Para apontar caminhos para o avanço da inovação em saúde, a partir da realidade hoje existente no Brasil, a Fundação FHC reúne uma economista especializada em inovação e dois cientistas, uma vinculada a uma instituição pública de pesquisa e outro, a uma empresa privada de biotecnologia. FERNANDA DE NEGRI Economista com doutorado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Foi chefe da Assessoria de Acompanhamento e Avaliação do Ministério da Ciência e Tecnologia (2010-2012) e diretora de Estudos Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (DISET), de 2012 a 2017. É autora de diversos livros e artigos, entre eles Novos Caminhos para a Inovação no Brasil (Editora Wilson Center, 2018). Recebeu o Prêmio BNDES de Economia por sua dissertação de mestrado Desempenho Comercial das Empresas Estrangeiras no Brasil na Década de 90.

1. Inovação em
Saúde
Fernanda De Negri
IPEA, MIT e Woodrow Wilson Center

2. Inovação
Pessoas
qualificadas
Infraestrutura
Ambiente
favorável
Políticas públicas

3. Pessoas
qualificadas,
cientistas e
inovadores
1

4. O acesso ao ensino cresceu, mas a qualidade....
75% dos adultos
brasileiros não sabem
fazer uma média
simples e 60%
declararam não gostar
de matemática na
escola (Círculo da
matemática, 2015)
O número de adultos
alfabetizados cresceu
de 86% para 92% entre
2000 e 2014
300
350
400
450
500
550
Média OCDE Coréia do
Sul
Portugal EUA Espanha Chile México Brasil
Ciências Leitura Matemática
Notas do Brasil no PISA

5. Número de cientistas e pesquisadores por milhão de habitantes
-
1000.0
2000.0
3000.0
4000.0
5000.0
6000.0
Temos poucos cientistas e engenheiros, MAS....
....existe demanda por esses profissionais????

6. 28,486
0 100,000 200,000 300,000 400,000 500,000 600,000 700,000 800,000 900,000
China
Alemanha
França
Itália
Nigéria
Rússia
Malásia
Cazaquistão
12,122
0 100,000 200,000 300,000 400,000 500,000 600,000 700,000 800,000
EUA
Reino Unido
Alemanha
França
Austrália
Canadá
Japão
Rússia
Espanha
Itália
Áustria
Nova Zelândia
África do Sul
Suíça
Países Baixos (Holanda)
BRASIL
Número de estudantes no
exterior
Número de estudantes
estrangeiros
no país
Os países que enviam
estudantes para o Brasil são
predominantes de língua
portuguesa ou espanhola
Baixa internacionalização...

7. Fonte: Leydesdorff, L. et al, 2013.
... uma universidade desconectada do resto do mundo...

8. Os pesquisadores brasileiros trabalham no mesmo
lugar onde se formaram
Fonte: Revista Fapesp (Ed. 239 | janeiro 2016)
67% dos professores das
10 maiores universidades
brasileiras se formaram na
mesma instituição onde
dão aula
... E fechada!

9. “The Hubble has given us nothing less than an ontological
awakening, a forceful reckoning with what is. The telescope
compels the mind to contemplate space and time on a scale just
shy of the infinite”
Ross Andersen
Infraestrutura científica e
tecnológica
2

10. Ano de início de operação Número (%)
Pre-1970 50 2.8
1970-1979 110 6.3
1980-1989 193 11.0
1990-1999 410 23.3
2000-2009 654 37.2
2010-2012 343 19.5
Total 1,760 100
Uma infraestrutura relativamente atualizada...

11. Maior parte dos laboratórios dentro
dos departamentos
0 200 400 600 800 1000 1200
Menos de R$500 mil
De R$ 500 mil até R$ 1 milhão
Acima de R$ 1 milhão até R$ 3 milhões
Acima de R$ 3 milhões até R$ 5 milhões
Acima de R$ 5 milhões até R$ 10 milhões
Acima de R$ 10 milhões até R$ 20 milhões
Acima de R$ 20 milhões
... Mas de pequeno porte
Laboratórios pequenos, onde
trabalham em média 4 pessoas
Poucos laboratórios e centros de
pesquisa multidisciplinares
Poucas instituições voltadas apenas
à pesquisa

12. Nome País N. de
pesquisadores
efetivos
Investimento (€
milhões)
Custos
operacionais anuais
Centre d'Elaboration et d'Etudes
Structurales (CEMES - CNRS)
França 50 a 100 50-250 M€ 0,25 a 1 M€
Forschungszentrum Rossendorf Alemanha 101-200 250 - 500 M€ > 10 M€
Research Platform on Nanoelectronic
Systems
Alemanha 1-10 20 M€ - 50 M€ 0.25 M€ - 1 M€
Central Laser Facility Reino Unido 51-100 50 M€ - 250 M€ 1 M€ - 10 M€
Robotics Research Platform Bélgica 1-10 < 20 M€ 0.25 M€ - 1 M€
Plataforma Solar de Almeria Espanha 11-50 50 M€ - 250 M€ 1 M€ - 10 M€
European Bioinformatics Institute (EBI)
(European Molecular Biology Laboratory
(EMBL)
Reino Unido 201-500 50 M€ - 250 M€ > 10 M€
Center for Biomolecular Magnetic
Resonance (BMRZ)
Alemanha 11-50 50 M€ - 250 M€ 1 M€ - 10 M€
Instituições de pesquisa financiadas pela União
Europeia

13. Imagem: CNPEM (Sirius)
A pesquisa de ponta cabe dentro da Universidade?
Instituições privadas sem fins lucrativos
dedicadas exclusivamente à pesquisa
(maior parte do orçamento alemão para
C&T)
• Max Planck
• Fraunhofer
• Helmholtz
Alemanha EUA
• Laboratórios Nacionais (FFRDCs)
• ICTs públicas e privadas
• National Institutes of Health

14. Ambiente3

15. 7.71
2.2
9.23
3.47
4.08
0.94 1.07
4.87
1.61
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Argentina
(2015)
Australia
(2015)
Brasil (2015) China (2015) República
Tcheca
(2003)
Japão (2015) México
(2014)
África do
Sul (2015)
Estados
Unidos
(2015)
25
28
42
46
49
60
64
64
66
0 10 20 30 40 50 60 70
Brazil
Argentina
Australia
China
India
France
Canada
South Africa
Mexico
Tarifas de importação
Fluxos comerciais / PIB
Uma economia fechada
limita a competição e o
acesso à tecnologia

16. 0.38
0.33
0.12
0.10
0.03
0.01 0.01
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
Israel Estados Unidos Canada África do Sul Alemanha Espanha Brasil
Investimentos em Venture Capital em países selecionados
como proporção do PIB (%)
Custo de capital elevado, especialmente para a Inovação

17. O Brasil no ranking do doing business
125
176
170
45
131
105
43
184
139
47
80
Global
Abertura de empresas
Obtenção de alvarás de construção
Obtendo eletricidade
Registro de propriedades
Obtenção de crédito
Proteção dos investidores minoritários
Pagamento de impostos
Comércio internacional
Execução de contratos
Resolução de Insolvência
Um ambiente de negócios rígido e burocrático não favorece
a inovação

18. Políticas Públicas
4

19. 0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
FNDCT CNPq TOTAL
A importância da estabilidade do financiamento

20. MINISTÉRIOS %
MCTI 36%
MEC 19%
MAPA (EMBRAPA) 13%
Saúde (FIOCRUZ) 11%
MDIC (INMETRO e INPI) 6%
Planejamento (IBGE) 6%
DEPARTMENTS %
Department of Defense (DoD) 49%
Department of Health (DHHS) 23%
Department of Energy (DOE) 8%
NASA 9%
National Science Foundation (NSF) 4%
Department of Agriculture (USDA) 2%
Others 5%
Maior parte do investimento público em
P&D está em ministérios transversais
Mais de 90% do investimento em P&D é
feito por agências ou ministérios com
missões específicas
Quais as finalidades do investimento público em pesquisa?

21. Inovação em saúde

22. Inovação em saúde é intensiva em ciência
Área
Participação da
área nas
publicações
brasileiras
Participação da área
nas publicações
mundiais
Participação do
Brasil no mundo
Ciências biológicas e agrárias 15,6% 5,9% 6,7%
Bioquímica, genética e biologia molecular 7,6% 8,5% 2,2%
Odontologia 2,3% 0,3% 16,4%
Imunologia e microbiologia 3,5% 2,3% 3,9%
Medicina 19,4% 18,7% 2,6%
Neurociência 1,6% 1,4% 2,9%
Enfermagem 1,6% 0,8% 4,7%
Farmacologia, toxicologia e farmacêutica 2,5% 2,2% 2,8%
Total 54,1% 40,1% 1,8%

23. Inovação em saúde é cara
Mecanismo 2014 %
Subvenção a pesquisa 20.738 69%
Treinamento 738 2%
Contratos de P&D 2.990 10%
Pesquisa intramuros 3.374 11%
Outros (gestão, suporte, construção e manutenção de
instalaçoes)
2.179 7%
NIH total 30.019 100%
 O custo para desenvolver uma nova droga é estimado, pela
Tufts Center for the Study of Drug Development, em mais de
US$ 2,7 bilhões.
 Estimativas mais modestas apontam para valores em torno de
US$ 600 milhões.

24. Inovação em saúde tem um ciclo longo e arriscado
 O FDA estima que menos de 6% das drogas que iniciam os testes clínicos chegam a
fase final e são registrados para comercialização

25. Participação brasileira e da América do Sul na
realização de testes clínicos
2.2%
7.2%
4.2%
1.4%
4.8%
2.8%
00%
01%
02%
03%
04%
05%
06%
07%
08%
Fases 0, I e II Fases III e IV Total
América do Sul Brasil
Inovação em saúde é intensiva em regulação

26. Obrigada!
fernanda.denegri@ipea.gov.br
fdenegri@mit.edu
Imagem: Vik Muniz e Marcelo Coelho