está intimamente ligada ao Homem,
à essência humana e à relação deste com o mundo.
Temáticas da lírica
Esses aspetos pouco se alteram ao longo dos séculos e são
independentes de avanços civilizacionais ou tecnológicos.
Desde sempre, os poetas têm versado sobre temas gerais, como:
o amor • a saudade • a vida / a morte •
o destino • a mudança • a infância
A partir do início do século XX, na poesia portuguesa foram
surgindo outras temáticas. A par dos temas gerais, os poetas
começaram a centrar-se em temas específicos, como:
a escrita • a imaginação • o sonho •
a viagem • a sociedade • a denúncia de injustiças •
a importância de outros escritores
Luís de Camões abordou o tema do amor
nas suas diversas manifestações — por
exemplo, como sofrimento, saudade,
idealização e concretização.
Num dos seus poemas mais conhecidos,
Camões tenta definir esse sentimento tão
complexo. A composição assenta na
repetição de «é» em início de verso (anáfora)
para salientar a dificuldade de encontrar
a definição certa.
Exemplos
Retrato de Camões por Fernão
Gomes, em cópia de Luís de
Resende.
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Amor é um fogo que arde sem se ver
Sophia de Mello Breyner Andresen reflete, nos seus
poemas, as preocupações sociais, tal como outros
poetas. Em «As pessoas sensíveis», a autora
denuncia a exploração dos mais fracos pelos
mais fortes, conscientes do que fazem.
Estátua de Sophia
de Mello Breyner
Andresen,
no Parque dos
Poetas (Oeiras).
Ao longo do século XX, sobretudo com o Estado Novo,
a poesia serviu como denúncia de injustiças e como
instrumento de intervenção, para levar a sociedade
a tomar conhecimento de situações e/ou a refletir
sobre elas.
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
As pessoas sensíveis
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
A lírica surgiu na Antiguidade, de forma anónima.
As primeiras produções assinadas aparecem na Grécia antiga.
Datam do século VII a. C. as composições mais antigas que
chegaram até nós, dos autores Alceu e Safo.
A origem da lírica
(ritmo e musicalidade)
Safo e Alceu, Lawrence Alma-Tadema (1883).
Na Península Ibérica, na época medieval,
as primeiras formas de poesia também surgem
acompanhadas de música. Estas composições,
ainda em galego-português, eram denominadas
cantigas, pelo seu caráter musical.
A poesia era acompanhada da música da lira,
instrumento musical que deu o nome a este
tipo de poesia. Esta correspondia à expressão
de sentimentos, por oposição à poesia épica,
na qual se narrava uma história.
Pormenor de Safo e Alceu,
Lawrence Alma-Tadema (1883).
A partir de determinada altura, a lírica já não era acompanhada
de música. No tempo de Luís de Camões, algumas composições
já surgiam sem esse acompanhamento.
No entanto, a poesia conservou o seu caráter melódico, pautado
pelo ritmo e musicalidade dos versos.
Para tal, os poetas recorrem a esquemas conjuntos, fixos, de:
• número de versos por estrofe;
• número de sílabas métricas por verso;
• rima.
As estrofes são classificadas consoante o número de versos.
Tipos de estrofe
Monóstico
Dístico ou parelha
Terceto
Quadra
Quintilha
Sextilha
Setilha
Oitava
Nona
Décima
1 verso
2 versos
3 versos
4 versos
5 versos
6 versos
7 versos
8 versos
9 versos
10 versos
Os versos são classificados quanto ao número de sílabas métricas.
Tipos de verso
Monossílabo
Dissílabo
Trissílabo
Tetrassílabo
Pentassílabo ou redondilha menor
Hexassílabo
Heptassílabo ou redondilha maior
Octossílabo
Eneassílabo
Decassílabo
Hendecassílabo
Dodecassílabo ou alexandrino
1 sílaba métrica
2 sílabas métricas
3 sílabas métricas
4 sílabas métricas
5 sílabas métricas
6 sílabas métricas
7 sílabas métricas
8 sílabas métricas
9 sílabas métricas
10 sílabas métricas
11 sílabas métricas
12 sílabas métricas
A rima varia consoante a combinação final dos sons de cada verso.
Tipos de rima
Emparelhada Os versos rimam em conjuntos de dois
(pares): aa.
Interpolada Um verso rima com outro e existem dois versos
entre eles: abba.
Cruzada Quatro versos apresentam dois tipos de rima
que alternam: abab.
Até ao início do século XX, as composições
poéticas eram elaboradas de acordo com
esquemas fixos de estrofes (com um número
de versos definido), de sílabas métricas
e de rimas. Esta situação altera-se com
o Modernismo, movimento artístico que
marcou todas as artes no início do século XX.
O poema no século XX
O Modernismo estabelece uma rutura com o passado.
Os artistas deixam de obedecer às regras até então estabelecidas
para cada arte e passam a criar de maneira livre.
Pormenor d’A Espera, Gustav Klimt
(1905).
A partir desta altura, são criadas composições sem esquemas
fixos de número de versos por estrofe, métrica ou rima, dando-se
largas à imaginação e recorrendo-se a outros mecanismos para
marcar o ritmo.
Porém, as regras não são banidas.
Os criadores passam a ter liberdade de
opção. Assim, há autores que cumprem
esquemas fixos de métrica e rima
numas composições e noutras não.
Para imprimir ritmo ao poema, um dos mecanismos mais usados
é o das repetições. Estas surgem sob diversas formas, incidindo
em diferentes elementos:
• anáfora — repetição da mesma palavra ou expressão
em início de verso, podendo acontecer em vários versos
(até de estrofes diferentes); também pode acontecer no início
e a meio do verso;
• repetição lexical — repetição da mesma palavra;
• enumeração — repetição de uma estrutura (por exemplo,
nome, nome, nome; verbo, verbo, verbo; …) na apresentação
de diferentes elementos.
Outro mecanismo utilizado para imprimir ritmo ao poema é
a pontuação e a exploração do seu valor expressivo.
• uso de reticências — sobretudo de maneira repetida, obriga
a uma leitura mais lenta do poema, diminuindo o seu ritmo;
• uso de pontos de interrogação e/ou de exclamação —
imprime mais ritmo e expressividade à leitura do poema;
• ausência de pontuação — obriga a uma leitura do poema
com base na estrutura e no sentido do mesmo, muitas vezes
apoiada em anáforas.
A pontuação pode marcar o ritmo do poema da seguinte forma:
Exemplos
O soneto é uma composição poética que segue uma forma fixa.
Desde o Renascimento, vários foram os autores que se dedicaram
à escrita de sonetos.
O soneto é composto por quatro estrofes (duas quadras e dois
tercetos). Os versos são decassílabos, ou seja, têm dez sílabas
métricas. A rima obedece a um esquema rígido, com variações nos
tercetos.
No soneto de Camões «Busque Amor novas artes, novo engenho»,
o esquema rimático é: abba, abba, cde, cde (rimas emparelhadas
e interpoladas).
Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê:
que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Busque Amor novas artes, novo engenho
A partir do início do século XX, os poetas ganham liberdade
criativa e libertam-se da rigidez das formas fixas. Surgem outros
mecanismos para imprimir ritmo às composições.
O poema «Porque», de Sophia, é composto por quatro estrofes
(uma quadra e três tercetos), não seguindo uma forma fixa.
A métrica e a rima são irregulares.
Assim, a composição apresenta outros mecanismos —
as repetições: anáfora («Porque os outros») e repetição
da estrutura «mas tu não».
A pontuação é reduzida (alguns pontos finais), obrigando a ler
com base na estrutura e no sentido.
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque
A lírica deve ser analisada de acordo com o seu conteúdo e a sua
forma, já que ambos os aspetos são importantes.
O conteúdo está relacionado com o tema e a maneira como este
é tratado, espelhando a visão que o sujeito poético tem do mundo.
A forma está relacionada com os mecanismos de reproduzir
o ritmo e a melodia, próprios da poesia, sendo também importante
para acentuar alguns aspetos do conteúdo.
Síntese
Os poemas de Camões apresentados seguem a edição:
Luís de Camões, Lírica Completa II (prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva), IN-CM, 1986.
Os poemas de Sophia apresentados seguem a edição:
Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética, Caminho, 2010.

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A lírica e seus elementos formais

  • 2. A lírica é a expressão do eu, dos seus sentimentos e das suas emoções. Corresponde a uma visão subjetiva da realidade. O Beijo, Gustav Klimt (1907-1908).
  • 3. Tens contactado com poetas de várias épocas, da Idade Média ao século XXI. No entanto, os temas tratados nos textos líricos são idênticos, independentemente da época. Tal deve-se à natureza da poesia. Ao estar relacionada com a expressão do eu, está intimamente ligada ao Homem, à essência humana e à relação deste com o mundo. Temáticas da lírica Esses aspetos pouco se alteram ao longo dos séculos e são independentes de avanços civilizacionais ou tecnológicos.
  • 4. Desde sempre, os poetas têm versado sobre temas gerais, como: o amor • a saudade • a vida / a morte • o destino • a mudança • a infância A partir do início do século XX, na poesia portuguesa foram surgindo outras temáticas. A par dos temas gerais, os poetas começaram a centrar-se em temas específicos, como: a escrita • a imaginação • o sonho • a viagem • a sociedade • a denúncia de injustiças • a importância de outros escritores
  • 5. Luís de Camões abordou o tema do amor nas suas diversas manifestações — por exemplo, como sofrimento, saudade, idealização e concretização. Num dos seus poemas mais conhecidos, Camões tenta definir esse sentimento tão complexo. A composição assenta na repetição de «é» em início de verso (anáfora) para salientar a dificuldade de encontrar a definição certa. Exemplos Retrato de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende.
  • 6. Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? Amor é um fogo que arde sem se ver
  • 7. Sophia de Mello Breyner Andresen reflete, nos seus poemas, as preocupações sociais, tal como outros poetas. Em «As pessoas sensíveis», a autora denuncia a exploração dos mais fracos pelos mais fortes, conscientes do que fazem. Estátua de Sophia de Mello Breyner Andresen, no Parque dos Poetas (Oeiras). Ao longo do século XX, sobretudo com o Estado Novo, a poesia serviu como denúncia de injustiças e como instrumento de intervenção, para levar a sociedade a tomar conhecimento de situações e/ou a refletir sobre elas.
  • 8. As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra As pessoas sensíveis «Ganharás o pão com o suor do teu rosto» Assim nos foi imposto E não: «Com o suor dos outros ganharás o pão» Ó vendilhões do templo Ó construtores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem
  • 9. A lírica surgiu na Antiguidade, de forma anónima. As primeiras produções assinadas aparecem na Grécia antiga. Datam do século VII a. C. as composições mais antigas que chegaram até nós, dos autores Alceu e Safo. A origem da lírica (ritmo e musicalidade) Safo e Alceu, Lawrence Alma-Tadema (1883).
  • 10. Na Península Ibérica, na época medieval, as primeiras formas de poesia também surgem acompanhadas de música. Estas composições, ainda em galego-português, eram denominadas cantigas, pelo seu caráter musical. A poesia era acompanhada da música da lira, instrumento musical que deu o nome a este tipo de poesia. Esta correspondia à expressão de sentimentos, por oposição à poesia épica, na qual se narrava uma história. Pormenor de Safo e Alceu, Lawrence Alma-Tadema (1883).
  • 11. A partir de determinada altura, a lírica já não era acompanhada de música. No tempo de Luís de Camões, algumas composições já surgiam sem esse acompanhamento. No entanto, a poesia conservou o seu caráter melódico, pautado pelo ritmo e musicalidade dos versos. Para tal, os poetas recorrem a esquemas conjuntos, fixos, de: • número de versos por estrofe; • número de sílabas métricas por verso; • rima.
  • 12. As estrofes são classificadas consoante o número de versos. Tipos de estrofe Monóstico Dístico ou parelha Terceto Quadra Quintilha Sextilha Setilha Oitava Nona Décima 1 verso 2 versos 3 versos 4 versos 5 versos 6 versos 7 versos 8 versos 9 versos 10 versos
  • 13. Os versos são classificados quanto ao número de sílabas métricas. Tipos de verso Monossílabo Dissílabo Trissílabo Tetrassílabo Pentassílabo ou redondilha menor Hexassílabo Heptassílabo ou redondilha maior Octossílabo Eneassílabo Decassílabo Hendecassílabo Dodecassílabo ou alexandrino 1 sílaba métrica 2 sílabas métricas 3 sílabas métricas 4 sílabas métricas 5 sílabas métricas 6 sílabas métricas 7 sílabas métricas 8 sílabas métricas 9 sílabas métricas 10 sílabas métricas 11 sílabas métricas 12 sílabas métricas
  • 14. A rima varia consoante a combinação final dos sons de cada verso. Tipos de rima Emparelhada Os versos rimam em conjuntos de dois (pares): aa. Interpolada Um verso rima com outro e existem dois versos entre eles: abba. Cruzada Quatro versos apresentam dois tipos de rima que alternam: abab.
  • 15. Até ao início do século XX, as composições poéticas eram elaboradas de acordo com esquemas fixos de estrofes (com um número de versos definido), de sílabas métricas e de rimas. Esta situação altera-se com o Modernismo, movimento artístico que marcou todas as artes no início do século XX. O poema no século XX O Modernismo estabelece uma rutura com o passado. Os artistas deixam de obedecer às regras até então estabelecidas para cada arte e passam a criar de maneira livre. Pormenor d’A Espera, Gustav Klimt (1905).
  • 16. A partir desta altura, são criadas composições sem esquemas fixos de número de versos por estrofe, métrica ou rima, dando-se largas à imaginação e recorrendo-se a outros mecanismos para marcar o ritmo. Porém, as regras não são banidas. Os criadores passam a ter liberdade de opção. Assim, há autores que cumprem esquemas fixos de métrica e rima numas composições e noutras não.
  • 17. Para imprimir ritmo ao poema, um dos mecanismos mais usados é o das repetições. Estas surgem sob diversas formas, incidindo em diferentes elementos: • anáfora — repetição da mesma palavra ou expressão em início de verso, podendo acontecer em vários versos (até de estrofes diferentes); também pode acontecer no início e a meio do verso; • repetição lexical — repetição da mesma palavra; • enumeração — repetição de uma estrutura (por exemplo, nome, nome, nome; verbo, verbo, verbo; …) na apresentação de diferentes elementos.
  • 18. Outro mecanismo utilizado para imprimir ritmo ao poema é a pontuação e a exploração do seu valor expressivo. • uso de reticências — sobretudo de maneira repetida, obriga a uma leitura mais lenta do poema, diminuindo o seu ritmo; • uso de pontos de interrogação e/ou de exclamação — imprime mais ritmo e expressividade à leitura do poema; • ausência de pontuação — obriga a uma leitura do poema com base na estrutura e no sentido do mesmo, muitas vezes apoiada em anáforas. A pontuação pode marcar o ritmo do poema da seguinte forma:
  • 19. Exemplos O soneto é uma composição poética que segue uma forma fixa. Desde o Renascimento, vários foram os autores que se dedicaram à escrita de sonetos. O soneto é composto por quatro estrofes (duas quadras e dois tercetos). Os versos são decassílabos, ou seja, têm dez sílabas métricas. A rima obedece a um esquema rígido, com variações nos tercetos. No soneto de Camões «Busque Amor novas artes, novo engenho», o esquema rimático é: abba, abba, cde, cde (rimas emparelhadas e interpoladas).
  • 20. Busque Amor novas artes, novo engenho para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar-me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê: que dias há que na alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. Busque Amor novas artes, novo engenho
  • 21. A partir do início do século XX, os poetas ganham liberdade criativa e libertam-se da rigidez das formas fixas. Surgem outros mecanismos para imprimir ritmo às composições. O poema «Porque», de Sophia, é composto por quatro estrofes (uma quadra e três tercetos), não seguindo uma forma fixa. A métrica e a rima são irregulares. Assim, a composição apresenta outros mecanismos — as repetições: anáfora («Porque os outros») e repetição da estrutura «mas tu não». A pontuação é reduzida (alguns pontos finais), obrigando a ler com base na estrutura e no sentido.
  • 22. Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não. Porque
  • 23. A lírica deve ser analisada de acordo com o seu conteúdo e a sua forma, já que ambos os aspetos são importantes. O conteúdo está relacionado com o tema e a maneira como este é tratado, espelhando a visão que o sujeito poético tem do mundo. A forma está relacionada com os mecanismos de reproduzir o ritmo e a melodia, próprios da poesia, sendo também importante para acentuar alguns aspetos do conteúdo. Síntese
  • 24. Os poemas de Camões apresentados seguem a edição: Luís de Camões, Lírica Completa II (prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva), IN-CM, 1986. Os poemas de Sophia apresentados seguem a edição: Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética, Caminho, 2010.