Mil duzentos e cinquenta palavras hebraicas se tornaram o Cãntico dos Cânticos, isto é, o "cântico sublime", o cântico por excelência do amor e da vida. Um poema tico de símbolos, permeado de alegria, capaz de transformar em primavera até mesmo o árido e causticante panorama palestino. No centro deste jardim estão Ele e Ela, o eterno casal que aparece todo dia na face da terra, para cantar que "o amor é forte como a morte" (Cf. Ct 8,6). - Fragmento retirado da sinopse do livro: Cântico dos Cânticos - Pequeno Comentário Bíblico - Gianfranco Ravasi
Cântico dos cânticos - Gianfranco Ravasi (Leitura e compreensão da obra)
1. Cântico dos Cânticos
Gianfranco Ravasi
Pois o amor é forte, é como a morte.
Ct 8,6b
Autores: Maria Costa dos Santos
Edivaldo Arnaldo da Silva
2. Cântico dos Cânticos
Cânticos de Salomão
Cântico Sublime
Cântico por excelência
1250 palavras Símbolos
Ele e Ela / homem e a mulher
117 Versículos
“O meu amado é meu e eu sou dele”.
3. No amor humano está posta uma centelha que
aponta para o amor de Deus.
Paixão
Concretização
Corporeidade
Eros
Doação interior
“Feliz quem compreende e canta os cânticos da Sagrada Escritura,
porém bem mais feliz quem canta e compreende o Cântico dos
Cânticos”.
Orígenes
4. O amor tudo transfigura e então se ama tudo e se vê tudo com olhos
diferentes, porque o homem sabe que à noite encontrará a sua mulher. Porque o
homem de fé sabe que, no entardecer da vida, encontrará o seu Senhor. O amor do
Ct é galhardamente humano, mas este amor humano tem em si uma semente
divina, é o paradigma para o conhecimento do “Deus que é amor” (1Jo 4,8.16).
Segundo G. Krinetski em 1981: “Manual da Revelação sobre o afeto,
o amor e a sexualidade”. Não simplesmente manual de educação sentimental,
mas texto da Revelação sobre a sexualidade, o sentimento e o amor. A Bíblia
com o Ct é a celebração do triunfo do amor e do retorno de Deus para a
companhia da sua criatura – reconciliação -.
5. Quando Deus fala a linguagem dos enamorados.
R. Musil: “Não há nada mais belo que o Cântico dos Cânticos”
Karl Barth: “Magna Carta da humanidade”, celebração do amor nupcial entre Deus e
Israel.
Os Padres da Igreja e escritores medievais: Torna-se apenas sinal que
continuamente se refere a outras núpcias e a um amor bem diferente: o amor
entre Cristo e a Igreja, entre Cristo e a humanidade, entre Cristo e a alma fiel,
entre Cristo e Maria.
Ph. C. Kaiser em 1825: a esposa não é senão uma colônia hebraica próxima ao
Jordão e o esposo é o triunvirato Zorobabel-Esdras-Neemias que organizou o
Estado hebraico no retorno do exílio da Babilônia; sendo assim o Ct seria uma
epopéia nacionalista da restauração de Israel.
6. O corpo e a parábola.
Dentre as tantas interpretações literais, vamos destacar duas:
A primeira pensa que o Ct é como manuscrito teatral que é recitado por atores diversos com
a intervenção de um coro, com mudanças de cenário, com intervalos e com montagem um
pouco surrealista, mas fascinante.
Alguns outros autores foram mais adiante e viram no Ct o clássico triângulo:
Salomão, a pastora e seu namorado. Salomão, apaixonado pela moça, leva-a para o palácio,
mas em vão, porque o coração da jovem continua a suspirar pelo seu amado e o rei é
obrigado a reconhecer a força do amor, superior a toda pompa e a todas as glórias. Todavia
o Ct é talvez algo mais simples, é só poesia de amor sem interferências concretas e precisas
à celebração nupcial e a seus ritos.
O jardim dos símbolos
No centro do Ct está, então, o amor de dois jovens que exprimem com
naturalidade, simplicidade, pureza e calor a sua paixão e a sua intimidade: “gritos
de júbilo e voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva” (Jr 7,34;16,9;25,10).
8. O Cântico dos Cânticos de Salomão
O sentido direto do Ct é obviamente o amoroso: com efeito a obra é o
diálogo prazenteiro de dois enamorados. Recordando que a tradição bíblica atribui a
Salomão ao menos três volumes (Cântico, Provérbios e Eclesiastes), rabi Jônatas
afirmava:
Quando um homem é jovem, canta canções de amor = Cântico.
Quando um homem se torna adulto, enuncia máximas de vida = Provérbios.
Quando um homem fica velho, fala da vaidade das coisas = Eclesiastes.
É graças a Tradição que a Igreja recebeu os Cânticos como
Escritura Santa.
9. Os mil Cânticos
Egito
Cântico dos Cânticos e suas relações:
Início das palavras do coração e
Três desejos
Turim I (Cantos do Bosque)
Índia Gita-govinda (amores do deus Krishna)
10. Targum
Êxodo do Egito
Edificação do templo de Salomão
Primeiro exílio da Babilônia
Volta do exílio e reconstrução do templo
Advento do Messias e Ressurreição
11. Hipólito, no ano 200:
Ct 1,4 a introdução da esposa nos aposentos do rei é para o escritor
cristão romano a entrada na Igreja, depois das núpcias batismais com Cristo,
os dois seios da esposa são o Antigo e o Novo Testamento, ao passo que em
4,6 a “coluna do incenso” é o destino do cristão que é exaltado depois de se
ter deixado crucificar a carne como o Cristo no calvário.
O meu amado é meu e eu sou dele
Dodî lî wa’ani lô, “o meu amado é meu e eu sou dele”: essa
intensa confissão que o Ct repete duas vezes (2,16 e 6,3) é a síntese ideal
da mensagem deste livro bíblico.
O Ct é um contínuo hino nupcial.
12. Amor do Ct
Fusão do Eros e ágape
Experiência estimulante e excitante (físico e
espiritual)
Dom livre entre as pessoas
(sem aprisionamento do outro)
Síntese: 1Cor 13
13. Referências Bibliográficas:
RAVASI, Gianfranco. Cântico dos Cânticos. São Paulo: Edições Paulinas, 1988
Bíblia de Jerusalém – Paulus , 2019
https://www.youtube.com/watch?v=c5imwLrbSOY