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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO
O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE
COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO
DE MALFORMAÇÃO FETAL
Rio de Janeiro
2011
1
ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO
O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE
COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO
DE MALFORMAÇÃO FETAL
Monografia orientada pela Prof.ª. Drª. Ana Cristina
Barros da Cunha, apresentada ao Instituto de
Psicologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro como requisito parcial para obtenção do grau
de Formação em Psicologia.
Rio de Janeiro
2011
2
ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO
O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE
COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO
DE MALFORMAÇÃO FETAL
Monografia apresentada ao Instituto de Psicologia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro como
requisito parcial para obtenção do grau de Formação
em Psicologia.
Rio de Janeiro, ____de junho de 2011.
_______________________________________________
Ana Cristina Barros da Cunha
(Doutora em Psicologia Clínica e professora do Departamento de Psicologia Clínica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro)
3
DEDICATÓRIA
Acima de tudo ao Senhor Jesus, a quem amo profundamente,
a quem agradeço por Seu Amor tão Presente, Incondicional,
Eterno e por Sua Infinita Misericórdia para comigo.
Aos meus pais, Sr. Marcos e Prª. Jalmacira.
4
AGRADECIMETOS
A minha orientadora Profª. Drª. Ana Cristina Barros da Cunha pela sua paciência e
gentileza.
Aos funcionários da secretaria acadêmica e coordenação por serem sempre atenciosos.
Aos professores pela compreensão.
Aos amigos que fiz no alojamento, pelas lutas compartilhadas.
A minha amiga Clarinha pela forma como me incentivou nesta etapa da graduação.
As colegas do estágio pelo apoio.
A Manto pela companhia e pelo carinho que sempre teve comigo.
EPÍGRAFE
5
Deus enviou Seu Filho amado
Pra perdoar pra me salvar
Na cruz morreu por meu pecado
Mas ressurgiu e vivo com o Pai está
Porque Ele vive, posso crer no amanhã
Porque Ele vive, temor não há
Mas eu bem sei, eu sei que a minha vida
Está nas mãos do meu Jesus que vivo está
E quando enfim, chegar a hora
Em que a morte enfrentarei
Sem medo então terei vitória
Irei à glória, ao meu Jesus que vivo está
Glória Gaither & William J. Gaither
RESUMO
A partir da revisão bibliográfica dos conceitos de coping, resiliência e deficiência,
este estudo considerou a questão do recebimento da notícia do diagnóstico de
malformação fetal pela gestante decorrente de atendimento de pré-natal. Sendo a
6
ultrassonografia um exame de rotina no atendimento pré-natal o método que melhor
diagnostica comprometimentos na formação do bebê é possível traçar metas que
contemplem o período de gestação do bebê e auxilie a mãe no que muitos autores
concordam ser um momento de crise. O objetivo desse estudo foi discutir sobre os
conceitos de coping e resiliência, relacionando-os à deficiência, com a proposta de
oferecer suporte ao profissional de saúde durante o acompanhamento da gestante assim
que esta receba o diagnóstico de que seu bebê possui algum tipo de malformação, no
sentido de prepará-la para a maternagem e favorecer que esta mãe desenvolva um
enfrentamento mais resiliente de todo esse contexto que envolve o período que antecede
da chegada do bebê.
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................. 7
7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
COPING .................................................................................................................. 10
RESILIÊNCIA ......................................................................................................... 13
DEFICIÊNCIA ........................................................................................................ 14
DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 16
RELAÇÕES ENTRE RESILIÊNCIA
E COPING NO CAMPO DA DEFICIÊNCIA ........................................................ 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 19
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 21
INTRODUÇÃO
O presente estudo se deu inicialmente a partir de revisão bibliográfica dos
conceitos de coping e resiliência. Foi realizada também uma revisão bibliográfica do
conceito de deficiência considerando sua construção histórica como principal elemento
8
responsável pelos significados atribuídos ao termo e compartilhados socialmente. E por
último, no trabalho de revisão bibliográfica é considerado o papel que o diagnóstico
precoce da deficiência ainda durante a fase de gestação do bebê pode desempenhar.
No momento em que a gestante recebe a notícia de que o bebê que está sendo
gerado por ela possui malformação podemos perceber um sentimento da futura mãe que
pode ser traduzido por desconforto, angústia e sofrimento como é relatado por autores
como Lemes & Barbosa (2007), Höher & Wagner (2006), Barbosa, Chaud & Gomes
(2008). Como o ponto de convergência dos conceitos abordados se dá a partir da
notificação à gestante submetida a exame de ultrassom para avaliação de morfologia
fetal, de que existe uma malformação no bebê que está sendo gerado, abre-se uma
possibilidade de discussão que envolve a mãe da criança que é gerada e os profissionais
que a atendem durante o período de pré-natal. Um diagnóstico que aponta para um
possível comprometimento do desenvolvimento cognitivo, físico, intelectual ou
emocional de um bebê pode significar um momento de crise para a família,
especialmente para a mãe se a considerarmos em seu papel e responsabilidades no que
tange a maternagem.
O objetivo desse estudo foi discutir sobre os conceitos de coping e resiliência,
relacionando-os à deficiência, com a proposta de oferecer suporte ao profissional de
saúde durante o acompanhamento da gestante assim que esta receba o diagnóstico de
que seu bebê possui algum tipo de malformação, no sentido de prepará-la para a
maternagem e favorecer que esta mãe desenvolva um enfrentamento mais resiliente de
todo esse contexto que envolve o período que antecede da chegada do bebê.
COPING
9
Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira (1998) comentam não haver, na língua
portuguesa, uma palavra única que expresse a complexidade do termo coping, que pode
ser traduzido para o português por: “lidar com”, “enfrentar” ou “adaptar-se a”. Nos
artigos publicados no Brasil encontra-se a tanto o termo coping quanto o termo
enfrentamento para identificar o mesmo conceito. Neste estudo encontraremos também
ambos os termos. O termo coping tem seu conceito em psicologia atrelado ao conceito
de stress, desse modo, referindo-se às formas de adaptação ao ambiente, ao contexto e
situações da vida experimentados por uma determinada pessoa. Sendo assim o ambiente
familiar, profissional, social podem ser considerados um campo para o estudo do
coping. No entanto, o conceito de coping não encerra em si necessariamente uma
conotação passiva no que tange a adaptação, no sentido de uma adequação ou aceitação
do que sobrevem a pessoa, em dado contexto ou ambiente, mas infere também a forma
como a pessoa percebe e encara esse evento estressor e se mobiliza a respeito dele; no
sentido mesmo de lidar com ele e enfrentá-lo. Ou seja o Coping como um construto
refere-se ao "conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, cujo objetivo é o de
lidar com demandas específicas, internas ou externas, que estejam sobrecarregando ou
excedendo os recursos pessoais" (Folkman, Lazarus, Gruen & De Longis, 1986, p.572).
O conceito de coping, como já vimos, refere-se à necessidade de adaptação às
condições ambientais mesmo quando essas são condições muito difíceis, ou seja, que
ocorrem quando a pessoa enfrenta mudanças drásticas de vida ou problemas que exigem
novas formas de comportamento, e provocam emoções ou estados afetivos
desconfortáveis, tais como ansiedade, culpa, vergonha, luto (Seidl, 2005). Nesse
sentido, podemos concordar que o conceito de coping se encontra plenamente atrelado
ao conceito de stress, que pela definição de Jeammet (1990) refere-se a toda agressão
voltada ao organismo seja de origem externa ou interna que venha a perturbar seu
10
equilíbrio homeostático. Ou seja, podemos dizer que: o coping está voltado para o stress
no sentido lidar com ele ou conseguir manejá-lo, dessa forma o objetivo do coping não
é necessariamente a extinção do estímulo estressor, embora geralmente esteja orientado
para sua redução como comentam as autoras Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira (1998).
Sendo assim, “o coping é concebido como o conjunto de estratégias utilizadas
pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas” (Antoniazzi, Dell'Aglio &
Bandeira, 1998), mas, é preciso lembrar que “... é a mediação cognitiva que influencia o
processo de coping (Seidl, 2005). Ou como assinalam como assinalam Schmidt,
Dell’Aglio & Bosal (2007), o que motiva o indivíduo a fazer algo para obter alívio, a
forma como se dará o manejo do evento estressor dependerá da personalidade, contexto
e história de vida de cada ser humano. Da mesma forma, “... Dependendo da percepção
do evento estressor e do sentido a ele atribuído, tem-se ou não a condição de estresse”.
(Rodrigues, 2003). Em outras palavras, “... o fato de um evento ser percebido como
estressante depende da natureza do mesmo, bem como dos recursos, das defesas e dos
mecanismos de enfrentamento das pessoas” (Kaplan & Sadock, p. 414, 1993).
Segundo o modelo proposto por Lazarus & Folkman (1980) as estratégias de
coping além de pressupor uma avaliação cognitiva do fenômeno estressante, podem ser
classificadas, segundo sua função. As estratégias de coping se apresentam sob duas
formas principais:
• Coping focalizado no problema – que inclui estratégias de definição do
problema, geração de soluções alternativas, comparação em termos de
custos e benefícios, seleção e implementação da alternativa escolhida.
Schimdt (2004). “O coping focalizado no problema constitui-se num
esforço para atuar na situação que deu origem ao stress. A função desta
estratégia é alterar o problema existente na relação entre a pessoa e o
11
ambiente que está causando a tensão” (Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira,
1998).
• Coping focalizado na emoção – é definido como um esforço para regular o
estado emocional que é associado ao stress ou que é resultado de eventos
estressantes e sua função é reduzir a sensação física desagradável de um
estado de stress (1998).
O manejo de uma situação que é interpretada com causadora de ameaça ou dano
segue um caminho de acordo com a percepção de cada pessoa. Aspectos como
personalidade e habilidades aprendidas no decorrer da vida influenciam a forma como
cada pessoa reage diante de um problema ou evento estressor. Embora o estresse seja
reconhecido como um aspecto inevitável da condição humana é o coping que faz a
diferença nas reais consequências do mesmo. No entanto ainda assim, “determinada
estratégia de coping não pode ser considerada como boa ou má, adaptativa ou não
adaptativa, mas precisa ser avaliada a partir do contexto em que ocorreu o episódio de
estresse, das características do próprio evento e dos indivíduos envolvidos” (1998).
Sendo assim, uma característica de todo esse processo é a possibilidade de
aprendizagem de novas estratégias, no decorrer do tempo, o que implica também dizer
que há um caráter mutável e flexível em todo o processo de coping.
RESILIÊNCIA
Resiliência é um conceito originário da Física e como tal refere – se à capacidade
de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente (Yunes,
Garcia & Albuquerque, 2007).
12
Mas, no que tange às ciências sociais e de saúde, a resiliência, segundo Silva e
col. (2009), refere-se à capacidade manifestada por alguns seres humanos de amenizar
ou evitar os efeitos negativos que certas situações consideradas com elevado potencial
de risco podem produzir sobre a saúde e o desenvolvimento das pessoas. “Neste
conceito está implícito que a realidade pode ser ameaçadora para o sujeito, colocando
em risco a qualidade de seu viver e fazendo-o sofrer, mas ele consegue encontrar
recursos que o ajudam a avançar e prosseguir de forma que, até certo ponto, pode ser
considerada positiva, quando muitos de seus pares, em circunstâncias similares, não o
conseguem” (Schwanck & Silva, 2006).
Silva, Le Pendu, Pontes & Dubois (2009) comentam que são inúmeros os estudos
que consideram as interações vivenciadas entre as pessoas e o meio ambiente como
elementos chave para o desenvolvimento do ser humano, os quais podem ter o duplo
efeito de promover a emergência das competências próprias de cada etapa do ciclo vital
e, ao mesmo tempo, funcionar como proteção, quando o ambiente que os cerca é
adverso. Neste sentido a história familiar assume grande importância no processo de
construção da capacidade de resiliência, pois é o “... primeiro grupo responsável pela
tarefa socializadora...” (Vitale, 1997) e, segundo Romanelli (1997), transmite valores,
normas e modelos de conduta. Quando o suporte oferecido pela família consegue ser
adequado, ela se torna um fator de proteção contra as adversidades e momentos de crise.
Neste aspecto é importante considerar que a capacidade de buscar uma rede de apoio
social como amigos, profissionais e instituições, quando a família não dá conta de
oferecer tal suporte, pode contar como uma habilidade mais resiliente de enfrentamento.
A DEFICIÊNCIA
13
O Decreto nº 3298 de 20/12/1999, da República Federativa do Brasil, dispõe
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e, em
seu artigo terceiro, considera que deficiência é toda perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Por
incapacidade o mesmo decreto define como uma redução efetiva e acentuada da
capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios
ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou
transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função
ou atividade a ser exercida.
Como a deficiência apresenta-se como um fenômeno construído socialmente, ser
ou estar deficiente é quase sempre relativo a outras pessoas que são consideradas sem
deficiência (Franco e Dias, 2005). A questão da deficiência é delicada, possui marcas
que vão além da própria deficiência, de profundidade histórica. Um exemplo disso pode
ser encontrado se considerarmos que nas sociedades primitivas as pessoas com
deficiência eram consideradas como sendo possuídas por espíritos malignos e
carregavam no corpo a marca dessa possessão, por assim dizer; tal crença legitimava a
eliminação ou o abandono dos deficientes, ainda que fossem crianças ou recém-
nascidos. A eliminação de deficientes se repetiu também durante a Inquisição, pois, a
forma da deficiência apresentada podia ser considerada como a marca carregada no
corpo da prova das heresias, bruxarias e contatos com demônios. Por outro lado, o
confinamento em monastérios, no sentido de levar o deficiente a alcançar a remissão
dos pecados, e asilos, construídos pelo Estado para abrigar e cuidar dos deficientes
tiveram sua parte na construção histórica da visão do ser deficiente, neste sentido a
exclusão do convívio social de alguém que é diferente é o que ficou mais marcante a
14
partir dessa construção histórica. Desse ponto de vista: “A família constitui uma das
mediações entre o homem e a sociedade... não só interioriza aspectos ideológicos
dominantes na sociedade, como projeta ainda em outros grupos os modelos de relação
criados e recriados dentro do próprio grupo” (Vitale, 1997, página 90).
Vial (1998), em sua análise da situação no fim do séc. XIX e começo do séc. XX,
observa que as crianças anormais são vistas mais como anormais do que como crianças,
que seu futuro como adolescente e depois como adulto é mais preocupante que a própria
infância. Não é sem frequência e sem motivo que a deficiência é considerada sobre um
olhar de preconceito, se considerarmos que esta conotação seja decorrente de uma
construção histórica. As autoras Anache e Oliveira chamam a atenção para a
necessidade de orientação à família sobre o enfrentamento do preconceito, que de
acordo com as autoras é alimentado pela sociedade atual, mas que muitas vezes é
decorrente da própria família. De acordo com Costa, Mombelli & Marcon, (2009), a
família da criança deficiente defronta-se com duas tarefas: cuidar da criança doente e
lidar com as emoções, a maioria das vezes inconscientes, que passam a transformar as
relações entre seus membros.
Segundo Anache & Oliveira (2007) foi a partir da Renascença e do
mercantilismo que a visão sobre a deficiência tomou novos rumos e a crença que a
deficiência era oriunda de condições como pecado ou expiação de culpa foi abrindo
espaço para conceitos formulados pela área médica. Já as duas Grandes Guerras
também tiveram uma importância na forma como o deficiente é encarado, nos dias de
hoje, pois os soldados que voltavam da guerra mutilados necessitavam ser reabilitados e
reintegrados ao convívio social. Estes acontecimentos na historia se refletem e se
generalizam à medida que se torna improvável ignorar o contingente de pessoas com
necessidades especiais como os pracinhas que retornaram das guerras mutilados ou com
15
algum outro tipo de comprometimento físico, cognitivo, sensorial ou emocional, e
alcançam pessoas portadoras de deficiência que adquiriram esta condição quer por um
evento trágico quer por nascimento e remetem à Declaração dos Direitos Humanos onde
o deficiente é legitimamente considerado como igual em direitos e deveres em relação
aos demais cidadãos. Já a partir dos anos 60, a demanda em relação aos deficientes se
dará no sentido de integrá-los com base nos seus direitos enquanto seres humanos e
indivíduos nascidos em dada sociedade (Franco & Dias, 2005). Mas, foi a partir da
Declaração de Salamanca que as pessoas que apresentam diferenças físicas, sensoriais
ou intelectuais, que se origina de fatores inatos ou adquiridos foram denominadas de
Portadora de Necessidades Educacionais Especiais. Tal fato marcou uma mudança de
perspectiva quanto à pessoa deficiente, pois se por um lado é assegurado o direito do
deficiente a integração social por outro se faz um movimento social a fim de um dever
da sociedade de se adaptar como um todo às diferenças individuais do portador de
necessidade educacionais especiais.
O DIAGNÓSTICO
Ao ter confirmação da gravidez a mulher inicia as consultas de pré-natal para o
acompanhamento do desenvolvimento de bebê. Podemos considerar que as consultas
médicas do pré-natal seguem rotinas voltadas para detectar as gestantes que necessitam
de cuidados especiais ou gravidez de risco. Para isso, “a anamnese deve abordar
aspectos epidemiológicos, antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos
e a situação da gravidez atual... A avaliação de risco não é tarefa fácil, pois o conceito
de risco está associado ao de probabilidades e o encadeamento entre um fator de risco e
um dano nem sempre está explicitado” (Manual Técnico, 2006). Além das entrevistas
de anamnese, há o exame de ultrassonografia que é capaz de detectar más formações
16
fetais durante a gestação; “a ultra-sonografia é hoje um exame de rotina no pré-natal e
são claras a sua necessidade e importância no contexto médico” (Gomes & Piccinini,
2007). Assim comenta Pinto Júnior a respeito do exame de ultrassom (2002), “A
ultrassonografia obstétrica é, indiscutivelmente, aquela que mais diagnostica, em
frequência e em número, tanto doenças genéticas quanto não genéticas e, por esse
motivo, aliado ao seu baixo custo e à sua característica não invasiva, deve ser
incentivada e priorizada no diagnóstico pré-natal”. A realização da ultrassonografia
mais precocemente durante a gravidez relaciona-se com uma melhor determinação da
idade gestacional, detecção precoce de gestações múltiplas e malformações
clinicamente não suspeitas (Manual Técnico, 2006). Em trabalho de pesquisa realizado
por Noronha Neto e col. (2009) em Centro de referência de medicina fetal, o
diagnóstico pré-natal de anomalias fetais pela ultrassonografia morfológica apresenta
boa sensibilidade, especificidade, concordância pré e pós-natal, além de validade
diagnóstica. No entanto Höher & Wagner (2006) apontam uma questão que certamente
influi de alguma forma em todo esse contexto em relação ao momento do da notícia
diagnóstico de malformação, embora seu estudo abordasse a notícia dada após o
nascimento do bebê: o profissional responsável por transmitir a notícia do diagnóstico
de malformação muitas vezes não se encontra preparado para esta tarefa, o que pode
levar a tornar o momento do recebimento da notícia traumatizante para os pais e
familiares (Höher & Wagner, 2006; Barbosa, Chaud &Gomes, 2008).
RELAÇÕES ENTRE RESILIÊNCIA E COPING NO CAMPO DA
DEFICIÊNCIA
Gomes & Piccinini (2007) relatam que a mãe sofre um choque quando recebe o
diagnóstico de que seu bebê possui má-formação. “O diagnóstico da deficiência parece
17
gerar uma situação crítica de impacto, caracterizada por sentimentos de desconforto
como angústia, medo, culpa e vergonha” (Canho, Neme & Yamada, 2006). “O fato de
ter gerado uma criança que vai exigir atenção e cuidados para além do esperado é algo
temido, que pode desestruturar o casal e até mesmo levar a conflitos familiares” (Höher
& Wagner, 2006). Neste ponto os autores concordam sobre o que se chama luto pelo
bebê idealizado (Anache &Oliveira 2007; Barbosa, Chaud & Gomes 2008; Canho,
Neme & Yamada, 2006; Höher & Wagner, 2006) para que seja possível aceitação e
criação de vínculo da mãe e familiares com o bebê real. Os autores comentam que
mesmo em se tratando de um bebê sem má-formação um vínculo deve ser criado entre
mãe e filho para que possa favorecer a maternagem. Sendo assim mesmo um bebê
normal pode ser diferente de um bebê idealizado o que irá requerer o processo de luto.
Mas em se tratando de um bebê com malformação, acreditamos que, o processo de luto
seja mais doloroso. “A deficiência quase sempre causa sofrimento, desconforto,
embaraço, lágrimas e confusão para todos os integrantes da família, além de grandes
exigências de tempo e recursos” (Lemes & Barbosa, 2007).
A detecção de anomalias congênitas é uma das metas da assistência pré-natal
(Orellana & Amaral, 201?) O diagnóstico preciso a respeito da malformação do feto
permite que a mãe e a família possa se melhor preparar chegada do bebê e para as
implicações que este bebê poderá trazer na rotina familiar com relação aos cuidados e
responsabilidades com o bebê. “Quando a deficiência é revelada, a família inteira
começa uma batalha adaptativa para recuperar o equilíbrio, e embora somente um
membro da família seja deficiente, todos os demais são afetados e, até certo ponto,
incapacitados por ela” (Barbosa, Chaud & Gomes, 2008). “Não se pode admitir nos dias
de hoje que somente após o nascimento se diagnostiquem malformações que poderiam
ser detectadas durante a gestação pelo ultrassom, como, por exemplo, a ausência de
18
dedos, de mãos ou até de membros”, comente Pinto Júnior (2002). O trabalho de
pesquisa realizado por Gomes & Piccinini (2007) foi positivo neste sentido e apontou
para uma possibilidade de vínculo entre mãe e bebê que superou o sentimento e o
choque relatado pelas mães participantes do estudo por ocasião do conhecimento do
diagnóstico. Os autores sugeriram que como as consultas do pré-natal e a situação de
ultrassonografia constituem, muitas vezes, os únicos momentos em que as mulheres são
vistas por profissionais da saúde durante a gestação estes podem ser utilizados também
para preventivamente identificar e fornecer eventual suporte emocional para as mães
que o necessitem contribuindo para a relação mãe-bebê e para o futuro desenvolvimento
do bebê.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo ao abordar os conceitos de coping e resiliência aponta para uma
certa habilidade humana em superar crises e dificuldades, uma certa habilidade que
pode ser aprendida, desenvolvida e compartilhada. Embora o norteamento deste estudo
fosse a questão do diagnóstico de malformação fetal na gestação, não foi possível
identificar artigos que pudessem relacionar os conceitos de coping e resiliência com o
momento em que a gestante recebe o diagnóstico de que seu bebê poderá apresentar
alguma forma de deficiência, ou mesmo durante o acompanhamento da gestação que
prossegue após o conhecimento do diagnóstico, de forma que pudesse vir a atenuar a
tensão que se enfrenta a princípio e que é decorrente do recebimento da notificação da
deficiência apresentada pelo bebê. Ainda que haja uma produção literária científica
indicativa da coerência entre o diagnóstico de má-formação fetal pré-natal e a
deficiência apresentada pelo bebê após o nascimento, há infelizmente carência de
pesquisas voltadas para darem conta do período entre o diagnóstico e o nascimento do
19
bebê, quando a família a princípio deveria estar sendo orientada para o fato de que o
bebê irá requerer maior atenção e cuidado. Da mesma forma como o autor Pinto Junior
(2002), comenta não admitir nos dias de hoje que somente se faça o diagnóstico de
malformações após o nascimento do bebê, e considerando a importância que o
ultrassom assume no processo de diagnóstico e o fato de mães com menor poder
aquisitivo também terem acesso a ele, podemos concordar que, por outro lado, o
diagnóstico não serve apenas para se saber que o bebê por nascer será deficiente. Nesse
sentido os conceitos de coping e resiliência assumem importância, pois há uma
concordância entre os autores de que a notícia de malformação marca uma momento de
crise, ou pelo menos de uma decepção por ser algo não apenas inesperado, mas também
indesejado. Curiosamente o pré-natal é orientado para detectar gestantes de risco, mas o
que fazer quando essas gestantes são percebidas nos setores de saúde, além de dar-lhes a
notícia? Com a atuação de uma psicologia que aposte de maneira mais positiva nos
potenciais humanos, acreditamos ser possível favorecer tanto a mãe do bebê deficiente,
por nascer, quanto a família no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento mais
resilientes e assertivas no que tange todo esse contexto da chegada do bebê. Para os
autores Gomes & Piccinini (2007), “...é fundamental que se desenvolvam programas de
intervenção psicológica em medicina fetal, uma vez que contribuiriam não só com os
médicos, na comunicação dos diagnósticos de malformação fetal para as gestantes, mas
também propiciando-lhes informações e especialmente apoio emocional nestes
momentos de extrema dificuldade e tristeza”.
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23
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Possibilidades da Convivência Familiar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 444-
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Gestação e diagnóstico de malformação

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS INSTITUTO DE PSICOLOGIA ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO DE MALFORMAÇÃO FETAL Rio de Janeiro 2011 1
  • 2. ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO DE MALFORMAÇÃO FETAL Monografia orientada pela Prof.ª. Drª. Ana Cristina Barros da Cunha, apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do grau de Formação em Psicologia. Rio de Janeiro 2011 2
  • 3. ANDRÉA LILIAM SILVA DA PAIXÃO O BEBÊ QUE VAI CHEGAR: DISCUTINDO OS CONCEITOS DE COPING E RESILIÊNCIA NA GESTAÇÃO COM DIAGNÓSTICO DE MALFORMAÇÃO FETAL Monografia apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do grau de Formação em Psicologia. Rio de Janeiro, ____de junho de 2011. _______________________________________________ Ana Cristina Barros da Cunha (Doutora em Psicologia Clínica e professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro) 3
  • 4. DEDICATÓRIA Acima de tudo ao Senhor Jesus, a quem amo profundamente, a quem agradeço por Seu Amor tão Presente, Incondicional, Eterno e por Sua Infinita Misericórdia para comigo. Aos meus pais, Sr. Marcos e Prª. Jalmacira. 4
  • 5. AGRADECIMETOS A minha orientadora Profª. Drª. Ana Cristina Barros da Cunha pela sua paciência e gentileza. Aos funcionários da secretaria acadêmica e coordenação por serem sempre atenciosos. Aos professores pela compreensão. Aos amigos que fiz no alojamento, pelas lutas compartilhadas. A minha amiga Clarinha pela forma como me incentivou nesta etapa da graduação. As colegas do estágio pelo apoio. A Manto pela companhia e pelo carinho que sempre teve comigo. EPÍGRAFE 5
  • 6. Deus enviou Seu Filho amado Pra perdoar pra me salvar Na cruz morreu por meu pecado Mas ressurgiu e vivo com o Pai está Porque Ele vive, posso crer no amanhã Porque Ele vive, temor não há Mas eu bem sei, eu sei que a minha vida Está nas mãos do meu Jesus que vivo está E quando enfim, chegar a hora Em que a morte enfrentarei Sem medo então terei vitória Irei à glória, ao meu Jesus que vivo está Glória Gaither & William J. Gaither RESUMO A partir da revisão bibliográfica dos conceitos de coping, resiliência e deficiência, este estudo considerou a questão do recebimento da notícia do diagnóstico de malformação fetal pela gestante decorrente de atendimento de pré-natal. Sendo a 6
  • 7. ultrassonografia um exame de rotina no atendimento pré-natal o método que melhor diagnostica comprometimentos na formação do bebê é possível traçar metas que contemplem o período de gestação do bebê e auxilie a mãe no que muitos autores concordam ser um momento de crise. O objetivo desse estudo foi discutir sobre os conceitos de coping e resiliência, relacionando-os à deficiência, com a proposta de oferecer suporte ao profissional de saúde durante o acompanhamento da gestante assim que esta receba o diagnóstico de que seu bebê possui algum tipo de malformação, no sentido de prepará-la para a maternagem e favorecer que esta mãe desenvolva um enfrentamento mais resiliente de todo esse contexto que envolve o período que antecede da chegada do bebê. SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................. 7 7
  • 8. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 COPING .................................................................................................................. 10 RESILIÊNCIA ......................................................................................................... 13 DEFICIÊNCIA ........................................................................................................ 14 DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 16 RELAÇÕES ENTRE RESILIÊNCIA E COPING NO CAMPO DA DEFICIÊNCIA ........................................................ 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 19 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 21 INTRODUÇÃO O presente estudo se deu inicialmente a partir de revisão bibliográfica dos conceitos de coping e resiliência. Foi realizada também uma revisão bibliográfica do conceito de deficiência considerando sua construção histórica como principal elemento 8
  • 9. responsável pelos significados atribuídos ao termo e compartilhados socialmente. E por último, no trabalho de revisão bibliográfica é considerado o papel que o diagnóstico precoce da deficiência ainda durante a fase de gestação do bebê pode desempenhar. No momento em que a gestante recebe a notícia de que o bebê que está sendo gerado por ela possui malformação podemos perceber um sentimento da futura mãe que pode ser traduzido por desconforto, angústia e sofrimento como é relatado por autores como Lemes & Barbosa (2007), Höher & Wagner (2006), Barbosa, Chaud & Gomes (2008). Como o ponto de convergência dos conceitos abordados se dá a partir da notificação à gestante submetida a exame de ultrassom para avaliação de morfologia fetal, de que existe uma malformação no bebê que está sendo gerado, abre-se uma possibilidade de discussão que envolve a mãe da criança que é gerada e os profissionais que a atendem durante o período de pré-natal. Um diagnóstico que aponta para um possível comprometimento do desenvolvimento cognitivo, físico, intelectual ou emocional de um bebê pode significar um momento de crise para a família, especialmente para a mãe se a considerarmos em seu papel e responsabilidades no que tange a maternagem. O objetivo desse estudo foi discutir sobre os conceitos de coping e resiliência, relacionando-os à deficiência, com a proposta de oferecer suporte ao profissional de saúde durante o acompanhamento da gestante assim que esta receba o diagnóstico de que seu bebê possui algum tipo de malformação, no sentido de prepará-la para a maternagem e favorecer que esta mãe desenvolva um enfrentamento mais resiliente de todo esse contexto que envolve o período que antecede da chegada do bebê. COPING 9
  • 10. Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira (1998) comentam não haver, na língua portuguesa, uma palavra única que expresse a complexidade do termo coping, que pode ser traduzido para o português por: “lidar com”, “enfrentar” ou “adaptar-se a”. Nos artigos publicados no Brasil encontra-se a tanto o termo coping quanto o termo enfrentamento para identificar o mesmo conceito. Neste estudo encontraremos também ambos os termos. O termo coping tem seu conceito em psicologia atrelado ao conceito de stress, desse modo, referindo-se às formas de adaptação ao ambiente, ao contexto e situações da vida experimentados por uma determinada pessoa. Sendo assim o ambiente familiar, profissional, social podem ser considerados um campo para o estudo do coping. No entanto, o conceito de coping não encerra em si necessariamente uma conotação passiva no que tange a adaptação, no sentido de uma adequação ou aceitação do que sobrevem a pessoa, em dado contexto ou ambiente, mas infere também a forma como a pessoa percebe e encara esse evento estressor e se mobiliza a respeito dele; no sentido mesmo de lidar com ele e enfrentá-lo. Ou seja o Coping como um construto refere-se ao "conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, cujo objetivo é o de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que estejam sobrecarregando ou excedendo os recursos pessoais" (Folkman, Lazarus, Gruen & De Longis, 1986, p.572). O conceito de coping, como já vimos, refere-se à necessidade de adaptação às condições ambientais mesmo quando essas são condições muito difíceis, ou seja, que ocorrem quando a pessoa enfrenta mudanças drásticas de vida ou problemas que exigem novas formas de comportamento, e provocam emoções ou estados afetivos desconfortáveis, tais como ansiedade, culpa, vergonha, luto (Seidl, 2005). Nesse sentido, podemos concordar que o conceito de coping se encontra plenamente atrelado ao conceito de stress, que pela definição de Jeammet (1990) refere-se a toda agressão voltada ao organismo seja de origem externa ou interna que venha a perturbar seu 10
  • 11. equilíbrio homeostático. Ou seja, podemos dizer que: o coping está voltado para o stress no sentido lidar com ele ou conseguir manejá-lo, dessa forma o objetivo do coping não é necessariamente a extinção do estímulo estressor, embora geralmente esteja orientado para sua redução como comentam as autoras Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira (1998). Sendo assim, “o coping é concebido como o conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas” (Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira, 1998), mas, é preciso lembrar que “... é a mediação cognitiva que influencia o processo de coping (Seidl, 2005). Ou como assinalam como assinalam Schmidt, Dell’Aglio & Bosal (2007), o que motiva o indivíduo a fazer algo para obter alívio, a forma como se dará o manejo do evento estressor dependerá da personalidade, contexto e história de vida de cada ser humano. Da mesma forma, “... Dependendo da percepção do evento estressor e do sentido a ele atribuído, tem-se ou não a condição de estresse”. (Rodrigues, 2003). Em outras palavras, “... o fato de um evento ser percebido como estressante depende da natureza do mesmo, bem como dos recursos, das defesas e dos mecanismos de enfrentamento das pessoas” (Kaplan & Sadock, p. 414, 1993). Segundo o modelo proposto por Lazarus & Folkman (1980) as estratégias de coping além de pressupor uma avaliação cognitiva do fenômeno estressante, podem ser classificadas, segundo sua função. As estratégias de coping se apresentam sob duas formas principais: • Coping focalizado no problema – que inclui estratégias de definição do problema, geração de soluções alternativas, comparação em termos de custos e benefícios, seleção e implementação da alternativa escolhida. Schimdt (2004). “O coping focalizado no problema constitui-se num esforço para atuar na situação que deu origem ao stress. A função desta estratégia é alterar o problema existente na relação entre a pessoa e o 11
  • 12. ambiente que está causando a tensão” (Antoniazzi, Dell'Aglio & Bandeira, 1998). • Coping focalizado na emoção – é definido como um esforço para regular o estado emocional que é associado ao stress ou que é resultado de eventos estressantes e sua função é reduzir a sensação física desagradável de um estado de stress (1998). O manejo de uma situação que é interpretada com causadora de ameaça ou dano segue um caminho de acordo com a percepção de cada pessoa. Aspectos como personalidade e habilidades aprendidas no decorrer da vida influenciam a forma como cada pessoa reage diante de um problema ou evento estressor. Embora o estresse seja reconhecido como um aspecto inevitável da condição humana é o coping que faz a diferença nas reais consequências do mesmo. No entanto ainda assim, “determinada estratégia de coping não pode ser considerada como boa ou má, adaptativa ou não adaptativa, mas precisa ser avaliada a partir do contexto em que ocorreu o episódio de estresse, das características do próprio evento e dos indivíduos envolvidos” (1998). Sendo assim, uma característica de todo esse processo é a possibilidade de aprendizagem de novas estratégias, no decorrer do tempo, o que implica também dizer que há um caráter mutável e flexível em todo o processo de coping. RESILIÊNCIA Resiliência é um conceito originário da Física e como tal refere – se à capacidade de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente (Yunes, Garcia & Albuquerque, 2007). 12
  • 13. Mas, no que tange às ciências sociais e de saúde, a resiliência, segundo Silva e col. (2009), refere-se à capacidade manifestada por alguns seres humanos de amenizar ou evitar os efeitos negativos que certas situações consideradas com elevado potencial de risco podem produzir sobre a saúde e o desenvolvimento das pessoas. “Neste conceito está implícito que a realidade pode ser ameaçadora para o sujeito, colocando em risco a qualidade de seu viver e fazendo-o sofrer, mas ele consegue encontrar recursos que o ajudam a avançar e prosseguir de forma que, até certo ponto, pode ser considerada positiva, quando muitos de seus pares, em circunstâncias similares, não o conseguem” (Schwanck & Silva, 2006). Silva, Le Pendu, Pontes & Dubois (2009) comentam que são inúmeros os estudos que consideram as interações vivenciadas entre as pessoas e o meio ambiente como elementos chave para o desenvolvimento do ser humano, os quais podem ter o duplo efeito de promover a emergência das competências próprias de cada etapa do ciclo vital e, ao mesmo tempo, funcionar como proteção, quando o ambiente que os cerca é adverso. Neste sentido a história familiar assume grande importância no processo de construção da capacidade de resiliência, pois é o “... primeiro grupo responsável pela tarefa socializadora...” (Vitale, 1997) e, segundo Romanelli (1997), transmite valores, normas e modelos de conduta. Quando o suporte oferecido pela família consegue ser adequado, ela se torna um fator de proteção contra as adversidades e momentos de crise. Neste aspecto é importante considerar que a capacidade de buscar uma rede de apoio social como amigos, profissionais e instituições, quando a família não dá conta de oferecer tal suporte, pode contar como uma habilidade mais resiliente de enfrentamento. A DEFICIÊNCIA 13
  • 14. O Decreto nº 3298 de 20/12/1999, da República Federativa do Brasil, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e, em seu artigo terceiro, considera que deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Por incapacidade o mesmo decreto define como uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Como a deficiência apresenta-se como um fenômeno construído socialmente, ser ou estar deficiente é quase sempre relativo a outras pessoas que são consideradas sem deficiência (Franco e Dias, 2005). A questão da deficiência é delicada, possui marcas que vão além da própria deficiência, de profundidade histórica. Um exemplo disso pode ser encontrado se considerarmos que nas sociedades primitivas as pessoas com deficiência eram consideradas como sendo possuídas por espíritos malignos e carregavam no corpo a marca dessa possessão, por assim dizer; tal crença legitimava a eliminação ou o abandono dos deficientes, ainda que fossem crianças ou recém- nascidos. A eliminação de deficientes se repetiu também durante a Inquisição, pois, a forma da deficiência apresentada podia ser considerada como a marca carregada no corpo da prova das heresias, bruxarias e contatos com demônios. Por outro lado, o confinamento em monastérios, no sentido de levar o deficiente a alcançar a remissão dos pecados, e asilos, construídos pelo Estado para abrigar e cuidar dos deficientes tiveram sua parte na construção histórica da visão do ser deficiente, neste sentido a exclusão do convívio social de alguém que é diferente é o que ficou mais marcante a 14
  • 15. partir dessa construção histórica. Desse ponto de vista: “A família constitui uma das mediações entre o homem e a sociedade... não só interioriza aspectos ideológicos dominantes na sociedade, como projeta ainda em outros grupos os modelos de relação criados e recriados dentro do próprio grupo” (Vitale, 1997, página 90). Vial (1998), em sua análise da situação no fim do séc. XIX e começo do séc. XX, observa que as crianças anormais são vistas mais como anormais do que como crianças, que seu futuro como adolescente e depois como adulto é mais preocupante que a própria infância. Não é sem frequência e sem motivo que a deficiência é considerada sobre um olhar de preconceito, se considerarmos que esta conotação seja decorrente de uma construção histórica. As autoras Anache e Oliveira chamam a atenção para a necessidade de orientação à família sobre o enfrentamento do preconceito, que de acordo com as autoras é alimentado pela sociedade atual, mas que muitas vezes é decorrente da própria família. De acordo com Costa, Mombelli & Marcon, (2009), a família da criança deficiente defronta-se com duas tarefas: cuidar da criança doente e lidar com as emoções, a maioria das vezes inconscientes, que passam a transformar as relações entre seus membros. Segundo Anache & Oliveira (2007) foi a partir da Renascença e do mercantilismo que a visão sobre a deficiência tomou novos rumos e a crença que a deficiência era oriunda de condições como pecado ou expiação de culpa foi abrindo espaço para conceitos formulados pela área médica. Já as duas Grandes Guerras também tiveram uma importância na forma como o deficiente é encarado, nos dias de hoje, pois os soldados que voltavam da guerra mutilados necessitavam ser reabilitados e reintegrados ao convívio social. Estes acontecimentos na historia se refletem e se generalizam à medida que se torna improvável ignorar o contingente de pessoas com necessidades especiais como os pracinhas que retornaram das guerras mutilados ou com 15
  • 16. algum outro tipo de comprometimento físico, cognitivo, sensorial ou emocional, e alcançam pessoas portadoras de deficiência que adquiriram esta condição quer por um evento trágico quer por nascimento e remetem à Declaração dos Direitos Humanos onde o deficiente é legitimamente considerado como igual em direitos e deveres em relação aos demais cidadãos. Já a partir dos anos 60, a demanda em relação aos deficientes se dará no sentido de integrá-los com base nos seus direitos enquanto seres humanos e indivíduos nascidos em dada sociedade (Franco & Dias, 2005). Mas, foi a partir da Declaração de Salamanca que as pessoas que apresentam diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, que se origina de fatores inatos ou adquiridos foram denominadas de Portadora de Necessidades Educacionais Especiais. Tal fato marcou uma mudança de perspectiva quanto à pessoa deficiente, pois se por um lado é assegurado o direito do deficiente a integração social por outro se faz um movimento social a fim de um dever da sociedade de se adaptar como um todo às diferenças individuais do portador de necessidade educacionais especiais. O DIAGNÓSTICO Ao ter confirmação da gravidez a mulher inicia as consultas de pré-natal para o acompanhamento do desenvolvimento de bebê. Podemos considerar que as consultas médicas do pré-natal seguem rotinas voltadas para detectar as gestantes que necessitam de cuidados especiais ou gravidez de risco. Para isso, “a anamnese deve abordar aspectos epidemiológicos, antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos e a situação da gravidez atual... A avaliação de risco não é tarefa fácil, pois o conceito de risco está associado ao de probabilidades e o encadeamento entre um fator de risco e um dano nem sempre está explicitado” (Manual Técnico, 2006). Além das entrevistas de anamnese, há o exame de ultrassonografia que é capaz de detectar más formações 16
  • 17. fetais durante a gestação; “a ultra-sonografia é hoje um exame de rotina no pré-natal e são claras a sua necessidade e importância no contexto médico” (Gomes & Piccinini, 2007). Assim comenta Pinto Júnior a respeito do exame de ultrassom (2002), “A ultrassonografia obstétrica é, indiscutivelmente, aquela que mais diagnostica, em frequência e em número, tanto doenças genéticas quanto não genéticas e, por esse motivo, aliado ao seu baixo custo e à sua característica não invasiva, deve ser incentivada e priorizada no diagnóstico pré-natal”. A realização da ultrassonografia mais precocemente durante a gravidez relaciona-se com uma melhor determinação da idade gestacional, detecção precoce de gestações múltiplas e malformações clinicamente não suspeitas (Manual Técnico, 2006). Em trabalho de pesquisa realizado por Noronha Neto e col. (2009) em Centro de referência de medicina fetal, o diagnóstico pré-natal de anomalias fetais pela ultrassonografia morfológica apresenta boa sensibilidade, especificidade, concordância pré e pós-natal, além de validade diagnóstica. No entanto Höher & Wagner (2006) apontam uma questão que certamente influi de alguma forma em todo esse contexto em relação ao momento do da notícia diagnóstico de malformação, embora seu estudo abordasse a notícia dada após o nascimento do bebê: o profissional responsável por transmitir a notícia do diagnóstico de malformação muitas vezes não se encontra preparado para esta tarefa, o que pode levar a tornar o momento do recebimento da notícia traumatizante para os pais e familiares (Höher & Wagner, 2006; Barbosa, Chaud &Gomes, 2008). RELAÇÕES ENTRE RESILIÊNCIA E COPING NO CAMPO DA DEFICIÊNCIA Gomes & Piccinini (2007) relatam que a mãe sofre um choque quando recebe o diagnóstico de que seu bebê possui má-formação. “O diagnóstico da deficiência parece 17
  • 18. gerar uma situação crítica de impacto, caracterizada por sentimentos de desconforto como angústia, medo, culpa e vergonha” (Canho, Neme & Yamada, 2006). “O fato de ter gerado uma criança que vai exigir atenção e cuidados para além do esperado é algo temido, que pode desestruturar o casal e até mesmo levar a conflitos familiares” (Höher & Wagner, 2006). Neste ponto os autores concordam sobre o que se chama luto pelo bebê idealizado (Anache &Oliveira 2007; Barbosa, Chaud & Gomes 2008; Canho, Neme & Yamada, 2006; Höher & Wagner, 2006) para que seja possível aceitação e criação de vínculo da mãe e familiares com o bebê real. Os autores comentam que mesmo em se tratando de um bebê sem má-formação um vínculo deve ser criado entre mãe e filho para que possa favorecer a maternagem. Sendo assim mesmo um bebê normal pode ser diferente de um bebê idealizado o que irá requerer o processo de luto. Mas em se tratando de um bebê com malformação, acreditamos que, o processo de luto seja mais doloroso. “A deficiência quase sempre causa sofrimento, desconforto, embaraço, lágrimas e confusão para todos os integrantes da família, além de grandes exigências de tempo e recursos” (Lemes & Barbosa, 2007). A detecção de anomalias congênitas é uma das metas da assistência pré-natal (Orellana & Amaral, 201?) O diagnóstico preciso a respeito da malformação do feto permite que a mãe e a família possa se melhor preparar chegada do bebê e para as implicações que este bebê poderá trazer na rotina familiar com relação aos cuidados e responsabilidades com o bebê. “Quando a deficiência é revelada, a família inteira começa uma batalha adaptativa para recuperar o equilíbrio, e embora somente um membro da família seja deficiente, todos os demais são afetados e, até certo ponto, incapacitados por ela” (Barbosa, Chaud & Gomes, 2008). “Não se pode admitir nos dias de hoje que somente após o nascimento se diagnostiquem malformações que poderiam ser detectadas durante a gestação pelo ultrassom, como, por exemplo, a ausência de 18
  • 19. dedos, de mãos ou até de membros”, comente Pinto Júnior (2002). O trabalho de pesquisa realizado por Gomes & Piccinini (2007) foi positivo neste sentido e apontou para uma possibilidade de vínculo entre mãe e bebê que superou o sentimento e o choque relatado pelas mães participantes do estudo por ocasião do conhecimento do diagnóstico. Os autores sugeriram que como as consultas do pré-natal e a situação de ultrassonografia constituem, muitas vezes, os únicos momentos em que as mulheres são vistas por profissionais da saúde durante a gestação estes podem ser utilizados também para preventivamente identificar e fornecer eventual suporte emocional para as mães que o necessitem contribuindo para a relação mãe-bebê e para o futuro desenvolvimento do bebê. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo ao abordar os conceitos de coping e resiliência aponta para uma certa habilidade humana em superar crises e dificuldades, uma certa habilidade que pode ser aprendida, desenvolvida e compartilhada. Embora o norteamento deste estudo fosse a questão do diagnóstico de malformação fetal na gestação, não foi possível identificar artigos que pudessem relacionar os conceitos de coping e resiliência com o momento em que a gestante recebe o diagnóstico de que seu bebê poderá apresentar alguma forma de deficiência, ou mesmo durante o acompanhamento da gestação que prossegue após o conhecimento do diagnóstico, de forma que pudesse vir a atenuar a tensão que se enfrenta a princípio e que é decorrente do recebimento da notificação da deficiência apresentada pelo bebê. Ainda que haja uma produção literária científica indicativa da coerência entre o diagnóstico de má-formação fetal pré-natal e a deficiência apresentada pelo bebê após o nascimento, há infelizmente carência de pesquisas voltadas para darem conta do período entre o diagnóstico e o nascimento do 19
  • 20. bebê, quando a família a princípio deveria estar sendo orientada para o fato de que o bebê irá requerer maior atenção e cuidado. Da mesma forma como o autor Pinto Junior (2002), comenta não admitir nos dias de hoje que somente se faça o diagnóstico de malformações após o nascimento do bebê, e considerando a importância que o ultrassom assume no processo de diagnóstico e o fato de mães com menor poder aquisitivo também terem acesso a ele, podemos concordar que, por outro lado, o diagnóstico não serve apenas para se saber que o bebê por nascer será deficiente. Nesse sentido os conceitos de coping e resiliência assumem importância, pois há uma concordância entre os autores de que a notícia de malformação marca uma momento de crise, ou pelo menos de uma decepção por ser algo não apenas inesperado, mas também indesejado. Curiosamente o pré-natal é orientado para detectar gestantes de risco, mas o que fazer quando essas gestantes são percebidas nos setores de saúde, além de dar-lhes a notícia? Com a atuação de uma psicologia que aposte de maneira mais positiva nos potenciais humanos, acreditamos ser possível favorecer tanto a mãe do bebê deficiente, por nascer, quanto a família no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento mais resilientes e assertivas no que tange todo esse contexto da chegada do bebê. Para os autores Gomes & Piccinini (2007), “...é fundamental que se desenvolvam programas de intervenção psicológica em medicina fetal, uma vez que contribuiriam não só com os médicos, na comunicação dos diagnósticos de malformação fetal para as gestantes, mas também propiciando-lhes informações e especialmente apoio emocional nestes momentos de extrema dificuldade e tristeza”. REFERÊNCIAS: ANACHE, A. A. & OLIVEIRA, T. M. (2007). “A família da criança com deficiência e suas implicações n inclusão educacional: análise da produção científica brasileira”. UFMS. 20
  • 21. ANTONIAZZI, A. S.; DELL’AGLIO, D. & BANDEIRA, D. R. (1998). “O conceito de coping: uma revisão teórica”. Estudos de Psicologia (Natal), v. 3, nº 2, Natal, July/Dec. BARBOSA, M. A. M.; CHAUD, M. N. & GOMES, M. M. F. (2008). “Vivências de mães com um filho deficiente: um estudo fenomenológico”. Acta paul. Enferm, v.21 n.1 São Paulo jan./mar. 2008. BRASIL. (2006). Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada: manual técnico [online]. 3a ed. [pesquisa em 19 de maio de 2011]. Página 22, caderno nº 5. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Manual Puerpério 2006.pdf. CANHO, P. G. M.; NEME, C. M. B. & YAMADA, M. O. (2006). “A vivência do pai no processo de reabilitação da criança com deficiência auditiva”. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 23, nº 3, pp. 261-269, julho – setembro. COSTA, J. B.; MOMBELLI, M. A. & MARCON, S. S. (2009). “Avaliação do sofrimento psíquico da mãe acompanhante em alojamento conjunto pediátrico”. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 26, n º 3, jul./set. DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. 21
  • 22. FOLKMAN, S., LAZARUS, R. S., GRUEN, R. J. & De LONGIS, A. (1986). Appraisal, coping, health status and psychological symptons. Journal of Personality and Social psychology, 50,571-579. FOLKMAN, S. & LAZARUS, R. S. (1980). An analysis of coping in a middle-aged community sample. Journal of Health and Social Behavior, 21:219-239, 1980. GOMES, A. G. & PICCININI, C. A. (2007). Impressões e sentimentos das gestantes sobre a ultra-sonografia e suas implicações para a relação materno-fetal no contexto de anormalidade fetal. PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 38, n. 1, pp. 67-76, jan./abr. 2007. HÖHER, S. P. & WAGNER, A. D. L. (2006). “A transmissão do diagnóstico e de orientações a pais de crianças com necessidades especiais: a questão da formação profissional”. Estudos de Psicologia. Campinas, V. 23, nº 2, pp. 113-125, abril – junho. JEAMMET, P. (1990). Manual de psicologia médica. RJ p.215. http://www.slideshare.net/gabrielasantacruz/estresse-1380682 LAZARUS, R. S. & FOLKMAN, S. (1984). Stress, appraisal and coping. New York: Springer. LEMES, L. C. & BARBOSA, A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paul Enferm. 2007; 20(4):441-5 22
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