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O REALISMO
História da Arte, de Graça Proença. Capítulo 19
Licenciatura em Artes Visuais - disciplina Fundamentos da História da Arte
Profa. Ma. Cinthya Marques
Monitor: Erivan Araújo
• Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma
nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da
crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha
aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e
dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas
criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.
A Esses novos ideais estéticos manifestaram-se em todas as artes.
• A arquitetura, por exemplo, ao adaptar-se ao novo contexto social, tende a
tornar-se realista ou científica. Os arquitetos e engenheiros procuram do
responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela
industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas
precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas,
hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
(História da Arte – Graça Proença)
O REALISMO: A ARQUITETURA DO MOVIMENTO REALISTA
• A escultura realista não se preocupou com a idealização da
realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como
eles são. Além realista disso, os escultores preferiram os
temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma
intenção política em suas obras. Dentre os escultores do
período realista, o que mais se destaca é Auguste Rodin
(1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. No
conjunto escultórico Os Burgueses de Calais, de 1895, narra
um episódio da Guerra dos Cem Anos, entre a França e a
Inglaterra. O artista fixa o momento em que os seis homens
mais ricos da cidade francesa de Calais dirigem-se ao
acampamento do invasor inglês, onde vão se apresentar
para morrer, tentando evitar assim a destruição da cidade.
• Na verdade, até mesmo a classificação da obra de Rodin
como realista é controvertida. Alguns críticos a consideram
romântica por causa da forte emoção que traduz. Mas
outros enfatizam no trabalho desse escultor o acentuado e
predominante caráter naturalista. Há ainda os que veem na
escultura de Rodin características do Impressionismo,
movimento do qual também foi contemporâneo e que
revolucionou, na época, a pintura européia. (História da Arte
– Graça Proença)
A ESCULTURA
REALISTA
Os Burgueses de Calais (inaugurado em 8 de junho de 1895), de
Rodin. Jardins do Parlamento Britânico, Londres.
Quanto aos retratos, nem sempre Rodin foi fiel à
preocupação naturalista de reproduzir os traços
fisionômicos do seu modelo. A escultura que fez
de Balzac, por exemplo, chegou a ser recusada
pela Sociedade dos Homens de Letras de Paris que
a encomendara, pois Rodin não havia semelhança
física entre a obra e o retratado. O que o escultor
fez foi privilegiar, à sua maneira, o caráter vigoroso
que a personalidade do escritor lhe sugeria, o que
o envolveu numa grande polêmica. (História da
Arte – Graça Proença)
A ESCULTURA REALISTA
Balzac (1892-1897), de
Rodin. Altura: 295 cm.
Museu Rodin, Paris.
A PINTURA REALISTA
• A pintura realista do século XIX caracteriza-se sobretudo pelo princípio de que o artista deve
representar a realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um
fenômeno da natureza. Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a
beleza está na realidade tal qual ela é. Sua função é apenas revelar os aspectos mais
característicos e expressivos da realidade.
• Em vista disso, a pintura realista deixou completamente de lado os temas mitológicos,
bíblicos, históricos e literários, pois o que importa é a criação a partir de uma realidade
imediata e não imaginada.
• A volta do artista para a representação do real teve uma consequência: sua politização. Isso
porque, se a industrialização trouxe um grande desenvolvimento tecnológico, ela provocou
também o surgimento de uma grande massa de trabalhadores, vivendo nas cidades em
condições precárias e trabalhando em situações desumanas. Surge então a chamada "pintura
social", denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos
trabalhadores e a opulência da burguesia.
• Dentre os representantes da pintura realista podemos apontar Courbet e, que desenvolveram
tendências diversas. (História da Arte – Graça Proença)
COURBET: OS TRABALHADORES COMO TEMA DA PINTURA
Gustave Courbet (1819-1877) foi
considerado o criador do realismo social na
pintura, pois procurou retratar em suas telas
temas da vida cotidiana, principalmente das
classes populares. Courbet manifesta em sua
pintura uma simpatia particular pelos
trabalhadores e pelos homens mais pobres
da sociedade no século XIX, tal como
podemos ver na obra Moças Peneirando
Trigo. Nesse quadro, moças realizando seu
trabalho são representadas de maneira
quase fotográfica. Entretanto, na figura da
moça em primeiro plano, o artista parece
fugir um pouco dessa preocupação com a
descrição objetiva e aproxima-se de uma
representação universalizadora do trabalho
que consome a juventude. (História da Arte –
Graça Proença)
Moças Peneirando Trigo (1854-1855), de Courbet. Dimensões da obra: 131 x
167 cm. Museu de Belas Artes, Nantes.
MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO
Édouard Manet (1832-1883) pertencia a
uma família rica da burguesia
parisiense. Diferentemente de Courbet,
seu realismo não tem intenções sociais.
Ao contrário, reflete até um certo ar
aristocrático. Sua carreira foi marcada
por alguns desafios à crítica
conservadora. É verdade que algumas
de suas obras não se afastavam das
normas clássicas da pintura, tendo sido
aceitas sem polêmicas. No entanto, os
quadros que representavam uma
ruptura com o academicismo
provocaram grandes escândalos.
(História da Arte – Graça Proença)
Almoço na Relva (1863), de Manet. Dimensões: 214 cm x 270 cm. Museu do
Louvre, Paris.
MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO
O maior deles aconteceu em 1863,
quando Manet enviou para o Salão dos
Artistas Franceses a tela Almoço na
Relva. A obra foi recusada pelo júri do
salão. Entretanto, como muitos quadros
de outros artistas também não foram
aceitos, os autores recorreram ao
Imperador Napoleão III, que
determinou a montagem de uma
exposição paralela à oficial e que se
chamou Salão dos Recusados. (História
da Arte – Graça Proença)
Almoço na Relva (1863), de Manet. Dimensões: 214 cm x 270 cm. Museu do
Louvre, Paris.
MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO
Esse quadro de Manet causou um
grande escândalo na época por
representar uma mulher nua em
companhia de dois homens
elegantemente vestidos. Alguns anos
depois, descobriram-se as fontes de
inspiração de Manet: uma tela
renascentista, O Concerto Campestre,
atribuída por alguns críticos a Giorgione
e por outros a Ticiano, e uma obra de
Rafael que representa um grupo de
divindades clássicas. No entanto, a tela
de Manet não é uma simples cópia. Ele
apenas transpôs as linhas principais e os
personagens dessas obras para uma
composição moderna. (História da Arte –
Graça Proença)
Detalhe de O Concerto Campestre (1505-1510), de Giorgione (?) Dimensões: 110
cm x 138 cm. Museu do Louvre, Paris.
MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO
• Almoço na Relva é inovador em relação às duas obras anteriores. Primeiro, quanto ao clima de
realidade que apresenta, pois os personagens da tela de Manet eram pessoas conhecidas da
sociedade parisiense, e não seres lendários como os das obras renascentistas. Em segundo
lugar, esse quadro apresenta uma composição elaborada, como podemos ver pela descrição a
seguir.
• As três figuras em primeiro plano são Victorine Meurend (modelo de Manet), Eugene Manet
(irmão do pintor) e Ferdinand Leenhoff (escultor e amigo do pintor). Mais ao fundo, está uma
figura curvada saindo da água - que podemos identificar como Vênus - e, mais à frente, uma
natureza morta. (História da Arte – Graça Proença)
MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO
• O interessante da composição é o sistema de
triângulos que se inter-relacionam, criando uma
estrutura fechada onde aparentemente existia
uma dispersão de elementos. Assim, há um
triângulo formado pelas três figuras sentadas
sobre a relva, outro que se sobrepõe a esse e
envolve a figura na água, e um terceiro, mais
amplo, que abrange todas as figuras e tem seu
vértice no pássaro que voa no ponto mais alto da
tela. Do ponto de vista das cores, o centro de
interesse está na luminosidade que a cena ganha
com a figura nua da modelo.
• A obra de Manet foi importante na medida em
que inovou a pintura, dando-lhe uma
luminosidade mais intensa. Essa luminosidade foi
apontada pelos críticos de arte como um
elemento precursor do Impressionismo. (História
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Detalhe da gravura O Julgamento de Páris (cerca de 1520). Gravura
de Marcantonio Raimondi a partir de original de Rafael.

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O Realismo

  • 1. O REALISMO História da Arte, de Graça Proença. Capítulo 19 Licenciatura em Artes Visuais - disciplina Fundamentos da História da Arte Profa. Ma. Cinthya Marques Monitor: Erivan Araújo
  • 2. • Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade. A Esses novos ideais estéticos manifestaram-se em todas as artes. • A arquitetura, por exemplo, ao adaptar-se ao novo contexto social, tende a tornar-se realista ou científica. Os arquitetos e engenheiros procuram do responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia. (História da Arte – Graça Proença) O REALISMO: A ARQUITETURA DO MOVIMENTO REALISTA
  • 3. • A escultura realista não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além realista disso, os escultores preferiram os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Dentre os escultores do período realista, o que mais se destaca é Auguste Rodin (1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. No conjunto escultórico Os Burgueses de Calais, de 1895, narra um episódio da Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra. O artista fixa o momento em que os seis homens mais ricos da cidade francesa de Calais dirigem-se ao acampamento do invasor inglês, onde vão se apresentar para morrer, tentando evitar assim a destruição da cidade. • Na verdade, até mesmo a classificação da obra de Rodin como realista é controvertida. Alguns críticos a consideram romântica por causa da forte emoção que traduz. Mas outros enfatizam no trabalho desse escultor o acentuado e predominante caráter naturalista. Há ainda os que veem na escultura de Rodin características do Impressionismo, movimento do qual também foi contemporâneo e que revolucionou, na época, a pintura européia. (História da Arte – Graça Proença) A ESCULTURA REALISTA Os Burgueses de Calais (inaugurado em 8 de junho de 1895), de Rodin. Jardins do Parlamento Britânico, Londres.
  • 4. Quanto aos retratos, nem sempre Rodin foi fiel à preocupação naturalista de reproduzir os traços fisionômicos do seu modelo. A escultura que fez de Balzac, por exemplo, chegou a ser recusada pela Sociedade dos Homens de Letras de Paris que a encomendara, pois Rodin não havia semelhança física entre a obra e o retratado. O que o escultor fez foi privilegiar, à sua maneira, o caráter vigoroso que a personalidade do escritor lhe sugeria, o que o envolveu numa grande polêmica. (História da Arte – Graça Proença) A ESCULTURA REALISTA Balzac (1892-1897), de Rodin. Altura: 295 cm. Museu Rodin, Paris.
  • 5. A PINTURA REALISTA • A pintura realista do século XIX caracteriza-se sobretudo pelo princípio de que o artista deve representar a realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza. Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é. Sua função é apenas revelar os aspectos mais característicos e expressivos da realidade. • Em vista disso, a pintura realista deixou completamente de lado os temas mitológicos, bíblicos, históricos e literários, pois o que importa é a criação a partir de uma realidade imediata e não imaginada. • A volta do artista para a representação do real teve uma consequência: sua politização. Isso porque, se a industrialização trouxe um grande desenvolvimento tecnológico, ela provocou também o surgimento de uma grande massa de trabalhadores, vivendo nas cidades em condições precárias e trabalhando em situações desumanas. Surge então a chamada "pintura social", denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. • Dentre os representantes da pintura realista podemos apontar Courbet e, que desenvolveram tendências diversas. (História da Arte – Graça Proença)
  • 6. COURBET: OS TRABALHADORES COMO TEMA DA PINTURA Gustave Courbet (1819-1877) foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em suas telas temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Courbet manifesta em sua pintura uma simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX, tal como podemos ver na obra Moças Peneirando Trigo. Nesse quadro, moças realizando seu trabalho são representadas de maneira quase fotográfica. Entretanto, na figura da moça em primeiro plano, o artista parece fugir um pouco dessa preocupação com a descrição objetiva e aproxima-se de uma representação universalizadora do trabalho que consome a juventude. (História da Arte – Graça Proença) Moças Peneirando Trigo (1854-1855), de Courbet. Dimensões da obra: 131 x 167 cm. Museu de Belas Artes, Nantes.
  • 7. MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO Édouard Manet (1832-1883) pertencia a uma família rica da burguesia parisiense. Diferentemente de Courbet, seu realismo não tem intenções sociais. Ao contrário, reflete até um certo ar aristocrático. Sua carreira foi marcada por alguns desafios à crítica conservadora. É verdade que algumas de suas obras não se afastavam das normas clássicas da pintura, tendo sido aceitas sem polêmicas. No entanto, os quadros que representavam uma ruptura com o academicismo provocaram grandes escândalos. (História da Arte – Graça Proença) Almoço na Relva (1863), de Manet. Dimensões: 214 cm x 270 cm. Museu do Louvre, Paris.
  • 8. MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO O maior deles aconteceu em 1863, quando Manet enviou para o Salão dos Artistas Franceses a tela Almoço na Relva. A obra foi recusada pelo júri do salão. Entretanto, como muitos quadros de outros artistas também não foram aceitos, os autores recorreram ao Imperador Napoleão III, que determinou a montagem de uma exposição paralela à oficial e que se chamou Salão dos Recusados. (História da Arte – Graça Proença) Almoço na Relva (1863), de Manet. Dimensões: 214 cm x 270 cm. Museu do Louvre, Paris.
  • 9. MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO Esse quadro de Manet causou um grande escândalo na época por representar uma mulher nua em companhia de dois homens elegantemente vestidos. Alguns anos depois, descobriram-se as fontes de inspiração de Manet: uma tela renascentista, O Concerto Campestre, atribuída por alguns críticos a Giorgione e por outros a Ticiano, e uma obra de Rafael que representa um grupo de divindades clássicas. No entanto, a tela de Manet não é uma simples cópia. Ele apenas transpôs as linhas principais e os personagens dessas obras para uma composição moderna. (História da Arte – Graça Proença) Detalhe de O Concerto Campestre (1505-1510), de Giorgione (?) Dimensões: 110 cm x 138 cm. Museu do Louvre, Paris.
  • 10. MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO • Almoço na Relva é inovador em relação às duas obras anteriores. Primeiro, quanto ao clima de realidade que apresenta, pois os personagens da tela de Manet eram pessoas conhecidas da sociedade parisiense, e não seres lendários como os das obras renascentistas. Em segundo lugar, esse quadro apresenta uma composição elaborada, como podemos ver pela descrição a seguir. • As três figuras em primeiro plano são Victorine Meurend (modelo de Manet), Eugene Manet (irmão do pintor) e Ferdinand Leenhoff (escultor e amigo do pintor). Mais ao fundo, está uma figura curvada saindo da água - que podemos identificar como Vênus - e, mais à frente, uma natureza morta. (História da Arte – Graça Proença)
  • 11. MANET: UM PRECURSOR DO IMPRESSIONISMO • O interessante da composição é o sistema de triângulos que se inter-relacionam, criando uma estrutura fechada onde aparentemente existia uma dispersão de elementos. Assim, há um triângulo formado pelas três figuras sentadas sobre a relva, outro que se sobrepõe a esse e envolve a figura na água, e um terceiro, mais amplo, que abrange todas as figuras e tem seu vértice no pássaro que voa no ponto mais alto da tela. Do ponto de vista das cores, o centro de interesse está na luminosidade que a cena ganha com a figura nua da modelo. • A obra de Manet foi importante na medida em que inovou a pintura, dando-lhe uma luminosidade mais intensa. Essa luminosidade foi apontada pelos críticos de arte como um elemento precursor do Impressionismo. (História da Arte – Graça Proença) Detalhe da gravura O Julgamento de Páris (cerca de 1520). Gravura de Marcantonio Raimondi a partir de original de Rafael.