Este documento apresenta informações sobre acolhimento e classificação de risco em obstetrícia, incluindo o que é o acolhimento, como funciona o processo de classificação de risco e casos práticos para ilustrar a aplicação do protocolo.
2. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Peregrinação mata!
Relato de mulheres que peregrinaram:
Eu fiquei triste, eu não tinha como voltar
para casa, fiquei sem saída (E.08).
Eu me senti humilhada, muito... de ter
voltado para casa (E.6, percorreu 2
maternidades).
Eu tive que ficar sentada no banco lá no
meio da praça da maternidade
esperando chegar a minha hora de parir,
porque não tinha vaga (E.6, percorreu 2
maternidades)
Eu estava com um pouquinho de sangramento e eu achei
que não era normal. Aí, me mandaram ir para casa [...]
(E.13, percorreu 2 maternidades).
(SILVA, A.L.S.; ALMEIDA, L.C.G., 2015)
4. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
O que é acolhimento?
Traduz-se em recepção do usuário nos
serviços de saúde, desde a sua
chegada, responsabilizando-se
integralmente por ele, ouvindo sua
queixa, permitindo que ele expresse
suas preocupações.
5. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Prestação de
serviço com
responsabilidad
e e co-
responsabilizaçã
o
Orientação do
usuário e família
Garantia de
articulação com os
outros serviços de
saúde e
continuidade da
assistência.
O que é acolhimento?
6. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
O Acolhimento é uma dos principais diretrizes que norteiam a
reorganização dos processos de trabalho nos serviços obstétricos e
neonatais (BRASIL, 2018).
Quando associado à Classificação de Risco, leva à tomada de decisão do
profissional de saúde a partir de uma escuta qualificada, associada ao
julgamento clínico embasado em protocolo fundamentado cientificamente.
Se inicia no momento da chegada da mulher com a identificação do motivo
da procura ao serviço de saúde o que também indicará o fluxograma de
Classificação de Risco a ser utilizado.
7. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Informação Qualificada e Diálogo
O acolhimento da mulher e do seu
acompanhante tem função fundamental na
construção de um vínculo de confiança
com os profissionais e serviços de saúde,
favorecendo seu protagonismo,
especialmente no momento do parto.
8. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Protocolo de A&CR em Obstetrícia
É uma ferramenta de apoio à decisão
clínica que tem como propósito a pronta
identificação da paciente crítica ou mais
grave, permitindo um atendimento rápido e
seguro de acordo com o potencial de risco,
com base nas evidências científicas
existentes.
9. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Recepção
Técnico
/Auxiliar de
Enfermagem
Enfermeiro
Enfermeiros
Obstetras
Médicos
Obstetras
Serviço Social Psicologia
Serviço de
Vigilância
Serviço de
Transporte
Coordenação
Médica e de
Enfermagem
O processo de Acolhimento e Classificação de Risco é uma ação de
caráter interdisciplinar e envolve diferentes profissionais.
10. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Chaves de decisão dos fluxogramas
Alteração do nível de consciência/estado mental.
Avaliação da respiração e ventilação.
Avaliação da circulação.
Avaliação da dor (escalas).
Sinais e sintomas gerais (por especialidade ou específicos).
Fatores de risco (agravantes presentes)
13. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Parâmetros importantes
Parâmetro de sangramento vaginal
• A hemorragia exanguinante seria aquela
cujo sangramento se mantém
sustentado com perda abrupta de mais de
1500 ml;
• Sangramento intenso: perda brusca ≥ 150 ml
ou mais de 02 absorventes noturnos
em 20 minutos;
• Sangramento moderado: 60 a 150 ml em 20
minutos (01 absorvente noturno);
• Sangramento leve: ≥ 60 ml em 6 horas = 01
absorvente normal
14. PASSO A PASSO PARA UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO
• Anotar de forma clara, concisa e objetiva, contendo início e duração do
evento relatado.
• Ex: Dor abdominal em baixo ventre com início a 3 horas.
1ª Identificar o motivo, situação ou queixa referida da mulher
2ª Identificar o fluxograma correspondente
3ª Iniciar a avaliação (ABCDEF) seguindo fluxograma até
negar um discriminante
15. PASSO A PASSO PARA UTILIZAÇÃO DO PROTOCOLO
4ª Realizar a CR de acordo com o discriminante positivo
apresentado
5ª Anotar obrigatoriamente:
• Discriminador - Ex: Dor abdominal intensa EVA 8/10
• Classificação: Laranja
• Todos os dados mensurados e avaliados
O tempo para a Classificação de Risco
não deverá ultrapassar 5 minutos.
16. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
1. Desmaio / mal
estar geral;
2. Dor abdominal /
lombar / contrações
uterinas;
3. Dor de cabeça,
tontura, vertigem;
4. Falta de ar;
5. Febre / sinais de
infecção;
6. Náuseas e
vômitos;
7. Perda de líquido
vaginal / secreções;
8. Perda de sangue
via vaginal;
9. Queixas urinárias;
10. Parada /
redução de
movimentos fetais;
11. Relato de
convulsão;
12. Outras queixas /
situações.
18. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Após a avaliação médica e/ou do Enfermeiro
Obstetra, e antes da liberação da mulher, realizar
as devidas orientações de referência,
encaminhamentos ou agendamentos para o
retorno, antes que ela e seu acompanhante vão
embora.
Orientar sobre sinais de urgência, início do
trabalho de parto, tecnologias não invasivas de
cuidado, medidas de prevenção de agravos, etc.
19. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Tempo de espera por classificação
• Prioridade Clínica Vermelha: tempo zero
• Prioridade Clínica Laranja: até 15 minutos
• Prioridade Clínica Amarela: até 30
minutos
• Prioridade Clínica Verde: até 120 minutos
• Prioridade Clínica Azul: até 240 minutos
20. ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM
OBSTETRÍCIA
Tempo médio de espera do
cadastro ao início da
classificação de risco
< 10min
Tempo médio da
classificação de risco
< 5 min
Tempo médio de espera
para atendimento médico
ou da enfermeira obstetra
segundo prioridade clínica
(cor) classificada
Percentual de
classificações segundo
prioridade clínica (cor)
Indicadores sugeridos para avaliação do processo de
A&CRO
21. REFERÊNCIAS
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual de acolhimento e
classificação de risco em obstetrícia / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Departamento de
Atenção Hospitalar e Urgência. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018
22. CASO 1
Puérpera, 7 dias pós-operatório de cesárea. Retornou à unidade de saúde acompanhada
de seu esposo queixando dor intensa na região pélvica, secreção com pus saindo da
incisão cirúrgica e febre nas últimas 24h. A enfermeira do setor confirmou a secreção
purulenta e fétida. Sinais vitais: PA: 100x70mm/Hg; P: 115bpm; T: 39,8ºC; FR: 16irpm.
Escala de dor: 6/10.
1. FLUXOGRAMA?
2. DISCRIMINADOR?
3. DISCRIMINANTE?
4. CLASSIFICAÇÃO?
23. CASO 2
Gestante, G3P2A0, IG:32 semanas. Veio a unidade de saúde em transporte próprio
acompanhada de sua mãe. Paciente relata dor de cabeça intensa em região da nuca e
dor no estômago. Sinais vitais: PA: 160x110mm/hg; P: 80 bpm; T: 36,7ºC e FR: 16irpm.
Escala de dor: 5/10. Não está fazendo uso de nenhuma medicação durante a gravidez.
24. CASO 3
Paciente R.S.T., 25 anos, G2P0A1, IG: 20 semanas. Deu entrada na unidade de saúde
inconsciente, saturação O2 = 85%, pele pegajosa e sudorese. Acompanhante refere que
paciente apresentou mal-estar geral e sensação de desmaio. Sinais vitais: PA:
90x60mm/Hg; P: 110bpm
25. CASO 4
Gestante, G4P3A0, IG: 35s4d. Veio à unidade sem acompanhante em transporte público.
Refere dor intensa no pé da barriga, perda de líquido escorrendo pelas pernas, contração
forte (4 contrações a cada 10min) e dor ao urinar que persiste por mais de 5 dias. Sinais
vitais: PA: 110x70mm/Hg; P: 78 bpm; T: 37ºC; FR: 16irpm. Escala de dor: 7/10.
26. CASO 5
Gestante, G1P0A0, IG: 36s3d. Refere perda de líquido há 4h, leve dor pélvica e
endurecimento da barriga que não sabe descrever e relata nunca ter sentido antes.
Paciente vive com HIV e faz uso de antirretrovirais. Sinais vitais: PA: 110x75mm/Hg; P: 75
bpm; T: 36,5ºC; FR: 16irpm.
27. CASO 6
Paciente, 16 anos, deu entrada na unidade de saúde acompanhada de sua responsável
queixando dor intensa na região pélvica e sangramento vaginal em grande quantidade,
refere ter trocado o absorvente ao sair de casa e chegando na maternidade com o
absorvente encharcado. Não iniciou pré-natal, trouxe consigo um exame de beta hcg
positivo e data da última menstruação há 10 semanas. Sinais vitais: PA: 80x60 mm/hg; P:
115bpm; FR: 18irpm
28. CASO 7
Gestante, G1P0A0, IG: 37s4d. Deu entrada na maternidade queixando dor em baixo
ventre e endurecimento da barriga com intervalos irregulares e espaçados há 6 horas
mais perda de tampão mucoso. Sinais vitais: PA: 120x75mm/hg; P: 80bpm. Não
apresentou contrações durante a classificação de risco.
29. CASO 8
Gestante, G2P0A1, IG: 34s3d. Refere ter caído da própria altura há 2 dias e nas últimas
24h percebeu ausência de movimentos fetais e resolveu procurar o serviço da
maternidade. Nega perda vaginal e dores. Sinais vitais: PA: 110x70mm/hg; P:70bpm;
30. CASO 9
Gestante, G2P0A1, IG: 14s3d. Refere náuseas e vômitos, com dois episódio nas ultimas
24h, não apresenta salivação excessiva. Nega dor. Sinais vitais: PA: 120x70mm/hg;
P:70bpm; FR: 15irpm; T:36,2ºC.