18. Hippolyte Léon Denizard Rivail
• Nasceu a 3 de outubro de 1804
• Frequentou a Escola de Pestalozzi
• Poliglota
• Membro de diversas sociedades académicas
• Casou com Amélie Boudet em 1832
• De 1835-1840 lecionou cursos gratuitos
• Defendeu a democratização do ensino público
• 1854 ouviu falar das Mesas Girantes
• Desencarnou em 1869
Revista Espírita, maio 1869
19. Hippolyte Léon Denizard Rivail
• Autor dos livros:
• Plano proposto para melhoramento da instrução
pública (1828)
• Curso prático e teórico de Aritmética (1824)
• Gramática francesa clássica (1831)
• Manual dos Exames para os títulos de capacidade
(1846)
• Soluções racionais das questões e problemas de
aritmética e geometria (1846)
• Catecismo gramatical da língua francesa (1848)
• Etc…
Revista Espírita, maio 1869
28. Espiritismo sem Ciência Ciência sem Espiritismo
• Sem bases de apoio
• Sem comprovação
• Fenómenos sobrenaturais
• Incompreensão de certas
desordens fisiológicas
A Génese, Cap. I:16 e 40
O Espiritismo é um campo imenso que não pode ser percorrido numa pequena palestra
- Para alguns de nós pode parecer ser uma fotografia de uma lagarta, mas um exame mais atento revela-nos que se trata de um grupo de pássaros.
- Tal como esteve quase a acontecer com esta imagem, muitas pessoas olham de relance para o Espiritismo ficando com um conhecimento superficial do Espiritismo
Esta é uma daquelas fotografias que nos obriga a olhar duas vezes para a compreendermos.
Como acontece com esta imagem, existem muitos assuntos nas nossas vidas que se os olharmos só de relance não iremos ficar a compreendê-los.
- Com o Espiritismo também pode acontecer isto, se não o olharmos atentamente, vamos ficar com um conhecimento superficial
- Desse conhecimento superficial nascem muitas vezes ideias falsas que fazem com que o Espiritismo seja confundido com outro tipo de práticas e que se crie mesmo um estigma social
- É normal que quem não conheça os princípios do Espiritismo faça dele uma ideia completamente falsa
- Mas se nós não nos dermos ao trabalho de conhecer algo, não podemos dizer que sabemos do que se trata.
- Portanto estes juízos pré-concebidos só podem ser retificados por meio de observação e estudo aprofundado.
O Espiritismo ou a Doutrina Espírita apareceu em 1857, em Paris, com a publicação de um livro na forma de perguntas e respostas chamado O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.
- para se designarem coisas novas são precisos termos novos, para se evitarem confusões no que diz respeito à variedade de sentidos das palavras.
- Então surgiram pela primeira vez os termos: “Espiritismo” e “Espírita”.
- Os vocábulos espiritualismo, espiritual e espiritualista e já tinham uma aceção bem definida, aplicá-los à Doutrina do Espíritos seria multiplicar as causas de ambiguidades de sentido.
- Espiritualista é uma pessoa que crê que em nós existe alguma coisa para além da matéria, portanto todas as religiões são fundadas sobre o espiritualismo, mas isto não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações.
- Daí se adotaram as palavras Espírita e Espiritismo, pois estas exprimem, sem equivoco, as ideias relativas aos Espíritos.
- Portanto, todos os espíritas são espiritualistas mas nem todos os espiritualistas são espíritas.
- Também a palavra Espírito pode ser confusa por apresentar diferentes conotações.
- Dentro do contexto da Doutrina Espírita, o Espírito é a individualização do princípio inteligente do universo, portanto os Espíritos são os seres inteligentes, que povoam o Universo, no mundo material quando unidos ao corpo e no mundo espiritual quando despidos do seu involucro material.
- o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou os seres do mundo invisível.
- no meio do qual vivemos e estamos em constante contacto.
- E este mundo invisível não é assim tão difícil de conceber, também…
Antes do aparecimento do microscópio, existia um mundo invisível
totalmente desconhecido para nós que era o mundo da microbiologia
- apenas podíamos observar os efeitos causados por microrganismos invisíveis aos nossos sentidos: como por exemplo, o bolor, doenças infeciosas, produção de alimentos por fermentação entre outros exemplos…mas não conhecíamos as causas destes efeitos.
- Com o microscópio conseguimos chegar à causa destes efeitos e descobrimos um mundo de microrganismo que apesar de invisíveis coabita connosco em toda a parte.
- Com a faculdade mediúnica conseguimos percecionar o mundo espiritual.
- Tal como através do microscópio se conseguiu descobrir o mundo microbiológico.
- Só que os efeitos causados pelo mundo espiritual tratam-se dos fenómenos mediúnicos.
- A existência de fenómenos mediúnicos perde-se na noite dos tempos
- estiveram presentes em todas as épocas da humanidade e em todas as civilizações
- O gérmen da ideia Espírita vem de longa data. Desde sempre que os efeitos do mundo invisível dos Espíritos são patentes.
fenómenos eram tidos como sobrenaturais, maravilhosos, por desconhecimento das leis que os regem
e os médiuns eram tidos como pessoas com poderes especiais.
-É importante realçar, que fenómenos mediúnicos não são a mesma coisa que espiritismo, tal como as pessoas capazes de obter esses fenómenos, os médiuns não são o mesmo que espíritas. O Espiritismo veio tirar a mediunidade do campo da superstição e da fantasia, mas uma coisa é a prática mediúnica e outra é o Espiritismo.
E foi precisamente devido a um fenómeno mediúnico que se deu o aparecimento do Espiritismo.
Fenómeno esse que foi designado por mesas girantes e consistia na movimentação de objetos diversos, e em pancadas sem causa aparente.
Os participantes reuniam-se ao redor de uma mesa, por ser um objeto prático para a experiência e aguardavam que a mesma se movimentasse.
Para isso era necessário que entre os presentes alguém tivesse mediunidade ostensiva.
Era então estabelecida uma comunicação através de pancadas e movimentos. Com a prática começou-se mesmo a conseguir comunicações extensas através de um sistema de pancadas alfabéticas.
- Não era um fenómeno novo, remonta à mais alta antiguidade. O bispo Tertuliano, que viveu por volta dos anos 160 e 220, relata explicitamente o fenômeno das mesas girantes.
- O fenómeno foi-se repetindo ao longo dos tempos mas tornou-se moda em meados do séc. XIX
- Esta moda propagou-se um pouco por todo o mundo especialmente América e Europa.
- Era usado nos salões da alta sociedade como entretenimento ao serão e também como jogo em festas.
- Mas este fenómeno era apenas objeto de curiosidade e um simples passatempo para os salões.
Mas existem sempre pessoas que olham para as coisas de forma mais séria, mais profunda. E foi esse o caso de Hippolyte Rivail.
1.Hippolyte Léon Rivail, nasceu em Lyon na França a 3 de outubro de 1804.
2.Foi educado na escola do famoso pedagogo Pestalozzi, em Yverdun na Suíça, onde aos 14 anos começa a dar aulas aos colegas que estavam menos adiantados que ele.
Concluídos os seus estudos, voltou para França e começou a trabalhar como tradutor de alemão. Traduzia muitas obras de educação e de moral.
3.Conhecia a fundo os idiomas alemão, inglês, italiano e espanhol, e conhecia também o holandês.
4. Era membro de diversas sociedades académicas
5.Casou-se em 1832 com Amélie Boudet, que era professora.
6.Fundou na sua própria casa cursos gratuitos de química, física, anatomia comparada, astronomia, etc.
7.Era um grande defensor da democratização do ensino público.
-Preocupado com os sistemas de educação, escreveu alguns livros na área da educação o que lhe trouxe grande notoriedade e reconhecimento nos meios académicos.
-Algumas obras foram adotadas no ensino oficial de França, como por exemplo a gramática francesa clássica.
Ele aos 50 anos ouviu falar das mesa girantes e foi convidado para assistir às experiências com as mesmas.
Apesar de ser muito céptico em relação à comunicação dos Espíritos acabou aceitando o convite.
- e viu que o fenómeno não se limitava à movimentação de objetos, existia uma comunicação inteligente, que não podia ser explicada por nenhum principio da física conhecido.
2. Intrigado com isto iniciou um estudo sério, baseado no método científico, observou e analisou de forma sistemática uma série de comunicações dos espíritos.
3. E todo esse estudo resultou nas bases da Doutrina Espírita.
- Do fenómeno das mesas girantes saiu uma doutrina séria, mas como Espiritismo não se ocupa com brincadeiras as mesas girantes foram deixadas para trás.
Sendo o nome Hippolyte Rivail muito conhecido em virtude dos seus trabalhos anteriores, para separar as obras na área da pedagogia das obras Espíritas, ele adotou o pseudónimo de Allan Kardec, que segundo lhe dissera o seu guia era o nome dele numa encarnação no tempo dos druidas.
Sob este pseudónimo produziu estes livros que constituem a base do Espiritismo. Escreveu também outros livros na área do Espiritismo, fundou a Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos e também a 1ª associação espirita em Paris no ano de1858.
- O Espiritismo é uma doutrina filosófica com base cientificas e consequências morais.
- Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Sem estes três aspetos, cientifico, filosófico e moral não existe Espiritismo e são todos de igual importância.
- O Espiritismo tal como as ciências, aplica o método experimental e dedutivo.
Kardec perante factos que não eram explicados pelas leis conhecidas, começou por observar, comparar e analisar sistematicamente, remontando dos efeitos às causas.
Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida, conclui a existência dos Espíritos quando essa existência se evidenciou da observação dos fatos.
- Por isso o Espiritismo trata-se de uma ciência de observação.
Enquanto a ciência convencional tem por objeto o estudo das leis do principio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do principio espiritual.
- Como o principio espiritual é uma das forças da natureza, a reagir incessantemente sobre o principio material e vice-versa, o conhecimento de um destes princípios não pode estar completo sem o outro.
Dá-se assim casamento do Espiritismo e da Ciência considerada convencional porque se completam reciprocamente.
O espiritismo sem a ciência não teria bases de apoio nem comprovação.
A ciência sem o Espiritismo acha-se na impossibilidade de explicar certos fenómenos só pelas leis da matéria.
Com o seu casamento demonstra-se que os fenómenos considerados sobrenaturais repousam em leis naturais.
As ciências vulgares centram-se nas propriedades da matéria, que se manipulam com alguma facilidade.
O Espiritismo tem como agentes, inteligências que são independentes e não estão sujeitas aos nossos caprichos.
Por isso esses agentes escapam-nos aos nossos processos de laboratórios.
Não se pode fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um de Física ou de Química, isto porque não somos senhores de produzir os fenómenos mediúnicos à nossa vontade e muitas vezes os Espíritos privam-nos dessas observações.
Por isso quem garantir a obtenção de fenómenos mediúnicos à sua vontade, fá-lo ou por desconhecimento ou por
Ou por interesse. Mas não é por se poder falsificar um perfume que se conclui que não existe perfume verdadeiro. O Espiritismo não é responsável pelos atos daqueles que abusam do nome da Doutrina e o exploram em seu proveito.
-Como todas as ciências o Espiritismo não estabelece como principio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou que ressalta logicamente da observação.
-Se novas descobertas cientificas demonstrarem que o Espiritismo está errado acerca de algum ponto, a doutrina o aceitará e será modificada nesse ponto.
A parte experimental ou cientifica do Espiritismo está contida no Livro dos Médiuns.
Onde podemos aprender acerca dos meios de comunicação com o mundo invisível.
-A parte filosófica dirige o apelo à razão e bom-senso.
-O espiritismo não propõem uma crença cega, antes pelo contrário, apela a que saibamos o porquê dessa crença, sem dogmas.
- A fé cega aceita, sem verificação tanto o verdadeiro como o falso, quando levada ao seu extremo resulta em fanatismo.
-Como assenta no erro, mais cedo ou mais tarde se desmorona.
- Uma fé baseada na verdade não teme o progresso, antes pelo contrario.
E é precisamente à razão que se deve submeter tudo o que venha do Espíritos.
Isto porque os Espíritos diferem entre si nos seus conhecimentos, tal como nós aqui no mundo corpóreo. Existem muitos que se acham detentores de toda a verdade sem o serem, tudo depende do seu grau de adiantamento.
Sempre que seja apresentada uma comunicação por parte de um Espírito que vá contra o bom senso, contra a lógica ou contra dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada.
A melhor comprovação daquilo que nos ensinam os Espíritos é a concordância entre revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de vários médiuns, em vários lugares.
- E é nesta universalidade que reside a fiabilidade e segurança da Doutrina Espírita.
Existem 5 princípios básicos no Espiritismo os quais nos trazem consequências morais:
A existência de Deus, que é a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas.
A única morte é a do corpo, a morte física não significa que a nossa vida terminou. Ela continua mas no mundo espiritual
Existe através da mediunidade e revela-nos um mundo espiritual de onde todos nós viemos e para onde todos nós voltamos
Significa o retorno do Espírito para o corpo de carne para seu aperfeiçoamento moral e intelectual
Acreditar que só o nosso planeta é habitado no meio de um universo tão complexo seria um desperdício da obra de Deus e seria duvidar da sua sabedoria.
A parte filosófica do Espiritismo pode ser encontrada no Livro dos Espíritos.
Onde podemos ler sobre todos os princípios do Espiritismo.
-O Espiritismo fazendo cessar as dúvidas do além túmulo funciona como um elemento de moralização.
-O conhecimento, das bases filosóficas que acabamos de ver, faz com que no intimo das nossas consciências despertem princípios morais e a necessidade da aplicação desses princípios.
-E assim trabalhemos no sentido de nos aperfeiçoar-mos interiormente.
-Portanto o aspeto moral do espiritismo diz respeito à aplicação dos princípios filosóficos na nossa vida.
-A moral do Espiritismo é a mesma da de Cristo.
-No fundo o Espiritismo não vem instituir nenhuma moral nova, apenas vem facilitar a compreensão e a prática da moral cristã, fornecendo assim uma fé esclarecida àqueles que por vezes duvidam.
Apesar de o Espiritismo aceitar Deus e a imortalidade da alma não é uma religião constituída, não tem a estrutura que uma religião tem.
A palavra religião na aceção que lhe damos é inseparável do culto.
No Espiritismo não existe qualquer forma de culto e o Espiritismo não se impõem como doutrina a seguir a ninguém, apenas esclarece e sugere.
O que o Espiritismo faz é levar cada um a pensar e desenvolver o seu próprio sentimento de religiosidade, que é consequência do estudo e é uma manifestação interior de cada um de nós.
- Com isto não quer dizer que o Espiritismo seja contra as religiões, antes pelo contrário, o Espiritismo respeita a liberdade de cada um e não recrimina as práticas religiosas, pois para muito gente elas são importantes e ajudam muitas pessoas a que e este a despertarem para um sentimento de espiritualidade.
A parte moral do Espiritismo pode ser encontrada no Livro dos Espíritos.
Explicação das máximas morais de Cristo.
O Espiritismo serve para nos provar materialmente a existência do mundo espiritual e da sobrevivência da alma ao corpo.
-Os Espíritos que se manifestam revelam-nos as suas alegrias ou os seus sofrimentos, dependendo da maneira como empregaram o tempo das suas vidas terrenas e nisto temos a prova das penas e recompensas futuras, podendo assim retificar ideias falsas que tivéssemos sobre a vida futura.
-E como a vida futura deixa de ser vaga e passa a ser um facto conhecido, aparece a necessidade de trabalhar o mais possível durante a vida presente em proveito da vida futura, o que nos leva a desvalorizar certos gozos materiais.
-E ao desvalorizarmos gozos matériais não vão ser despertados em nós sentimentos como a inveja e o egoísmo
-Sem esperança do futuro é natural que o Homem se desespere com as deceções por que passa, mas com a certeza espera resignado.
-A análise daqueles que já viveram mostra-nos que a felicidade futura é tanto maior quanto o bem que se praticou na Terra.
-E isto imprime-nos uma tendência natural para evitar fazer o mal e motiva-nos a fazer o bem.
Em suma o Espiritismo vem-nos trazer esta máxima!
E esta é a verdadeira essência do Espiritismo, o aperfeiçoamento moral.