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MÚSICA
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esde sua apresentação inaugural
– realizada em fevereiro de 2008, no Grande Teatro do Palácio das Artes, em
Belo Horizonte, com a aclamada 9a
Sinfonia de Beethoven –, a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais tem arrancado aplausos das plateias de todas
as cidades por onde passa.
Sediada na capital mineira e mantida pelo Instituto Cultural Filarmô-
nica, somente na primeira temporada do grupo mais de 70 mil pessoas fo-
ram prestigiar sua música, mostrando que, embora pouco divulgados, os
concertos têm seu público garantido. “Infelizmente, a mídia, em geral, não
se interessa em propagar a música orquestrada. Essa é uma questão que
não depende apenas de pessoas ligadas à música, mas de toda a socieda-
de”, diz Fabio Mechetti, regente titular e diretor artístico da filarmônica.
Nascido em São Paulo, em uma família de músicos, na qual o avô e o
pai também eram maestros, Mechetti já se apresentou em diversas orques-
tras internacionais, como a Filarmônica de Auckland, na Nova Zelândia, e a
Sinfônica de Spokane, nos Estados Unidos. Neste país, inclusive, ele é fre-
quentemente convidado para se apresentar em festivais de verão, além de
intercalar sua função no Brasil com o cargo de regente titular e de diretor
artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonvillle, no estado da Flórida.“Nos
meses de janeiro e fevereiro, período de férias no Brasil, me dedico exclusi-
vamente às atividades nos Estados Unidos; entre junho e setembro, fico o
tempo todo aqui. Nos outros meses,venho uma ou duas vezes por mês para
os concertos da filarmônica”, explica o maestro, que conta com o apoio do
regente assistente Marcelo Lehninger durante sua ausência.
D
Sinfonia brasileira
Criada em 2008, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
já se destaca como uma das mais importantes do país
Texto RENATA CAETANO
Acima, Fabio Mechetti, regente titular da Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais. Abaixo e na página ao
lado, do grupo durante uma de suas apresentações
Foto:AndréFossati/Divulgação
Foto:AndréFossati/DivulgaçãoFoto:EugênioSávio/Divulgação
2. A boa atuação de Mechetti em orquestras pelo mundo afora foi reco-
nhecida pelo governo de Minas Gerais, que o convidou para desempenhar
os dois cargos que ocupa na filarmônica. “Historicamente, todos os mode-
los bem-sucedidos de orquestras de renome internacional mostram que os
resultados são melhores quando o diretor artístico é também o regente
titular, aquele que vai usar seu talento para que a missão da orquestra seja
cumprida”, afirma o músico.
Talentos reunidos
Formada em sua maioria por integrantes brasileiros, a orquestra mi-
neira também conta com o talento de músicos estrangeiros em seu elenco,
como a harpista alemã Mareike Burdinski, que há um ano vive no Brasil.“A
América do Sul sempre me atraiu. Aqui, o público demonstra gratidão ao
ouvir nossos concertos. Já na Alemanha, a plateia é muito mais crítica, por-
que a relação dos alemães com a música instrumental é culturalmente
mais próxima”, diz Mareike.“Para mim, tocar traz muito mais satisfação do
que simplesmente ouvir uma música, e o meu objetivo é transmitir essa
paixão para as outras pessoas”, completa a artista, que também toca flau-
ta, piano e viola.
Com membros permanentes, que estudam diariamente as técnicas
dos instrumentos e o repertório dos concertos, o grupo também recebe
convidados especiais. Em julho de 2010,por exemplo,o pianista Nelson Frei-
re se apresentou com a orquestra durante o 41o
Festival Internacional de In-
verno de Campos do Jordão, no interior de São Paulo.
Para mostrar o extenso trabalho de seus artistas,este ano,a filarmônica
lançou a série Concertos de Câmara (orquestras menores), em que são apre-
sentados repertórios especiais com os principais músicos de cada naipe (clas-
se de instrumentos), como o Quinteto de Metais, o Quinteto de Sopros e o
Quarteto de Cordas.“Fazer parte da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
é um sonho. Eu sempre quis tocar em uma orquestra em que o trabalho
fosse sério e, ao mesmo tempo, prazeroso”, diz o paulista Nilson Bellotto,
que compõe o naipe de contrabaixos e, aos 20 anos, é um dos mais jovens
integrantes do grupo.
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Nesta página, a filarmônica no Palácio das Artes e o
contrabaixista Nilson Bellotto, um dos músicos mais jovens
da orquestra. Na página ao lado, harpa tocada pela alemã
Mareike Burdinski e o percussionista mineiro Werner Silveira
A primeira temporada da orquestra, em 2008, foi assistida por mais de 70 mil pessoas
Foto:AndréFossati/Divulgação
Foto:AndréFossati/DivulgaçãoFoto:RubemCerqueira/Divulgação
Foto:Divulgação
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Outras séries apresentadas pela filarmônica são a Allegro e a Vivace,
que trazem um repertório diversificado e grandes nomes da música de or-
questra mundial, como o violoncelista Antonio Meneses e a violinista nor-
te-americana Jennifer Frautschi.
Arte para todos
A busca pela disseminação da música clássica fez com que a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais criasse projetos especiais para viabilizar o aces-
so de pessoas de baixa renda aos concertos. Em 2008, por exemplo, cerca de
4.500 jovens e crianças de escolas públicas,além de participantes de projetos
sociais, puderam assistir a apresentações fechadas do grupo graças ao proje-
to Concertos Didáticos, realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e
que oferece ao público informações sobre a orquestra, os instrumentos, as
obras interpretadas e também sobre os compositores. “Como professor do
Centro de Formação Artística da Fundação ClóvisTavares,em Minas Gerais,eu
percebo que há muita paixão e interesse dos jovens em conhecer e vivenciar
novidades”, diz Werner Silveira, percussionista da orquestra.
Com a série Concertos para a Juventude, iniciada em abril deste ano e
que acontece no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, também na capital mineira,
a intenção é resgatar a tradição de concertos sinfônicos nas manhãs domini-
cais,levando ao público música de qualidade a preços populares.“É importan-
te estimular a percepção da arte,da sensibilidade,do cotidiano nos jovens pa-
ra que eles desenvolvam o gosto musical”, afirma Silveira.“Johann Sebastian
Bach e Igor Stravinsky podem ser uma novidade incrível para um jovem de 15
anos que nunca os tenha escutado antes”, completa o músico, lembrando
que,apesar do nome,as apresentações estão abertas a todas as faixas etárias.
Outro projeto da filarmônica que tem atraído a atenção do público é o
Clássicos no Parque, no qual os músicos se apresentam em diferentes par-
ques de Belo Horizonte aos domingos, levando arte e musicalidade para a
capital mineira. Informações sobre a programação da orquestra podem ser
obtidas no site www.filarmonica.art.br ou pelo telefone 31 3213-4777.
Acima,Werner Silveira: “É importante estimular a percepção
da arte nos jovens para que desenvolvam o gosto musical”.
Abaixo, apresentação no GrandeTeatro do Palácio das Artes
Projetos especiais da filarmônica viabilizam o acesso de
pessoas de baixa renda aos concertos
Foto:AndréFossati/Divulgação