1. Seminário do Prêmio de Iniciativas de Promoção
da Equidade Racial em Saúde
Data: 20 de Julho de 2005.
Local: escritório do PNUD
SCN quadra 2 bloco A Edifício Corporate, 7o
andar, Sala Sérgio Vieira de Mello
ATA-RESUMO
Propostas e proponentes aprovados pelo Prêmio
Formação de Jovens Multiplicadores em Saúde da População Negra
Instituto Cultural e Beneficiente Steve Biko
Mulheres Negras em Atenção a sua Saúde – cultura e religiosidade
Mulheres em União – Centro de Apoio e Defesa dos Direitos da Mulher
Promovendo a equidade em Saúde no Âmbito do Hospital dos Servidores Estaduais
de Pernambuco
Associação Civil de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco
Saúde e Direitos da Mulher Negra e Remanescente de Quilombos
KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço
Saúde Direito Legal – direito de todos
Instituto de Mulheres Negras do Amapá
Convite
O Programa de Combate ao Racismo Institucional Componente Saúde (PCRI-
Saúde/DFID) tem a honra de convidá-los convidá-las a participar do seminário Iniciativas
em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
O seminário acontecerá em Brasília, no dia 20 de julho, das 9h00 às 18h00.
Nesta ocasião teremos a oportunidade de:
PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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2. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Encontrar os/as coordenadores/as das propostas selecionadas;
Conhecer cada um dos projetos (objetivos, metodologia);
elaborar estratégias comuns para a documentação e registro das atividades,
processo e resultados;
pactuar um sistema comum de prestação de contas, monitoramento e avaliação;
aprimorar o plano de ação frente às necessidades/especificidades que nortearam
a elaboração do projeto.
Objetivo Geral
• Apoiar os setores organizados da sociedade civil no acompanhamento das ações
governamentais para a efetiva implementação do Plano Nacional de Saúde, com
metas e estratégias diferenciadas para a população negra.
Objetivos Específicos
• Promover o intercâmbio entre organizações sociais, governamentais e instituições
acadêmicas que atuam no combate às desigualdades raciais em saúde.
• Promover e difundir junto à opinião pública, aos meios de comunicação e aos
diversos segmentos da sociedade brasileira, iniciativas bem sucedidas em
promoção da equidade racial em saúde.
Repasse dos recursos financeiros
O prêmio no valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) será repassado às
organizações responsáveis, em três etapas, como descrito a seguir: 60% no inicio, 30%
após a aprovação da prestação parcial de contas e relatório de processo e 10% ao final
do projeto - mediante aprovação da prestação de contas e do relatório final.
Disposições gerais
Todos os concorrentes autorizam os promotores do Prêmio, desde já, a utilizar,
publicar e divulgar , em todos os meios de comunicação, sem qualquer ônus, os trabalhos
inscritos e os materiais complementares, os resultados e avaliações das propostas
premiadas.
O ato de inscrição implica na automática aceitação por parte das organizações
proponentes, e eventuais outros parceiros, das regras aqui estabelecidas.
O PCRI-Saúde se exime de qualquer responsabilidade financeira sobre a
continuidade das propostas premiadas.
Levantamento de expectativas
3. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Após a apresentação de tod@s e da agenda do dia foi realizado um levantamento de
expectativas
Expectativas traduzidas por palavras
• Troca
• Conhecimento
• Compartilhar
• Construção
• Intercâmbio
• Interação como PCRI
• Identificar Pontos em comum
• Passos para o programa
• Apoio técnico para os projetos na
área de saúde
• Encontrar pontos em comuns e
próximos passos para o projeto.
Apresentações das propostas/projetos
As instituições premiadas fizeram suas apresentações com recursos de power point.
Obs: As instituições que desejam ter as apresentações em power point apresentadas no
seminário pelas outras iniciativas premiadas, devem entrar em contato com o PCRI-
Saúde por e-mail e fazer a solicitação.
PCRI-Saúde – Fernanda Lopes f-lopes@dfid.gov.uk
Discussão/Troca
Perguntas para o Koinonia
Elaine: Como vocês vão trabalhar com faixas etárias diferentes?
Koinonia: Nós acreditamos que o trabalho envolvendo pessoas de várias faixas etárias
pode ser interessante. Nossa experiência é de que essa troca de informação com os mais
velhos tem trazido complementação ao trabalho com as mais jovens.
Essas mulheres exercem um papel de liderança em suas comunidades, muitas são
agentes de saúde e já tem proximidade para começar a falar em saúde. Temos moças de
16 anos e mulheres de 50.
Elaine: Têm-se adolescentes de 16 e senhoras de 50. A gente sabe que algumas
questões podem ser mascaradas, por exemplo sobre a saúde sexual e reprodutiva. Além
disso, tem a questão da igreja, católica ou evangélica. Como se trabalhará com isso?
Como as jovens terão liberdade para o diálogo? Como este espaço de confidencialidade e
não reprovação, rotulação, será garantido? Quais serão essas estratégias?
4. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Koinonia: Uma das nossas preocupações é essa. Quando pensamos no processo de
formação estávamos pensando no diálogo sobre sexualidade entre as partes e famílias.
Em alguns momentos tivemos que separar grupos de adolescentes. Isso foi muito
interessante.
Percebemos que deveríamos dedicar um momento específico para uma determinada
faixa etária. Temos adolescentes de 14 anos grávidas. E quando esbarramos na questão
da religiosidade, temos o principio da organização e do uso do preservativo. Temos um
trabalho de formação em prevenção de DST/Aids e saúde da mulher, proporcionamos
uma reflexão com base na religiosidade e é neste espaço da religiosidade que
construímos estratégias de prevenção. Quando a mulher se sente segura e ciente do seu
papel de multiplicadora ela faz isso e se utiliza muito bem dos espaços comunitários,
inclusive dos espaços religiosos.
Marta: Como vocês chegaram ao HIV/Aids nessas comunidades, sendo que existem
tantos outros problemas, como vocês chegaram nesse?
Koinonia: nos deparamos com alguns casos de crianças de 12 anos e senhores de 70
soropositivos que não tinham atendimento na região. Não existem números concretos,
porque se misturam. Estima-se que haja uns até 60 casos em São Mateus.
A nossa preocupação está no sentido de incentivar a prevenção entre as mulheres.
Quando as jovens fazem o convite para participar de uma reunião com mulheres, são
feitas varias reflexões sobre seus problemas, até chegar na questão da prevenção. Além
disso tem a questão do cuidado com o corpo, do autocuidado , da auto-estima, da
autopercepção.
Damiana: A sede da organização é no RJ, uma de vocês mora em SP, outra mora no RJ
e as atividades ocorrem no ES. Quantas pernas vocês têm para estar em todos esses
espaços? Quantos vocês são e, no concreto, o que vocês acham que podem fazer?
Luis: Vocês apontaram dificuldades para o deslocamento, isto é por que vocês moram
em outros estados? Vocês dependem do transporte publico? Como fica este
deslocamento?
Koinonia: Nós equipe é composta por dois assessores, uma assistente de projeto, uma
referencia local que também é representante da coordenação nacional de quilombolas e
dez multiplicadoras que atuam como agentes de saúde, trabalham para a prefeitura , ou
são professoras na comunidade.
Este ano resolvemos focar nossos esforços. Oferecemos uma ajuda de custo para as
multiplicadoras, esta ajuda paga as despesas de transporte, mas dependemos,
sobretudo, da boa vontade delas. Bimestralmente estamos presentes na área.
Lúcia: Como vocês estão pensando a formação destas lideranças e como acordaram isso
com a Articulação de Mulheres Quilombolas do Sapê do Norte?
Koinonia: em 2004 a articulação procura a Koinonia.
No projeto anterior a coordenação foi das meninas, mas neste ano elas estão com outras
coisas para fazer e estão vendo quem assume o papel de liderança local. Elas solicitaram
que a coordenação ficasse com o Koinonia.
A visibilidade se dá na inserção dessas mulheres em outros espaços, como os conselhos.
No processo de formação precisamos resgatar o que é ser educador.
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Marmo: Como será trabalhada a questão da sexualidade e da negociação do
preservativo com os homens?
Koinonia: As mais jovens falam sobre as dificuldades de abordar alguns temas com os
mais velhos, principalmente os homens. ”Como eu de 16 anos vou falar para o meu tio,
uma pessoa mais velha, como vou falar para ele sobre o exame de próstata?, por
exemplo”.
As meninas só têm trabalhado com mulheres, mas tem a vontade de trabalhar com
grupos mistos.
Agora decidiram que vão chamar mais seis homens para participar do grupo. A partir
disso vamos pensar como trabalhar com eles.
Quando trabalhamos nesses cursos de sensibilização com mulheres, existe uma reação:
elas são questionadas pelos parceiros, muitas vezes eles não gostam. Mas, ao mesmo
tempo, em algumas regiões os homens pediram formação só para eles.
Isso foi receptivo. Começa a inquietar, e os homens vão chegando lá.
Comentários Luís: Em São Paulo, no projeto sobre adesão ao uso de camisinha
feminina, fizemos também um trabalho com homens de 15 a 60 anos. Esta pode ser uma
receita de processo.
Eles precisam vim para inclusive facilitar o trabalho com as mulheres.
Elaine: Como vocês pretendem fazer o exercício e esforço para que essas mulheres
possam continuar esses trabalhos?
Koinonia: Quando a gente pensa em multiplicador, estamos pensando nisso.
Para a Articulação de Mulheres este é o segundo ano de funcionamento.
Nada impede que as mulheres desenvolvam outros projetos. A gente – Koinonia –apóia
outras ações do grupo. A Articulação tem esse papel, de garantir a continuidade dos
trabalhos.
Indicadores de sucesso:
• quando as mulheres começam a ir à cidade fazer exames preventivos, por
exemplo, isso significa que a coisa esta andando e que os trabalhos das
multiplicadoras está surtindo efeito.
Alba: Existe uma portaria do Ministério da Saúde, chamada portaria de incentivo à
equidade. Os municípios que possuem comunidades quilombolas, grupos assentados, ou
que tenham índice de desenvolvimento humano baixo ao aderirem a essa portaria
recebem 50% a mais de verba para garantir a ampliação da Estratégia de Saúde da
Família, para garantir que as equipes atendam estes grupos em situação especial de
vulnerabilidade. O problema é que esta portaria é pouco conhecida. Vocês também
podem contribuir para esta divulgação e monitorar o impacto, caso o município venha a
aderir.
Portaria: 1434 - DEFINE MUDANÇAS NO FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BASICA EM
SAUDE DA FAMILIA, de 15.07.04
Link para portaria:
http://dtr2001.saude.gov.br/portarias/2004/B%201434%20DEFINE%20MUDAN%C7AS%2
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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0NO%20FINANCIAMENTO%20DA%20ATEN%C7%C3O%20BASICA%20EM%20SAUDE
%20DA%20FAMILIA.rtf
Jurema: Apenas uma das organizações falou a palavra Combate ao Racismo. Se não
entrou essa palavra, não está fazendo. Qual é o conceito de saúde da população negra
que vocês trabalham?
Koinonia: Não é possível fazer diálogo com essa comunidade sem considerar a
necessidade de combater o racismo. Quando falamos de garantia de direitos, direito à
saúde e os direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais, estamos falando de
combate ao racismo, de combate a negação do negro como ser social e sujeito de direito.
Perguntas para o Imena
Climene: Como vocês poderão desenvolver o projeto? Vocês mostraram uma área com
precariedade extrema e falaram que nessas regiões, não existe atenção básica, não
existe SUS. Como vocês vão diagnosticar o fluxo de atenção básica nas comunidades se
isso não existe?
Vocês buscam capacitar as lideranças comunitárias em saúde da população negra e
formação de liderança, como será isso? O que será feito de concreto?
Imena: Existe um posto de saúde, mas ele não atende de forma ideal.
A gente precisa comprovar que as comunidades não estão tendo atendimento adequado.
O diagnostico da realidade deve servir para isso, para saber quais são as necessidades
da comunidade, para ver como está sendo tratada a questão da saúde na comunidade.
As lideranças foram escolhidas na comunidade. Nós vamos capacitá-las em políticas de
saúde para a comunidade negra. Para que eles cheguem no gestor e saibam o que
querem e precisam.
São as lideranças que respondem pela comunidade. Pretendemos forma-las e empoderá-
las para o diálogo com os gestores.
Além disso eles estão reivindicando a titularidade da terra, mas existe resistência da
própria comunidade para se entender e se registrar como comunidade quilombola.
Nós estamos inserindo as mulheres neste processo no processo de titularização de terra.
Comentário Damiana: Fico preocupada com formação de liderança. Porque as
lideranças são ou não são. Se você vai capacitar, empoderar, formar, então não estamos
falando de lideranças.
Lúcia: Que núcleo de assessoramento é esse e para quem? São pessoas da própria
comunidade?
O núcleo de assessoramento é do Imena. Mas as mulheres das comunidades estão
organizadas, elas dizem o que querem e começam a fazer seus projetos e a gente
assessora. As articulações com o município estão começando a ficar mais fáceis e
acreditamos que daqui a pouco elas vão trabalhar sem precisar contar conosco.
Marmo: Como vocês estão trabalhando com os homens?
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Imena: Nós só trabalhamos com mulheres. Às vezes fazemos trabalhos com os jovens,
até que porque quem faz este trabalho são as meninas, as jovens. Ma são as mulheres o
nosso público.
Jurema: Apenas uma das organizações falou a palavra Combate ao Racismo. Se não
entrou essa palavra, não está fazendo. Qual é o conceito de saúde da população negra
que vocês trabalham?
Imena: É todo o cuidado com a população negra, nós não estamos sendo atendidas.
É trabalhar a saúde como um todo e a questão psicológica também. É o combate ao
racismo.
Perguntas para Mulheres em União
Marmo: Temos pouco apoio (dinheiro) e muitas ações previstas. Como isso será
trabalhado, operacionalizado?
Vocês se propõem a trabalhar com as religiões afro-brasileiras. Como pretendem fazer
isso?
Imena: Sobre o primeiro ponto a gente vem buscando outras parcerias para dar conta de
contemplar todas as ações. Temos feito ações em dezoito grupos, mas vamos pegar dez
desses para fazer uma ação específica.
A participação qualificada em atividades da agenda feminista e do movimento negro são
coisas que a gente já vem fazendo. Este projeto vai potencializar algumas ações e vai
otimizar a realização de outras.
Este projeto vai garantir, por exemplo, o pagamento das despesas com o deslocamento,
momentos de capacitação e intercâmbio, e para o diálogo com uma mesma linguagem,
com uma fala mais coesa.
Com os grupos de candomblé pretendemos garantir uma troca de experiências,
pretendemos ouvir, saber como eles trabalham. Queremos trazer essa fala pra dentro do
conselho de saúde, apresentar este universo aos agentes comunitários de saúde.
Marta: A estrutura dos conselhos também tem vícios. Ter uma ou duas pessoas nesses
lugares é pouco. Que mecanismos vocês pretendem utilizar para que a participação
destas pessoas ser rotativa nos conselhos?
Mulheres em União: Sim é importante que garanta rotatividade. O próprio seguimento
tem seus critérios de trabalho dentro dos conselhos.
Lúcia: Como vocês pretendem implementar as ações afirmativas e educativas descritas
no projeto, como isso vai se dar em relação à equidade? Que estratégias o projeto está
pensando para garantia de repasse de informação por parte dessas pessoas, para o
grupo?
Mulheres em União: São várias ações que acreditamos possam ser interpretadas como
afirmativas: estar no conselho municipal de saúde e no conselho da mulher e ter esta
presença fortalecida e qualificada, é uma delas. Nós temos estamos em contato com os
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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organismos governamentais e com os prestadores de serviços, como é o caso da
maternidade onde desenvolveremos ações.
Estamos inserindo esta discussão nos cursos da faculdade de direito e turismo, temos
discutido turismo e tráfico negreiro, turismo e candomblé.
A formação dos quadros será nos dois primeiros meses do projeto, serão realizadas
oficinas, palestras, trabalharemos com vídeos, etc e depois elas saem para esses outros
espaços.
Também pensamos em dar continuidade no projeto das barracas de saúde. Estas
barracas serão montadas em festas de santo e em outros espaços públicos, são
distribuídos materiais, preservativos, etc.
Marmo: Como vocês estão trabalhando com os homens?
Mulheres em União: Eu queria falar sobre a questão dos homens, porque trabalhamos
com os jovens, homens e mulheres.
Quando a gente vai para as casas de candomblé tem homens e mulheres. A gente
sempre está informando a todos e todas.
Em cada espaço que o nosso grupo se apresenta faz-se um recorte de gênero. Eu não
vou fazer a defesa dos homens. Nós orientamos as mulheres para reivindicar o
reconhecimento da paternidade, por exemplo. Nós ainda não conseguimos trabalhar a
questão masculina, a questão dos homens na saúde ou as questões de saúde dos
homens. A juventude tem feito um trabalho casado, mas ainda assim, a gente tem
avançado mais na questão das mulheres.
Marmo: Vários projetos falaram que vão trabalhar nos terreiros. Como vocês pretendem
trabalhar a questão do racismo dentro dos terreiros, que têm brancos e negros?
Mulheres em União: Na questão dos terreiros, dentro das religiões damos de cara com
pais e mães de santo brancos, então trabalhar a questão racial é difícil. Quando é um filho
de santo branco ele tem mais condições de pagar todas as oferendas, de comprar a
melhor roupa. Temos este problema e ninguém discute isso.
A gente parte da questão de gênero e aponta as ações possíveis.
Quando a gente vai para o terreiro discutimos a questão dos instrumentos, da roupa que
nossa população não tem condição de ter, comprar. Discutir isso também é combater o
racismo.
Às vezes nós nos utilizamos estratégias, eu por exemplo, que não sou filha de santo , eu
posso falar das relações de gênero e de raça, sem abalar as hierarquias dos terreiros.
Como pretendem garantir a sustentabilidade das ações
Mulheres em União: Algumas das mulheres de nosso grupo participar de feiras e outras
atividades.
Jurema: Apenas uma das organizações falou a palavra Combate ao Racismo. Se não
entrou essa palavra, não está fazendo. Qual é o conceito de saúde da população negra
que vocês trabalham?
Mulheres em União: É a compreensão de como o racismo e a exclusão colocaram a
população negra fora das ações públicas.
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Perguntas para Associação Civil de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado
de Pernambuco
Marta: É uma experiência fechada, de um hospital privado, mas estão tentando resgatar
os princípios do SUS. A quem vocês podem influenciar dentro da estrutura da rede
hospitalar no município de Recife?
Dentro do processo de capacitação, a palavra protocolo foi usada para falar da questão
racial, e para falar de doenças prevalentes na população negra...Como protocolar
condutas humanas? Podemos fazer protocolos clínicos e não de condutas humanas,
como vocês pensam isso?
Outra coisa, vocês têm funcionários estatutários e terceirizados. Qual é a proporção?
Como pretendem trabalhar com estes grupos?
Damiana: Que autoridade tem a ASSEPE para fazer esses protocolos?
ASSEPE: Nós vamos trabalhar a cultura e a mudança cultural, não a parte clínica. Temos
que trazer para dentro do hospital a compreensão de que existe o racismo e que temos
que combater esta prática. Os sindicatos têm pessoas ligadas as organizações de
combate ao racismo. Nós como servidores também participamos do movimento.
É um hospital que concentra o atendimento de muita gente, é um hospital de referência e
as pessoas que nós atendemos são funcionárias publicas, inclusive da área da saúde.
Isso vai irradiar a proposta. Teremos ciclos de palestras, discussões, queremos trabalhar
com vídeos.
Queremos estimular e construir uma mudança de comportamento.
É um protocolo de rotina, uma linha de atuação de combate ao racismo. Um manual que
diga como eu combato e me importo em combater o racismo.
A gente está fazendo uma abordagem com o todo para reverter à lógica do sistema, para
combater o racismo, mas vamos trabalhar com os funcionários mais permanentes,
estatutários.
Marta: Essas pessoas temporárias são também pessoas chaves para um programa de
combate ao racismo no ambiente de trabalho, eles normalmente estão na porta de
entrada serviço.
Climene: Vocês têm o objetivo de transformar o hospital como referência no combate ao
racismo. Vocês falam de negros e indígenas. Eu não consegui ver os indígenas. Como
vocês vão tornar esse hospital referência para a equidade étnico-racial?
ASSEPE: Pretendemos transformar o serviço numa referencia de combate ao racismo
por meio do diálogo com a rede hospitalar. Um diálogo efetivo com especialistas. O
próprio prêmio também vai trazer essas possibilidades.
Dificilmente a questão da população indígena vai ser trabalhada neste momento. No
futuro isto será incorporado, até porque em Pernambuco é importante fazer esta
discussão.
Lúcia: Quais são as relações da ASSEPE com os grupos que têm trabalhado saúde da
população negra?
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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ASSEPE: Temos o contato com o sindicato, com o coletivo de negros e negras da CUT e
com pessoas do movimento negro, em especial que trabalham com comunidades
quilombolas.
Perguntas para Steve Biko
Damiana: Quais serão os critérios de escolha das escolas que vocês vão trabalhar?
Steve Biko: Já entramos em contato com o pessoal da secretaria de educação para
definir o perfil dessas escolas. A princípio um dos critérios será localização.
Nós já temos relação com os terreiros. Pretendemos trabalhar com seis terreiros e doze
escolas. Muitos dos jovens que serão agentes multiplicadores fazem parte de
comunidades de terreiros.
Comentários Damiana: Vocês trouxeram a questão da violência. Talvez a base para
escolha das escolas possa estar nesta informação e não nas sugestões ou orientações da
secretaria de educação.
Diva: Vocês têm uma atuação na preparação de negros e negras para o ingresso na
universidade. Como se dá o trabalho de saúde com estas pessoas que estão nos cursos
preparatórios para o vestibular?
Steve Biko: As atividades do pré-vestibular que acontece a bastante tempo. Tem alguns
jovens que são do pré-vestibular e que também fazem os cursos profissionalizantes. O
objetivo da instituição está na formação, no despertar para estratégias de enfrentamento
ao racismo.
Passar pela instituição é passar por isso, mais do que entrar no vestibular.
Na realidade sempre atuamos na área de educação, mais voltada para o ingresso na
universidade. Sabemos que não adianta só preparar os jovens para entrar na
universidade. O que desejamos é que eles estejam lá e que sejam multiplicadores, que
façam a diferença.
Temos um curso que se chama Mentes e Portas Abertas, para alunos que já estão na
graduação, que trabalha na capacitação sobre os órgãos públicos, para saber como
funciona o congresso, o senado, os consulados, as embaixadas. Estamos preparando-os
para serem gestores.
Na saúde a gente está engatinhando, este é o nosso segundo projeto. Queremos inserir
os conhecimentos de saúde em todas as atividades do Instituto.
Marmo: Como vocês estão trabalhando com os homens?
Steve Biko: A gente não trabalha só com os negros a questão do racismo. Também não
trabalhamos só com as mulheres os direitos sexuais e reprodutivos ou a violência
doméstica. Trabalhamos com os homens, inserimos os homens em nossas discussões e
em nossas ações. Em Salvador convivemos com praticas sexistas e racistas incorporadas
às políticas publicas e às ações programáticas, por exemplo, as camisinhas são
distribuídas para as mulheres em idade fértil.
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Como o projeto pretende incorporar estes jovens no universo das políticas publicas?
Como vocês pretendem apresentar as experiências deste projeto como base para a
construção de um modelo de políticas publicas para a promoção da equidade racial em
saúde em Salvador?
Steve Biko: Nós pensamos gente em criar mecanismos para incorporar esses jovens
multiplicadores nas ações da secretaria municipal de saúde, como agentes comunitários
de saúde ou outra modalidade possível.
Também estamos dialogando com a Fiocruz, eles têm projetos na área de saúde
comunitária e outros e pediram para que indicássemos estes jovens multiplicadores.
Perguntas e comentários para todos os/as representantes de todas as organizações
com projeto selecionado
Luís: Dos vários projetos apontados aqui, todos estavam falando do espaço em que o
Estado não entra, que o Estado é/está ausente. Acho que poderíamos pensar em uma
estratégia de enfrentamento disso. Poderíamos criar, em cada local onde o projeto
acontece, um comitê de acompanhamento, garantindo a participação de vários atores –
gestores do município, conselheiros de saúde e outros. Acho que se a gente conseguir
estabelecer estes comitês locais de acompanhamento, com as pessoas chaves como
membros, poderemos dar um salto de qualidade nas ações do projeto e nas estratégias
de enfrentamento do racismo e de defesa do SUS.
Elaine: Não é possível pensar em um projeto de saúde sem articulação com o Estado,
com o SUS. É importante abrir portas, fazer articulações.
Luis: Por isso que eu insisto na instalação de um comitê consultivo, ou uma comissão de
acompanhamento, algo que pode ajudar no diálogo entre os diversos atores e setores. É
uma estratégia.
Alba: Combate ao racismo institucional, em defesa do SUS, qualidade de vida e
integralidade e efetivação dos Direitos Humanos, devem estar nas diretrizes dos projetos,
deve ser a nossa meta. Transversalizar esta idéia de promoção dos direitos humanos, a
idéia de indissociabilidade e interdependência dos direitos humanos é necessário.
Também é importante definir estratégias para a sustentabilidade das ações, isto
pensando no envolvimento do poder público local. Trabalhar pelo SUS, contaminar as
pessoas para que assumam esta responsabilidade (contaminar no bom sentido).
Diva: Eu fico preocupada com os projetos muito locais. Temos que estar atentos a
movimentação macro da política de saúde. Além disso também fico preocupada com esta
visão curativa do SUS.
Conversa solta, livre
Koinonia: Agradecemos a oportunidade de estar aqui, nossa expectativa foi de
compartilhar e deixamos como um voto de carinho um boletim sobre quilombos.
Gostaria de pedir desculpas pelo nervoso na hora de fazer a apresentação. E convidar a
todos e todas para entrarem no site do observatório quilombola
12. www.observatorioquilombola.org.br
Alba: Quero agradecer muito o convite. É muito bom estar com pessoas que estão na
ponta. Sinto-me muito angustiada em não poder ver como as coisas definidas aqui no
Ministério da Saúde vão parar na ponta, onde o SUS acontece, ou deveria acontecer. Só
assim podemos trabalhar rumo a promoção da eqüidade.
Climene: Eu gostaria muito de servir como apoio para esses projetos. Mesmo eu não
podendo ser o apoio que gostaria de ser, acho que vocês estarão tocando bem e eu
estarei à disposição.
Fernanda: Em Recife e em Salvador existem grupos que fazem parte deste mesmo
Programa, no componente que chamamos municipal. As atividades do PCRI-Municipal
acontecem em várias áreas e em parceria com diversas secretarias das prefeituras de
Recife e Salvador, inclusive a secretaria de saúde. É importante que vocês entrem em
contato com Luiza Bairros- Salvador e Recife (bairrol@uol.com.br) e Mônica Damany -
Recife (monica.damany@uol.com.br)
O pessoal do PCRI-Municipal poderão estar trabalhando com vocês e potencializando as
discussões e o diálogo com outros grupos.
Denise: Queria agradecer e convidar vocês para irem à Salvador e conhecer o projeto.
Cronograma de Atividades O CRONOGRAMA SOFRERÁ ALTERAÇÕES.
ENVIAREMOS PARA APRECIAÇÃO E SUGESTÕES EM BREVE.
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Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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Avaliação
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Relatórios
Prestaçãodecontas
Seminários
Visitasaosprojetos
M E S E S
CRONOGRAMADEATIVIDADES
ITEM
13. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
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Comentário Luís: Apesar de ter um comitê consultivo, é uma ampliação da
parceria, ter novas pessoas, ter um grupo maior para essa troca, convivência,
sangue novo.
A Fernanda tem um papel importante nisso que é de permitir a troca neste
ambiente de solidariedade.
Palavras traduzindo sentimentos, sensações.
• Oportunidade de crescimento coletivo e pessoal, fortalecimento das ações
dos projetos;
• Excelente oportunidade para troca de experiências e saberes;
• Estratégias, novas atividades, novos encontros, seminário pertinente para o
desenvolvimento, dos projetos, para o monitoramento e avaliaçao;
• Que o programa consiga alcançar todas as metas aqui propostas com a
visibilidade que precisamos;
• Que o programa consiga alcançar todas as metas aqui propostas;
• Achei interessante as trocas de experiências;
• Um dia bastante proveitoso;
• Troca possibilitando fortalecimento para o desenvolvimento das ações;
• Momento importante de troca de conhecimentos. Pena que foi pouco
tempo;
• Parcerias positivas, troca de experiência, qualidade do material,
objetividade;
• Muito satisfatório, pois tivemos a possibilidade de trocar experiências e
ampliar conhecimento;
• Momento especial para reafirmar a importância estratégica da saúde da
população negra.
• Gostei;
• Importante, esclarecedor;
• O encontro possibilitou a troca de experiências e a vontade de continuar
acreditando em um novo tempo de dignidade e justiça social;
• Troca de experiências, esclarecimentos de algumas questões e
levantamentos de muitas outras;
• Reunião fantástica, ampliação dos conhecimentos. Construção de uma
política de melhoria da qualidade de vida e saúde para a população negra.
• Momentos que permitiram fortalecer a nossa caminhada pela nossa
dignidade, pela dignidade das mulheres negras;
Contatos dos (as) representantes das organizações premiadas
que estiveram no seminário
14. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
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INSTITUIÇÃO REPRESENTANTE
DO SEMINÁRIO
TELEFONE E-MAIL
Severina Beatriz (81) 9964-3799 biagomes2004@yahoo.com.brAssociação Civil de
Assistência à
Saúde dos
Servidores do
Estado de
Pernambuco
José Farias Gomes
Filho
acesso.soluções@uol.com.br
Waldemário Alves de
Oliveira
(71) 9135-4783 wmario@oi.com.brInstituto Cultural
Beneficiente Steve
Biko
Denise de Almeida
Ribeiro
(71) 8823-3548 ialode28@hotmail.com
Ranira dos Santos
Pontes
(96) 9638-6634
(96) 222-1010
Instituto de
Mulheres Negras
do Amapá
Maria Goreth do
Rosário Almeida
(96) 251-3493
Ana Emília Martins
Gualberto
(21) 9512-2747 martinsgualberto@yahoo.com.brKoinonia -
Presença
Ecumênica e
Serviço Ester Leite Lisboa de
Almeida
(12) 9762-7378 ellalmeida@ig.com.br
Ana Maria Soares (31) 9671-0999 asilvasoares@uol.com.brMulheres em União
- Centro de Apoio e
Defesa dos Direitos
da Mulher Rosemary Baeta mulheresemuniao@yahoo.com.br
Participantes
Ganhadores (as) do Prêmio
Ana Emilia Martins Gualberto - RJ
Ana Maria Soares –MG
Denise de Almeida Ribeiro - BA
15. PCRI-Saúde Programa de Combate ao Racismo Institucional
Seminário Iniciativas em Promoção da Equidade Racial em Saúde.
15
Ester Leite Lisboa de Almeida - SP
José Farias Gomes Filho - PE
Maria Goreth do Rosário Almeida - AP
Ranira dos Santos pontes - AP
Rosemary Baeta - MG
Severina Beatriz Gomes - PE
Waldemário Alves de Oliveira – BA
Membros do CC
Climene Camargo - BA
Damiana Miranda - BA
Diva Moreira – PNUD (DF)
Fernanda Lopes – PCRI-Saúde (DF)
José Marmo da Silva – RJ
Jurema Werneck – RJ
Luis Eduardo Batista – Instituto de Saúde – SES (SP)
Maria Lúcia Silva – SP
Marta Oliveira - RJ
Miranda Munro – DFID (DF)
Convidadas
Maria Auxiliadora Benevides - MS (DF)
Vera Soares – UNIFEM (DF)
Alba Figuerôa – MS (DF)
Elaine Oliveira Soares – ACMUN (RS)
Simone Vieira Cruz – ACMUN (RS)
Relatoria
Rachel Quintiliano SP