2. 2
O CRISTÃO DEVE GUARDAR
O SÁBADO E DAR O DÍZIMO?
Edinaldo Nogueira
E-mail: nogueira.edinaldo@gmail.com
3. 3
Dedicatória
Dedico este livro a Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo que me
concedeu graça. A Ele seja a glória
para todo sempre em Cristo Jesus no
poder do Espírito Santo!
À minha digníssima e amada
esposa, Claudete Nogueira, por sua
compreensão e amor e aos nossos
filhos Letícia e Renan e a sua esposa
Aline.
Aos meus pais, Paulo e Marleide
e meus queridos irmãos e irmãs:
Edileuza, Fátima, Ednardo, Edvaldo,
Eduardo e Paula.
À todos os ministros e obreiros
da Assembleia de Deus do Campo de
Messejana.
E a todos os leitores dedico este
livro.
4. 4
SUMÁRIO
Introdução ............................................. 08
I. Quem é o Povo de Deus? ...................... 09
1. Israel é o povo de Deus
2. Se Israel é o povo escolhido de Deus, então,
quem é a Igreja?
3. Os privilégios de Israel como povo escolhido
de Deus
4. Quais são os sinais distintivos que
marcariam o povo de Deus?
5. O que Israel deve fazer para permanecer
como povo eleito?
6. O Messias veio para salvar Israel e
congrega-lo novamente como povo de Deus
7. O novo Israel restaurado e congregado foi
feito Igreja por Jesus Cristo
8. Na nova aliança de Cristo com Israel o
sábado foi abolido?
9. Qual a missão do novo Israel na nova
aliança?
II. Os Gentios Incluídos no Povo de Deus!.. 30
1. A igreja dos gentios substituíram Israel
como povo de Deus?
2. A igreja dos gentios deve guardar o sábado
e a circuncisão?
5. 5
III. Os Gentios e o Sábado .......................... 37
1. Os patriarcas não guardavam o sábado
2.Jesus Cristo é o Senhor do sábado
3.Jesus permitiu que seus discípulos fizesse o
bem no dia de sábado
4.Jesus nos ensinou que o sábado deve
beneficiar as pessoas e não oprimi-las
5.Jesus não guardava o sábado segundo a
tradição dos anciãos
6. Jesus é maior do que o templo
7.Jesus não proibiu as pessoas de fazer as
tarefas domésticas no sábado
8.Os apóstolos de Cristo isentaram os gentios
do sábado
9. Pareceu bem ao Espírito Santo não impor o
sábado sobre os gentios
10. O dia de descanso semanal como
princípio bíblico
11. O sábado no Reino de Cristo
IV. Quem é a Igreja de Deus na Nova Aliança? 82
1. A Igreja de Deus na nova aliança é o Israel
que tem fé em Jesus Cristo
2. Os privilégios de Israel foram transferidos
para a Igreja de Deus
3. Os judeus rejeitaram Jesus como Rei
messiânico de Israel?
4. Os gentios foram enxertados no novo Israel
5. O Israel nacional da Palestina será salvo?
6. 6
V. A Igreja Deve Guardar a Lei de Deus? ........ 95
1. A antiga aliança foi abolida e estabelecida
uma nova aliança
2. Na nova aliança, o sacerdócio levítico foi
substituído pelo sacerdócio de Cristo
3. Na nova aliança, o antigo templo foi
substituído pelo novo templo
4. Na nova aliança, as leis civis, jurídicas e
sociais se tornaram em princípios cristãos
5. Na nova aliança, a lei de Deus é o fruto da
justiça de Cristo na vida do crente
6. Na nova aliança, a lei de Moisés não foi
abolida, mas adaptada à graça de Deus
7. Na nova aliança, o crente recebe o Espírito
Santo que lhe dá poder para obedecer a lei
de Deus
8. Na nova aliança, os gentios não precisam
observar os costumes da lei judaica
9. Na nova aliança, os gentios não precisam
guardar o sábado
10.Na nova aliança, o sábado não foi abolido
dos dez mandamentos
11. Na nova aliança, o sábado continua sendo
o ‘sábado do descanso, santo ao Senhor’
VI. O Cristão e o Domingo .............................. 113
1. Na nova aliança o sábado foi substituído
pelo domingo?
7. 7
2. Na nova aliança o sábado é o selo de Deus
e o domingo é o selo da Besta?
3. O domingo tornou-se um dia especial de
culto para os cristãos
4. Como o domingo se tornou um
mandamento no lugar do sábado?
5. Qual a posição teológica da Assembleia de
Deus em relação ao sábado e ao domingo?
6. O domingo é um dia de celebração de culto
ao Senhor
VII. O Cristão Deve Dar o Dízimo? .................. 140
1. O funcionamento do dízimo no sistema
levítico
2. Cristo Aboliu na cruz todo o sistema levítico
3. Cristo aboliu o dízimo? Como assim!? Então,
por que nós damos o dízimo!?
4. Cristo instituiu uma nova classe sacerdotal
e um novo sistema de dízimo
5. Como funciona o sacerdócio de Cristo e dos
cristãos
6. O ministério de Jesus Cristo como sumo
sacerdote no tabernáculo celestial
7. O cristão dar o dízimo na nova aliança não
é antibíblico
Bibliografia ............................................... 185
8. 8
INTRODUÇÃO
O cristão deve guardar o sábado? A lei foi
abolida? O domingo substituiu o sábado como dia
de descanso? Se os cristãos não guardam o sábado
porque a antiga aliança foi abolida, então, por que
eles devem dar o dízimo?
Essas perguntas são pertinentes para os cristãos
que levam a sério o estudo da palavra de Deus. Pois,
não podemos aceitar uma doutrina apenas porque
a nossa igreja ensina, mas temos que ter a nossa
própria convicção pessoal baseada em argumentos
bem fundamentados nas Escrituras.
Não podemos ir além do que está escrito (1ª Co
4.6), mas, como cristãos bereanos temos que
examinar cada dia nas Escrituras se estas coisas são
assim (At 17.11), exercitar nossas faculdades para
discernir a doutrina sólida da fé (Hb 5.12-14), e
então, examinar e provar a nós mesmos se estamos
na verdadeira fé cristã (2ª Co 13.5).
Leia esse livro e conclua por si mesmo se o
cristão deve guardar o sábado e dar o dízimo?
Edinaldo Nogueira,
Dezembro de 2018
9. 9
Antes de falar diretamente sobre o sábado,
acho necessário abordar alguns assuntos
importantes que estão relacionados ao sábado e sua
compreensão.
I. Quem é o Povo de Deus?
1. Israel é o povo de Deus
Israel é o povo de Deus, a nação escolhida do
Senhor. Quero citar alguns textos dos vários textos
das Escrituras Sagradas que provam que Israel é o
povo de Deus.
Deuteronômio 4.6: ‘Porque povo santo és
ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te
escolheu, para que lhe fosses o seu povo
próprio, de todos os povos que sobre a
terra há’.
Deuteronômio 4.37: ‘Porquanto amava
teus pais, e escolhera a sua semente depois
deles, e te tirou do Egito diante de si, com
a sua grande força’.
Salmo 135.4: ‘Porque o Senhor escolheu
para si a Jacó e a Israel, para seu tesouro
peculiar’.
10. 10
Além desses textos, há muitos outros que
comprovam que a nação de Israel é o povo escolhido
do Senhor, mas acredito que esses são suficientes.
2. Se Israel é o povo escolhido de Deus, então, quem
é a Igreja?
Quer dizer, como fica a Igreja diante da eleição
de Israel? O termo ‘igreja’ significa “reunião’,
‘assembleia’ e ‘congregação’ do povo de Deus para
adoração. Então a Igreja é a congregação de Israel.
Quando o povo de Israel se reunia para adorar
a Deus, seja no monte Sinai, no Tabernáculo ou no
Templo, ali estava a Igreja, pois igreja é isto: uma
reunião. Não confunda igreja com o templo físico, o
templo era apenas o local de reunião da igreja.
Portanto, a Igreja é a congregação de Israel
reunida para adorar a Deus. Vamos ler 1° Reis 8.5:
‘E o rei Salomão e toda a congregação de
Israel que se congregara a ele estavam
todos diante da arca, sacrificando ovelhas
e vacas, que se não podiam contar, nem
numerar pela multidão’.
Lembrando que o termo grego para
‘congregação’ é ‘eclesia’, por isso que na
Septuaginta lemos ‘toda a igreja de Israel’. Assim,
‘congregação’ em hebraico é ‘qaal’, em grego
‘eclesia’ e em português ‘igreja’.
11. 11
Esses termos significam ‘reunião, ‘assembleia’ e
‘congregação’. Portanto, quando o povo de Israel se
reunia para adorar a Deus ali estava a igreja.
Por isso concluímos que o povo de Deus é Israel,
e a Igreja é Israel congregado em reunião de
adoração a Deus.
3. Os privilégios de Israel como povo escolhido de
Deus
Israel como povo escolhido de Deus gozava de
certos privilégios que não foram outorgados a
nenhuma outra nação do mundo.
Israel é o povo especial e peculiar de Deus, as
demais nações são os gentios, povos que não
conhecem a Deus, enquanto que, Israel é o povo que
conhece o Seu Deus. Vamos ler Romanos 9.4,5:
‘São israelitas, dos quais é a adoção de
filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o
culto, e as promessas; dos quais são os pais,
e dos quais é Cristo, segundo a carne, o
qual é sobre todos, Deus bendito
eternamente. Amém!’.
Tudo pertence ao povo de Israel! Até mesmo o
Cristo, que é Deus bendito eternamente. Todos os
profetas eram judeus, todos os patriarcas eram
hebreus e todos os que invocavam a Deus eram
israelitas. Então, se alguém quisesse pertencer ao
povo de Deus tinha que se tornar um judeu.
12. 12
Romanos 3.1,2: ‘Que vantagem há então
em ser judeu, ou que utilidade há na
circuncisão? Muita, em todos os sentidos!
Principalmente porque aos judeus foram
confiadas as palavras de Deus’.
Quais são os privilégios ou as vantagens em ser
judeu? Paulo dirá: ‘Muita, em todos os sentidos!’.
Os judeus foram constituídos como guardiões
das Escrituras. Foram os judeus que nos
transmitiram, de maneira fiel, as Escrituras da
Palavra de Deus. Quem escreveu as Escrituras? Os
judeus! Tanto o Antigo como também, o Novo
Testamento. Todos eram judeus. Encontraremos
apenas uma exceção no Novo Testamento, talvez, o
autor dos livros de Lucas, que era um grego.
Ao mais, toda a Bíblia foi escrita por judeus,
copiada, guardada, conservada e transmitida por
eles. Enfim, Israel goza de muitos privilégios por ser
o povo especial do Deus vivo e eterno
Deuteronômio 33.29: ‘Bem-aventurado és
tu, ó Israel! Quem é como tu, um povo
salvo pelo Senhor...’
Um dos grandes privilégio de Israel é que essa
nação foi eleita como povo do Reino do Descendente
de Davi, o Messias, que há de governar sobre todas
as nações da terra a partir de Jerusalém. Portanto,
Israel será as primícias e o primogênito com direitos
13. 13
as maiores bênçãos e há de ser que a nação e o reino
que não servir Israel perecerão (Is 60.12).
4. Quais são os sinais distintivos que marcariam o
povo de Deus?
Além de Deus ter escolhido a nação de Israel
como Seu povo eleito, o Senhor ainda deu alguns
sinais que caracterizavam Israel como Seu único
povo. Significando que esses sinais apenas Israel tem,
e não mais nenhuma outra nação. Deus deu apenas
a nação de Israel.
Quais são esses sinais? As alianças, a
circuncisão, o sábado e a lei. O único povo na face da
Terra que recebeu as alianças de Deus, a saber: a
aliança abraâmica, a aliança mosaica, a aliança
davídica e a nova aliança, foi o povo de Israel.
Nenhuma outra nação recebeu a lei de Deus a
não ser a nação de Israel. Israel recebeu a lei de Deus
ditada pela própria boca de Deus. Além de Israel
ouvir a voz audível de Deus do monte Sinai ditando
os dez mandamentos, Deus também escreveu-os
com seu próprio dedo e lhes entregou.
A ponto de Moisés indagar:
‘Que povo ouviu a voz de Deus falando do
meio do fogo, como vocês ouviram’ (Dt
4.33). ‘Pois, que grande nação tem um
Deus tão próximo como o Senhor, o nosso
Deus, sempre que o invocamos?’ (Dt 4.7).
14. 14
Deus deu o sábado como sinal distintivo para a
nação de Israel. Vamos ler Êxodo 31.13,16,17:
Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo:
Certamente guardareis meus sábados,
porquanto isso é um sinal entre mim e vós
nas vossas gerações; para que saibais que
eu sou o Senhor, que vos santifica.
Guardarão, pois, o sábado os filhos de
Israel, celebrando o sábado nas suas
gerações por concerto perpétuo. Entre
mim e os filhos de Israel será um sinal para
sempre; porque em seis dias fez o Senhor
os céus e a terra, e, ao sétimo dia,
descansou, e restaurou-se’.
O sábado é um dos sinais que identificava Israel
como povo de Deus. Não existe outro povo aquém
Deus deu o sábado como dia santo para adorar a
Deus. Pode-se dizer que o sábado é o sinal da
aliança que Deus fez com Israel no monte Sinai.
O teólogo Esequias Soares escreveu:
‘É o sétimo dia da semana no calendário
judaico, marcado para repouso e
adoração. Foi introduzido no mundo pela
lei; é o sábado legal dado aos israelitas no
Sinai. Nenhum outro povo na história
recebeu a ordem para guardar esse dia; é
exclusividade de Israel (Êx 31.13,17). O
sábado e a circuncisão são os dois sinais
15. 15
distintivos do povo judeu ao longo dos
séculos (Gn 17.11)’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).
Além do sábado, a circuncisão também é um
sinal distintivo de Israel.
O judeu trazia na sua própria carne o sinal de
que ele pertencia a Deus. Todos os judeus estão
marcados com a circuncisão. Em época de
perseguição contra os judeus para não haver
dúvidas bastava mandar baixar as calças de um
judeu.
A circuncisão foi dada a Abraão pelo próprio
Deus como sinal da aliança abraâmica que marcava
seus descendentes como povo de Deus para possuir a
terra de Canaã como sua herança perpétua.
Era tão essencial que se algum homem cuja
carne do prepúcio não fosse circuncidada, seria
extirpado do povo de Deus, pois quebrantou a
aliança de Deus com Abraão (Gn 17.1-14).
A circuncisão tornou-se um rito de iniciação na
entrada do povo de Deus que mais tarde será
revelado seu verdadeiro significado que é a
circuncisão do coração ou a transformação do
homem interior ou o novo nascimento e também
será substituída por outro rito, o batismo nas águas
(Dt 10.16; 30.6; Rm 2.28,29; Fp 3.3; Cl 2.11-13; 3.9-11).
Por isso que ao iniciar a era do Messias, João
Batista, seu percurso, anunciou o batismo nas águas
para arrependimento e remissão de pecados a fim
de preparar o povo de Israel para a vinda do Senhor.
E, que apenas ser filho de Abraão na carne por causa
16. 16
da circuncisão física não era suficiente para a
entrada no Reino de Deus (Lc 1.17; Mt 3.1,2,6-9).
Porém, João Batista também reconheceu que o
seu batismo nas águas era apenas um rito simbólico
do real batismo operado por Cristo, que é o batismo
com o Espírito Santo que tem o poder de produzir um
coração novo e um espírito novo.
Essa é a circuncisão feita por Cristo, pela qual
somos libertados do poder da natureza pecadora e
feitos novas criaturas (Mt 3.11; Ez 36.26,27; Cl 3.11-13;
2ª Co 5.17; Gl 6.15).
5. O que Israel deve fazer para permanecer como
povo eleito?
Para que Israel permanecesse como povo
eleito, santo e justo de Deus tinha que guardar a Lei
e a aliança.
Toda a aliança tem seus direitos e deveres.
Israel recebeu muitos direitos ou privilégios como
povo de Deus, mas, também, tinha seus deveres ou
obrigações para obedecer a fim de permanecer
nesses privilégios.
Êxodo 19.5,6: ‘Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, então, sereis
a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é
minha. E vós me sereis reino sacerdotal e
17. 17
povo santo. Estas são as palavras que
falarás aos filhos de Israel’.
Deuteronômio 28.9: ‘O Senhor te
confirmará para si como povo santo, como
te tem jurado, quando guardares os
mandamentos do Senhor teu Deus, e
andares nos seus caminhos’.
As condições para Israel ser confirmado como
reino sacerdotal e povo santo de Deus era: ser fiel em
guardar a aliança e obedecer as leis que o Senhor lhe
entregou.
Entretanto, sabemos que no decorrer de sua
história, conforme registrada nas Escrituras, Israel
quebrou as leis de Deus em várias ocasiões e em
várias vezes. Por isso o Senhor rejeitou Israel como
seu povo. Porém, essa rejeição não é definitiva e
nem para sempre, mas uma rejeição temporária.
Pois, o próprio Deus prometeu através de seus
profetas restaurar a nação de Israel como seu povo
e estabelecer com ele uma nova aliança através do
Messias. Vamos ler Jeremias 31.31,32:
‘Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que
farei uma nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá. Não conforme
a aliança que fiz com seus pais, no dia em
que os tomei pela mão, para os tirar da
terra do Egito, porquanto eles
18. 18
invalidaram a minha aliança, apesar de
eu os haver desposado, diz o Senhor’.
Note que na primeira aliança o Senhor
desposou com Israel, isto é, fez um contrato de
casamento, mas Israel, tal como uma esposa infiel,
quebrou o contrato de casamento e desfez a aliança.
Deus, através do profeta Jeremias, lhe dá carta de
divórcio como está escrito: ‘eu despedi a pérfida
Israel e lhe dei carta de divórcio’ (Jr 3.8).
Mas, depois, o Senhor promete contrair novas
núpcias com Israel conforme retratado no livro de
Oséias.
‘Desposar-te-ei comigo para sempre;
desposar-te-ei comigo em justiça, e em
juízo, e em benignidade, e em
misericórdias; desposar-te-ei comigo em
fidelidade, e conhecerás ao Senhor’ (Os
2.19,20).
Então, o Senhor faz uma nova aliança com
Israel. Esse novo contrato de casamento, por assim
dizer, não seria igual ao velho contrato, pois no
velho contrato, Deus exigiu que Israel guardasse a
Lei, mas no novo contrato, o Senhor diz:
‘Porque esta é a aliança que firmarei com
a casa de Israel, depois daqueles dias, diz
o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as
minhas leis, também no coração lhes
19. 19
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão
o meu povo’ (Jr 31.33).
Escrevendo as suas leis em seus coração, não
mais em tábuas de pedra, Deus fará com que Israel
tenha poder de andar nos caminhos do Senhor
conforme lemos em Ezequiel 11.19,20:
‘Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo
porei dentro deles; tirarei da sua carne o
coração de pedra e lhes darei coração de
carne; para que andem nos meus
estatutos, e guardem os meus juízos, e os
executem; eles serão o meu povo, e eu serei
o seu Deus’.
Ezequiel 36.26-28: ‘Dar-vos-ei coração
novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos
darei coração de carne. Porei dentro de
vós o meu Espírito e farei que andeis nos
meus estatutos, guardeis os meus juízos e
os observeis. Habitareis na terra que eu
dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e
eu serei o vosso Deus’.
Que nova aliança é essa? O evangelho da graça
de Deus. Baseando nessa nova aliança, Jesus Cristo
veio para salvar o povo de Israel conforme Mateus
1.21:
‘...lhe porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos pecados deles’.
20. 20
Qual é o povo do Messias? Israel. Então, o
Messias veio para salvar Israel.
Quando aquela mulher suplicou que Jesus
curasse a sua filha, Jesus respondeu:
‘Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel’ (Mt 15.24).
O Messias veio para restaurar Israel como povo
de Deus e firmou com ele uma nova aliança.
6. O Messias veio para salvar Israel e congrega-lo
novamente como povo de Deus
Entretanto, para isso Israel deverá ter fé que
Jesus é o Messias, quer dizer, o Cristo, Filho do Deus
vivo.
Qualquer judeu que tivesse fé em Jesus como
Messias era incluído nesse novo Israel, salvo e
congregado no Messias.
Quando o Messias Jesus Cristo veio, a nação de
Israel, de modo geral, não creu nele, mas aqueles
judeus dentre a nação que creram nele foram
constituídos o povo de Deus da nova aliança. Passou,
então, existir dois Israel: o Israel que rejeitou a Cristo
e o Israel que recebeu a Cristo. O Israel que recebeu
a Cristo, Jesus fez com ele uma nova aliança.
Doravante, a nação terrena de Israel para
pertencer ao Israel da nova aliança tem que crer no
evangelho, pois, agora, todas as promessas de
21. 21
Abraão e as bênçãos do Reino de Davi pertencem ao
novo Israel do Messias.
Os da nação terrena de Israel tem
oportunidade de se converterem até a vinda de
Cristo, caso contrário, enfrentarão o juízo e a
destruição como qualquer outra nação.
Então, esses judeus que creram no Messias
foram restaurados como povo de Deus e edificados
como a Igreja de Jesus Cristo. Enquanto, que os
demais judeus são rejeitados durante o tempo que
permanecerem na incredulidade.
Vamos ler Romanos 11.23:
‘Eles também, se não permanecerem na
incredulidade, serão enxertados; pois
Deus é poderoso para os enxertar de
novo’.
7. O novo Israel restaurado e congregado foi feito
Igreja por Jesus Cristo
O novo Israel é chamado de remanescente salvo
segundo a eleição da graça e também de selados de
todas as tribos de Israel, cujo número são 144 mil
israelitas. Vamos ler Romanos 9.27:
‘Mas, relativamente a Israel, dele clama
Isaías: Ainda que o número dos filhos de
Israel seja como a areia do mar, o
remanescente é que será salvo’.
22. 22
Romanos 11.5: ‘Assim, pois, também
agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da
graça’.
Apocalipse 14.1: ‘Olhei, e eis o Cordeiro em
pé sobre o monte Sião, e com ele cento e
quarenta e quatro mil, tendo na fronte
escrito o seu nome e o nome de seu Pai’.
Recapitulando, Deus elegeu dentre todas as
nações da terra uma nação para ser seu povo
escolhido e particular, Israel, fez aliança com esse
povo e deu-lhe várias promessas e sinais que o
identificasse. Porém, esse povo foi infiel a Deus
várias vezes, entretanto, o Senhor prometeu
restaura-lo quando viesse o Messias e que o Messias
faria com ele uma nova aliança.
O Messias veio, nasceu, exclusive, na terra de
Israel como judeu, morreu por esse povo e fez com
ele uma nova aliança. E todo aquele judeu dentre a
nação de Israel que acreditou em Jesus como o Cristo
prometido tornaram-se o novo Israel, o Israel da
nova aliança. E o Israel da nova aliança, o Senhor
chamou para ser a sua Igreja, a noiva do Cordeiro.
Quando Jesus Cristo instituiu a nova aliança
com Israel? Foi por ocasião da última ceia pascal
com seus doze apóstolos como representantes do
novo Israel. Ali, Jesus ergue o cálice e diz:
23. 23
‘Este é o cálice da nova aliança no meu
sangue derramado em favor de vós. Assim
como meu Pai me designou um reino, eu
vo-lo designo, para que comais e bebais à
minha mesa no meu reino; e vos
assentareis em tronos para julgar as doze
tribos de Israel’ (Lc 22.20,29,30).
A nova aliança foi instituída nessa ocasião, e
quando Jesus subiu na cruz sancionou a aliança com
o seu sangue.
8. Na nova aliança de Cristo com Israel o sábado foi
abolido?
Uma vez que Jesus Cristo fez com Israel uma
nova aliança isso significa que o sábado foi abolido?
Como sabemos, o sábado era o sinal que
identificava Israel como povo da antiga aliança.
Então, o fato de Jesus Cristo ter instituído uma nova
aliança, o sábado foi abolido?
Não! Pois os judeus convertidos a Jesus Cristo
continuavam a guardar o sábado e muitos outros
costumes de Moisés como a circuncisão e as leis
acerca dos alimentos. Vamos ler Atos 21.20
‘...Bem vês, irmão, quantas dezenas de
milhares há entre os judeus que creram, e todos
são zelosos da lei’.
24. 24
O teólogo Esequias Soares, em seu Manual de
Apologética Cristã, escreveu o seguinte sobre os
costumes judaicos:
‘O judeu convertido à fé cristã que quiser
guardar o sábado por convicção religiosa
pessoal não está desviado por isso, pois o
apóstolo Paulo diz que uns fazem
separação de dia, outros acham que
podem comer de tudo. Veja Romanos 14.1-
6. Convém lembrar que o apóstolo está
falando aos judeus cristãos de Roma, por
causa da sua cultura religiosa, e não aos
gentios. Ainda hoje muitos deles
usam kipar e talit (solidéo e manto),
observam o kash’rut (leis dietéticas
prescritas por Moisés) e guardam o
sábado. Isso o fazem meramente para não
perderem sua identidade nacional, é uma
questão cultural e não condição para
salvação. Isso é diferente dos gentios
convertidos a Cristo, pois o apóstolo
deixou claro que tais práticas são um
retrocesso espiritual: ‘Guardais dias, e
meses e tempos, e anos. Receio de vós que
haja trabalhado em vão para convosco’
(Gl 4.10,11)’ (págs. 293,294, CPAD, 2002).
Portanto, os judeus convertidos à nova aliança
guardavam a lei de Moisés, inclusive o sábado, mas
25. 25
não mais como condição de salvação, mas para
manter sua identidade cultural e sua raiz judaica.
Uma certa obra destacou:
‘“[Os judeus cristãos] ainda mantinham o
seu modo judaico de viver, circuncidavam
os seus filhos, comiam alimento puro,
guardavam o sábado, etc”. Isto
indubitavelmente facilitou a conversão de
“muitos milhares” (Atos 21:20) de judeus,
porquanto a aceitação do evangelho não
exigia significativas mudanças em seu
estilo de vida’ (Do Sábado para o
Domingo, pág.85, Samuele Bacchiocchi).
9. Qual a missão do novo Israel na nova aliança?
Após convertido à nova aliança, qual a missão
do novo Israel? Levar o evangelho a todas as nações.
Quando Cristo fez aliança com Israel e
constituiu aqueles judeus crentes como novo Israel
restaurado, lhes deu a missão de levar a luz do
evangelho aos gentios.
Ou seja, depois que Israel for restaurado e
congregado pelo Messias deverá levar a luz do
evangelho aos gentios. Vamos ler Isaías 49.6:
‘Pouco é que sejas o meu servo, para
restaurares as tribos de Jacó e tornares a
trazer os remanescentes de Israel;
também te dei para luz dos gentios, para
26. 26
seres a minha salvação até à extremidade
da terra’.
Eu gosto da Tradução Linguagem de Hoje que
diz: ‘O Senhor me disse:
“Você não será apenas o meu servo que
trará de volta os israelitas que ficaram
vivos e criará de novo a nação de Israel.
Eu farei também com que você seja uma
luz para os outros povos a fim de levar a
minha salvação ao mundo inteiro’.
Conforme essa profecia, o Messias viria e
restauraria as tribos de Israel, e depois de
restaurada as tribos de Israel, deveria levar a luz
para os gentios.
De fato, o Messias veio chamou doze apóstolos
e os constitui como juízes sobre Israel, ou seja, um
apóstolo como representante sobre cada tribo, e
como representantes ou cabeças do Israel
restaurado, estabeleceu diante deles a aliança com
Israel, lhes confiou o reino messiânico e lhes deu a
missão de levar o evangelho a todas as nações do
mundo começando por Jerusalém.
Desse modo, Deus tomaria um povo dentre os
gentios e o congregaria a Israel formando um só
povo de Deus.
Vamos ler Atos 15.13-17. Este texto trata do
Concílio da Igreja, seus delegados estão reunidos
para deliberar acerca de questões oficiais.
27. 27
Atos 15.13-17 diz: ‘E, havendo-se eles
calado, tomou Tiago a palavra, dizendo:
Varões irmãos, ouvi-me. Simão relatou
como, primeiramente, Deus visitou os
gentios, para tomar deles um povo para o
seu nome. E com isto concordam as
palavras dos profetas, como está escrito:
Depois disto, voltarei e reedificarei o
tabernáculo de Davi, que está caído;
levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a
edificá-lo. Para que o resto dos homens
busque ao Senhor, e também todos os
gentios sobre os quais o meu nome é
invocado, diz o Senhor, que faz todas estas
coisas’.
O profeta diz que Deus restauraria o
tabernáculo de Davi, e após essa restauração os
gentios se voltariam para Deus.
Note que Tiago considera a conversão dos
gentios na igreja primitiva, através da missão
apostólica, como cumprimento da profecia de Amós.
Logo, ele, também, deixa subtendido que a igreja de
Jerusalém, composta por judeus crentes no Messias,
é a restauração do tabernáculo de Davi.
O tabernáculo de Davi era aquela tenda que
Davi ergueu em Sião, na cidade de Jerusalém, não
havia ritualismos sacrificiais, formalismos
cerimoniais, e nem as mobílias sacerdotais, apenas a
arca da aliança representando a presença de Deus,
e os levitas com seus instrumentos e músicas
28. 28
louvando diariamente a Deus com salmos e
profetizando. O tabernáculo de Davi em Sião fazia
alusão a Igreja de Cristo (Hb 12.22-24).
De fato, o tabernáculo de Davi foi restaurado
no dia de pentecoste, registrado em Atos 2, quando
120 judeus receberam o Espírito Santo e com
acréscimo de mais 3 mil judeus, assim, aconteceu a
restauração de Israel e do tabernáculo de Davi, a
partir dali, esses judeus, cheios do Espírito Santo,
levam o evangelho aos gentios.
Inclusive, quando Paulo iniciou sua campanha
de pregação entre os gentios, antes do Concilio de
Jerusalém, cita o texto de Isaías 49.6 como
cumprimento dessa missão entre os gentios dizendo:
‘...eis que nos voltamos para os gentios.
Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu
te pus para luz dos gentios, para que sejas
de salvação até aos confins da terra. E os
gentios, ouvindo isto, alegraram-se e
glorificavam a palavra do Senhor, e
creram todos quantos estavam ordenados
para a vida eterna (At 13.46-48).
Vamos ler Romanos 15.8-12:
‘Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da
circuncisão, por causa da verdade de
Deus, para que confirmasse as promessas
feitas aos pais; e para que os gentios
glorifiquem a Deus pela sua misericórdia,
29. 29
como está escrito: Portanto, eu te louvarei
entre os gentios e cantarei ao teu nome. E
outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o
seu povo. E outra vez: Louvai ao Senhor,
todos os gentios, e celebrai-o todos os
povos’.
Alegrai-vos gentios com Israel! Irmãos, a maior
prova que Deus salva pessoas não eleitas e não
predestinadas é a salvação dos gentios. Porque
gentios são povos não eleitos, não foram escolhidos.
O eleito e o escolhido é o povo de Israel.
Agora, na graça, Deus salva o não eleito! Se
Deus salvasse somente os predestinados, então, só o
povo de Israel se salvaria. Pois Israel é o único povo
predestinado.
Porém, o fato de que Deus não salva apenas os
eleitos é a salvação dos gentios. Se você entender que
Israel é a única nação escolhida por Deus dentre
todas as nações compreenderá que não existe
gentios predestinados, e não quebrará a cabeça
tentando entender picuinhas teológicas entre
calvinistas e arminianos.
O povo escolhido é Israel. Porém, a misericórdia
de Deus estendeu a salvação aos gentios. Por isso
está escrito: Alegrai-vos gentios com Israel, o povo de
Deus, pois vocês alcançaram a misericórdia de Deus.
E além do mais, a promessa feita a Abraão
para ser pai de muitas nações já indicava a
participação dos gentios nas suas bênçãos.
30. 30
Gálatas 3.8,14: ‘Ora, tendo a Escritura
previsto que Deus havia de justificar pela
fé os gentios, anunciou primeiro o
evangelho a Abraão, dizendo: Todas as
nações serão benditas em ti. Para que a
bênção de Abraão chegasse aos gentios
por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós
recebamos a promessa do Espírito’.
II. Os Gentios Incluídos no Povo de Deus!
1. A igreja dos gentios substituíram Israel como povo
de Deus?
As igrejas dos gentios não substituíram Israel
como povo de Deus, pelo contrário, judeus e gentios
em Cristo formam a Igreja
Paulo, em sua carta aos Romanos, se dirigindo
aos gentios disse: ‘Não se orgulhem contra os
judeus!’. Pois, os gentios pensavam que eles eram a
Igreja e que Deus rejeitou Israel. Mas, não é assim! A
Igreja é Israel, e os gentios são chamados a
participarem dessa Igreja.
Vamos ler Romanos 9.24,25:
‘Os quais somos nós, a quem também
chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios? Como também
diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que
não era meu povo; e amada, à que não
era amada’.
31. 31
Paulo se refere aos gentios quando diz: ‘...não
era meu povo... não era amada’. Os gentios não
foram amados, apenas Jacó foi amado. ‘Amei Jacó e
aborreci Esaú’ (Rm 9.13). Esaú, de onde provém os
edomitas, são gentios.
Agora prestem atenção em Romanos 9.26:
‘E sucederá que no lugar em que lhes foi
dito: Vós não sois meu povo, aí serão
chamados filhos do Deus vivo’.
Irmãos, nós, gentios, temos muitos motivos de
louvarmos a Deus pela salvação. Pois não éramos
filhos de Deus, e sim, somente os judeus. Mas, agora,
somos chamados, também, de filhos de Deus.
Quando a Escritura fala do ‘mistério oculto’
não se refere a Igreja, mas a entrada dos gentios na
Igreja. Esse é o mistério oculto! Algo que não foi
revelado aos patriarcas e profetas. Ou seja,
antigamente, para que os gentios pudessem se
tornar povo de Deus tinham que primeiro se
tornarem judeus. Mas, agora, em Cristo, os gentios
se tornam povo de Deus sem precisar se tornarem
judeus.
Este é o grande mistério de Deus: fazer com que
pessoas que não pertenciam a nação de Israel se
tornassem participantes do povo de Deus.
O que teria acontecido se Israel como nação
tivesse reconhecido Jesus como Messias? Os gentios se
tornariam povo de Deus!? As nações gentílicas
teriam sido alcançadas, mas não teriam os mesmos
32. 32
privilégios de Israel. O Israel nacional seria o Reino
de Jesus e os gentios seriam nações subordinadas ao
governo messiânico como súditos, e não como reis e
juízes.
As parábolas de Jesus em que o pai de família
manda seus servos saírem as ‘ruas e becos da cidade’
para que se enche sua casa de ‘pobres, aleijados,
mancos e cegos’ se referem a entrada dos gentios na
Igreja? (Mt 22.1-10; Lc 14.21-23). Agora, também,
aplicamos essas parábolas aos gentios, mas, o
sentido primário, se refere aqueles judeus que
viviam à margem da sociedade de Israel e eram
proibidos de participarem da vida religiosa de Israel
por serem prostitutas, publicanos, pecadores,
galileus, leprosos e doentes.
Os rabinos se consideravam como Israel de Deus
e rejeitavam esses como ralé, povo maldito,
entretanto, Cristo veio, e não se associou com a elite
de Israel, mas procurou esses judeus marginalizados
e os constituiu como herdeiros do Seu Reino. Dando
margem para que, no futuro, entendêssemos que os
gentios também seriam incluídos no Reino.
No Antigo Testamento, temos notícia de uma
mulher gentílica e prostituta, chamada Raabe, que
se tornou membro do povo de Deus. Entretanto, a
graça demonstrada aos gentios foi maior que
demonstrada a Raabe e todos aqueles estrangeiros
na antiga aliança. Pois, todos eles se tornaram,
primeiramente, judeus, ao se submeterem a
circuncisão, ao sábado e a todos os costumes e leis de
33. 33
Israel, só, então, foram recebidos como membros do
povo de Deus.
Mas, na nova aliança os gentios aderiram ao
povo de Deus sem precisarem se tornar judeus ou
serem judaizantes ou prosélitos; sem precisar
observar todos aqueles sinais distintivos de Israel.
Vamos ler Efésios 3.3-6:
‘Isto é, o mistério que me foi dado a
conhecer por revelação, como já lhes
escrevi brevemente. Ao lerem isso vocês
poderão entender a minha compreensão
do mistério de Cristo. Esse mistério não foi
dado a conhecer aos homens doutras
gerações, mas agora foi revelado pelo
Espírito aos santos apóstolos e profetas de
Deus, a saber, que mediante o evangelho
os gentios são coerdeiros com Israel,
membros do mesmo corpo, e
coparticipantes da promessa em Cristo
Jesus’.
A Igreja não é o mistério que se revelou quando
os judeus rejeitaram o Messias, o mistério oculto é a
entrada dos gentios na Igreja que na época dos
apóstolos a Igreja era os judeus crentes no Messias, a
comunidade cristã de Israel, e os gentios, agora,
antes estrangeiros, pelo evangelho, são introduzidos
na Igreja, o novo Israel.
Quando os gentios foram chamados já havia a
Igreja. Pois, em Atos 2 a 10 já existia a Igreja, e não
34. 34
havia nenhum gentio convertido, mas ali estava a
Igreja. Apenas no capítulo 15 de Atos, no Concílio de
Jerusalém, depois de muito debate, foi oficializado a
aceitação dos gentios na Igreja. Em Cristo, os gentios
são escolhidos, pois pela fé no Messias de Israel são
introduzidos na Igreja.
Vamos ler Efésios 2.11,12,19-21:
‘Portanto, lembrem-se de que
anteriormente vocês eram gentios por
nascimento e chamados incircuncisão
pelos que se chamam circuncisão, feita no
corpo por mãos humanas, e que naquela
época vocês estavam sem Cristo,
separados da comunidade de Israel, sendo
estrangeiros quanto às alianças da
promessa, sem esperança e sem Deus no
mundo. Portanto, vocês já não são
estrangeiros nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos e membros da
família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas,
tendo Jesus Cristo como pedra angular, no
qual todo o edifício é ajustado e cresce
para tornar-se um santuário santo no
Senhor. Nele vocês [gentios cristãos]
também estão sendo juntamente
edificados [com os judeus crentes], para se
tornarem morada de Deus por seu Espírito
[a Igreja]’.
35. 35
2. A igreja dos gentios deve guardar o sábado e a
circuncisão?
Agora que os gentios foram incluídos no povo
de Deus surge a questão: Há necessidade dos gentios
guardarem o sábado e praticarem a circuncisão?
Pois, os judeus, mesmo, convertidos a Cristo
continuavam praticando a circuncisão e guardando
o sábado. Até mesmo hoje, os judeus messiânicos
guardam o sábado e praticam muitos costumes
judaicos.
Entretanto, vamos, agora, ver porque não há
necessidade dos gentios convertidos guardarem o
sábado mesmo unidos ao novo Israel de Deus, e
muito embora o sábado seja o quarto mandamento
da lei de Deus. Vamos ler Atos 21.25:
‘Quanto aos gentios convertidos, já lhes
escrevemos a nossa decisão de que eles
devem abster-se de comida sacrificada
aos ídolos, do sangue, da carne de animais
estrangulados e da imoralidade sexual’.
As únicas coisas que foram exigidas dos gentios
são, o que hoje os judeus chamam de leis noéticas, as
leis dada a Noé. Noé não era judeu, nem hebreu,
nem semita, foi um dos descendentes de Sete.
Podemos dizer que ele era um gentio, talvez. As leis
de Noé são:
36. 36
‘Os mandamentos que, de acordo com
a tradição judaica, foram ordenados
a Noé após o Dilúvio como regra para
toda a humanidade’, as quais são: ‘Não
cometer idolatria; Não blasfemar; Não
assassinar; Não roubar; Não cometer
imoralidades sexuais; Não maltratar aos
animais e Estabelecer sistemas e leis de
honestidade e justiça’ (Wikipédia).
Acredita-se que os apóstolos instituíram para
os gentios apenas as leis de Noé. Noé não guardava
o sábado e nem praticava a circuncisão.
Era exigido dos gentios praticar a circuncisão
para terem direitos e privilégios entre o povo de
Israel (Êx 12.48,49; Ez 44.9), mas agora, sendo
alcançados pelo evangelho de Cristo, a circuncisão
perdeu o seu valor.
Pois, se os cristãos gentios forem circuncidados,
Cristo de nada servirá para eles. E, além dos mais,
todo homem que se deixa circuncidar estar obrigado
a guardar toda a lei (Gl 5.3).
Porém, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem
a incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé
que opera pelo amor (Gl 5.1-6). A verdadeira
circuncisão é ser uma nova criatura em Cristo (Gl
6.15,16).
37. 37
III. Os Gentios e o Sábado
Veremos onze argumentos porque os gentios
não precisam guardar o sábado do decálogo.
1. Os patriarcas não guardavam o sábado
Abraão recebeu sua chamada divina quando
tinha 75 anos de idade. Desde os 75 anos até aos 90
anos, Abraão serviu a Deus sem circuncisão, e
doravante sem guardar o sábado até o final da sua
vida.
E, foi nessas condições que Abraão foi chamado
para ser pai da fé e pai dos gentios. De modo que
agora os gentios são chamados para serem filhos e
herdeiros de Abraão sem circuncisão, sem sábado e
sem lei. Conforme está escrito em Gálatas
3.8,9,14,18,23-29:
‘Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
havia de justificar pela fé os gentios,
anunciou primeiro o evangelho a Abraão,
dizendo: Todas as nações serão benditas
em ti. De sorte que os que são da fé são
benditos com o crente Abraão... para que
a bênção de Abraão chegasse aos gentios
por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós
recebamos a promessa do Espírito.
Porque, se a herança provém da lei, já
não provém da promessa; mas Deus, pela
promessa, a deu gratuitamente a Abraão.
38. 38
Mas, antes que a fé viesse, estávamos
guardados debaixo da lei e encerrados
para aquela fé que se havia de
manifestar. De maneira que a lei nos
serviu de aio, para nos conduzir a Cristo,
para que, pela fé, fôssemos justificados.
Mas, depois que a fé veio, já não estamos
debaixo de aio. Porque todos sois filhos de
Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos
quantos fostes batizados em Cristo já vos
revestistes de Cristo. Nisto não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há
macho nem fêmea; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo,
então, sois descendência de Abraão e
herdeiros conforme a promessa’.
2.Jesus Cristo é o Senhor do sábado
E como o Senhor do sábado, Ele permitiu que no
sábado seus discípulos colhessem espigas. Vamos ler
Lucas 6.1-5:
‘E aconteceu que, num sábado, passou
pelas searas, e os seus discípulos iam
arrancando espigas e, esfregando-as com
as mãos, as comiam. E alguns dos fariseus
lhes disseram: Por que fazeis o que não é
lícito fazer nos sábados? E Jesus,
respondendo-lhes, disse: Nunca lestes o
que fez Davi quando teve fome, ele e os
39. 39
que com ele estavam? Como entrou na
Casa de Deus, e tomou os pães da
proposição, e os comeu, e deu também aos
que estavam com ele, os quais não lhes era
lícito comer, senão só aos sacerdotes? E
dizia-lhes: O Filho do Homem é senhor até
do sábado’.
Jesus Cristo é extremamente zeloso pela lei
tanto quanto Deus, seu Pai, entretanto, ele sabia
que a velha estrutura levítica, onde se apoiava o
sábado, em breve arruinaria, e Ele como mediador
da nova aliança estabeleceria um novo sistema
sacerdotal baseado na fé, a onde as nações do
mundo inteiro encontraria guarida.
Ora, se o Senhor do sábado quis libertar os seus
discípulos, que eram judeus, das cargas do sábado
impostas pela tradição judaica, como ele permitiria
que tais cargas fossem colocadas sobre os gentios?
Atos 15.10,11 diz: ‘Agora, pois, por que
tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais
nem nós podemos suportar? Mas cremos
que seremos salvos pela graça do Senhor
Jesus Cristo, como eles também’.
A fim de tornar lícito a ação dos discípulos de
colher espigas no sábado, Jesus cita o caso de Davi
que ‘tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu
40. 40
também aos que estavam com ele, os quais não lhes
era lícito comer, senão só aos sacerdotes’.
Os pães da proposição era um alimento
santíssimo exclusivo dos sacerdotes (Lv 24.9), se
alguém, que não fosse sacerdote, comesse deveria
ser eliminado (Lv 19.8). Mas Davi e seus soldados
comeram das coisas santíssimas e não morreram. Por
que? Por causa da fome! Davi e seus homens
necessitavam de alimento (1º Sm 21.3-6).
Jesus conclui dizendo: ‘O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem
por causa do sábado’ (Mc 2.25-27 ARA).
Quer dizer, o sábado pode ser violado quando
está em jogo as necessidades das pessoas.
3.Jesus permitiu que seus discípulos fizesse o bem no
dia de sábado
Vamos ler Mateus 12.11,12:
‘E ele lhes disse: Qual dentre vós será o
homem que, tendo uma ovelha, se num
sábado ela cair numa cova, não lançará
mão dela e a levantará? Pois quanto mais
vale um homem do que uma ovelha? É,
por consequência, lícito fazer bem nos
sábados’.
E, ‘por isso’, diz Esequias Soares, ‘nós devemos
fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana’
(6ª Lição, 1º Trim/2015).
41. 41
Todas essas brechas que vão se abrindo no
sábado dão motivos aos gentios de que não há
necessidade de guardar o sábado.
Trabalhar é fazer o mal ou o bem? É fazer o
bem! Fazer o bem é servir a Deus, então, o cristão
que trabalha no sábado para sustentar sua família
está fazendo o bem e servindo a Deus. Logo, está
guardando o sábado.
As pessoas têm mais valor do que os animais, e
se estes podem ser ajudados no sábado, muito mais
ainda, é permitido que no sábado as pessoas sejam
assistidas.
Lucas 13.15: ‘Hipócrita, no sábado não
desprende da manjedoura cada um de vós
o seu boi ou jumento e não o leva a beber
água?’
Lucas 14.5: ‘Qual será de vós o que,
caindo-lhe num poço, em dia de sábado,
o jumento ou o boi, o não tire logo?’.
Dar assistência as pessoas, além de incluir: dar
de comer quem tiver fome, dar de beber quem tiver
sede, vestir o nu, hospedar os estrangeiros, cuidar
dos doentes e visitar os presos, também, demanda
trabalhar, fazendo com as mãos o que é bom, para
que tenha o que repartir com o que tiver necessidade
(Ef 4.28).
42. 42
Pois, ‘trabalhando assim, é necessário
auxiliar os enfermos e recordar as
palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais
bem-aventurada coisa é dar do que
receber’ (At 20.35).
E, trabalhando noite e dia não seremos pesados
a ninguém (1ª Ts 2.9). E o mandamento apostólico é:
se alguém não quiser trabalhar, não coma também.
Isso evita as pessoas de andarem
desordenadamente, não trabalhando, antes,
fazendo coisas vãs e comendo de graça do pão dos
outros. Antes pelo contrário, trabalhando com
sossego, comam cada um o seu próprio pão (2ª Ts
3.8-12).
Temos que trabalhar para fazer o bem,
principalmente, a nossa própria família, e então,
aos domésticos da fé e a todos (1ª Tm 5.8; Gl 6.10).
Ora, se um cristão está desempregando há
tempos, sua família padecendo necessidades,
endividada e a igreja não garantido seu sustento
diário, e esse cristão encontrando um bom emprego,
se recusa trabalhar, porque é exigido trabalhar no
sábado, ele estará sonegando o bem que se deve
fazer a família. É semelhante deixar um animal com
sede ou caído em uma cova por causa do sábado.
Porém, Jesus indagou: ‘Qual de vós, se o filho...
cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de
sábado?’ (Lc 14.5 ARA).
Em outras palavras, qual de vós se o filho
padecer de fome, não arrumará logo um emprego
43. 43
mesmo que seja em dia de sábado?
Consequentemente, é lícito fazer bem nos sábados.
4.Jesus nos ensinou que o sábado deve beneficiar as
pessoas e não oprimi-las
Vamos ler Marcos 2.27,28:
‘O sábado foi feito por causa do homem, e
não o homem, por causa do sábado.
Assim, o Filho do Homem até do sábado é
senhor’.
Quer dizer, ‘os seres humanos não foram
criados para observar o sábado, mas que o sábado
foi criado para o benefício deles’ (6ª Lição, 1º
Trim/2015).
A impressão que se tem é que o sábado não tem
a força de um mandamento moral e absoluto como
os demais mandamentos do decálogo, com isenção
daquele caso inusitado em que um homem comum
foi condenado à morte por apedrejamento por
apanhar lenha no dia de sábado, talvez, por
esquecimento do mandamento (Nm 15.32-40).
Porém, a elite sacerdotal violava o sábado e
ficava sem culpa. Jesus disse em tom de censura:
‘...aos sábados, os sacerdotes no templo
violam o sábado e ficam sem culpa’ (Mt
12.5).
44. 44
De fato, no sábado os serviços sacerdotais
dobravam, porque diariamente se ofereciam dois
carneiros, mas no sábado eram quatro carneiros
para os holocaustos diários (Nm 28.9,10).
Desse modo era necessário muito serviço braçal
como carregar lenhas e baldes de águas, acender
fogo, remover cinzas, manusear ferramentas e
utensílios, abater animais, etc. O sacerdote
carregava lenha no sábado e não era apedrejado!
Aqui vemos o sábado sendo violado por causa
de rituais. Como pode um mandamento moral ser
violado em detrimento de leis ritualísticas? Isso
mostra que o sábado não tem a força de um
mandamento moral. Na ética, quando há conflitos
entre dois mandamentos, prevalece o que tem maior
peso. Isso significa que os rituais têm maior peso de
lei do que o sábado.
Jesus nos ensinou que o sábado deve beneficiar
as pessoas e não oprimi-las. Mas não foi isso que
aconteceu no caso daquele homem que foi
apedrejado no sábado. Talvez ele se esqueceu de
apanhar lenhas dobradas na sexta (Êx 16.5), então,
por necessidade familiar foi pegar uns gravetos para
acender o fogo a fim de cozinhar sua comida, mas
infelizmente, foi flagrado e condenado a morte.
Ora, se ritos prevalecem sobre o sábado,
deveria também a necessidade básica, a família e a
vida prevalecer sobre o sábado!
Jesus perguntou aos líderes religiosos, que
oprimiam as pessoas por causa do sábado: ‘É lícito
45. 45
nos sábados salvar a vida ou matar?’ (Lc 6.9). No
caso daquele homem sua vida foi morta no sábado.
Jesus novamente critica os líderes religiosos,
dizendo:
‘...no sábado circuncidais um homem. ... O
homem recebe a circuncisão no sábado,
para que a lei de Moisés não seja
quebrantada...’ (Jo 7.22,23).
O sacerdote pode violar o sábado por causa da
circuncisão, pois, ele precisa manusear ferramentas
cirúrgicas, e o serviço aumenta se houver muitas
crianças para ser circuncidada.
O judeu David Stern escreveu em seu
comentário:
‘...cortar e carregar instrumentos em
público para realizar a circuncisão são
tipos de trabalho proibidos pelos rabinos’
no sábado (Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 204).
Entretanto, Jesus afirmou que os sacerdotes
violavam o sábado para não violar a circuncisão. Se
o rito da circuncisão tem prevalência sobre o sábado,
isso mostra que o sábado não é um preceito moral,
pois ‘nao existe concessão para preceitos morais’.
Sobre isso Esequias Soares escreveu o seguinte:
‘Se o oitavo dia da circuncisão do menino
coincidir com um sábado, ela tem que ser
46. 46
feita no sábado, nem antes e nem depois.
Assim, Jesus mais uma vez declara o
quarto mandamento como preceito
cerimonial e coloca a circuncisão acima do
sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um
mandamento moral é obrigatório por sua
própria natureza’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).
Portanto, o sábado foi feito por causa do
homem, e não o homem por causa do sábado. Em
outras palavras, o sábado deve servir o homem, e
não o homem servir o sábado.
Isso significa que na fome e nas necessidades, o
homem pode violar o sábado e ficar sem culpa (Mc
2.23-28). Os líderes religiosos impôs o seguinte: ‘Seis
dias há em que é mister trabalhar... e não no dia de
sábado’ (Lc 13.14). E, acusavam os discípulos,
dizendo: ‘Eis que os teus discípulos fazem o que não
é lícito fazer num sábado’, que era colher espigas
(Mt 12.1,2).
Realmente, a lei proibia fazer colheita no
sábado, dizendo: ‘Seis dias o colhereis, mas o sétimo
dia é o sábado... ninguém saia do seu lugar...’ para
colher (Êx 14.26,29).
Entretanto, havia outra lei que ordenava:
‘Quando também segardes a sega da
vossa terra, o canto do teu campo não
segarás totalmente, nem as espigas caídas
colherás da tua sega. Semelhantemente
não rabiscarás a tua vinha, nem colherás
47. 47
os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás
ao pobre e ao estrangeiro’ (Lv 19.9,10).
Deuteronômio 23.25: ‘Quando entrares na
seara do teu próximo, com a tua mão
arrancarás as espigas, porém não meterás
a foice na seara do teu próximo’.
Isso significa que os discípulos de Jesus não
estavam invadindo a propriedade alheia e nem
furtando o que era dos outros, quando passando
pelas searas dos outros, começaram a colher espigas.
Pois, estavam amparados pela lei.
O problema era que eles fizeram aquilo no dia
de sábado. A lei de Moisés ordenava:
‘Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia,
descansarás; na aradura e na colheita
descansarás’ (Êx 34.21).
Aqui novamente encontramos duas leis em
conflitos. Mas como o sábado não tem força de um
mandamento moral, uma lei social prevalece sobre
ele por causa da necessidade básica do homem.
Se os discípulos não deveriam ser apedrejados
por colherem espigas no sábado por terem feito
aquilo por causa da necessidade da fome, então,
aquele pobre homem também não deveria ter sido
apedrejado, pois também vez por necessidade.
Por isso Jesus disse para os líderes religiosos:
48. 48
‘Mas, se vós soubésseis o que significa:
Misericórdia quero e não holocaustos, não
teríeis condenado inocentes. Porque o
Filho do Homem é senhor do sábado’ (Mt
12.7,8).
Quer dizer, pelo fato de Jesus ser o Senhor do
sábado, é Ele que agora, na nova aliança, estabelece
o que se deve fazer no sábado.
Se aquele homem tivesse sido levado à Jesus,
ele, com certeza, diria: ‘Aquele que não viola o
sábado atire a primeira pedra’.
Portanto, o sábado deve beneficiar as pessoas
e não impedi-las de suprir suas necessidades, e está
escrito que a necessidade do homem o obriga a
trabalhar (Pv 16.26), mesmo que seja num dia de
sábado.
Jesus Cristo ‘viu um homem cego de nascença’,
e a Escritura diz que:
‘[Jesus] ...cuspiu na terra, e, com a saliva,
fez lodo, e untou com o lodo os olhos do
cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque
de Siloé (que significa o Enviado). Foi,
pois, e lavou-se, e voltou vendo’ (Jo 9.6,7).
O problema que aquele dia ‘era sábado
quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Então,
alguns dos fariseus diziam: ‘Este homem não é de
Deus, pois não guarda o sábado’. (Jo 9.14,16).
49. 49
O judeu David Stern disse que os rabinos
consideravam ‘amassar para fazer barro’ uma obra
de construção, e construir era proibido no sábado.
Então ele escreveu:
‘Assim, havia duas possíveis violações do
sábado nesse ato de Jesus, de acordo com
a compreensão dos fariseus: construir e
amassar’ (Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 211).
E, além do mais, Jesus colocou aquelas
substâncias nos olhos do homem. Sobre isso David
Stern escreveu:
‘Se isso foi feito como meio de cura e com
intenção de curar, essa também teria sido
considerada como violação do sábado’
(Comentário Judaico do Novo Testa-
mento, pág. 211).
Os rabinos permitiam que no sábado podia
‘cuidar daqueles seriamente enfermos’, porém,
‘cuidar de enfermidades menores é proibido pelo
decreto rabínico. Segundo David Stern:
‘A razão é que a maioria dos tratamentos
pode requerer triturar alguma coisa para
preparar um remédio, e triturar é uma
forma proibida de trabalho no sábado’
50. 50
(Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 143).
Entretanto, a fim de beneficiar uma pessoa
doente, Jesus fez um remédio alternativo, mesmo
sendo aquele dia um sábado.
Com essa atitude, Jesus torna legal todos os
serviços dos profissionais de saúde, dos
farmacêuticos, dos químicos, dos médicos, dos
funcionários de farmácias, hospitais, asilos,
manicômios, profissionais de indústrias
farmacêuticas, comércios de remédios, centro
cirúrgicos e etc., como trabalhos que podem ser
realizados no sábado.
5.Jesus não guardava o sábado segundo a tradição
dos anciãos
Segundo Esequias Soares ‘a tradição dos
anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado’.
A religião judaica tornou-se tão formalista que o
profeta Isaías denuncia, dizendo:
‘O incenso é para mim abominação, e
também as Festas da Lua Nova, e os
sábados, e a convocação das
congregações; não posso suportar
iniquidade, nem mesmo o ajuntamento
solene. As vossas Festas da Lua Nova, e as
vossas solenidades, as aborrece a minha
51. 51
alma; já me são pesadas; já estou cansado
de as suportar’ (Is 1.13,14).
Os líderes judaicos encheram a religião de Israel
de tantas regras, dogmas, cargas, normas, preceitos,
tradições e costumes que o profeta Isaías disse:
‘Este povo honra-me com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim. E em vão
me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos de homens’ (Mt 15.8,9; 23.4).
Jesus não obedecia essas tradições! Vamos ler
João 5.16-18:
‘E, por essa causa, os judeus perseguiram
Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia
essas coisas no sábado. E Jesus lhes
respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e
eu trabalho também. Por isso, pois, os
judeus ainda mais procuravam matá-lo,
porque não só quebrantava o sábado,
mas também dizia que Deus era seu
próprio Pai, fazendo-se igual a Deus’.
‘...invalidastes a palavra de Deus, por
causa da vossa tradição’ (Mt 15.6).
Hoje em nossa vida moderna para se guardar
o sábado, os sabatistas tem que estabelecer vários
preceitos porque hoje existem atividades que não
52. 52
existiam na época bíblica. Então, criam-se novas
normas para se guardar o sábado.
Por exemplo, o que o médico deve fazer
quando o seu plantão é no sábado? Então,
inventaram uma norma que o médico deve
trabalhar, mas não por dinheiro, mas por amor. E,
nos outros dias, ele trabalha por dinheiro, e não por
amor aos doentes?
Jesus não guardava o sábado à moda da
tradição conforme os saduceus e fariseus queriam
que fosse guardado. João diz que ‘os judeus...
procuravam matá-lo’, porque Jesus quebrava o
sábado. A tradição proibia carregar qualquer coisa
no sábado. A lei ordenava:
‘...não carregueis cargas no dia de
sábado, nem as introduzais pelas portas
de Jerusalém; não tireis cargas de vossa
casa no dia de sábado, nem façais obra
alguma; antes, santificai o dia de sábado,
como ordenei a vossos pais’ (Jr 17.21,22).
Baseado nisso, os judeus disseram: ‘Hoje é
sábado, e não te é lícito carregar o leito’ (Jo 5.10).
Mas foi Jesus quem mandou quando disse ao
homem, no sábado: ‘Levanta-te, toma tua cama e
anda’ (Jo 5.8-11).
Por que Jesus mandou tomar a cama no sábado
e andar, e não apenas ordenou aquele homem que
levantasse e andasse? Porque, Jesus quer birrar com
53. 53
a tradição dos homens, e também, porque Ele é o
Senhor do sábado.
Jesus deixa seus discípulos colher espigas no
sábado; Jesus ordena homem carregar cama no
sábado; Jesus ensina que é lícito fazer o bem no
sábado; Jesus permite as pessoas fazerem tarefas
domésticas no sábado. Ele é o Senhor do sábado!
‘E Eu, o Messias, tenho autoridade até
mesmo para decidir o que os homens
podem fazer nos dias de sábado!’ (Mc 2.28
BV).
Quando os judeus intentavam matar Jesus
porque ele fazia coisas no sábado proibidas pela
tradição judaica, Jesus deu uma resposta
interessante:
‘Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também’ (Jo 5.17).
A Escritura diz que depois de concluir a obra da
criação, Deus descansou:
‘...em seis dias, fez o Senhor os céus e a
terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou
alento’ (Êx 31.17).
Deus descansou do trabalho da criação original
e sobrenatural, mas quanto ao trabalho de Deus
para sustentar a criação, Deus não descansa. Essa
54. 54
criação em que Deus se empenha, até nos sábados, é
providencial e natural, Deus não pode parar de
trabalhar, senão a criação entra em colapso.
Sobre essa obra criativa e incansável de Deus, o
salmista escreveu:
‘Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas
águas correm entre os montes; dão de
beber a todos os animais do campo. Do
alto de tua morada, regas os montes; a
terra farta-se do fruto de tuas obras.
Fazes crescer a relva para os animais e as
plantas, para o serviço do homem, de
sorte que da terra tire o seu pão, 1Que
variedade, Senhor, nas tuas obras! Todos
esperam de ti que lhes dês de comer a seu
tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se
abres a mão, eles se fartam de bens. Se
ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes
cortas a respiração, morrem e voltam ao
seu pó. Envias o teu Espírito, eles são
criados, e, assim, renovas a face da terra.
A glória do Senhor seja para sempre!
Exulte o Senhor por suas obras!’ (Sl 104.10-
31).
Deus não descansa, nem no sábado, porque
toda a criação depende dele, ‘pois ele mesmo é
quem a todos dá vida, respiração e tudo mais... pois
nele vivemos, e nos movemos, e existimos’ (At
17.25,28). Deus todos os dias trabalha para girar,
55. 55
oxigenar e regar a terra (Ec 1.5-8; Am 4.13; 5.8; 9.6),
para alimentar os pássaros e vestir os lírios (Mt 6.26-
30) e para gerar a criança na mulher grávida (Is
139.13-16).
Eclesiastes 11.5 diz: ‘Assim como tu não
sabes... como se formam os ossos no ventre
da mulher grávida, assim também não
sabes as obras de Deus, que faz todas as
coisas’.
Nem nos sábados, Deus para de trabalhar na
formação dos ossos no ventre da mulher grávida! Foi
em vista de todas essas obras que Deus faz para
sustentar a sua criação que Jesus disse: ‘Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também’ (Jo 5.17).
Sobre isso o reformador Martinho Lutero
escreveu que Deus:
‘...denota um poder enérgico, uma
atividade continua que trabalha e opera
sem cessar. Porque Deus não descansa,
mas trabalha sem cessar, como Jesus diz
em João 5.17: “Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho tambem” (Teologia
Sistemática - Vol. 1, pág. 1012 - Norman
Geisler, CPAD).
De fato ‘o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos
confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga’ (Is
40.28).
56. 56
6. Jesus é maior do que o templo
Jesus é maior do que o templo, e nele o crente
pode quebrar o sábado e ficar sem culpa
Vamos ler Mateus 12.5-8:
‘Ou não tendes lido na lei que, aos
sábados, os sacerdotes no templo violam o
sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos
digo que está aqui quem é maior do que o
templo. Mas, se vós soubésseis o que
significa: Misericórdia quero e não
sacrifício, não condenaríeis os inocentes.
Porque o Filho do Homem até do sábado
é Senhor’.
Jesus não negou que seus discípulo estavam
violando o sábado ao colherem espigas (Mt 12.1-4),
mas ele se levanta como advogado deles, porque se
no templo os sacerdotes são isentos de culpa por
causa dos sacrifícios, muito mais os crentes em Cristo.
Pois, Jesus Cristo entrou num maior e mais
perfeito tabernáculo e efetuou uma eterna redenção
por seu próprio sacrifício, inocentando as
consciências de seus discípulos das obras mortas da
lei, para servirdes ao Deus vivo e, agora Cristo
comparece, por nós, perante a face de Deus (Hb 9.11-
14,24).
E, assim os cristãos podem se chegar, com
confiança ao trono da graça, para que possam
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de serem
57. 57
ajudados em tempo oportuno, sem precisar recorrer
aos sacrifícios do templo, pois, ‘misericórdia quero e
não sacrifício’ (Hb 4.16; Os 6.6).
Se os sacrifícios dos sacerdotes abole a
ordenança do sábado, muito mais, o sacrifício de
Cristo, por isso está escrito:
‘...ninguém vos julgue... por causa... dos
sábados, que são sombras das coisas
futuras, mas o corpo é de Cristo’ (Cl
2.16,17).
‘Estai, pois, firmes na liberdade com que
Cristo nos libertou e não torneis a meter-
vos debaixo do jugo da servidão’ (Gl 5.1).
‘Agora, pois, por que tentais a Deus,
pondo sobre a cerviz dos discípulos um
jugo que nem nossos pais nem nós
podemos suportar?’ (At 15.10).
A lei de Moisés proibia trabalhar no sábado sob
pena de morte.
‘Trabalhareis seis dias, mas o sétimo dia
vos será santo, o sábado do repouso solene
ao Senhor; quem nele trabalhar morrerá’
(Êx 35.2).
Fabricar pão era um trabalho, pois...
58. 58
‘O grão - geralmente o trigo, mas também
a cevada - era moído, peneirado,
transformado em massa, amassado, feito
em forma de bolos, depois assado’ (Vida
Cotidiana nos Tempos Bíblicos).
E, além do mais, era necessário fazer fogo para
assar o pão, porém, a lei dizia: ‘Não acendereis fogo
em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado’
(Êx 35.3).
Portanto, quem fizesse pão no dia de sábado
era morto. Por isso Moisés, no deserto, disse ao povo:
‘Deus, no sexto dia, vos dá pão para dois
dias; cada um fique onde está, ninguém
saia do seu lugar no sétimo dia’ (Êx 16.29).
Entretanto, os sacerdotes fabricavam pães no
sábado e não eram mortos. A lei estipulava:
‘Doze pães, cada um pesando dois quilos,
deverão ser feitos da melhor farinha...
Todos os sábados, para sempre, o Grande
Sacerdote colocará os pães em ordem na
mesa’ (Lv 24.5,8 BLH).
Os pães deveriam estar quentes, portanto,
eram fabricados no mesmo dia em que eram
colocados na mesa, isto é no sábado (1º Sm 21.6; Lv
24.8). Cada pão pesava dois quilos de farinha!
59. 59
Então, era empregado 24 quilos de farinha, isso
exigia uma grande mão de obra. Jesus Cristo disse:
‘...aos sábados, os sacerdotes no templo
violam o sábado e ficam sem culpa. Pois
eu vos digo que está aqui quem é maior
do que o templo’ (Mt 12.5,6).
Está aqui quem é maior do que o templo! Com
essa expressão, Jesus estava isentando seus discípulos
de culpa por terem violado o sábado ao colher
espigas. Ora, se no templo, os sacerdotes podiam
fabricar pão, abater animais, acender fogo e outros
trabalhos no sábado, o crente, também pode
quebrar o sábado e ficar sem culpa, pois, Jesus é
maior do que o templo.
A tradução judaica diz que ‘o serviço do templo
tem predominância sobre o sábado’ (Comentário
Judaico do Novo Testamento, pág.71). Quer dizer, o
templo é maior do que o sábado, mas Jesus é maior
do que o templo, e logicamente, Jesus é maior do que
o sábado.
Então, no sábado o crente pode realizar
qualquer trabalho em nome de Jesus, pois ‘tudo o
que fizerdes, seja em palavra, seja em obra, fazei-o
em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a
Deus Pai’ (Cl 3.17).
60. 60
7.Jesus não proibiu as pessoas de fazer as tarefas
domésticas no sábado
Isso é visto claramente quando Jesus, no
sábado, vai a sinagoga, e ao sair da sinagoga, entra
na casa de Pedro, e sua sogra está acamada com
febre (Mc 1.21,29,30). Jesus a cura e o texto bíblico
diz: ‘e a febre a deixou, e servia-os’ (v.31).
Ou seja, no sábado, a sogra de Pedro se
levantou da cama e foi fazer as tarefas domésticas
para preparar um almoço, ou melhor, um banquete
para Jesus e seus quatro discípulos. E, sabemos que
naquela época esse tipo de serviço era braçal e muito
cansativo (Lc 10.40,41).
Dizem que ‘Jesus apreciava uma boa refeição,
uma festa, um banquete’ (Manual dos Costumes e
Usos dos Tempos Bíblicos, pág.38).
Então, a sogra de Pedro caprichou na refeição.
Vejamos, Jesus e seus quatro discípulos, Pedro,
André, Tiago e João tinham indo a sinagoga em
Cafarnaum, de manhã, no sábado como de costume.
Naquela manhã de sábado, Jesus ministrou um
ensino maravilhoso e expulsou um demônio (Mc 1.21-
27; Lc 4.38-41).
Depois do culto da sinagoga, talvez meio-dia,
na hora do almoço, Jesus e os quatro discípulos
foram à casa de Pedro, sua sogra estava com febre
e acamada, Jesus a curou, e ela se levantou para
fazer uma refeição para Jesus e os quatro discípulos.
Naquela época, as tarefas domésticas eram
trabalho exclusivo das mulheres. Então, Jesus e os
61. 61
apóstolos conversavam, enquanto ela preparava a
refeição. Não sabemos quantas mulheres haviam na
casa, contudo, temos certeza que haviam, pelo
menos duas, a sogra e a esposa de Pedro.
Considerando que Pedro era pescador, então o
almoço seria peixe, talvez tilápia ou sardinha, ‘o
peixe era um alimento frequente no cardápio do
judeu... e um alimento bom, nutritivo’ (Manual dos
Costumes e Usos dos Tempos Bíblicos, pág.45).
Uma ‘forma muito comum de preparar o peixe
era assá-lo sobre brasas’ (Jo 21.9). Aquelas mulheres
tiveram que carregar lenhas, rachá-las e acender o
fogo. Coisas proibidas por lei de fazer no sábado (Êx
35.2,3).
Para acompanhar o peixe, elas tiveram que
fazer o pão de trigo, cevada ou centeio. Para
‘fabrico do pão era necessário moê-lo primeiro,
triturando-o entre duas pedras’ (Manual dos
Costumes e Usos dos Tempos Bíblicos, pág.190). Era
um trabalho braçal realizado por duas mulheres (Mt
24.41).
Depois, amassaram o pão e assaram em forno
de barro. Talvez, também, serviram vinho, frutas e
legumes. Outra coisa que tiveram que fazer,
naquele sábado, foi varrer a casa, preparar a mesa
para refeição e servir a comida.
Essas tarefas domésticas eram tão cansativas e
exigiam muito trabalho braçal, que Marta, em
outra ocasião, enquanto preparava refeição para
Jesus e seus apóstolos, se agitava de um lado para
62. 62
outro, ocupada em muitos serviços. De modo que ela
reclamou para Jesus:
‘Senhor, não Lhe parece injusto que minha
irmã fique só sentada aqui, enquanto eu
faço o trabalho todo? Diga-lhe que venha
me ajudar’ (Lc 10.41 – Bíblia Viva).
Isso nos dá uma ideia da ocupação de uma
mulher judia para realizar suas tarefas domésticas.
Entretanto, Jesus não proibiu a sogra de Pedro de
fazer seu trabalho, embora fosse aquele dia um
sábado.
Ora, se essa mulher judia foi desobrigada de
guardar o sábado por causa dos serviços de sua casa
para atender a Jesus e seus discípulos, não sei por
que cargas d'aguas as mulheres gentílicas são
obrigadas guardar o sábado?
8.Os apóstolos de Cristo isentaram os gentios do
sábado
Os apóstolos de Cristo, membros do novo Israel,
isentaram os gentios de guardarem o sábado
Vamos ler Colossenses 2.16,17:
‘Portanto, ninguém vos julgue pelo comer,
ou pelo beber, ou por causa dos dias de
festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que
são sombras das coisas futuras, mas o
corpo é de Cristo’.
63. 63
Não há nenhum mandamento no Novo
Testamento ordenando os gentios guardar o sábado.
Há mandamentos ordenando que não devemos
adorar ídolos, não jurar falsamente em nome de
Deus, não desonrar pai e mãe, que não devemos
matar, roubar, adulterar, cobiçar e mentir.
Encontramos todos essas mandamentos morais
sendo ordenados aos gentios para obedecerem.
Mas nada os apóstolos escreveram acerca do
sábado no tocante a sua observância pelos gentios.
Pelo contrário, sempre que o assunto do sábado é
levantado, os gentios são isentos. Na igreja de
Colossos, Paulo exorta que ninguém deveria julgar
os gentios porque eles não guardava os sábados.
Quando a questão do sábado, levantou-se na
igreja de Roma, Paulo ensinou:
‘Um faz diferença entre dia e dia, mas
outro julga iguais todos os dias. Cada um
tenha opinião bem definida em sua
própria mente... [Pois], Bem-aventurado
é aquele que não se condena naquilo que
aprova.’ (Rm 14.5,23).
A tradução Bíblia Viva diz:
‘Alguns pensam que os cristãos devem
observar os feriados judaicos como dias
especiais para se adorar a Deus; já outros
dizem que é um erro e um absurdo todo
esse incômodo, visto que todos os dias
64. 64
pertencem igualmente a Deus. Em
questões desse tipo, cada um deve decidir
por si mesmo’.
A NVI – Nova Versão Internacional – traduz
assim:
‘Há quem considere um dia mais sagrado
que outro; há quem considere iguais todos
os dias. Cada um deve estar plenamente
convicto em sua própria mente’.
Aqui seria a ocasião ideal para o judeu Paulo
determinar que os gentios devem guardar o sábado
como os judeus guardam. Mas o que encontramos?
Paulo deixando a questão do sábado como caso de
liberdade cristã e consciência cristã.
Se o judeu faz diferencia entre dia e dia, quer
dizer, para o judeu o sábado é um dia santo e os
demais dias são seculares, ele deve fazer essa
distinção de dias para agradar o Senhor.
Mas se o gentio considera todos dias iguais, isto
é, não existe um dia santo, mas todos os dias são
santos ou seculares, ele deve ele deve fazer essa
igualdade de dias para agradar o Senhor.
O judeu não deve julgar os gentios porque eles
não guardam o sábado como dia santo, e o gentio,
por sua vez, não deve desprezar os judeus por eles
guardar o sábado como dia santo (Rm 14.10-13).
O que fazer então? Diz Paulo: ‘Cada um tenha
opinião bem definida em sua própria mente’ ou
65. 65
seja, ‘cada qual siga sua convicção’. A guarda do
sábado é questão de consciência individual.
Paulo conclui a questão dizendo:
‘Assim, seja qual for o seu modo de crer a
respeito destas coisas, que isso permaneça
entre você e Deus. Feliz é o homem que
não se condena naquilo que aprova’ (Rm
14.22).
Em outras palavras, não imponha sua crença
pessoal sobre os outros.
Esses princípios de liberdade cristã se aplicam
também para questões de alimentação, usos e
costumes e entretenimentos.
E, nas igrejas da Galácia, quando os gentios
estavam sendo pressionados pelos judaizantes para
observarem sábados e dias santos, Paulo exortou:
‘Mas agora que conheceis a Deus ou,
antes, sendo conhecidos por Deus, como
estais voltando, outra vez, aos rudimentos
fracos e pobres, aos quais, de novo,
quereis ainda escravizar-vos? Guardais
dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de
vós tenha eu trabalhado em vão para
convosco’ (Gl 4.9-11).
Os gentios eram povos pagãos, separados da
comunidade de Israel, estranhos às alianças da
promessa, incircuncisos, viviam na futilidade dos
66. 66
seus pensamentos, obscurecidos no entendimento,
separados da vida de Deus por causa da ignorância,
eram adoradores de ídolos mudos e serviam aos que
por natureza não são deuses.
A adoração dos gentios aos falsos deuses incluía
muitas cerimônias, festas pagãs e dias ‘sagrados’, de
modo que eram atraídos para lá e para cá, de um
ídolo a outro.
Porém, quando se converteram, abandonaram
toda essa idolatria para adorar o único Deus vivo e
verdadeiro.
Acontece que quando esses gentios entraram
na comunidade cristã, que naquela época era
composta por maioria de judeus, e havia entre eles
judaizantes, que começaram a ensinar para os
gentios que era ‘necessário circuncidar e determinar
que eles observem a lei de Moisés’ que incluía:
guardar o sábado, seguir regras alimentícias,
participar das festas judaicas e etc.
Isso deixou alguns gentios fascinados com a
religião cristã que começaram a praticar essas
coisas, mas outros ficaram perturbados e
transtornados com esses ensinos.
Então, Paulo disse para os gentios fascinados
pelos costumes judaizantes que ao praticarem os
costumes cerimoniais da lei, principalmente, no que
diz respeitos a ‘guardar dias santos’ era como se eles
estivessem retornando aos elementos fracos e pobres
do paganismo, aos quais, de novo, queria ainda
escravizá-los.
67. 67
Então, essa questão se avolumou, porque os
judaizantes insistiam: ‘Se os gentios não andarem
segundo os costumes de Moisés não poderão ser
salvos’. A ponto de estabelecerem um Concílio para
resolver essa questão.
Os apóstolos ali reunidos disseram que esses
judeus não receberam autorização deles para
ensinar tais coisas, e que agora, eles decidem
inspirados pelo Espírito Santo e registrado em carta
circular oficial que não se deve impor sobre os
gentios mais encargo, ou seja, colocar sobre a cerviz
dos gentios um jugo que nem nossos pais nem nós
podemos suportar, isto é, acharam por bem que os
gentios não observem os costumes da lei de Moisés:
circuncisão, sábado, dietas e festas.
E que os gentios cristãos deveriam fazer então?
Os apóstolos do Senhor Jesus, Aquele que é o Senhor
do sábado, determinaram:
‘Senão estas coisas necessárias: Que os
gentios abstenham-se das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da
carne sufocada, e da fornicação; destas
coisas fareis bem se vos guardardes. Bem
vos vá’ (At 15.28,29).
Essa decisão foi endossada fortemente por
Tiago, irmão do Senhor, que na época era pastor da
igreja em Jerusalém (At 15.13-21; Gl 2.9), embora,
fosse um judeu muito zeloso pela lei, a ponto de
aconselhar Paulo a fazer oferendas no templo para
68. 68
mostrar para os judeus que o próprio Paulo
guardava a lei (At 21.23,24).
Mas em relação aos gentios, Tiago era muito
flexível, não obrigava os gentios a viverem como
judeus, pois, julgava que não se devia perturbar
com questões da lei aqueles, dentre os gentios, que
se converteram a Deus, antes, achava por bem que
os gentios não tinham necessidades de observar os
costumes da lei.
9. Pareceu bem ao Espírito Santo não impor o
sábado sobre os gentios
É o que está escrito em Atos 15.28:
‘Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo... não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias’.
Como os apóstolos concluíram que era também
uma decisão do Espírito Santo que os gentios não
guardassem o sábado?
Antes de responder essa pergunta, tenho que
primeiro explicar o seguinte: Como o Espírito Santo
decidiu que os gentios não guardassem o sábado se
não há nada escrito sobre a observância do sábado
em Atos 15?
Não diretamente, mas sim indiretamente. É
claro que o assunto do Concílio de Jerusalém
abordava várias questões da lei, eu, porém, destaco
69. 69
o sábado porque é o assunto que estou debatendo
nesse livro.
A questão principal girava em torno da
circuncisão. Pois, alguns judeus cristãos desceram da
Judéia para Antioquia e ensinavam aos crentes
gentios o seguinte: ‘se vos não circuncidardes,
conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos’ (At
15.1).
Na verdade a lei exigia que os gentios para
participarem do povo de Deus tinha que praticar a
circuncisão. Porém, a circuncisão era apenas um rito
de iniciação, pois, os gentios não poderiam obedecer
à lei de Moisés sendo incircuncisos.
Por exemplo, até para celebrar a páscoa, o
gentio tinha que ser circuncidado.
‘Porém, se algum estrangeiro se hospedar
contigo e quiser celebrar a Páscoa ao
Senhor, seja-lhe circuncidado todo macho,
e, então, chegará a celebrá-la, e será
como o natural da terra; mas nenhum
incircunciso comerá dela’ (Êx 12.48,49).
Nem no templo, o gentio poderia entrar se não
fosse circuncidado. Ezequiel 44.9 diz:
‘Assim diz o Senhor Jeová: Nenhum
estranho, incircunciso de coração ou
incircunciso de carne, entrará no meu
santuário, dentre os estranhos que se
acharem no meio dos filhos de Israel’.
70. 70
Por isso que a questão não era apenas a
circuncisão em si, mas realmente, com intuito dos
gentios guardarem a lei de Moisés. Conforme lemos
em Atos 15.5:
‘Alguns, porém, da seita dos fariseus que
tinham crido se levantaram, dizendo que
era mister circuncidá-los e mandar-lhes
que guardassem a lei de Moisés’.
Por isso Paulo disse para os gentios: ‘E, de novo,
protesto a todo homem que se deixa circuncidar que
está obrigado a guardar toda a lei’ (Gl 5.3).
E assim aqueles judeus legalistas estavam
colocando a salvação na lei de Moisés, e não na
graça e na fé em Cristo.
Bem, ao exigir que os gentios guardassem a lei
de Moisés era óbvio que eles tinham em mente: o
sábado, as alimentações, as festas e outros costumes
da tradição judaica. Principalmente, o sábado que
era o sinal distintivo de Israel como povo de Deus (Êx
31.13).
Quanto a alimentação, o Espírito Santo fez
algumas ressalvas, que o crente gentio se abstenha
das ‘coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da
carne sufocada’.
Mas quanto ao sábado e os outros costumes da
lei, o Espírito Santo decidiu por ‘bem que nada disto
os gentios observem’ (At 21.25).
Agora, como os apóstolos concluíram que era
também uma decisão do Espírito Santo que os
71. 71
gentios não guardassem o sábado e não apenas uma
decisão deles? Os apóstolos escreveram aos gentios:
‘Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias’ (At
15.28).
Os apóstolos reivindicaram para si a
autoridade do Espírito Santo para isentar os gentios
de guardar o sábado. Mas eles não fizeram isso ao
bel-prazer, mas porque Jesus Cristo prometeu enviar
o Espírito Santo para ensinar e guiar os apóstolos em
toda verdade (Jo 16.13).
E, assim, os apóstolos eram homens inspirados
pelo Espírito e investidos de autoridade para
deliberarem decisões na Igreja (Mt 16.19; 18.18; Jo
20.22,23).
E, do mesmo modo como é o Espirito Santo que
constitui bispos na igreja e realiza várias funções na
Igreja (At 20.28; 1ª Co 12.11), foi Ele que guiou e
inspirou os apóstolos a tomarem a decisão dos
gentios não observarem o sábado.
Outro motivo que é dado ao Espírito Santo o
crédito pelas decisões no Concílio de Jerusalém é
encontrada nas palavras de Pedro em Atos 15.7-11:
‘Varões irmãos, bem sabeis que já há
muito tempo Deus me elegeu dentre vós,
para que os gentios ouvissem da minha
boca a palavra do evangelho e cressem. E
72. 72
Deus, que conhece os corações, lhes deu
testemunho, dando-lhes o Espírito Santo,
assim como também a nós’.
Foi o Espírito Santo que ordenou Pedro ir à casa
do gentio Cornélio, e sem nenhum preconceito
religioso comesse com eles, e lhes anunciasse o
evangelho. Enquanto, Pedro ainda pregava...
‘Caiu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra. E os fiéis que eram da
circuncisão, todos quantos tinham vindo
com Pedro, maravilharam-se de que o
dom do Espírito Santo se derramasse
também sobre os gentios’ (At 15.44,45).
Imediatamente, Pedro ordenou batizar nas
águas aqueles gentios, integrando-os na Igreja (At
10.47,448).
Assim, ficou claro para os apóstolos que se o
Espírito Santo veio sobre os gentios e os recebeu na
Igreja sem circuncisão, sem sábado e sem qualquer
outro costume judaico então, era óbvio que não
havia necessidades de impor sobre os gentios a
observância dessas coisas. Eles entenderam que essa
era a vontade do Espírito, por isso disseram: ‘Na
verdade, pareceu bem ao Espírito Santo...’.
A decisão do Espírito Santo de não impor
nenhum encargo do judaísmo sobre os gentios, livrou
a igreja de se tornar apenas uma seita do judaísmo
73. 73
e estabeleceu que a incorporação no povo de Deus é
realizada pelo Espírito Santo. Assim está escrito:
‘Pois todos nós fomos batizados em um
Espírito, formando um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer servos, quer livres, e
todos temos bebido de um Espírito’ (1ª Co
12.13).
10. O dia de descanso semanal como princípio
bíblico
Muito embora o sábado não foi exigido, o
crente gentio pode observa um dia de descanso
semanal como princípio, e não como código legal.
Ninguém quer trabalhar sem ter um dia de
descanso, e o sétimo dia foi abençoado e santificado
como dia de descanso. Quem quer trabalhar sete
dias semanais sem descansar? Nesse caso, o cristão
guarda o princípio do descanso que é baseado no
sábado da criação que diz:
‘E abençoou Deus o dia sétimo e o
santificou; porque nele descansou de toda
a obra que, como Criador, fizera’ (Gn 2.3).
O teólogo Esequias Soares disse que o sábado
da criação...
‘Se refere ao sétimo dia da semana; pode
ser qualquer dia ou um período de
74. 74
descanso. O sétimo dia da criação não era
mandamento, mas revela a necessidade
natural do descanso de toda a natureza.
O repouso noturno de cada dia não é
suficiente para isso. Deus abençoou e
santificou esse dia não somente para
comemorar a obra da criação mas para
que, nesse dia, todos cessem o trabalho e
assim descansem física e mentalmente
para oferecer o seu culto de adoração a
Deus’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).
O crente gentio não guarda o sábado como
código da lei porque a lei determinava que
‘qualquer que no sábado fizer alguma obra, aquela
alma será extirpada do meio do seu povo’ e
‘qualquer que no dia do sábado fizer obra,
certamente morrerá’ (Êxodo 31.14,15). Mas, ‘Cristo
nos resgatou da maldição da lei’ (Gl 3.13).
O sábado da criação também a ponta para um
sábado espiritual em que o crente encontra, pela fé,
descanso em Cristo (Mt 11.28,29).
Hebreus 4.3,4 diz: ‘Nós, porém, que
cremos, entramos no descanso... Porque,
em certo lugar, assim disse, no tocante ao
sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo
dia, de todas as obras que fizera’.
Porém, esse descanso espiritual que
desfrutamos, agora, em Cristo, ainda se tornará
75. 75
uma realidade no Reino de Deus quando chegar os
tempos da restauração de todas as coisas (At 3.19-21;
Hb 4.9).
11. O sábado no Reino de Cristo
No Reino de Cristo, o sábado será o dia de
adoração e descanso para todas as nações.
Conforme lemos em Isaías 66.23:
‘E será que... de um sábado a outro, virá
toda a carne a adorar perante mim, diz o
Senhor’.
E isso é confirmado em Hebreus 4.9:
‘Assim, ainda resta um descanso sabático
para o povo de Deus’ (NVI).
Portanto, ainda que o sábado seja violado
pelos gentios, e que fiquem sem culpa por causa da
nova aliança em Cristo, e, que devido a várias
questões culturais, pareceu bem ao Espírito Santo e
aos apóstolos isentar os gentios do sábado (At 15.28),
mesmo assim, e por isso, todos esses problemas serão
resolvidos e compensados no Reino de Deus e de
Cristo.
Pois, neste sábado da nova aliança observado
no Reino de Deus, os gentios terão prazer em Deus
conforme profetizou Isaías:
76. 76
‘E os estrangeiros que se unirem ao Senhor
para servi-lo, para amarem o nome do
Senhor e para prestar-lhe culto, todos os
que guardarem o sábado sem profaná-lo,
e que se apegarem à minha aliança, esses
eu trarei ao meu santo monte e lhes darei
alegria em minha casa de oração. Seus
holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos
em meu altar; pois a minha casa será
chamada casa de oração para todos os
povos’ (Isaías 56.6,7).
Quando a Nova Jerusalém descer do céu, como
um tabernáculo de adoração, e ser estabelecida
como centro de culto na nova terra, então, os povos
remidos de todas as nações subirão, tais como
peregrinos, à Sião para adorar a Deus e a Jesus, de
sábado em sábado, conforme estabelecido para
cada povo, e se apresentarão com seus ritmos
musicais, que são a glória e honra das nações (Ap
21.1-3; Is 25.6-9; 35.10; 60.11; 62.6,7; Jr 3.17; Sl 84.7;
110.3; 122.3-5; Zc 2.10-12; 8.3,22; Ap 7.9-10,15-17;
21.24-27).
Desde a criação do mundo, Deus estabeleceu
um descanso e deseja estabelecer um local para esse
descanso.
Hebreus 4.4: ‘Porque em certo lugar disse
assim do dia sétimo: E repousou Deus de
todas as suas obras no sétimo dia’.
77. 77
Genesis 2.3: ‘Abençoou Deus o sétimo dia e
o santificou, porque nele descansou de
toda a obra que realizara na criação’.
Isaías 66.1: ‘Assim diz o Senhor: O céu é o
meu trono, e a terra o escabelo dos meus
pés; que casa me edificaríeis vós? E qual
seria o lugar do meu descanso?’.
Adão que deveria introduzir o descanso de
Deus para os seus descendentes no jardim do Éden
foi expulso do paraíso e perdeu o descanso de Deus.
Então, Deus escolheu Abraão e sua
descendência, e prometeu-lhes dar a terra de Canaã
como lugar de Seu descanso, onde todas as nações da
terra seriam abençoadas por meio do seu
Descendente (Gn 28.3,4,14).
Por isso, Deus firmou uma aliança com Israel
através de Moisés para lhes tornar herdeiros da
promessa do descanso na terra de Canaã, caso,
obedeçam aos mandamentos da aliança (Dt 12.9,10;
Êx 19.5,6).
Porém, tanto Moisés como Josué não
introduziram a nação de Israel no descanso de Deus
em Canaã porque a nação foi desobediente a
aliança de Deus (Êx 33.1-3,14).
Hebreus 4.8 diz: ‘Ora, se Josué lhes
houvesse dado descanso, não falaria,
posteriormente, a respeito de outro dia’.
78. 78
Na época de Davi, Deus escolheu o seu filho
Salomão como herdeiro do trono de Israel e
Jerusalém como local do descanso da arca de Deus
(1º Cr 28.2).
De fato, Davi esperava que durante o seu reino
fosse estabelecido o descanso de Deus. Por isso ele
disse:
‘O Senhor, Deus de Israel, deu descanso ao
seu povo e habitará em Jerusalém para
sempre’ (1º Cr 23.25).
Porém, essa expectativa não aconteceu, por
isso Davi escreveu:
‘Quarenta anos estive desgostado com
esta geração e disse: é um povo que erra
de coração e não tem conhecimento dos
meus caminhos. Por isso, jurei na minha
ira que não entrarão no meu descanso’ (Sl
95.10,11).
O autor aos Hebreus se referindo ao descanso
esperado nos dias de Davi, escreveu:
‘E outra vez neste lugar: Não entrarão no
meu repouso. Determina, outra vez, um
certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito
tempo depois, como está dito: Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso
coração. Assim, jurei na minha ira que não
entrarão no meu descanso; embora as suas
79. 79
obras estivessem acabadas desde a
fundação do mundo’ (Hb 4.3-7).
Nem mesmo durante o pacífico governo de
Salomão o descanso de Deus foi estabelecido, pois a
terra descansou apenas 40 anos.
1º Reis 4.25 diz: ‘E Judá e Israel habitavam
seguros, cada um debaixo da sua videira,
e debaixo da sua figueira, desde Dã até
Berseba, todos os dias de Salomão’.
O próprio Salomão pensou que Deus havia
estabelecido o Seu descanso, pois disse:
‘Bendito seja o Senhor, que deu descanso
ao seu povo de Israel, segundo tudo o que
disse; nem uma só palavra caiu de todas
as suas boas palavras que falou pelo
ministério de Moisés, seu servo’ (1º Rs
8.56).
Entretanto, logo após o seu governo, o reino se
dividiu e afundou na idolatria e nas guerras até que
foram levados cativos. É interessante que a Escritura
disse que a desolação veio sobre Judá e Israel porque
não guardaram o descanso anual sabático de Deus,
e como castigo o sábado semanal cessaria.
2º Crônicas 36.2 diz: ‘Para que se
cumprisse a palavra do Senhor, pela boca
80. 80
de Jeremias, até que a terra se agradasse
dos seus sábados; todos os dias da
desolação descansou, até que os setenta
anos se cumpriram’.
Oséias 2.11 diz: ‘E farei cessar todo o seu
gozo, e as suas festas, e as suas luas novas,
e os seus sábados, e todas as suas
festividades’.
Portanto, ainda resta um descanso sabático
para o povo de Deus (Hb 4.9).
Esse descanso sabático se cumprirá no Reino de
Deus que será estabelecido por Cristo, na Sua vinda,
para aqueles que tem fé no evangelho da nova
aliança que desde agora, pela fé e esperança,
podem desfrutar desse descanso (Ap 21.1-5; Mt
25.34).
Baseado em Isaías 66.23 interpreto que na
nova terra o sábado será o dia de adoração para
todas as nações. Mas essa interpretação não é aceita
por muitos estudiosos da Bíblia. Entre eles está o
teólogo Edmar Barcellos que escreveu:
‘Desde uma lua nova até à outra, e desde
um sábado até ao outro”, significa que a
adoração será ininterrupta; toda a
semana, todo o mês, eternamente, e não
apenas nos sábados ou nos dias de festa.
No novo céu e na nova terra não haverá
sol nem lua, nem dia, nem noite, nem
81. 81
sábado, nem domingo, nem lua nova,
nem mês, nem ano (Ap 22.5), nem
ficaremos cansados; consequentemente,
não precisaremos de sábado [repouso]’ (O
Sábado Judaico e o Domingo Cristão,
pág.121).
Precisamos distingui o novo céu e na nova terra
da nova Jerusalém. A nova Jerusalém será a capital
do reino de Deus, o novo céu será uma renovação no
cosmo incluído a nossa Via Lacta. O sol e a lua serão
renovados. A nova terra será o território do reino.
A única coisa que não haverá mais da velha
natureza, talvez, seja o mar (Ap 21.1). Quem não
necessitada do sol e da lua é a nova Jerusalém, e não
a nova terra, pois a cidade será iluminada com o
brilho da glória de Deus e de Cristo (Ap 21.23).
A Escritura diz que os remidos estarão ‘diante
do trono de Deus’ e o servirão ‘de dia e de noite no
seu templo’, a nova Jerusalém (Ap 7.15) e a árvore
da vida produzirá ‘doze frutos de mês em mês’ (Ap
22.2). A Escritura também diz que ‘a lua se
envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor
dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém; e,
então, perante os seus anciãos haverá glória’.
Mas isso não significa que esses corpos celestes
deixarão de existir, pelo contrário, ‘será a luz da lua
como a luz do sol, e a luz do sol, sete vezes maior,
como a luz de sete dias’ (Is 30.26). Porém, a nova
Jerusalém não necessitará do brilho do sol, mas a
nova terra sim. Contudo, o sol não molestará de dia
82. 82
os moradores da nova terra e nem a lua, de noite
(Ap 7.16; Sl 121.6).
Na nova terra, os remidos servirão a Cristo
‘enquanto durar o sol e a lua’, ou seja, ‘pelos séculos
dos séculos’ (Sl 72.5; Ap 22.5).
Ora, se na nova terra haverá sol e lua, então,
haverá também ‘separação entre o dia e a noite’ e
‘estações, dias e anos’, ou seja, meses (lua nova) e
semanas (sábados) (Gn 1.14).
E, assim, haverá santas convocações nas luas
novas e nos sábados para que os reis e as nações se
apresentem diante do Senhor, na nova Jerusalém.
Não se apresentarão de mãos vazias, mas trarão a
glória, a honra e as riquezas das nações e oferecerão
sacríficos espirituais (Lv 23.2,4,37; Dt 12.4,11; Sl 95.2,3;
1ª Pe 2.5; Sl 72.7-11; Is 60.11; 66.23; Ap 21.24-26).
De sábado em sábado, os remidos irão de ‘força
em força; cada um deles aparecerá diante de Deus
em Sião’ (Sl 84.7; Is 35.10).
IV. Quem é a Igreja de Deus na Nova Aliança?
1. A Igreja de Deus na nova aliança é o Israel que
tem fé em Jesus Cristo
Lendo Mateus 16.15-18 aprendemos que a Igreja
é a reunião ou assembleia dos judeus que creem que
Jesus é o Cristo, o Messias, o Filho de Deus.
Encontramos essa confissão na boca de Pedro no
texto bíblico supracitado.
83. 83
Mateus 16.15-18 diz: ‘Disse-lhes Jesus: E vós,
quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo. E, Jesus, respondendo, disse-
lhe: Bem-aventurado és tu, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está
nos céus. Pois também eu te digo que tu és
Pedro e sobre esta pedra [o Cristo]
edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela’.
Nesse texto, Jesus lançou o fundamento da
igreja que é Jesus, o Cristo. Doravante, todo judeu
que creu e confessou isso tornou-se membro da
Igreja de Cristo. Esses judeus crentes, também, se
tornaram o povo de Deus, que em Gálatas 6.16 é
chamado de ‘o Israel de Deus’ e ficaram também
conhecidos como os escolhidos segundo a eleição da
graça (Rm 11.5-10). Essa é a Igreja de Deus!
Enquanto que os demais judeus, aqueles que
não creram em Jesus Cristo, que são chamados de
‘judeus incrédulos’ (At 14.2) foram rejeitados dentre
o povo de Deus.
Na antiga aliança, o povo de Deus era a nação
de Israel fiel a lei de Moisés, na nova aliança, o povo
de Deus é o novo Israel fiel a fé de Jesus Cristo, o
Messias.
Será que Jesus de Nazaré é realmente o
Messias? Sim! De fato! Jesus Cristo é o Messias
84. 84
prometido! Nós cremos nisso e os judeus messiânicos
também creem assim.
O Estado de Israel na Palestina não acredita
que Jesus, que viveu há dois mil atrás, é o Messias,
mas um profeta qualquer ou um judeu moralista.
Israel nacional ainda está aguardando o Messias,
não no moldes que a Igreja Cristã aguarda, como o
Cristo celestial, mas um homem como Davi ou
Salomão.
Por que os cristãos acreditam que Jesus Cristo é
o Messias? Porque as profecias messiânicas das
Escrituras Sagradas se cumpriram em Jesus.
As profecias indicavam o tempo do surgimento
do Messias, o local do seu nascimento, quem era sua
descendência, o seu ministério e obra, como seria a
sua vida e sua morte, sua ressurreição e ascensão. E
os apóstolos foram testemunhas oculares desses
eventos e registraram o cumprimento dessas
profecias. Dando-nos a garantia que as demais
profecias pendentes também se cumprirão nele.
2. Os privilégios de Israel foram transferidos para a
Igreja de Deus
Sobre isso Esequias Soares escreveu:
‘[Jesus] transferiu os privilégios de Israel
para a Igreja (Êx 10.6,7; 1Pe 2.9,10). Jesus
disse às autoridades judaicas que “o Reino
de Deus vos será tirado e será dado a uma
nação que dê os seus frutos” (Mt 21.43).
85. 85
Com isso, Israel deixou de ser um Estado
Teocrático’ (13º Lição do 1° Trim/2015).
Quais são os privilégios que Deus tirou do Israel
incrédulo e transferiu para a Igreja, o Israel crente?
O Israel incrédulo deixou de ser um reino
sacerdotal e povo santo (Êx 19.6) por isso Deus tirou
dele o reino de Deus, que é o reino messiânico,
prometido a Davi, e transferiu esse reino para o
Israel crente.
Quer dizer, o Israel incrédulo perdeu a entrada
no reino de Deus e do Messias e os judeus crentes, que
foram constituídos uma nova nação em Cristo, são
os verdadeiros herdeiros do reino de Deus.
Sobre isso Jesus disse aos judeus incrédulos:
‘Digo-vos que não sei de onde vós sois;
apartai-vos de mim, vós todos os que
praticais a iniquidade. Ali, haverá choro e
ranger de dentes, quando virdes Abraão,
e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no
Reino de Deus e vós, lançados fora. E
muitos virão do Oriente, e do Ocidente, e
do Norte, e do Sul e assentar-se-ão à mesa
no Reino de Deus’ (Lc 13.27-29).
Esequias Soares disse que ‘Israel deixou de ser
um Estado Teocrático’. O que é um Estado
Teocrático? É um Estado governado por Deus. Israel
era um Estado governado por Deus, porém, quando
86. 86
veio o Rei deste Estado, os judeus rejeitaram, então,
Deus também os rejeitou.
Ao serem rejeitados, os judeus incrédulos
perderam não só sua participação no reino como reis
e sacerdotes, mas todas as bênçãos, promessas,
beneficências e privilégios que foram transferidos
para o Israel crente.
3. Os judeus rejeitaram Jesus como Rei messiânico de
Israel?
Será que foram todos os judeus que rejeitaram
Jesus como Rei messiânico de Israel?
Não! Uma boa parte de judeus acreditaram
nele. Quando Jesus Cristo foi assunto aos céus, a
Escritura diz que mais de quinhentos judeus
acreditavam nele (1ª Co 15.6). Em Atos 21.20 já são
milhares de judeus crentes no Messias Jesus. Esses
judeus tornaram-se o novo Israel de Deus, a nação
espiritual de Deus.
É claro que posteriormente com as questões
entre judeus e cristãos diminuíram bastante as
conversões dos judeus na Igreja. Somos informados
pelo Dr. Samuele Bacchiocchi que:
‘Os historiadores Eusébio (cerca de 260-
360 A.D.) e Epifânio (cerca de 315-403),
nos informam que a igreja de Jerusalém,
até o cerco de Adriano (135 A.D.) consistia
de hebreus conversos e era administrada
por quinze bispos dos “da circuncisão”, isto
87. 87
é, de descendência judia’ (Do Sábado
Para o Domingo, pág.87, Samuele
Bacchiocchi).
Havia também um grupo de judeus cristãos
chamados de nazarenos, ‘cuja existência no quarto
século é confirmada até por Jerônimo, parecem ser
os descendentes diretos da comunidade cristã de
Jerusalém que migrou para Pella’ (Do Sábado Para
o Domingo, pág.88).
Porém, durante a Idade Média diminuiu mais
ainda a presença dos judeus na Igreja por causa do
repúdio e da perseguição da Igreja Católica contra
os judeus e do antissemitismo na Europa.
Mas, graças a Deus, atualmente, milhares de
judeus servem a Jesus Cristo, e esse número está
crescendo cada vez mais para se cumprir a profecia
que diz:
‘Depois, tornarão os filhos de Israel, e
buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi,
seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, se
aproximarão do Senhor e da sua bondade’
(Os 3.5).
Então, a partir de Cristo, passaram a existir
dois Israel: Um Israel terreno e nacional, a nação
carnal, que não crer que Jesus é o Messias como até
hoje continua não acreditando e um Israel crente
que são os judeus que acreditam que Jesus Cristo é o