O documento discute vários aspectos da sociedade medieval europeia, incluindo a mentalidade do homem medieval sobre liberdade, o sistema feudal, as cruzadas, a peste negra, fome e guerras como a Guerra dos Cem Anos. A Igreja Católica desempenhou um papel central na civilização medieval, tanto como ideologia dominante quanto como religião.
2. O homem
Medieval
“O homem medieval não tinha
nenhum sentido de liberdade
segundo a concepção moderna.
Para ele, a liberdade era o
privilégio, e a palavra era usada
frequentemente no plural. (...) O
homem livre era aquele que
tinha um senhor poderoso.
Quando, na época da Reforma
Gregoriana, os clérigos
reclamavam a ‘liberdade da
Igreja’, entendiam por isso
subtrair-se a dominação dos
senhores terrenos para exaltar
diretamente apenas o senhor
mais alto, Deus.”
Jacques Le Goff, em A
Civilização do Ocidente
Medieval.
4. Visões diferentes
Afinal, o que foram
as cruzadas? Um ato de fé
e heroísmo? Um massacre
covarde? “Não faz sentido
buscar hoje bandidos e
mocinhos”, diz o holandês
Peter Demant, historiador
da USP. “As batalhas
tiveram significados
diferentes para o Ocidente
e o Oriente”. São olhares
diferentes que ajudam a
entender por que, nove
séculos depois, o assunto
continua fascinando – e
causando polêmica – nos
dois lados do mundo.
5. A herança para o
Ocidente
Houve a separação da Igreja do
Ocidente e do Oriente e um
rastro de violência que fez
aumentar a desconfiança entre
cristãos e muçulmanos nos
anos seguintes. Em
compensação, é inegável que
a Europa, apesar de não ter
conquistado seus objetivos,
saiu fortalecida. As
cruzadas reforçaram a
autoridade dos reis, abrindo
caminho para a criação dos
Estados Nacionais. Elas
também impulsionaram o
comércio com o Oriente,
enriquecendo as cidades
italianas que teriam papel
fundamental na sofisticação
das transações financeiras até
resultar na criação do sistema
bancário.
6.
7. O excedente da produção facilitou o crescimento demográfico da população medieval,
incentivou o comércio, dinamizou a economia e promoveu a urbanização na Europa.
8.
9. Um mundo em
transformação
Lentamente um
novo mundo
começou a ser
construído: o
mundo dos
negócios. A
burguesia estava
preocupada em
poupar, investir,
em obter lucro e
administrar seus
interesses com
mais autonomia.
10. A mentalidade
econômica
“A fraqueza das técnicas
de produção reforçada
pelos hábitos mentais
condenava a economia
medieval à estagnação;
a satisfazer apenas a
subsistência, e os gastos
com produtos de luxo de
uma minoria.”
Jacques Le Goff, ao
comentar sobre a vida
material dos feudos.
11. As Guildas ou
Corporações de
Ofício
Não haverá incentivo à
competitividade. Portanto,
era bastante diferente de
hoje, em que a
concorrência prevalece e
cada empresa faz aquilo
que crê ser melhor para seu
crescimento.
“Era normal que esta
indiferença e mesmo
hostilidade ao crescimento
econômico se refletisse no
setor de economia
monetária e opusesse forte
resistência ao
desenvolvimento de um
espírito de lucro de tipo pré-
capitalista.”
(Le Goff)
12.
13. As Comunas e as
Cartas de
Franquia (Forais)
Os habitantes dos burgos
sentiam necessidade de se
libertarem e, para tal, era
necessária a compra de uma
carta (foral), a qual podia
conceder-lhes a libertação
total ou parcial do domínio
do senhor, dependendo da
quantia paga. Surgia assim,
o movimento comunal, ou
seja, o desejo dos burgueses
de obterem liberdade,
segurança, isenção de
impostos feudais e justiça
própria, desejos estes que
eram sobretudo resultado
do desenvolvimento
comercial. Pode-se dizer que
este foi o nascimento das
comunas.
14. A Usura
Sua condenação como uma
prática ilícita e pecaminosa
tem uma longa tradição na
história do pensamento
cristão. A começar pelos
textos contidos na Bíblia,
livro sagrado do
cristianismo, onde são
explícitas as citações que
condenam tal ato, podendo
ser citados pelo menos
quatro textos do Antigo
Testamento e um do Novo
Testamento. Textos estes
provenientes da versão em
latim, conhecida como
Vulgata, edição
largamente utilizada
durante todo o período
medieval.
18. A Peste Negra
Na época, as cidades
medievais agrupavam
desordeiramente uma
grande quantidade de
pessoas. O lixo e o
esgoto corriam a céu
aberto, atraindo insetos
e roedores hospedeiros
da peste. Os hábitos de
higiene pessoal
ofereciam grande risco.
Os banhos não faziam
parte da rotina das
pessoas. (Ver texto em
destaque no material
didático)
19.
20. Auto-
flagelação
Estudiosos calculam
que cerca de 1/3 de
toda população
européia teria
sucumbido ao terror
da epidemia. Ao
mesmo tempo em
que a Peste Negra
era compreendida
como um sinal de
desgraça, indicava o
colapso de alguns
valores e práticas do
mundo feudal.
21. “Um mundo em
equilíbrio marginal”:
a fome.
A Grande fome de 1315-
1317 na Europa foi a
primeira de uma série de
crises em larga escala que
atingiram a Europa no
inicio do século XIV,
causando milhões de
mortes por um grande
número de anos, marcando
o fim de um período
anterior de prosperidade
durante o século XIII.
Iniciando com um tempo
ruim na primavera de 1315,
quebras universais de
colheitas passaram por
1316 até o verão de 1317. A
Europa não se recuperou
totalmente até 1322.
22.
23. A Guerra dos
Cem Anos
Aconteceu no final da
idade média, entre 1337 e
1453, não foram 100, mas
sim 116 anos de guerra
entre a França e a
Inglaterra. Os normandos,
que haviam se estabelecido
na Inglaterra, tinham
coroado sua descendência
como monarcas ingleses,
estes possuíam na França
grandes extensões de
terra. Quando, na França,
foi extinta a dinastia dos
Capetos, o rei Felipe de
Valois foi nomeado seu
sucessor.
24. Joana D’arc
Evitando certo exagero, é
neste episódio que
encontramos a
participação de Joana
D’Arc. Os franceses
impuseram seguidas
derrotas aos exércitos
britânicos. Em 1453, a
conquista da cidade de
Bordeaux obrigou os
ingleses a admitir sua
derrota, dando fim à
Guerra dos Cem Anos.
Depois disso, a monarquia
francesa ganhou amplos
poderes sob a tutela do rei
CarlosVII.
25. A Guerra das
Duas Rosas
Foi uma série de longas e
intermitentes lutas
dinásticas pelo trono
da Inglaterra, ocorridas ao
longo de trinta anos de
batalhas esporádicas (1455
e 1485). Em campos
opostos encontravam-se as
casas deYork e de
Lancaster. As lutas
pelo trono de
Inglaterra entre famílias
rivais dos descendentes
de Eduardo III devem o seu
nome aos símbolos das
duas facções:
uma rosa branca para
a Casa deYork,
uma vermelha para a Casa
de Lancaster.
26. A Idade da Fé
“Enfim, penso que ao se
esforçar para descrever e
explicar a civilização
medieval, convém não
esquecer duas realidades
essenciais. A primeira
relaciona-se com a própria
natureza do período. A Igreja
desempenhou aí um papel
central, fundamental. Mas é
preciso ver que o
Cristianismo aí funcionou em
dois níveis: como ideologia
dominante, apoiada num
poder temporal considerável,
e como religião propriamente
dita. Negligenciar um desses
papéis levaria à
incompreensão e ao erro.”
Jacques Le Goff