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Cântico dos Cânticos e Hierogamos: Um drama
              teatral da morte de Jesus?
O Cântico dos Cânticos descreve o amor e casamento de Salomão com uma jovem denominada
Sulamita. Por um lado, segundo os judeus, essa poesia antiquíssima descreve o amor de Deus por
sua esposa, a terra de Israel; por outro, segundo Roma, descreve o amor do filho de Deus, que
sofreu e morreu por sua esposa, a Igreja, ainda que esta não existisse na época.

Contudo, a epopeia de descida de Inanna aos mundos inferiores em busca do seu amado pastor
Dumuzi eventualmente, se converteria na liturgia do ritual sagrado do Hierogamos, quando, como
cantado em prosa e verso no Cântico dos Cânticos de Salomão, o noivo encarnaria o “arquétipo”
do noivo sagrado que, depois da unção com banha de crocodilo para se tornar um Messeh
(Messias), “seria torturado, mutilado, executado e descido ao túmulo. Como relata Margaret
StarbirdT1:
        Penso que os dois juntos [Jesus e Maria Madalena], encarnam o “arquétipo” da noiva e do
        noivo sagrados dos velhos cultos das “deusas” do Oriente Médio. (...) Quando Maria ungiu
        Cristo, no banquete de Bethânia, ela estava reencarnando a antiga liturgia do “hierogamos”,
        ritos comuns naquela época. Era prerrogativa da noiva ungir o seu noivo, que seria depois
        torturado, mutilado, executado e descido ao túmulo. No terceiro dia, nas antigas liturgias, a
        noiva retornaria, com as outras mulheres ao túmulo do seu bem amado e o encontraria
        ressuscitado no jardim! Nos evangelhos, é Maria Madalena quem, no papel da viúva
        enlutada, encontra o seu noivo, ressuscitado, no jardim. Para ele, ela era a “irmã-esposa”, no
        “Jardim fechado” do Cântico dos Cânticos.

É neste contexto que Samuel Noah Kramer2 em seu livro, The Sacred Marriage Rite: Aspects of
Faith, Myth and Ritual in Ancient Sumer (O Rito do Matrimônio Sagrado: Aspectos de Fé, Mito e
Ritual na Remota Suméria) não só endossa as palavras de Starbird, como vai além, afirmando que
as implicações das semelhanças entre o culto Dumuzi-Innana, Cântico dos Cânticos e o Novo
Testamento, com respeito ao tema do deus morto (a morte de Jesus) sugerem o culto sumério
Dumuzi-Innana como precursor tanto do Cântico dos Cânticos, quanto do sofrimento e morte de
Jesus, colocando este tema central do Novo Testamento na categoria de drama teatral e não real, o
que “enfraquece seriamente a fundação histórica essencial da fé cristã.”
Segue abaixo um excerto do trabalho de Lloyd Carr abordando a opinião revisionista de Kramer:
1
    Maria Madalena e o Santo Graal – A Mulher do Vaso de Alabastro
2
  Samuel Noah Kramer, professor Dr. de reconhecida notoriedade internacional, hoje falecido,
decifrador, tradutor e pesquisador de sumério, era também professor do Departamento de Estudos
Orientais da Universidade da Pensilvânia, onde trabalhou junto com Efraim Avigdor Speiser, que
viria a tornar-se uma das mais importantes figuras do mundo dos estudos da Antiguidade do
Próximo Oriente. Speiser estava tentando decifrar os tabletes de argila com escrita cuneiforme, e
foi aqui que Kramer iniciou a sua longa carreira trabalhando na decifração do sistema de escrita
cuneiforme. Kramer obteve o seu doutoramento em 1929, e destacou-se pela decifração de placas
com escrita cuneiforme espalhadas no acervo de museus por todo o mundo.
CÂNTICO DOS CÂNTICOS: DRAMA DO
           MATRIMÔNIO SAGRADO?
                                         Por G. Lloyd Carr
(Ph.D., Boston University, professor emérito de estudos bíblicos e teológicos e chairman da divisão de humanidades no
                                    Gordon College em Wenham, Massachusetts)

Uma das mitologias predominantes no estudo do Velho Testamento é o Cântico dos Cânticos que
é realmente um “script” teatral que nos foi preservado pela comunidade judaica como parte das
Escrituras Sagradas somente porque sua verdadeira natureza foi obscurecida e esquecida. Quer
alguém se aventure a reconstruir o drama como Calvin Seerveld fez, quer com Samuel Noah
Kramer, concluiremos que o Cânticos dos Cânticos, “em nossa incontestável forma expurgada”,
inclui algumas “canções de amor apaixonadas e rapsódicas... as quais são cultuais em sua origem e
eram cantadas no decurso do hierogamos ou “matrimônio sagrado” entre um rei e uma devota de
Astarte, a Deusa Cananita do amor e procriação, adorada até mesmo por um tão sábio rei hebreu
como o grande Salomão”.

Ainda que Kramer abstenha-se de afirmar efetivamente que o Cântico dos Cânticos seja o ritual do
matrimônio sagrado como agora é certo, seu argumento sugere fortemente que este é precisamente
o caso. Somente por este motivo, ele argumenta, que o sensual e erótico livro “com forte cheiro de
amor e paixão, de luxúria e desejo... passou pelos aguçados olhos dos austeros e puritanos rabis
para os quais castidade, virgindade e pureza sexual eram sacrossantos.” Ele continua afirmando
que em sua opinião a teoria proposta por T. J. Meek de que o Cântico dos Cânticos é “uma forma
modificada da antiga liturgia hebraica de celebração da união e casamento do deus sol com a deusa
mãe que floresceu nos primeiros dias na mesopotâmia” é “essencialmente saudável e construtiva”.

O livro de Kramer é uma magistral apresentação desta teoria de forma modificada e um livro
estimulante por seu próprio direito. Ele apresenta a evidência de numerosos paralelos encontrados
não somente entre o culto de Dumuzi-Innana e o Cântico dos Cânticos mas também entre o culto
Dumuzi-Innana e o Novo Testamento – especificamente, implicações de que a “história de
Cristo... deve ter tido precursores e protótipos,” o mais importante dos quais foi o tema do
deus morto. Estas implicações sugerem que a “história” do Novo Testamento foi
precisamente isto – outra “história” – e enfraquece seriamente a fundação histórica essencial
da fé cristã. (os negritos são meus)

           • Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
           • Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as
             cortinas de Salomão.
           • Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro.
           • Eu sou a rosa de Saron [Sharon], o lírio dos vales;
           • Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso.
           • Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me;
             tiraram-me o manto os guardas dos muros.
                                                          (Cântico dos Cânticos 1:2,5,12; 2:1; 1:16 e 5:7)
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CÂNTICO DOS CÂNTICOS: A MORTE DE JESUS COMO DRAMA TEATRAL?

  • 1. Cântico dos Cânticos e Hierogamos: Um drama teatral da morte de Jesus? O Cântico dos Cânticos descreve o amor e casamento de Salomão com uma jovem denominada Sulamita. Por um lado, segundo os judeus, essa poesia antiquíssima descreve o amor de Deus por sua esposa, a terra de Israel; por outro, segundo Roma, descreve o amor do filho de Deus, que sofreu e morreu por sua esposa, a Igreja, ainda que esta não existisse na época. Contudo, a epopeia de descida de Inanna aos mundos inferiores em busca do seu amado pastor Dumuzi eventualmente, se converteria na liturgia do ritual sagrado do Hierogamos, quando, como cantado em prosa e verso no Cântico dos Cânticos de Salomão, o noivo encarnaria o “arquétipo” do noivo sagrado que, depois da unção com banha de crocodilo para se tornar um Messeh (Messias), “seria torturado, mutilado, executado e descido ao túmulo. Como relata Margaret StarbirdT1: Penso que os dois juntos [Jesus e Maria Madalena], encarnam o “arquétipo” da noiva e do noivo sagrados dos velhos cultos das “deusas” do Oriente Médio. (...) Quando Maria ungiu Cristo, no banquete de Bethânia, ela estava reencarnando a antiga liturgia do “hierogamos”, ritos comuns naquela época. Era prerrogativa da noiva ungir o seu noivo, que seria depois torturado, mutilado, executado e descido ao túmulo. No terceiro dia, nas antigas liturgias, a noiva retornaria, com as outras mulheres ao túmulo do seu bem amado e o encontraria ressuscitado no jardim! Nos evangelhos, é Maria Madalena quem, no papel da viúva enlutada, encontra o seu noivo, ressuscitado, no jardim. Para ele, ela era a “irmã-esposa”, no “Jardim fechado” do Cântico dos Cânticos. É neste contexto que Samuel Noah Kramer2 em seu livro, The Sacred Marriage Rite: Aspects of Faith, Myth and Ritual in Ancient Sumer (O Rito do Matrimônio Sagrado: Aspectos de Fé, Mito e Ritual na Remota Suméria) não só endossa as palavras de Starbird, como vai além, afirmando que as implicações das semelhanças entre o culto Dumuzi-Innana, Cântico dos Cânticos e o Novo Testamento, com respeito ao tema do deus morto (a morte de Jesus) sugerem o culto sumério Dumuzi-Innana como precursor tanto do Cântico dos Cânticos, quanto do sofrimento e morte de Jesus, colocando este tema central do Novo Testamento na categoria de drama teatral e não real, o que “enfraquece seriamente a fundação histórica essencial da fé cristã.” Segue abaixo um excerto do trabalho de Lloyd Carr abordando a opinião revisionista de Kramer: 1 Maria Madalena e o Santo Graal – A Mulher do Vaso de Alabastro 2 Samuel Noah Kramer, professor Dr. de reconhecida notoriedade internacional, hoje falecido, decifrador, tradutor e pesquisador de sumério, era também professor do Departamento de Estudos Orientais da Universidade da Pensilvânia, onde trabalhou junto com Efraim Avigdor Speiser, que viria a tornar-se uma das mais importantes figuras do mundo dos estudos da Antiguidade do Próximo Oriente. Speiser estava tentando decifrar os tabletes de argila com escrita cuneiforme, e foi aqui que Kramer iniciou a sua longa carreira trabalhando na decifração do sistema de escrita cuneiforme. Kramer obteve o seu doutoramento em 1929, e destacou-se pela decifração de placas com escrita cuneiforme espalhadas no acervo de museus por todo o mundo.
  • 2. CÂNTICO DOS CÂNTICOS: DRAMA DO MATRIMÔNIO SAGRADO? Por G. Lloyd Carr (Ph.D., Boston University, professor emérito de estudos bíblicos e teológicos e chairman da divisão de humanidades no Gordon College em Wenham, Massachusetts) Uma das mitologias predominantes no estudo do Velho Testamento é o Cântico dos Cânticos que é realmente um “script” teatral que nos foi preservado pela comunidade judaica como parte das Escrituras Sagradas somente porque sua verdadeira natureza foi obscurecida e esquecida. Quer alguém se aventure a reconstruir o drama como Calvin Seerveld fez, quer com Samuel Noah Kramer, concluiremos que o Cânticos dos Cânticos, “em nossa incontestável forma expurgada”, inclui algumas “canções de amor apaixonadas e rapsódicas... as quais são cultuais em sua origem e eram cantadas no decurso do hierogamos ou “matrimônio sagrado” entre um rei e uma devota de Astarte, a Deusa Cananita do amor e procriação, adorada até mesmo por um tão sábio rei hebreu como o grande Salomão”. Ainda que Kramer abstenha-se de afirmar efetivamente que o Cântico dos Cânticos seja o ritual do matrimônio sagrado como agora é certo, seu argumento sugere fortemente que este é precisamente o caso. Somente por este motivo, ele argumenta, que o sensual e erótico livro “com forte cheiro de amor e paixão, de luxúria e desejo... passou pelos aguçados olhos dos austeros e puritanos rabis para os quais castidade, virgindade e pureza sexual eram sacrossantos.” Ele continua afirmando que em sua opinião a teoria proposta por T. J. Meek de que o Cântico dos Cânticos é “uma forma modificada da antiga liturgia hebraica de celebração da união e casamento do deus sol com a deusa mãe que floresceu nos primeiros dias na mesopotâmia” é “essencialmente saudável e construtiva”. O livro de Kramer é uma magistral apresentação desta teoria de forma modificada e um livro estimulante por seu próprio direito. Ele apresenta a evidência de numerosos paralelos encontrados não somente entre o culto de Dumuzi-Innana e o Cântico dos Cânticos mas também entre o culto Dumuzi-Innana e o Novo Testamento – especificamente, implicações de que a “história de Cristo... deve ter tido precursores e protótipos,” o mais importante dos quais foi o tema do deus morto. Estas implicações sugerem que a “história” do Novo Testamento foi precisamente isto – outra “história” – e enfraquece seriamente a fundação histórica essencial da fé cristã. (os negritos são meus) • Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho. • Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. • Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro. • Eu sou a rosa de Saron [Sharon], o lírio dos vales; • Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso. • Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros. (Cântico dos Cânticos 1:2,5,12; 2:1; 1:16 e 5:7)