1. 1
JESUS FERREIRA iniciou
seus estudos no Instituto São
Raphael desde tenra idade,
onde logo mostrou seus talen-
tos intelectuais e musicais. Ele
fez grandes avanços na pes-
quisa acadêmica, mas dedicou
sua vida à música. No instituto
estudou teoria musical, harmo-
nia e contraponto para os cursos
de violino e regência.
Após sua formação no Instituto
São Raphael, seguiu para a ci-
dade de São Paulo, trabalhando
de início em casas noturnas e
durante o dia, em entidades
para deficientes visuais. No fa-
moso e conhecido Conservató-
rio Dramático e Musical da ca-
pital paulistana, conquistou seu
diploma agora como violinista,
passando pelos ensinamentos
dos mestres Dinorá Milloni
Ferraz, Zacarias Autuori, Mário
de Andrade entres outros espe-
cais. Chegou a participar como
solista da Orquestra Sinfônica
de São Paulo. Após 10 anos,
sem esquecer de suas raízes, em
1949 o professor Jesus Ferreira
retorna a sua cidade natal Ita-
úna, Minas Gerais para realizar
um recital de violino, sendo
bastante aguardado pelo pú-
blico itaunense.
No ano de 1959, ao ganhar em
primeiro lugar o concurso de
violão na cidade do Rio de Ja-
neiro e tendo grandes oportuni-
dades de ampliar seus sonhos
nas terras cariocas, decidiu vol-
tar para minas gerais no ano se-
guinte, onde passou a reger a
direção do Coral São Raphael.
Nas décadas de 1971 e 1973 foi
homenageado pelo Lions Club
com Certificado de Colabora-
dor e Medalha de Honra ao Mé-
rito, pelos trabalhos de repre-
sentante do Instituto São Ra-
phael no Conselho Nacional
para o Bem Estar dos Cegos no
Rio de Janeiro.
Em 1974 o Coral regido pelo
professor Jesus Ferreira seguiu
para Porto Alegre na missão de
cumprir um de seus mais im-
portantes trabalhos: Participar
do Congresso Internacional de
Coros, sendo aclamados por to-
dos os presentes após gloriosa
apresentação, sendo desativado
o grupo no mesmo ano. O Coral
retorna com suas atividades no
ano 1976 novamente com re-
gência do professor Jesus,
agora, denominado “Coral de
Ex-alunos ARS Vita”, inici-
ando apresentações em terras
paulistas por 10 dias consecuti-
vos entre bares, lanchonetes,
rádios, televisão e no Instituto
de Cegos Padre Chico. O ano
de 1975 o professor Jesus Fer-
reira foi um dos ilustres prota-
gonistas que participou e aju-
dou o município de Itaúna, Mi-
nas Gerais a conquistar o título
de “PRIMEIRA CIDADE
EDUCATIVA DO MUNDO”.
No ano de 1989 o Coral de Ex-
alunos é desativado, todavia,
ainda no mesmo ano, o profes-
sor e Diretor do Instituto São
Raphael, José Juvenal da Cruz
Filho em parceria com o Dire-
tor de Planos e Programas da
Coordenadoria de Apoio e As-
sistência ao Deficiente, conse-
guiram junto a igreja Batista do
Barro Preto de Belo Horizonte,
um espaço no auditório para
novamente realizarem os traba-
lhos musicais, com isso, o pro-
fessor Jesus Ferreira é nova-
mente convidado a participar.
O Diretor José Juvenal registra
que foi mais uma época glori-
osa e harmoniosa junto ao pro-
fessor Jesus Ferreira, que la-
mentavelmente no ano de 1995,
seus trabalhos foram interrom-
pidos devido as condições frá-
geis de saúde do professor Je-
sus Ferreira não permitirem sua
continuidade na regência.
O professor e Diretor José Ju-
venal ressalta ainda, que Jesus
Ferreira “amblíope desde cri-
ança, além de musicólogo e
professor foi exímio violinista,
pianista e compositor, [...] que
seu xará Jesus, o tenha recebido
e o ajude a continuar alegrando
e iluminando as almas por onde
esteja”. O memorável profes-
sor Jesus Ferreira veio a falecer
aos 04 de abril de 1998.
PEDRA NEGRA
MEMORÁVEL PROFESSOR ITAUNENSE
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BELO HORIZONTE MINAS GERAES - 1935
OS PRIMEIRO DIPLOMADOS PELO INSTITUTO SÃO RAPHAEL
Belo Horizonte, 25 de novembro – (Do correspondente) Realizou-se no dia 22 do corrente, no Instituto São
Raphael, um magnífico concerto musical em homenagem ao dr. José B. Olinda de Andrada, secretário da
Educação e Saúde Pública, aos primeiros diplomados pelo Instituto de Cegos São Raphael e ao dr. Fernando
de Melo Viana, paranympho da turma. [...] Depois de interpretados os vários números do programa, sob
aplausos de todos os presentes, a diretoria do Instituto fez servir aos convidados sorvetes e finos doces.
No dia seguinte, 23 as 8 horas da noite, no teatro Municipal, realizou-se a
entrega dos diplomas, ante uma assistência calculada em mais de 3.000 pes-
soas, onde se viam todo o consulado, representantes do governo do Estado,
dos secretários do Interior, Finanças, do sr. Dr. Waldemar Tavares Paes, pelo
secretário da Educação e Saúde Pública, e de vários outros membros de des-
taque no mundo oficial, e sendo declarada aberta a sessão pelo dr. Waldemar.
Depois de executados alguns números pela orquestra do Conservatório Mi-
neiro de Música, foi dado início a entrega de diplomas a Joveny de Oliveira,
JESUS FERREIRA, Geraldo de Araújo e Diógenes de Abreu, utilizando-se
da palavra o ser. JESUS FERREIRA, orador oficial da turma, que pronun-
ciou brilhante discurso despedindo-se do Instituto São Raphael e demons-
trando seu grande amor aquele estabelecimento, ao seu diretor, professor
José Donato da Fonseca, e ao dr. Fernando de Melo Viana, seu benemérito
fundador. (JORNAL: CORREIO DA MANHÃ/1935)
3. 3
INSTITUTO SÃO RAPHAEL - 1936
Pelo decreto nº 11.500 de 31 de agosto de 1934, o Instituto São Raphael tem por fim ministrar a cegos dos
sexos masculino e feminino, instrução primária, secundária, artística e profissional. O curso primário é obri-
gatório e os três últimos de livre escolha dos alunos de acordo com suas vocações. O Instituto só admite
alunos internos. É pensamento do governo quando oportuno anexar-lhe um curso especial, destinado a cegos
adultos, organizando em forma de externato.
A matrícula do Instituto São Raphael eleva-se a 80 alunos havendo um excesso de 30 alunos sobre a sua
lotação, que é de 50 apenas. Diplomou-se o ano passado a primeira turma de alunos do estabelecimento, que
está em franco processo, correspondendo satisfatoriamente as exigências regulamentares. Pela sua organi-
zação modelar e altas finalidades humanitárias é digno o Instituto de todo o carinho do governo.
JORNAL: CORREIO DA MANHÃ/1936
4. 4
CAMPANHA DA LUZ EM PROL DOS
CEGOS NO BRASIL - 1949
Humberto Taborda
Entre as atividades exercidas por cegos, tem a mú-
sica primordial destaque. O cego, perdido o pri-
meiro sentido, sente avivarem-se os demais e prin-
cipalmente os do ouvido e do tato que, todos o sa-
bem, são os que na música mais ajudam a inteli-
gência.
Talvez mesmo por não ver as coisas que o cercam,
o cego concentra toda a sua atenção na prática do
exercício a que se dedica e alcança mais rapida-
mente o resultado almejado.
São inúmeros os artistas cegos que adquiriam al-
gum renome como executantes em todos os instru-
mentos musicais e notadamente, no piano, no vio-
lino, na harpa e no violão.
Há mesmo conjuntos musicais que são dignos de
maior apreço. [...] Citarei aqui apenas alguns no-
mes dos artistas mais distintos cegos e ambliopes:
professor JESUS FERREIRA é uma organização
artística – declamador, compositor, violinista, pia-
nista e regente de conjuntos corais de real valor.
Com estímulos auditivos, conseguiu reger um
grande coral de cantores cegos com uma perfeita
harmonia de vozes. (JORNAL: DIÁRIO DE NOTÍCIAS/1949)
29 ANOS DE TRABALHO EM FAVOR
DOS CEGOS - 1956
Conforme foi notificado, a ASSOCIAÇÃO PRO-
MOTORA DE INSTRUÇÃO E TRABALHO PARA
CEGOS, entidade reconhecida de utilidade pública
pelo Governo, comemorou em sua sede social a rua
Cajuru, 722-730, o seu 29º aniversário de funda-
ção no dia 29 do corrente.
A solenidade constou de:
- Hino da Associação cantado por um grupo de ce-
gos de ambos os sexos, acompanhado ao piano;
- Saudação a todos os presentes pelo professor
João Penteado - presidente da instituição;
- Discurso em nome da direção técnica pelo 1º se-
cretário José Gavronski;
- Saudação em nome do 2º Núcleo Profissional com
sede em Santos, pelo cego Osvaldo Borelli;
- Saudação em nome do 3º Núcleo de Sorocaba,
pelo cego Antônio Nicesio;
- Discurso em nome de todos os cegos, pelo ambli-
ope JESUS FERREIRA;
- Hino Nacional, cantado por grande número de
cegos de ambos os sexos.
(JORNAL: CORREIO PAULISTANO/1956)
8. 8
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo (CDMSP)
Foi uma escola superior de música erudita e arte dramática localizada no centro
de São Paulo que oferecia bacharelado em música com as habilitações em canto,
composição, regência e instrumento e em arte dramática, com foco na formação
de atores.
9. 9
FAMÍLIA
JESUS FERREIRA nasceu no município de Itaúna, Minas Gerais em 29 de junho de 1916. Filho de José
Ferreira da Silva (Zé Carreiro da Várzea da Olaria) e Conceição Caetano Ferreira, neto paterno de João de
Deus Ferreira e Castorina Maria de Jesus e pelo lado materno, neto de João Caetano e Luiza Caetano. Casou
com HERMÍNIA GOBBO FERREIRA nascida no município de Sacramento, Minas Gerais em 20 de janeiro
de 1910 e batizada aos 20 de abril 1911 na Paróquia de Nossa do Patrocínio do Santíssimo Sacramento; regis-
trada no Registro Civil do Ipiranga São Paulo, assinado pelo Oficial de Registro Civil e Escrivão de Paz
Geraldo de Barros Brotero em 01 de junho de 1940; filha de João Gobbo e Maria Scalon.
Jesus Ferreira teve 10 irmãos: parte de pai, José Ferreira, Geraldo Ferreira, Vital Ferreira, Constança, Apare-
cida e Aurora; por parte de mãe, Cosme Caetano da Silva, Terezinha, Agostinho e Maria São Gonçalo. Flo-
rescendo ainda mais 9 netos e 4 bisnetos.
O casal teve 3 filhos biológicos e um adotivo:
Professor José Gobbo Ferreira, Coronel do Exército e
doutor em Engenharia Aeroespacial, nascido aos 28 de fe-
vereiro de 1941 às 20 horas a Rua Sousa Pereira no muni-
cípio de Sorocaba, Estado de São Paulo; registrado pelo
Escrivão do Juízo de Paz e oficial do Registro Civil, Del-
mino Malheiro de Almeida e pelo Oficial Maior, Possidô-
nio F.M. Quertchetti;
Cleia Márcia Gobbo Ferreira, Técnica de Enfermagem;
Terezinha Gobbo Ferreira, nascida no dia 8 de outubro
de 1946, às 8:00 hs no prédio de número 1871 da Avenida
do Estado, Subdistrito (Santa Efigênia) São Paulo, assi-
nado pelo Oficial Arnaldo Leal – Serventuário da Escri-
vania do Juízo de Paz e oficial do Registro Civil das Pes-
soas;
José Carlos Munhoz.
Da direita para esquerda:
José Goboo Ferreira
Terezinha Goboo Ferreira
Cleia Márcia Goboo Ferreira
José Carlos Munhoz
Jesus Ferreira e Hermínia Goboo Ferreira
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CURRICULUM VITAE
PROFISSÃO:
Professor, violinista, pianista, compositor, arranjador musical, regente Coral
ESCOLAR:
Primário - Instituto São Raphael 1927/1930
Ginasial Instituto São Raphael 1931/1935
Superior - Conservatório Dramático e Musical de São Paulo 1945
Curso de Extensão Cultural de regência e Técnica Vocal feito na Escola de Música da UFMG em 1973
REGISTROS:
Registros no MEC: Canto orfeônico - º 3518 29/09/1961
Educação Musical 8503 – 04/03/1969
Violino nº 709
TRABALHOS:
Professor de dicção - Instituto Pestalozzi, 1935 Belo Horizonte/MG;
Professor de Música - Instituto Padre Chico – São Paulo 1937/1939;
Adjunto da Direção Técnica - 1940-1945 da Associação Promotora de Instrução e Trabalho para Cegos –
APIT / São Paulo/SP;
Gerente Técnico - SOT para cegos São Paulo - 1946/1960;
Professor de Educação Musical Efetivo nível P3E MASP;
Representante anual como delegado do Instituto São Rafael (Assembleias de Conselho Nacional para o Bem
estar dos Cego, sediado no RJ);
Regente do Coral São Raphael – Belo Horizonte/MG – 1966/1974
Coral de Ex-alunos ARS VITA - 1975/1989/1995
OBRAS:
Publicação de obras musicais: “Noite de Estio”; “Faz-de-Conta” (Irmãos Vitale Ed. SP); “Coleções Noites
Brasileiras”, Canções de Minha Terra”, Cenas Infantis” entre outras.
Autor do Hino Oficial do Município de Itaúna
Compôs peças para violino, violoncelo, instrumento de sopro e canto.
Arranjos para coral, Orquesta e Banda
Parcerias com Mestres Eládio Peres Gonçalves e Carlos Alberto Pinto Fonseca.
Foi um dos artistas consagrados que participou do projeto e ajudou o município de Itaúna a obter o título de
“Cidade Educativa do Mundo” em 1975.
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Referências:
Organização, pesquisa e arte: Charles Aquino - Historiador Registro nº 343
(CDMSP): https://spcity.com.br/do-conservatorio-dramatico-musical-de-sao-paulo-praca-das-artes
FILHO, José Juvenal da Cruz. Agentes da Luz O Instituto, 2003, Ilustradas, p.49,50.
NOGUEIRA, Guaracy de Castro. In Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em detalhes. Ed. Jornal Folha
do Povo, 2003, p. 28 a 31.
Apoio a pesquisa e Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira / Patrícia Gonçalves Nogueira
Apoio a Pesquisa e Acervo: Professor Giovanni Vinicius (sobrinho de Jesus Ferreira)
Apoio a Pesquisa: Cosme Caetano da Silva (In Memoriam)
Apoio a Pesquisa: Itaúna em Décadas (Blog / Site): Disponível em:
https://itaunaemdecadas.blogspot.com / https://itaunadecadas.com.br
Acervo: Museu Municipal Francisco Manoel Franco – Violino: Disponível em:
https://www.itauna.mg.gov.br/imgeditor/file/Violino.pdf
Fontes Impressas da Biblioteca Nacional Digital do Brasil:
Correio da Manhã – Rio de Janeiro, Domingo, 1 de Dezembro de 1935, nº 12589
Correio da Manhã – Rio de Janeiro, Quarta-Feira, 19 de Agosto de 1936, nº 12.812
Correio Paulistano – São Paulo, Quarta-Feira, 19 de Outubro de 1949, nº 28692
Correio Paulistano – São Paulo, Quarta-Feira, 23 de maio, nº 30717
Diário Carioca – Rio de Janeiro, Sábado 28 de Janeiro de 1939, nº77
Diário de Notícias – Rio de Janeiro, Domingo 9 de Outubro de 1949, nº 8272
Diário de Notícias – Rio de Janeiro, Domingos 26 de Junho de 1949, nº 8182
Folha do Oeste – Itaúna, 24 de Julho de 1949, nº 32
Gazeta de Notícias – Rio de Janeiro, 25 de Janeiro de 1927, nº 21
Jornal do Brasil – Rio de Janeiro, Quinta-feira, 26 de Janeiro de 1939, nº 22
Jornal do Commercio – Rio de Janeiro, Sexta-Feira, 29 de Outubro de 1937, nº 25
O Malho – Rio de Janeiro, 16 de Março de 1929, nº 1383
Family Search: Disponível em:
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3Q9M-CS6V-8BVM
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3Q9M-CSDY-R9ZC-S
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3Q9M-CS87-M9FQ
TABLOIDE PEDRA NEGRA
HISTÓRIA & MEMÓRIA