O documento descreve a classificação, biologia, patologia e manifestações clínicas do Strongyloides stercoralis, um nematódeo que causa estrongiloidose em humanos. O parasita alterna entre ciclos de vida livre e parasitária e pode causar infecções graves em pessoas imunocomprometidas.
2. • Características gerais
– Pequeno nematódeo que alterna ciclo de
vida livre e parasitário
– Infecção inaparente em imunocompetentes
– Causa parasitismo intestinal grave em
imunocomprometidos
Nematódeos - infecção ativa
3. Ovo larvado e larva não infectante (rabditóide) – Strogyloides stercoralis
8. • Biologia
– Morfologia
• Adulto
– O parasito adulto tem corpo cilíndrico e bastante
delgado (40 mm);
– Tamanho do verme adulto é de ~ 0,2 cm;
• Ovo
– Semelhante ao dos ancilostomídeos
– Hospedeiro: homem, cão e gato
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12. • Biologia
– Ciclo (Monoxênico)
• DIRETO
– Fêmeas realizam a ovipostura e, ainda no intestino ocorre a
eclosão, com liberação de larvas rabditoides (não infectantes;
L2);
– Larvas rabditoides podem se desenvolver de duas maneiras:
» São eliminadas com as fezes (CICLO INDIRETO);
» Transformarem-se em larvas filarioides (infectantes; L3)
no intestino grosso do hospedeiro;
– As larvas filarioides que penetram a mucosa intestinal
realizam ciclo pulmonar, retornando ao intestino delgado e se
tornando adultas na mucosa de jejuno ou íleo;
– Larvas rabditoides podem se transformar em filarioides no
intestino grosso também podem causar autoinfecção externa;
– A ovipostura ocorre por partenogênese.
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13. • Biologia
– Ciclo (Monoxênico)
• INDIRETO
– Fêmeas realizam a ovipostura e, ainda no intestino ocorre
a eclosão, com liberação de larvas rabditoides (não
infectantes; L2);
– As larvas rabditoides eliminadas pelas fezes, transformam-
se em machos e fêmeas de vida livre (solo);
– Após o acasalamento, fêmeas de vida livre , originam
larvas rabditoides que, após alguns dias, passam a
filarioides (infectantes; L3) ;
– As larvas filarioides realizam penetração cutânea e ciclo
pulmonar;
– O desenvolvimento completa-se na mucosa do intestino
delgado, com a formação de fêmeas partenogenéticas.
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14. • Biologia
– PPP: 17-21 dias (Thamsborg et al., 2016; Page et al., 2018)
– Nutrição: adultos euritróficos*
– Infectividade
• Durante a vida livre exigem solo úmidos, ricos em matéria
orgânica, com temperaturas entre 25-30ºC;
• As formas migrantes podem entrar em dormência ou
hipobiose o que pode contribuir para anos de infecção
inaparente;
• Os Ácidos Dafacrônicos (DA) aumentam o número de
larvas do ciclo sexuado (heterogônico) e inibem às do ciclo
infectante (homogônico) (Dulovic; Streit, 2019):
– DA reduzem a formação de L3i (filarioides); estimulam o ciclo indireto
ou heterogônico.
• Cortisol e derivados sintéticos estimulam o ciclo direto ou
homogônico.
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15. • Biologia
– Infectividade
• A imunidade contra a migração larval parece ser
importante e leva a uma simples infecção inaparente
(número reduzido de larvas intestinais);
• A infecção transmamária e a indução do ciclo sexuado
são maneiras de fugir da imunidade ativa;
• A imunidade parece ser dependente da resposta
adaptativa (Th2), com grande infiltração de PMN,
liberação de mieloperoxidase e fagocitose induzida pelo
Sistema do Complemento e Anticorpos, aumentando a
produção de DA, reduzindo a autoinfecção;
• A estimulação de uma resposta Treg, com predomínio
da citocina TGFb, reduzem a produção de DA,
favorecendo a autoinfecção.
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16.
17. • Biologia
– Infectividade
• Estar atento à infecção inaparente que pode piorar em
qualquer paciente submetido a situação de
imunocomprometimento:
– Em indivíduos infectados com HTLV-1 há uma redução marcante
da atividade IL-5, por aumento da atividade do linfócito Treg, o
que compromete a mobilização de eosinófilos, importantes na
defesa contra helmintos;
– Condições crônicas graves (Estresse, Alcoolismo, Câncer,
Hanseníase lepromatosa, Tuberculose, AIDS, Leishmaniose);
– Procedimentos médicos que reduzem a atividade do sistema
imune sistema imune, como a terapia com corticoides (Silva et al.,
2016).
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18. Nematódeos - infecção ativa
Imunidade inata
sobre L3 de
Strongyloides em
camundongos.
Breloer; Abraham,
2017.
19. Nematódeos - infecção ativa
Imunidade
adaptativa sobre L3
de Strongyloides
em camundongos.
Breloer; Abraham,
2017.
20. Nematódeos - infecção ativa
Diferença na carga parasitária de S. stercoralis em pacientes
infectados ou não com o vírus HTLV-1 (Montes et al., 2009)
21. Nematódeos - infecção ativa
Relação entre IL-5 (aumento Acs e Eosinófilos) e linfócitos Treg em
indivíduos infectados por S. stercoralis, com e sem infecção por vírus
HTLV-1 (Montes et al., 2009)
22. • Patologia (superinfecção)
– Penetração no hospedeiro
• Dermatite e lesões com pápulas eritematosas (só
em penetrações intensas no ambiente)
– Migração pulmonar
• Hemorragia, pneumonite difusa e focos de
consolidação pulmonar;
• Podem ocorrer abcessos, bacteremia e meningite.
– Lesões intestinais
• Ação mecânica, histolítica e tóxica;
• Inflamação exsudativa mucosa (catarral) passando
a atrofiante e até a formação de granulomas ou
necrose;
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32. Infecção experimental de ratos
com Strongyloides venezuelensis.
Histopatológico do duodeno de
roedores 15 dias após a infecção
eperimental: A e B: controles; C e
D: infectados. E e F: infectados e
tratados com dexametasona no dia
14 pós-infecção. Observe a
invasão maciça da mucosa de
ovos férteis e parasitas adultos,
acompanhada por erosão da
camada epitelial intestinal (Tefe-
Silva et al., 2012).
33. • Manifestações (nos casos severos)
– Eritema e prurido em área endêmica (“micuim”);
– Síndrome de Löeffler, assemelhando-se também
com pneumonia atípica ou asma;
– Alterações gerais (alternância de períodos de
diarreia e constipação intestinal);
– Inapetência, náuseas e vômitos;
– Eosinofilia:
• de 15-40% em casos agudos;
• Ausente na imunossupressão:
– infecção por HTLV-1
– Medicamentosa (iatrogênica).
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35. Weinstein D; Lake-Bakaar G. 2005. Strongyloides stercoralis infection
presenting with severe malabsorption and arthritis in an immune
competent host. Internet J Rheumat. 2(2).
36. Mohammed et al. 2019. Respiratory hyperinfection with Strongyloides
stercoralis in a immunocompetent patient; antes (B) e depois (B) da terapêutica
medicamentosa. Notar a presença de nódulos miliares, acusando a pneumonite
difusa em B. Indian Journal of Critical Care Medicine, 23(10): 481-483).
37. • Diagnóstico
– A estrongiloidose deve ser suspeita:
• em casos de diarreia crônica sugestivos de parasitose c/ EPF
negativo e eosinofilia;
• em pacientes que serão submetidos a tratamento com
imunossupressor;
• Diarreias crônicas:
– imunocomprometidos
– em estados infecciosos crônicos debilitantes
– Processos digestivos inflamatórios crônicos
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38. Nematódeos - infecção ativa
Porcentual de larvas imaturas recolhidas em diferentes órgãos de saguís (Callithrix
penicillata), infectados por Strongyloides stercoralis e imunossuprimidos com
dexametasona (antiinflamatório esteroide). Mati et al., 2014.
40. • Epidemiologia
– É cosmopolita (regiões quentes e úmidas),
assemelhando-se a da ancilostomíase;
– Os dados de prevalência devem estar
subestimados;
– Nos animais domésticos a infecção talvez seja
transitória e sua importância como reservatórios
para o homem é mal conhecida;
– A manutenção das formas infectantes dá-se
basicamente pela poluição dos dejetos humanos;
– Melhoria geral das condições sanitárias básicas.
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