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ANÁLISE AO EDIFíCIO

              MÚNICIPAL

                  DE

          MATOSINHOS

METODO SEMIÓTICO COMPORTAMENTALíSTICO



    PAÇOS DO CONSELHO DE MATOSINHOS




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                                        RELATÓRIO

                METALINGUAGEM USADA PELO ARQUITECTO
                           .4L~/~ .5é?V"7/Jr#'O'
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2




      íNDICE

      INTRODUÇÃO



11    ANALISE EXTERIOR

      ANALISE SINTÁCTICA FORMAL


111   ANALISE DOS ACABAMENTOS

      ANALISE SINTÁCTICA ESTRUTURAL


IV    ANALISE INTERIOR


V     ANALISE SEMÂNTICA DO PISO 1


VI    CONCLUSÃO


VII   BIBLIOGRAFIA
3


                                  INTRODUÇÃO



       Esta obra resultou de um concurso efectuado em 1980. No qual o pro-
grama inicial exigia o estudo de quase todo o quarteirão. No programa do
concurso ficava em aberto à opção do arquitecto, manter uma casa apalaça-
da construída nos finais do século passado, constituída por um forte emba-
                                           ~


                                t ~
                            ~       ----       I




samento em pedra, com referência ao "estilo Chão" e que através da escada-
ria se sobe para o primeiro andar (piso nobre) que nos dá acesso a uma
varanda em ferro.
        A escolha de conservar a casa, foi o ponto de arranque ao arq. Alcino
Soutinho. Desta acertou a altura, alinhou com o novo edifício, jogou com a
ortogonalidade e a obliquidade com a avenida.
        O Palácio Municipal é constituído por uma complexidade geométrica
através de relações espaciais com a envolvente, como também da fragmen-
tação volumétrica com o edifício existente a qual origina um reforço dos limi-
tes de quarteirão.
        Ao constituir o edifício com vários corpos Alcino Soutinho atribuiu-lhes
uma relação sígnica a cada um deles, consoante a importância do seu inte-
rior ("Cabeça" à zona de Assembleia e Salão Nobre, "Coração" à zona de
biblioteca, "Corpo" à zona das salas de atendimento e de exposição e "Mem-
bros" à zona dos escritórios).
        Numa apreciação global, o percurso aparece simultaneamente singu-
lar e envolvido. Cada corpo possui uma autónoma coerência, da qual
nenhuma dessas coerências prescinde de uma segunda leitura. A expressão
da arquitectura do seu autor é predominantemente cerrada e solidamente
legível, nada é deixado de fora.
4




                       11    ANALISE EXTERIOR



       Os corpos desenrolam-se em volta de um pátio interior, o qual faz
"caixa de ar" entre o velho e o novo edifício. Este participa do pátio através
da sua fachada sudoeste que o arquitecto tomou como uma segunda facha-
da pública depois da que se apresenta para a Avenida. A primeira é nitida-
mente visível pela Avenida e perceptível pelo jardim já a segunda encobre-se
no pátio não deixando de se revelar entradas públicas, com o átrio interior.




       Sendo a verdadeira fachada de sentido escorço. As árvores do jardim
e da avenida escondem-na. Assim os únicos ângulos que permitem uma a-
preensão do todo da frente do edifício, é apenas duas estreitas vistas a partir
do passeio da avenida (uma de quem caminha para Sul e outra de quem
vem). Mesmo a entrada principal do edifício é feita lateralmente através do
passeio uma pela via de uma rampa que concluí com o convidar o utente a
entrar para dentro através do avançar da arcada, e a outra a convidar, ao
deslocar a arcada para cima do passeio que concluí com o utente a subir as
escadas.
5




       Todos estes recuos, deslocamentos e alinhamentos, apresentam-se
como variações subtis que se estendem a todo o edifício, interior e exterior.
Sendo a fachada principal uma analogia ao mar, pois o deslocamento pro-
gressivo da fachada na direcção sudeste (vento que sopra dessa direcção),
resulta uma ondulação que dá uma continuidade da arcada para a fachada
nordeste, e um acentuar do alçado principal.




      Por sua vez, o autor reforça este alçado, indo a referências ao
"LOGUS" com o esculpir de uma gravura de alto relevo (João Cutileiro) con-
tando a lenda do " Matisadinho", palavra esta, que originou Matosinhos - ( o
nome da cidade).
      A extensão da grande fachada principal manifesta-se diacronicamente
como edifício público, como imagem da cidade e como símbolo para a mes-
ma.
      Vendo esta fachada de ângulo enviesado, no sentido Norte/Sul vemos
a verdadeira frente que é um topo, onde se localiza sincronicamente uma
cúpula cujo elemento tem um significado excepcional na Arquitectura; lugar
onde se desenrola a zona da « cabeça" referida anteriormente.

                  111 A ANALISE SINTÁCTICA FORMAL
                    -




                                        Objecto de reacção de importância


                                        Objecto de reacção poética


                                        Pórticos externos
6


                111   ANALISE DOS ACABAMENTOS



      o seu    revestimento em pedra (mármore amarelo de Negrais), igual às
fachadas, material unificador de todos os corpos interligados indica a leitura
do edifício como um todo, assumindo-se como fachada/pele, apesar da
fragmentação da forma, dos jogos das geometrias e das superfícies.
        A integridade dos espaços internos é preservado de igual maneira à
coerência da tipologia do edifício. Da mesma forma que a verdadeira lingua-
gem arquitectónica é feita pela aplicação de materiais tradicionais ( mármore,
azulejo, madeira e vidro) os quais em vez de transparecer a rigidez da grelha,
resulta uma extrema flexibilidade graças à optimização da estrutura modelar.
        Os materiais utilizados na construção quiseram-se significamente por-
tugueses. O azulejo nos espaços de circulação do público, material de gran-
de capacidade de lavagem, que pela sua cor induz-nos logo a um indicio
intencional de nos reportar analogicamente ao mar, relação interior/exterior.
        A mármore, pela sua beleza e nobreza, foi destinada ao revestimento
das fachadas e zonas interiores mais importantes. Nas áreas de trabalho foi
adaptada a madeira que pela sua textura e cor, se afigura mais idónea para
os espaços onde aqueles que trabalham se devem sentir cómodos, apazi-
guados e estimulados, através de um ambiente mais íntimo e caloroso pro-
porcionado por aquele material.

                111 A ANALISE SINTÁCTICA ESTRUTURAL
                  -
7




                        IV     ANALISE INTERIOR



       o  desenrolar dos percursos, são desencadeados pela hierarquia de
espaços, pontuados pela rígida grelha das colunas azuis lobuladas, soltas da
parede até ao tecto abobadado, pelas quais nos induz a uma monumentali-
dade digna de um edifício público.
                                           Se o átrio principal é alto e estreito,
                                   junto à entrada, ele também é baixo e
                                   comprido prolongando-se até ao pátio com
                                   uma altura de "pé-direito" normal, no qual
                                   qualquer cidadão que entra no edifício tem
                                   a tendência de depois de entrar na primei-
                                   ra zona de se dirigir inconscientemente
                                   para a segunda, pois esta é muito mais
                                   acolhedora que a anterior. Alcino Soutinho
                                   tratou este espaço com duas escalas, uma
                                   com a imponência que o edifício requer,
                                   comunicando com os vários pisos e os es-
                                   paços adjacentes de forma aberta, numa
                                   vontade expressa de fazer penetrar o pú-
                                   blico, a outra de recolha e protecção. Este
espaço por sua vez seduz o público a caminhar às sessões da Assembleia
Municipal ou aos acontecimentos no Salão Nobre. Para isso basta subir-se
pelas escadas em linha recta, à esquerda de quem entra.
       Escadaria esta constituída por dois lanços que no todo me lembra o
Museu de Alte Pinakother em Munich 1826-1830 de Leo Klenze, que quem
sobe logo o primeiro lanço e encontra o segundo resulta um lembrar de uma
sombra ou repetição, como num desenho de Escher.
       Aos planos de sombra sucedem-se os de sombra, como aos de luz os
de luz. Depois há um vasto pano que se estende silencioso, mudo, quebrado
ao fim por vários planos onde as janelas se abrem num recorte rigoroso em
que a sombra e a luz contrastam.
       Se através das aberturas (arcadas, portas, janelas, envidraçados),
existe outro sinal inequívoco por parte do autor, no mudar de dimensão, en-
tre a relação/convite no dialogo interior/exterior e vice-versa resulta entre os
dois espaços um segredo ambíguo de um signo de compromissos imediata-
mente simbólicos.
8


                  V     ANALISE SEMÂNTICA DO PISO I



TRIÂNGULO DE OGDEN E RICHARDS


               Significado
        (pensamento ou referência)
                                                     Se eu recorrer ao Triângulo
                                             de Ogden e Richards, através do
                                             símbolo posso explicar na planta a
                                             função pura e simples desse
  Símbolo                       Referente    espaço limitado e fazer entender a
 (significante)                (coisa a que sua delimitação e configuração ao
                                  se refere) leitor.



SíMBOLO               SIGNIFICADO                        REFERENTE

    1        Arcada   principal       dos   Arcada que conduz o publico à entra-
             Paços do Concelho              da principal do edifício.

    2        Átrio principal                Espaço publico que possibilita o aces-
                                            so a todos os espaços do edifício.

    3        Assembleia Municipal           Espaço cuja a sua configuração circu-
                                            lar , possibilita a participação dos pre-
                                            sentes e ser assistido pelos muníci-
                                            peso Lugar onde se desenrola as dis-
                                            cussões e decisões politicas do Muni-
                                            cípio.
    4        Gabinete do Presidente
             da Autarquia Municipal e       Espaço reservado, com acolhimento e
             Gabinete do presidente         privacidade.
             da Câmara

    5         Sala de Reuniões              Espaço interno privado para discus-
                                            sões de problemas.

    6         Relações Públicas             Espaço com a possibilidade      de aten-
                                            dimento ao público.

    7         Galeria de Exposições         Lugar para actividades culturais.

    8         Sala de Espera                Espaço de acolhimento ao público no
                                            caso da necessidade de este ter de
                                            esperar.
9


9    Gabinetes                     Lugar de trabalho dos funcionários.

10   Fotocópias                    Lugar para equipamento de auxilio aos
                                   funcionários da Câmara.

11   Fiscalização de Obras         Espaço de trabalho dos funcionários
                                   do departamento de Obras, com zona
                                   de atendimento ao público.

12   Sala de Desenho               Espaço amplo com condições dos
                                   funcionários executarem os trabalhos
                                   de desenho em boas condições.

13   Secção       de   Pesos   e   Espaço de trabalho dos funcionários
     Medidas                       com zona de atendimento ao público.

14   Arquivo/Geral                 Lugar de arrecadação de documentos
                                   de consulta imediata, o qual disponibi-
                                   liza a cesso vertical, para melhor con-
                                   sulta.

15   Bar/Cafetaria                 Lugar de refeições ligeiras para os
                                   funcionários. Espaço com visibilidade
                                   para a entrada principal exterior na
                                   qual do exterior à dificuldade de visibi-
                                   lidade para o interior devido à segunda
                                   fachada (solta) que corta a visão para
                                   o interior.
16   Cozinha
                                   Espaço que possibilita a confecção de
                                   refeições quentes.
17   Sala dos Contínuos
                                   Espaço de descanso dos funcionários.
18   Arquivos
                                   Espaço reservado     a arrecadação    de
                                   documentos.
19   Ascensores
                                   Lugar de acesso aos vários pisos do
                                   edifício.
20   Sanitários
                                   Lugar para a necessidades fisiológicas
10




                          VI     CONCLUSÃO



       Soutinho lidou aqui com um dos mais difíceis exercícios de desenho
arquitectónico: a "expressão" dos interiores numa fachada (arquitectura feita
11


"de dentro para fora") acompanhada pela fixação na forma da fachada em si
(arquitectura "de fora para dentro").
        A tarefa foi tanto mais difícil quanto o interior é muito complexo e ela-
borado.
        O aspecto de cristalização está, no entanto, permanentemente asso-
ciada arquitectura portuguesa, que por sua vez gera o processo evocativo,
espécie de festa da memória para a mesma arquitectura. E quando falo de
memória é no sentido que lhe dá Eduardo Lourenço " da reactualização
incessante do que fomos ontem em função do que somos hoje ou queremos
ser amanhã"

       Já Eduardo Souto Moura nos diz:

      « O projecto para a nova Câmara de Matosinhos, 1981,
      trata-se do desenho das diferencias, e das diferencias
      do desenho entre um saber já seguro (e que dá bem) e
      aposta em novas chances.
      Se "a atracção por Portugal é a atracção pela diferen-
      cia", Matosinhos não pode ser excepção. "Bastardos de
      Deuses os Lusitanos, guardam em si, o mistério que
      religa ao vital, ao Superior».

       Se a arquitectura é a arte de tornar mais nobre os espaços, públicos
ou privados. De lhes dar um sentido que lhes faltava, ou que os re-inventa. A
arquitectura é sempre um princípio de ordem: ela organiza os lugares, dá-
lhes um rosto, uma feição, um princípio de organização em que o tempo se
revê e a história ganha uma dimensão concreta de cruzamento do passado e
do presente, em que os tempos diversos entre si se conjugam.
       Uma igreja românica, no seu silêncio severo e áspero, transporta-nos
a uma meditação sobre a sua época e restitui-nos com fidelidade o imaginá-
rio do tempo em que foi erguida. Diz-nos mais do que qualquer compendio
sobre a Idade Média e o seu enigma porque representa o enigma, o único
enigma, que é o tempo e o espírito dos homens no tempo.
       É nisto que a arquitectura se reporta a uma dimensão metafísica: pro-
porsionando-nos hoje a forma do nosso sentir futuro. É por aí também que se
entende a sua dimensão de imagem. Comunica no tempo, como um teste-
munho vivo.




       Neste caso da Câmara Municipal de Matosinhos, Alcino Soutinho atin-
giu aquilo que suponho ser um ponto alto na carreira de qualquer arquitecto:
a capacidade de projectar uma imagem, um desenho no espaço, um rosto
nítido que se organiza, o princípio de alguma coisa que só depois de existir
constatamos que nos tinha, antes feito falta.
       Este edifício pode reporta-nos à apreensão de uma realidade que não
é imediatamente tangível. Neste sentido assemelha-se a um templo. A sua
extraordinária modernidade advem-Ihe da proporção clássica. A arquitectura
12


de Alcino Soutinho ganha a sua dimensão metafísica juntamente pelo facto
de se organizar na plena consciência de que, antes de tudo, toda a verdadei-
ra arquitectura é, ou começa por ser, um puro desenho no espaço.




                                                  Porto, 19 de Abril de 1996




                         VII    BIBLIOGRAFIA




• OPUS INCERTUM: Arquitectures à Porto
          Pierre Madarga éditeur
13


                Bruxellas, 1990

• UMBERTO ECO: A estrutura Ausente
         Editora Perspectiva
         3a edição, São Paulo - Brasil, 1976

• Lotus Internacional: nO13
             Rivista Trimestrale di architettura

• Architecti:
                Revista Trimestral - Fevereiro 1989

• Boletim Municipal: Ano VI - N° 19 - Outubro 1987
            Câmara Múnicipal de Matosinhos

• Jornal do Arquitectos: nO100
             Publicação mensal da Associação dos Arquitectos Portugueses

• Paços do Conselho de Matosinhos
            Câmara Municipal de Matosinhos

•   Edifício dos Paços do Conselho de Matosinhos
               Casa de Serralves

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Linguagem de Alcino Soutinho analisada por Alberto Costa-Macedo

  • 1. ANÁLISE AO EDIFíCIO MÚNICIPAL DE MATOSINHOS METODO SEMIÓTICO COMPORTAMENTALíSTICO PAÇOS DO CONSELHO DE MATOSINHOS /'
  • 2. 4.?/?E/l7éJ 6C?J;U - ./;:?',4'c.Z:ttl & ,4/lÇ1R'/TEe-70 RELATÓRIO METALINGUAGEM USADA PELO ARQUITECTO .4L~/~ .5é?V"7/Jr#'O' s: , /C?4 .4M'?d,IIÓ~~ 4?~E"/Z7C;7 &?t!"#:J -~..d"?"~~
  • 3. 2 íNDICE INTRODUÇÃO 11 ANALISE EXTERIOR ANALISE SINTÁCTICA FORMAL 111 ANALISE DOS ACABAMENTOS ANALISE SINTÁCTICA ESTRUTURAL IV ANALISE INTERIOR V ANALISE SEMÂNTICA DO PISO 1 VI CONCLUSÃO VII BIBLIOGRAFIA
  • 4. 3 INTRODUÇÃO Esta obra resultou de um concurso efectuado em 1980. No qual o pro- grama inicial exigia o estudo de quase todo o quarteirão. No programa do concurso ficava em aberto à opção do arquitecto, manter uma casa apalaça- da construída nos finais do século passado, constituída por um forte emba- ~ t ~ ~ ---- I samento em pedra, com referência ao "estilo Chão" e que através da escada- ria se sobe para o primeiro andar (piso nobre) que nos dá acesso a uma varanda em ferro. A escolha de conservar a casa, foi o ponto de arranque ao arq. Alcino Soutinho. Desta acertou a altura, alinhou com o novo edifício, jogou com a ortogonalidade e a obliquidade com a avenida. O Palácio Municipal é constituído por uma complexidade geométrica através de relações espaciais com a envolvente, como também da fragmen- tação volumétrica com o edifício existente a qual origina um reforço dos limi- tes de quarteirão. Ao constituir o edifício com vários corpos Alcino Soutinho atribuiu-lhes uma relação sígnica a cada um deles, consoante a importância do seu inte- rior ("Cabeça" à zona de Assembleia e Salão Nobre, "Coração" à zona de biblioteca, "Corpo" à zona das salas de atendimento e de exposição e "Mem- bros" à zona dos escritórios). Numa apreciação global, o percurso aparece simultaneamente singu- lar e envolvido. Cada corpo possui uma autónoma coerência, da qual nenhuma dessas coerências prescinde de uma segunda leitura. A expressão da arquitectura do seu autor é predominantemente cerrada e solidamente legível, nada é deixado de fora.
  • 5. 4 11 ANALISE EXTERIOR Os corpos desenrolam-se em volta de um pátio interior, o qual faz "caixa de ar" entre o velho e o novo edifício. Este participa do pátio através da sua fachada sudoeste que o arquitecto tomou como uma segunda facha- da pública depois da que se apresenta para a Avenida. A primeira é nitida- mente visível pela Avenida e perceptível pelo jardim já a segunda encobre-se no pátio não deixando de se revelar entradas públicas, com o átrio interior. Sendo a verdadeira fachada de sentido escorço. As árvores do jardim e da avenida escondem-na. Assim os únicos ângulos que permitem uma a- preensão do todo da frente do edifício, é apenas duas estreitas vistas a partir do passeio da avenida (uma de quem caminha para Sul e outra de quem vem). Mesmo a entrada principal do edifício é feita lateralmente através do passeio uma pela via de uma rampa que concluí com o convidar o utente a entrar para dentro através do avançar da arcada, e a outra a convidar, ao deslocar a arcada para cima do passeio que concluí com o utente a subir as escadas.
  • 6. 5 Todos estes recuos, deslocamentos e alinhamentos, apresentam-se como variações subtis que se estendem a todo o edifício, interior e exterior. Sendo a fachada principal uma analogia ao mar, pois o deslocamento pro- gressivo da fachada na direcção sudeste (vento que sopra dessa direcção), resulta uma ondulação que dá uma continuidade da arcada para a fachada nordeste, e um acentuar do alçado principal. Por sua vez, o autor reforça este alçado, indo a referências ao "LOGUS" com o esculpir de uma gravura de alto relevo (João Cutileiro) con- tando a lenda do " Matisadinho", palavra esta, que originou Matosinhos - ( o nome da cidade). A extensão da grande fachada principal manifesta-se diacronicamente como edifício público, como imagem da cidade e como símbolo para a mes- ma. Vendo esta fachada de ângulo enviesado, no sentido Norte/Sul vemos a verdadeira frente que é um topo, onde se localiza sincronicamente uma cúpula cujo elemento tem um significado excepcional na Arquitectura; lugar onde se desenrola a zona da « cabeça" referida anteriormente. 111 A ANALISE SINTÁCTICA FORMAL - Objecto de reacção de importância Objecto de reacção poética Pórticos externos
  • 7. 6 111 ANALISE DOS ACABAMENTOS o seu revestimento em pedra (mármore amarelo de Negrais), igual às fachadas, material unificador de todos os corpos interligados indica a leitura do edifício como um todo, assumindo-se como fachada/pele, apesar da fragmentação da forma, dos jogos das geometrias e das superfícies. A integridade dos espaços internos é preservado de igual maneira à coerência da tipologia do edifício. Da mesma forma que a verdadeira lingua- gem arquitectónica é feita pela aplicação de materiais tradicionais ( mármore, azulejo, madeira e vidro) os quais em vez de transparecer a rigidez da grelha, resulta uma extrema flexibilidade graças à optimização da estrutura modelar. Os materiais utilizados na construção quiseram-se significamente por- tugueses. O azulejo nos espaços de circulação do público, material de gran- de capacidade de lavagem, que pela sua cor induz-nos logo a um indicio intencional de nos reportar analogicamente ao mar, relação interior/exterior. A mármore, pela sua beleza e nobreza, foi destinada ao revestimento das fachadas e zonas interiores mais importantes. Nas áreas de trabalho foi adaptada a madeira que pela sua textura e cor, se afigura mais idónea para os espaços onde aqueles que trabalham se devem sentir cómodos, apazi- guados e estimulados, através de um ambiente mais íntimo e caloroso pro- porcionado por aquele material. 111 A ANALISE SINTÁCTICA ESTRUTURAL -
  • 8. 7 IV ANALISE INTERIOR o desenrolar dos percursos, são desencadeados pela hierarquia de espaços, pontuados pela rígida grelha das colunas azuis lobuladas, soltas da parede até ao tecto abobadado, pelas quais nos induz a uma monumentali- dade digna de um edifício público. Se o átrio principal é alto e estreito, junto à entrada, ele também é baixo e comprido prolongando-se até ao pátio com uma altura de "pé-direito" normal, no qual qualquer cidadão que entra no edifício tem a tendência de depois de entrar na primei- ra zona de se dirigir inconscientemente para a segunda, pois esta é muito mais acolhedora que a anterior. Alcino Soutinho tratou este espaço com duas escalas, uma com a imponência que o edifício requer, comunicando com os vários pisos e os es- paços adjacentes de forma aberta, numa vontade expressa de fazer penetrar o pú- blico, a outra de recolha e protecção. Este espaço por sua vez seduz o público a caminhar às sessões da Assembleia Municipal ou aos acontecimentos no Salão Nobre. Para isso basta subir-se pelas escadas em linha recta, à esquerda de quem entra. Escadaria esta constituída por dois lanços que no todo me lembra o Museu de Alte Pinakother em Munich 1826-1830 de Leo Klenze, que quem sobe logo o primeiro lanço e encontra o segundo resulta um lembrar de uma sombra ou repetição, como num desenho de Escher. Aos planos de sombra sucedem-se os de sombra, como aos de luz os de luz. Depois há um vasto pano que se estende silencioso, mudo, quebrado ao fim por vários planos onde as janelas se abrem num recorte rigoroso em que a sombra e a luz contrastam. Se através das aberturas (arcadas, portas, janelas, envidraçados), existe outro sinal inequívoco por parte do autor, no mudar de dimensão, en- tre a relação/convite no dialogo interior/exterior e vice-versa resulta entre os dois espaços um segredo ambíguo de um signo de compromissos imediata- mente simbólicos.
  • 9. 8 V ANALISE SEMÂNTICA DO PISO I TRIÂNGULO DE OGDEN E RICHARDS Significado (pensamento ou referência) Se eu recorrer ao Triângulo de Ogden e Richards, através do símbolo posso explicar na planta a função pura e simples desse Símbolo Referente espaço limitado e fazer entender a (significante) (coisa a que sua delimitação e configuração ao se refere) leitor. SíMBOLO SIGNIFICADO REFERENTE 1 Arcada principal dos Arcada que conduz o publico à entra- Paços do Concelho da principal do edifício. 2 Átrio principal Espaço publico que possibilita o aces- so a todos os espaços do edifício. 3 Assembleia Municipal Espaço cuja a sua configuração circu- lar , possibilita a participação dos pre- sentes e ser assistido pelos muníci- peso Lugar onde se desenrola as dis- cussões e decisões politicas do Muni- cípio. 4 Gabinete do Presidente da Autarquia Municipal e Espaço reservado, com acolhimento e Gabinete do presidente privacidade. da Câmara 5 Sala de Reuniões Espaço interno privado para discus- sões de problemas. 6 Relações Públicas Espaço com a possibilidade de aten- dimento ao público. 7 Galeria de Exposições Lugar para actividades culturais. 8 Sala de Espera Espaço de acolhimento ao público no caso da necessidade de este ter de esperar.
  • 10. 9 9 Gabinetes Lugar de trabalho dos funcionários. 10 Fotocópias Lugar para equipamento de auxilio aos funcionários da Câmara. 11 Fiscalização de Obras Espaço de trabalho dos funcionários do departamento de Obras, com zona de atendimento ao público. 12 Sala de Desenho Espaço amplo com condições dos funcionários executarem os trabalhos de desenho em boas condições. 13 Secção de Pesos e Espaço de trabalho dos funcionários Medidas com zona de atendimento ao público. 14 Arquivo/Geral Lugar de arrecadação de documentos de consulta imediata, o qual disponibi- liza a cesso vertical, para melhor con- sulta. 15 Bar/Cafetaria Lugar de refeições ligeiras para os funcionários. Espaço com visibilidade para a entrada principal exterior na qual do exterior à dificuldade de visibi- lidade para o interior devido à segunda fachada (solta) que corta a visão para o interior. 16 Cozinha Espaço que possibilita a confecção de refeições quentes. 17 Sala dos Contínuos Espaço de descanso dos funcionários. 18 Arquivos Espaço reservado a arrecadação de documentos. 19 Ascensores Lugar de acesso aos vários pisos do edifício. 20 Sanitários Lugar para a necessidades fisiológicas
  • 11. 10 VI CONCLUSÃO Soutinho lidou aqui com um dos mais difíceis exercícios de desenho arquitectónico: a "expressão" dos interiores numa fachada (arquitectura feita
  • 12. 11 "de dentro para fora") acompanhada pela fixação na forma da fachada em si (arquitectura "de fora para dentro"). A tarefa foi tanto mais difícil quanto o interior é muito complexo e ela- borado. O aspecto de cristalização está, no entanto, permanentemente asso- ciada arquitectura portuguesa, que por sua vez gera o processo evocativo, espécie de festa da memória para a mesma arquitectura. E quando falo de memória é no sentido que lhe dá Eduardo Lourenço " da reactualização incessante do que fomos ontem em função do que somos hoje ou queremos ser amanhã" Já Eduardo Souto Moura nos diz: « O projecto para a nova Câmara de Matosinhos, 1981, trata-se do desenho das diferencias, e das diferencias do desenho entre um saber já seguro (e que dá bem) e aposta em novas chances. Se "a atracção por Portugal é a atracção pela diferen- cia", Matosinhos não pode ser excepção. "Bastardos de Deuses os Lusitanos, guardam em si, o mistério que religa ao vital, ao Superior». Se a arquitectura é a arte de tornar mais nobre os espaços, públicos ou privados. De lhes dar um sentido que lhes faltava, ou que os re-inventa. A arquitectura é sempre um princípio de ordem: ela organiza os lugares, dá- lhes um rosto, uma feição, um princípio de organização em que o tempo se revê e a história ganha uma dimensão concreta de cruzamento do passado e do presente, em que os tempos diversos entre si se conjugam. Uma igreja românica, no seu silêncio severo e áspero, transporta-nos a uma meditação sobre a sua época e restitui-nos com fidelidade o imaginá- rio do tempo em que foi erguida. Diz-nos mais do que qualquer compendio sobre a Idade Média e o seu enigma porque representa o enigma, o único enigma, que é o tempo e o espírito dos homens no tempo. É nisto que a arquitectura se reporta a uma dimensão metafísica: pro- porsionando-nos hoje a forma do nosso sentir futuro. É por aí também que se entende a sua dimensão de imagem. Comunica no tempo, como um teste- munho vivo. Neste caso da Câmara Municipal de Matosinhos, Alcino Soutinho atin- giu aquilo que suponho ser um ponto alto na carreira de qualquer arquitecto: a capacidade de projectar uma imagem, um desenho no espaço, um rosto nítido que se organiza, o princípio de alguma coisa que só depois de existir constatamos que nos tinha, antes feito falta. Este edifício pode reporta-nos à apreensão de uma realidade que não é imediatamente tangível. Neste sentido assemelha-se a um templo. A sua extraordinária modernidade advem-Ihe da proporção clássica. A arquitectura
  • 13. 12 de Alcino Soutinho ganha a sua dimensão metafísica juntamente pelo facto de se organizar na plena consciência de que, antes de tudo, toda a verdadei- ra arquitectura é, ou começa por ser, um puro desenho no espaço. Porto, 19 de Abril de 1996 VII BIBLIOGRAFIA • OPUS INCERTUM: Arquitectures à Porto Pierre Madarga éditeur
  • 14. 13 Bruxellas, 1990 • UMBERTO ECO: A estrutura Ausente Editora Perspectiva 3a edição, São Paulo - Brasil, 1976 • Lotus Internacional: nO13 Rivista Trimestrale di architettura • Architecti: Revista Trimestral - Fevereiro 1989 • Boletim Municipal: Ano VI - N° 19 - Outubro 1987 Câmara Múnicipal de Matosinhos • Jornal do Arquitectos: nO100 Publicação mensal da Associação dos Arquitectos Portugueses • Paços do Conselho de Matosinhos Câmara Municipal de Matosinhos • Edifício dos Paços do Conselho de Matosinhos Casa de Serralves