Artigo Acadêmico produzido para o Trabalho de Conclusão De Curso: Pós-Graduação Gestão de Conteúdo em Comunicação - Jornalismo. Universidade Metodista de São Paulo.
1. Movimento Maker: Você não acredita o que pode ser feito para atrair clicks na in-
ternet
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Ana Claudia Piva Vasconcelos Eloi1
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Resumo
Este artigo aborda o conteúdo produzido na internet pelos adeptos ao Movimento Maker ou
¨Faça Você Mesmo¨, analisando postagens no site e na página do Facebook O Sagaz. Desta-
cam-se, neste contexto, postagens ¨caça cliques¨ comumente observadas no Facebook com o
objetivo de aumentar o tráfego no site com a temática ¨Do It Yourserf ¨ ou ¨DIY¨. Discute-
se também a questão do endosso pelo compartilhamento e a ausência de diálogo com o
público que deseja não apenas consumir o conteúdo, mas fazer parte dele.
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Palavras-chave: jornalismo, movimento maker, faça você mesmo.
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1. Introdução
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A popularização da internet trouxe uma nova forma de relacionamento com a informação,
antes centrada nas mãos dos profissionais da comunicação. A era da informação abre possibilidade
de que todos possam atuar ativamente na produção de conteúdo. Esta facilidade de produção e
compartilhamento de informações contribuiu para popularização do movimento maker (fazedores),
formado por grupos de pessoas que têm na co-criação seu principal propósito. Estes indivíduos
compartilham tanto projetos tecnológicos quanto soluções caseiras para problemas do cotidiano.
O movimento maker é entendido por alguns autores como a Nova Revolução Industrial,
pois as inovações obtidas nesta proposta, em conjunto com as possibilidades da web, apresentam
características semelhantes às primeiras revoluções em nossa sociedade.
A internet democratizou o conhecimento e, diferentemente das revoluções dos séculos pas-
sados, as mudanças não são mais exclusividade das grandes corporações e elites intelectuais. Para
que esta utilização seja efetiva e que contribua de forma positiva para o real propósito do movimen-
to maker, é necessário que as pessoas coloquem em prática os projetos colocados na rede. No entan-
Jornalista - anaclaudiapiva@hotmail.com!1
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2. to, observa-se na página O Sagaz grande engajamento dos internautas atraídos somente pela curio-
sidade, mas poucas evidências de que os projetos são de fato realizados. A página O Sagaz utiliza
recursos como títulos chamativos que visam atrair o público, mas ao mesmo tempo acabam gerando
dúvidas entre os internautas, que questionam sobre a veracidade das informações.
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2. Influências da internet no texto jornalístico: a formação do webjornalismo
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A forma de fazer jornalismo mudou nas últimas décadas com a evolução tecnológica. A
internet é o principal marco da profissão, mas a rede já era utilizada para a divulgação de informa-
ções entre jornalistas mesmo antes da criação do World Wide Web (www ou web). A rede tinha em
princípio a finalidade de distribuição de e-mails, informações e boletins entre os profissionais. Com
o estabelecimento de seu uso comercial no final dos anos 90, o avanço da tecnologia proporcionou
impacto no fazer jornalístico.
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Ao longo dos séculos o jornalismo vem sofrendo transformações nos seus
modos de produção. O surgimento da internet e das mídias digitais interativas
contribuiu para que ocorressem essas mudanças, como novas funções e habi-
lidades necessárias ao jornalista, novas ferramentas para a coleta da notícia, e
a participação do público consumidor de informação no processo de produ-
ção, caracterizado como jornalismo colaborativo (VIRGINIO, BEZERRA,
NICOLAU, 2011, p.1).
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Inicialmente verificou-se uma rápida migração dos mass media para o novo meio, no en-
tanto, sem qualquer alteração na linguagem. Segundo Canavilhas (2001) o chamado “jornalimo on-
line” foi no início uma simples transposição dos velhos jornalismos escrito, radiofônico e televisivo
para um novo meio. Posteriormente, a introdução de diferentes elementos multimídia veio a alterar
todo o processo de produção noticiosa.
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O jornalista, embora preparado academicamente para atuar em qualquer mí-
dia, normalmente procurava se especializar naquela em que estava compro-
metido profissionalmente, hoje precisa desenvolver competências e se dedi-
car a todas as linguagens midiáticas, além de conhecimentos suficientes
no ambiente digital, pois ele, muitas vezes, após o processo jornalístico
de investigação e produção, deve editar, publicar e distribuir (JÚNIOR; AN-
TONILLI, 2016, p. 49)
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A relação entre o leitor e o produtor de notícias também mudou com o advento da internet
no jornalismo. Canavilhas (2001, p.5) afirma que a máxima “nós escrevemos, vocês lêem” perten-
ce ao passado. Nos dias atuais o acesso a múltiplas fontes de informação o e com um crescente espí-
3. rito crítico, a interação direta com o produtor de notícias é um dos principais aspectos a serem ex-
plorados pelos jornalistas na internet.
De acordo com Mielniczuk (2016), o público, por intermédio da web, passa a ter uma par-
ticipação ativa no processo noticioso. O modelo vertical da comunicação entre emissor–veículo–
receptor foi alterado para uma relação horizontal. Muitas vezes o cidadão propõe pautas ou atua
como replicador da informação, outras vezes dialoga com o jornalista, e em diversas ocasiões se
coloca na condição de próprio emissor.
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2.1 Interatividade
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Segundo Lima e Santini (2008), uma das contribuições mais marcantes da Internet é permi-
tir que qualquer indivíduo venha a ser produtor, mediador e usuário. A internet possibilita que as
pessoas atuem não somente como receptores passivos, mas também como agentes ativos e determi-
nantes livres para escolherem o conteúdo, interagirem com ele, independentemente do espaço e do
tempo em que se localizam (MIRANDA, 2000).
Esta relação horizontal entre produtor e usuário na internet difere-se das relações entre
produtores e consumidores na indústria cultural. Lima e Santini (2008) entendem que as relações
são constituídas a partir da comunicação entre pessoas e do compartilhamento simbólico, que criam
vínculos e possibilitam a solidariedade. As redes horizontais de produção colaborativa não são pri-
sioneiras dos valores de troca dos seus produtos. As redes horizontais de produção são processos
sociais criativos.
A interatividade e a colaboração entre leitor e o conteúdo observadas na web contribuíram
para que a estrutura do texto jornalístico e a tradicional pirâmide invertida fossem questionadas no
webjornalismo. A leitura linear, em que o leitor é obrigado a seguir um texto compacto escrito se-
guindo as regras da pirâmide invertida, deu espaço para a não-linearidade da leitura. Segundo Ca-
navilhas (2001, p.3) a possibilidade de conduzir a própria leitura revela uma tendência do utilizador
para assumir um papel proactivo na notícia, ainda que apenas por força do estabelecimento da sua
própria pirâmide invertida.
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No webjornalismo não faz qualquer sentido utilizar uma pirâmide, mas sim
um conjunto de pequenos textos hiperligados entre si. Um primeiro texto
introduz o essencial da notícia estando os restantes blocos de informação
disponíveis por hiperligação”. (CANAVILHAS, 2001, p.3)
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4. Este novo cenário passou a exigir características próprias no jornalismo na internet. Bardo-
el e Deuze (2000) apontam quatro elementos ao analisar o webjornalismo:
1. Interatividade: o leitor como parte do processo jonalístico.
2. Customização de conteúdo: produtos jornalísticos configurados de acordo com os
interesses individuais do usuário.
3. Hipertextualidade: interconexão de textos através de links.
4. Multimidialidade: convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto
e som) na narração do fato jornalístico.
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As novas formas de fazer jornalismo que advieram com a internet ainda estão em processo
desenvolvimento, tendo em vista o célere crescimento tecnológico que tem propulsionado a cri-
ação de softwares, facilitadores de produção,edição e publicação.
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Trata-se de uma revolução que atravessou as mídias tradicionais, forçando-as
a alterar seus modelos clássicos e mergulharem simultaneamente no am-
biente digital, bem como propiciando a criação de veículos unicamente digi-
tais e das mídias sociais que também voltaram suas atenções ao jornalis-
mo. (MIELNICZUK, 2016, p.5)
2.2. Gestão de conteúdo na web e o papel do jornalista
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Segundo Filho (2009) o jornalismo na web também contribuiu para que os padrões éticos
da profissão se diluíssem. Questiona-se que as empresas informativas radicalizaram a oferta de pro-
dutos descartáveis, apostando na irrelevância e na futilidade, em favor da lógica do lucro a qualquer
custo em lugar de suas responsabilidades sociais e de seu compromisso pedagógico de formadoras
de opinião.
Chaparro (2004) avalia que a pasteurização do conteúdo editorial fez com que todos os
jornais se assemelhem na seleção de notícias, nos critérios jornalísticos, no desenho gráfico, e usan-
do suas palavras “no jeito de ser e de fazer”. Filho (2009) observa que a produção de significados
contextualizados, atividade essencial do jornalista estaria minguando por falta de postura e investi-
mentos por parte de publishers e editores. Diante destes fatos, questiona-se o papel do jornalista na
web:
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Temos em xeque a função social do Jornalismo numa “democracia informa-
cional”, a fragmentação noticiosa e a perda do papel de produção de signifi-
cados atribuída ao jornalista. São aspectos que alteram profundamente o jor-
5. nalismo. São aspectos que colocados em paralelo, ou em convivência com a
crise empresarial, quase colocam o segmento na UTI. (FILHO, 2009, p.40)
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O jornalismo na web tem também como característica a obsessão pela velocidade, o que
estaria transformando o jornalista num instantaneísta da notícia. O tempo real, ou quase real “pro-
duz um excesso de informação sem sentido, priorizando a velocidade e a quantidade em detrimento
da qualidade.” (RAMONET: 2002, p.313 apud Filho, 2009, p.111).
Outro ponto questionado na web jornalismo segundo Filho (2009) é a predominância de
um texto mais sintético, incentivando o internauta com superinformação, o que acarreta quase que
em uma desinformação num universo mais complexo de notícias curtas sem nenhum caráter de
aprofundamento. “A avalanche de notícias – muitas vezes fúteis, vazias – retransmitidas ‘em tempo
real’ superexcita o telespectador (ou o ouvinte ou o internauta) dando-lhe a ilusão de informar-se.
[...] Impor à informação a velocidade da luz é confundir informação com atualidade, jornalismo
com testemunho” (RAMONET, 2007 apud Filho, 2009, p.111).
Já os jornalistas Tom Rosenstiel e Bill Kovach (2003 apud FILHO, 2009, p.40) entendem
que a principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam
para serem livres e se autogovernar:
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“a informação é tão livre que a noção de jornalismo como uma entidade ho-
mogênea pode até parecer meio exótica. Sem dúvida a ideia da imprensa
como um guardião – decidindo que informação o público deve saber e qual
não – não mais define bem o papel do jornalismo. Se o The New York Times
decide não publicar alguma matéria, pelo menos um dos inúmeros sites da
Internet o fará. [...] o novo jornalista não decide mais o que o público deve
saber. Ele ajuda o público a pôr em ordem as coisas. [...] eles necessitam da
habilidade para olhar as coisas sob múltiplos pontos de vista e chegar ao fun-
do [...]” (Rosenstiel; Kovach, 2003 apud FILHO 2009, p.40).
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Segundo Bruns (2014) tanto os jornalistas como os usuários das notícias continuarão se
conectando e se misturando. Este é um dos grandes desafios do jornalista no momento, que
precisa se diferenciar ao produzir uma informação qualificada e que atenda os interesses da socie-
dade.
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Trata-se de uma revolução que atravessou as mídias tradicionais, forçando-as
a alterar seus modelos clássicos e mergulharem simultaneamente no ambiente
digital, bem como propiciando a criação de veículos unicamente digitais e
das mídias sociais que também voltaram suas atenções ao jornalismo”. (MI-
ELNICKUK, 2016).
3. O Movimento Maker - A nova Revolução Industrial
6. O Movimento Maker é uma vertente do “Faça você mesmo” ou “Do it Yourself” (DiY), que
vem sendo desdobrado em um conceito complementar o “Do it with others” (DiWO). Representa
um conceito de uma nova era econômica e social baseada em ideias inovadoras e formas diferentes
de fazer coisas.
O termo “Maker” foi criado em 2005 por Dale Dougherty, fundador da Make Magazine,
mas o conceito foi também disseminado por Chris Anderson, ex-editor da revista Wired e autor dos
livros Free: O Futuro dos Preços e Makers: A Nova Revolução Industrial.
Em entrevista aos jornal o Estado de São Paulo, Dougherty (2015), aponta o Movimento
Maker como uma grande revolução da criatividade e explica como descobriu o movimento:
Foi na época que comecei a Make, quando tive a idéia de criar uma revista
sobre projetos tecnológicos. Ainda não tinha noção do movimento, só havia
idealizado uma publicação que poderia ser útil para para nossa geração. Na
primeira edição, usei a palavra makers -algo como fazedores ou criadores -
para me referir aos leitores, pois não eram apenas consumidores, e sim, pes-
soas que criavam as coisas com as próprias mãos. (DOUGHERTY, 2015)
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O Movimento Maker tem em sua raiz a cultura DIY que se refere a projetos de reparos ca-
seiros que as pessoas fazem sozinhas, surgidos no contexto da escassez do pós-guerra. Nas décadas
seguintes, o movimento começou a ser associado à cultura punk e alternativa. Na década de 1980,
as bandas de punk rock americanas passaram a gravar, distribuir suas próprias fitas e produzir os
próprios shows. A cultura DIY se espalhou por novas áreas e, com a internet, ganhou adeptos em
todo o mundo.
Dougherty entende que a alegria de fazer é maior do que qualquer coisa que se possa
comprar. ¨Makers são brincalhões, pesquisadores e experimentais. Eles não ajudam somente a si
mesmos, mas ajudam os outros. Os makers fazem bem porque podem se adaptar as mudanças como
aprendizes auto-didatas, mas também são agentes dessas mudanças ¨.(DOUGHERTY, 2016, p. 19)
Lemos (2014, p.30) observa que a cultura DIY está claramente conectada com uma busca
por economias e um desejo de apropriação das coisas pelas pessoas e em oposição à massificação
da produção e a obsolescência programada das coisas. Uma extensão tecnológica da cultura DIY
ficou conhecida como Maker Movement ou Movimento dos Fazedores (ou construtores, inventores,
realizadores) (LEMOS, 2014, p.30).
De acordo com Morais (2014, p.1), as recentes alterações do contexto econômico mundial
no século XXI assente especialmente no calapso financeiro, teve a particularidade de, entre outros
aspectos, conseguir colocar em causas os princípios, os valores e as práticas de consumo das últi-
mos décadas e alargar o espectro dos consumidores.
7. ! Ao assumirem a seu estatuto, estes são cada vez mais atentos, poderosos, so-
cialmente intervertidos e pressionam os negócios para um tipo sociopolítico,
de forma a originar a adaptação e a modelação dos mecanismos econômicos
segundo seus próprios valores. Logo, atingem um papel fucral em um num
sistema de co-criação, em que a economia deixa de ser conduzida pelo mer-
cado e passa a sê-lo por si próprio (MORAES, 2016).
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De acordo com Rogatto (2015) a fabricação de protótipos de baixo custo incentiva os pe-
quenos negócios e impulsiona a inovação. Eles desenvolvem jogos de programação aberta, peças
utilitárias desenvolvidas em impressoras 3D, próteses para as mais variadas aplicações e uma série
de objetos inovadores. Apesar do termo maker estar mais associado aos adeptos dos produtos tecno-
lógicos, Anderson (2012), possui uma visão mais ampla desse conceito:
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Todos somos Makers. Nascemos Makers (basta ver o fascínio das crianças
por desenhos, blocos, Legos e outros trabalhos manuais). (…) Quem adora de
cozinhar é um Maker culinário e faz do fogão sua bancada de trabalho.
Quem adora Jardinagem é um Maker botânico. Tricô , costura, bijuteria e
tapeçaria, todos que se dedicam a atividades manuais são Makers, tudo é cri-
ação. Esses projetos representam as ideias, os sonhos e as paixões de milhões
de pessoas”. (ANDERSON, 2012, p.14)
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A essência deste movimento consiste na formação de grupos de pessoas, amadores ou pro-
fissionais atuando em diferentes áreas, que se organizam com o objetivo de desenvolver projetos
entre seus membros. Os makers exploram o exercício da criatividade, o trabalho em equipe e o de-
senvolvimento da capacidade de inovação.
Samagaia (2015, p.2) observa que estes sujeitos utilizam preferencialmente a experiência,
os conhecimentos, os planos de construção dos próprios membros do grupo ou aqueles tornados
públicos via Internet. Estes recursos, que são assim sistematicamente ampliados, testados e melho-
rados, concebidos na forma de recursos abertos, constituem uma base de trabalho compartilhada, de
usufruto gratuito e coletivo e facilmente acessível.
Além de todo o movimento virtual, os “Makers” também reúnem-se fisicamente. Sama-
gaia aponta eventos presenciais como as “Makers Fair” e também espaços de convívio cotidiano em
diferentes cidades do mundo conhecidos como makerspaces ou hackerspaces.
Eles se desdobram também em uma outra versão: os chamados Fab Lab’s ou
Laboratórios de fabricação. Em qualquer um destes locais, cidadãos sem dis-
tinção de idade ou de formação, pode tornar-se membros, contribuir em pro-
jetos do coletivo ou ainda trazer suas demandas para que sejam incorporadas
pelo grupo”. (SAMAGAIA, 2015, p.3)
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8. Ainda segundo o escritor, alguns autores entendem que as inovações contidas nesta propos-
ta, associadas às possibilidades abertas pela web, podem desencadear um processo equivalente ao
que foi a Revolução Industrial no século XIX. “Isso porque não apenas as formas de produção, mas
os modos de consumo e o conceito de propriedade podem ser transformados pelas situações associ-
adas a este movimento” (SAMAGAIA, 2015, p.2).
Anderson (2006) enfatiza a existência de uma nova Revolução Industrial advinda das ma-
nifestações do Movimento Maker:
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O formato da estrutura industrial do século XXI será muito diferente do que
se preponderou no século XX. Em vez da inovação de cima para baixo, con-
duzida por algumas das maiores empresas do mundo, estamos assistindo a
uma inovação de baixo para cima, promovida por inúmeros indivíduos,
abrangendo amadores, empreendedores e profissionais. (ANDERSON, 2012,
p.35)
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Passados alguns séculos desde as primeiras revoluções industriais, há quem argumente que
a Era da Informação é a Terceira Revolução Industrial. Anderson (2013), avalia que a computação e
a comunicação também foram forças multiplicadoras, fazendo pelos serviços o que a automação fez
pela indústria. Também podem gerar ganhos de produtividade nas indústrias existentes e criar novas
indústrias. E ao possibilitar a execução de tarefas atual com mais rapidez, liberam tempo para nos
dedicarmos a novas tarefas.
A invenção da computação por si só não foi suficiente para exercer um impacto expressivo
em nossa sociedade. Foi somente quando os computadores foram ligados em rede que, com o cres-
cimento da internet, que eles realmente começaram a mudar a nossa cultura.
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“A aurora da Era da Informação, cujos primeiros albores despontaram por
volta de 1950, se estendeu até o advento do computador pessoal, em fins do
anos 1970 e princípios dos anos 1980, culminando com a internet e com a
Web, na década de 1990, foi, decerto, uma revolução, mas não uma revolução
industrial, até começar a produzir efeitos democratizantes e amplificadores
sobre a fabricação, algo que está acontecendo agora” (ANDERSON, 2013, p.
45)
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Dougherty (2015), no entanto, entende que a associação do Movimento Maker a uma nova
revolução industrial como uma afirmação negativa, já que as revoluções passadas não foram uma
transição positiva e benéfica para todas as pessoas.
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É uma forma de entender as coisas. Não acho a afirmação atraente (…). Nin-
guém encara a Revolução Industrial como algo criado voluntariamente. Ela
se alinha a outros eventos culturais da mesma época, como a revolução cien-
tífica. É preocupante porque a Revolução Industrial sugere que novos instru-
9. mentos sirvam para formar novos negócios e indústrias, mas a cultura maker
é bem mais abrangente dique isso, ela emprega ferramentas para formar a
sociedade e o futuro. Prefiro pensar no movimento maker como um tipo de
Renascença e, particularmente, estou interessado na cultura da criatividade.
(DOUGHERTY, 2015)
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Ainda de acordo com o autor, esta não é uma revolução em que veremos mais pessoas tra-
balhando em fábricas.
Em vez disso, mais de nós poderemos ter ou acessar os mesmos equipamen-
tos que uma fábrica tenha, assim como alguém tem acesso a um equipamento
de academia. Mais do que uma mudança econômica, o movimento maker é
uma mudança cultural que está aprendendo a criar um florescimento da ciên-
cia da arte, da tecnologia e do artesanato, um renascimento ¨mãos na massa¨
que está produzindo novas ferramentas e novas formas de pensar
( DOUGHERTY, 2016, p. 20).
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A história das últimas duas décadas online é uma das mais extraordinárias explosões de
inovação e empreendodorismo. A grande oportunidade no novo movimento maker é a possibilidade
de ser ao mesmo tempo pequeno e global.
4. O Grátis – a Nova Economia
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O Movimento Maker tem no compartilharmento gratuito de informações uma de suas ca-
racterísticas mais marcantes. A idéia do grátis não é nova, surgiu há muitos séculos e alguns dados
apontam sua prática como uma ferramenta de marketing já no final do século XIX, quando tabernas
dos Estados Unidos passaram a oferecer comida “grátis” ao cliente que comprasse pelo menos uma
bebida.
Foi desta tradição que as pessoas passaram a usar a expressão “não existe essa coisa de
almoço grátis”. Segundo Anderson (2012) em 1872, o jornal The New York Times já relatava esse
costume, que foi muito criticado na época, mas também visto como ato filantrópico, já que o almo-
ço “grátis” alimentou milhares de pessoas durante algumas décadas. “Um balcão de almoço grátis é
um grande democratizador de classes e, quando um homem se posiciona diante deles, deve abrir
mão de toda esperança de aparentar nobreza ... Todas as classes de pessoas podem ser vistas parti-
lhando refeições gratuitas e se empurrando e se acotovelando para se servir uma segunda vez” (The
New York Times, apud ANDERSON, 2012).
Posteriormente, no início do século XX com a ascenção da indústria publicitária, o grátis
passou a ser utilizado como a ferramente preferida para o estabelecimento de relações de vínculo
com entre produtor e consumidor. King Gillete, o icônico criador das lâminas de barbear descartá-
veis, é o exemplo mais famoso desse modelo de marketing.
10. Segundo Anderson (2012, p.204) Gilette era um inventor frustado e passou anos tentando
emplacar suas idéias. Quando criou a lâmina de barbear descartável, não obteve sucesso imediato.
No primeiro ano, em 1903, Gilette vendeu um total de 51 aparelhos e 168 lâminas. Foi oferencendo
seu produto com enorme desconto para que empresas oferecessem como brinde que Gillete final-
mente conseguiu o sucesso tão almejado, transformando-se em uma personalidade lendária e até
mesmo fictícia para muitas pessoas. Os aparelhos de barbear eram vendidos com praticamente tudo,
desde com chicletes a pacotes de café e marshmallows. Mas ao vender barato a parceiros que da-
vam os aparelhos de graça, que, sozinhos, eram inúteis, ele acabou criando uma demanda por lâmi-
nas descartáveis.
Anderson (2012) entende que este modelo passou a ser não somente uma simples uma
isca, mas uma nova capacidade de reduzir custos de bens e serviços a quase zero.
Essa nova forma do Grátis se baseia na economia de bits, e não de átomos.
Uma qualidade singular da era digital é que, uma vez que algo se transforma
em produto digital, inevitavelmente passa a ser grátis – em termos de custo,
com certeza, e muitas vezes em termo de preço...E isto está criando uma eco-
nomia de bilhões de dólares – a primeira da história -, em que o preço primá-
rio é praticamente zero. (ANDERSON, 2012, p.205)
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O conteúdo de graça dá uma vantagem competitiva em um regime em que a maioria está
cobrando, mas o custo zero não é entendido somente como a ausência de pagamento. Ariely (2008,
apud ANDERSON, 2012) descreve o zero como um poderoso botão emocional, uma fonte de em-
polgação irracional.
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O Grátis tem uma carga emocional tão poderosa que achamos que o que está
sendo oferecido é imensamente mais valioso do que realmente o é. Por quê:
Acho que é porque os humanos têm um medo intrínseco da perda. A verda-
deira sedução do Grátis vem ligada a esse temor. (Ariely, 2008 apud AN-
DERSON 2012).
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O Google pode ser apontado como um modelo para exemplificar o nascimento de um mo-
delo econômico do século XXI baseado no Grátis, dar muitas coisas para ganhar dinheiro com pou-
cas. O Google oferece centenas de serviços realmente grátis, mas fatura bilhões de dólares com
propaganda e anúncios de parceiros comerciais. “O Grátis não é apenas um passo intermediário a
caminho de um modelo de negócio, mas sim a essência de sua filosofia de produto” (ANDERSON,
2012, p.287).
O Google prefere o Grátis pois é a melhor forma de atingir o maior mercado possível e o
único fator que limita seu crescimento é a velocidade do crescimento da própria Web. Para driblar
essa dificuldade, o Google utiliza o que os economistas chamam de “complementos”, produtos ou
11. serviços que podem ser consumidos juntos ao objeto principal. Quanto mais pessoas usam a internet
incentivadas pela oferta de produtos grátis, mais o Google ganhará dinheiro no final. O grátis faz o
pago ser mais lucrativo. “Cada comentário de um blog representa mais informação para o crawler
do Google indexar, para ajudá-lo a fornecer melhores resultados de buscas”. (ANDERSON, 2012,
p.290)
A internet democratizou o conhecimento no mundo do bits e o mesmo está acontecendo no
mundo das coisas. Os fazedores ou makers podem concretizar projetos que antes eram exclusivos
de profissionais formados e criar novos negócios praticamente do zero colocando em prática mode-
los disponíveis gratuitamente na web.
5. A Cultura da Participação e o Facebook como plataforma para compartilharmento
A comunicação contemporânea é marcada por uma ruptura com a cultura de mídia obser-
vada nos meios massivos e com a interatividade todos os envolvidos podem ser produtores, distri-
buidores e consumidores. Shirky (2011) entende que o tempo, a dedicação, a energia e o talento das
pessoas que estão conectadas, somadas às novas tecnologias, proporcionam uma reconfiguração da
nossa relação com a mídia a ponto de deixarmos de ter uma cultura da mídia para assumirmos uma
cultura da participação.
Nesse contexto, Barros (2012) observa que consumidores passam a atuar e interferir dire-
tamente no desenvolvimento e elaboração de produtos e serviços, fazendo surgir um relacionamento
mercadológico próprio da cibercultura.
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Mais do que consumir, as pessoas foram descobrindo que a mídia pode ofere-
cer outros dois enfoques: produção e compartilhamento. Perceberam também
que estas formas de atuação podem ser praticadas por qualquer um. Se antes
publicar significava pedir permissão para os profissionais que produziam os
conteúdos, agora não há mais esta barreira. (BARROS, 2012, P. 44)
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O tempo livre pode ser empregado para produzir um bem social, isto é, para criação coleti-
va de projetos que tragam alguma contribuição para indivíduos e grupos da sociedade, ao mesmo
tempo várias pessoas criam conteúdos supérfluos e descompromissados com qualquer objetivo so-
cial, político e cultural (Barros, 2012).
Discute-se também o fenônemo das redes sociais observado na internet, que é capaz de
formar novos agrupamentos sociais, novas formas de comunidade (Katz e Rice, 2002; Casttels,
1999 e 2003; Lemos, 2002 e 2002c; Rheingold, 1995; Wellman, 2001, 2002 e 2002b apud RECU-
12. ERO, 2006, p.14), denominadas “comunidades virtuais”. Esses novos agrupamentos seriam novas
inscrições dos grupos sociais no âmbito do ciberespaço, através da comunicação. Uma rede social é
sempre um conjunto de atores e suas relações (RECUERO, 2006, p.41).
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As redes sociais constituem uma das estratégias subjacentes utilizadas pela
sociedade para o compartilhamento da informação e do conhecimento, medi-
ante as relações entre atores que as integram (TOMAEL; ALCARÁ; DI
CHIARA, 2005,p.72).
!!
Segundo Marteleto (2001 apud TOMAEL; ALCARÁ; DI CHIARA, 2005, p.72), as redes
sociais representam “[...] um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em tor-
no de valores e interesses compartilhados”. A rede, que é uma estrutura não-linear, descentralizada,
flexível, dinâmica, sem limites definidos e autoorganizável, estabelece-se por relações horizontais
de cooperação.
Costa et al (2003, apud TOMAEL; ALCARÁ; DI CHIARA, 2005, p.73 ) atestam que a
rede “é uma forma de organização caracterizada fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é,
pelo modo de inter-relacionar os elementos sem hierarquia”.
Observa-se nas redes socias a necessidade de compartilhar informações e conhecimento
para que possam trazer mudanças no contexto em que estão inseridos. Para Dixon (2000, apud
TOMAEL; ALCARÁ; DI CHIARA, 2005), o termo compartilhar tem dois significados: dar uma
parte, o que requer generosidade, e ter em comum um sistema de crenças compartilhado. Para a au-
tora, o termo compartilhar que nós usamos freqüentemente, quando falamos do intercâmbio de co-
nhecimento, pode aparentar uma escolha de palavras um tanto estranha, pois usualmente são utili-
zados termos como capturar, disseminar ou transferir. Mas a palavra certa nesse contexto é realmen-
te compartilhar, que implica a idéia de dividir alguma coisa que possuímos.
Segundo Hummel e Lechner (2002 apud MURIANA, MACIEL E GARCIA, 2013) uma
comunidade virtual deve conter quatro elementos: a definição clara do grupo, a interação entre os
membros, a ligação entre membros e a troca de informação em um local comum. Com base nesta
proposição, pode-se dizer que algumas redes sociais, como o Facebook, estruturam-se como comu-
nidades virtuais.
Em um levantamento recente, a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015, da Secretaria de Co-
municação Social da Presidência da República, 83% dos entrevistados declaram preferência ao uso
Facebook a outras redes sociais. Desta maneira, projetos compartilhados no Facebook viram fonte
de inspiração e se transformam em oportunidades de colaboração dentro do Movimento Maker. “Os
13. Makers individuais, assim conectados em âmbito global, se convertem em movimento social. Mi-
lhões de adeptos do Faça Você Mesmo, que até então trabalhavam sozinhos, passam a trabalhar jun-
tos. (ANDERSON, 2012, p.15)
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5.1 - O Site O Sagaz: Breve Panorama
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O Sagaz é site que reúne projetos Faça Você Mesmo na internet. O site possui uma página
bastante popular no Facebook, que no início de 2017 contava em torno de 2.400.000 fãs e um nú-
mero extraordinário de curtidas e compartilhamento diário de postagens.
Segundo Maciel; Roque e Garcia (2009 aput MURIANA, MACIEL E GARCIA, 2013)
comunidades virtuais são uma extensão das comunidades do mundo real, contudo, não há relação
direta com a localização geográfica dos membros envolvidos, mas a união de interesses em comum.
Segundo Gomes e Costa (2016, p.2) a partir da ebulição das mídias sociais em um contexto
midiático contemporâneo no qual os apelos visual e comercial falam mais alto, surgiu a estratégia
batizada como caça-cliques. São chamadas meticulosamente moldadas no intuito de instigar os lei-
tores a clicar nos links para, assim, render mais tráfego ao site onde a notícia se encontra.
Gomes e Costa (2016, p.8) observa que o termo caça-cliques – clickbait , em inglês – foi
adicionado ao Oxford English Dictionary (2014, tradução da autora) como “conteúdo online cuja
principal finalidade é atrair a atenção e incentivar os visitantes a clicarem em um link para uma pá-
gina da web em particular. Todos os posts compartilhados no Facebook levam a informações mais
detalhadas no site O Sagaz, um espaço visualmente simples e criado exclusivamente para abrigar o
conteúdo divulgado na rede social.
5.2 Página O Sagaz no Facebook - Análise dos Posts
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Segundo Gomes e Costa (2016) nos dias atuais, o brasileiro é o internauta que mais lê,
compartilha e comenta notícias por meio das mídias sociais no mundo, conforme pesquisa divulga-
da em junho de 2015 pela Universidade de Oxford. A página foi analisada durante algumas semanas
e observou-se que as postagens são diárias e programadas, organizadas em temáticas pré-estabele-
cidas:
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14. a) Cuide-se: soluções caseiras para problemas de saúde e dá dicas sobre bem-estar e relaci-
onamento. Exemplo: “Quatro razões que mostram que soltar pum é bom para o seu relacionamento.
Eu não fazia ideia da importância disso!”.
b) Receitaria: Postagens sobre culinária que priorizam a divulgação de vídeos curtos e
links para o site com a receita completa. Exemplo: “Estas flores levam a batata a um outro nível.
Ninguém vai querer dividi-las, de jeito nenhum! Veja o passo a passo completo aqui: http://www.-
naoacredito.com.br/bouquet-batata/”.
c) Curiosidades, artesanato e trabalhos manuais: tutoriais e dicas para a produção de diver-
sos itens em casa. Exemplo: “Corte uma garrafa de vinho ao meio. Cinco minutos depois, os vizi-
nhos verão algo absolutamente inspirador na sua janela. Veja o passo a passo completo aqui: http://
www.naoacredito.com.br/planta-garrafa”.
Observa-se uma tendência a título caça-cliques em todas as postagens da página. Gomes e
Costa (2016) identificaram um padrão de formatação presente nas chamadas caça-cliques no jorna-
lismo, mas o mesmo padrão pode ser visto também nas postagens do O Sagaz.
O primeiro padrão identificado foi o de títulos construídos com uso de pronomes catafóri-
cos, ou seja, pronomes que fazem referência a um termo subsequente, indicando algo que será es-
clarecido no futuro. Buscam gerar no internauta a necessidade de compreender melhor sentido do
título, como: “Este homem põe tomates num pote com terra, imitando uma pizza. 10 dias depois, o
resultado é fenomenal!” .
O segundo padrão observado são títulos redigidos utilizando verbos no modo imperativo,
que criam sentimento de ordem a ser obedecida pelo leitor, como “Coloque uma fatia de tomate no
seu rosto e espere uma hora. Algo incrível vai acontecer com a sua pele”.
O terceiro padrão de texto percebido foi o modo verbal interrogativo, que causa no leitor
um questionamento com a ideia de que a solução para a dúvida será encontrada ao clicar para ler o
texto completo. Por exemplo: “Bicarbonato de sódio é excelente para limpeza. Mas você sabia que
este pó também serve para isto?”.
Outro padrão constatado é o de textos com sentido incompleto, que geram no público um
senso de curiosidade. Por exemplo: “O que estas pessoas fizeram com os móveis é fantástico”.
15. O quinto padrão encontrado foi o formato de lista numerada, para suscitar o interesse do
internauta na informação. Por exemplo: “Limpe seus pulmões em apenas 72 horas. Estas 7 dicas
valiosas te mostrarão o passo a passo”.
Gomes e Costa (2016) observam que os cinco padrões textuais identificados como caça-
cliques instigam, em diversas maneiras, o usuário do Facebook a clicar no link que leva à notícia
para saber mais mesmo que o assunto não seja efetivamente relevante. Nesse sentido, o conteúdo
em si fica em segundo plano.
Constatou-se nas postagens analisadas do O Sagaz um alcance de considerável, chegando
aos milhares de pessoas. O post “Quatro razões que mostram que soltar pum é bom para o seu rela-
cionamento. Eu não fazia ideia da importância disso!”, por exemplo, gerou mais de 24 milhões de
visualizações. Caminada (2015, apud GOMES E COSTA, 2016, P.8), em sua publicação para a ver-
são digital do projeto Observatório da Imprensa, descreve os caça-cliques como ferramentas
(...) compostas para atrair o maior número de pessoas para a notícia, entretan-
to, muitas vezes o conteúdo explicitado anteriormente não coincide com o
acontecimento reportado no corpo do texto. [...] O veículo oferece ao leitor,
em troca de cliques, aquilo que não tem para oferecer. (Caminada, 2015
apud GOMES E COSTA, 2016, p.8)
!
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6 – Considerações finais
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Tendo em vista as definições e características do Movimento Maker estudados neste traba-
lho, podemos observar que o site e a página O Sagaz, apesar de terem como foco o compartilha-
mento de projetos Faça Você Mesmo, não contribuem efetivamente para o real propósito sugerido
pelo movimento.
Os makers prezam pelo compartilhamento efetivo e pela ajuda mútua, no entanto, não se
pode encontrar evidência de que os projetos compartilhados pela página o Sagaz fossem realmente
colocados em prática. Ao contrário, observa-se uma tendência ao questionamento constante e co-
mentários muitas vezes com indignação e duvidas em relação aos assuntos colocados como verda-
deiros.
Também não existe interação entre os idealizadores do site e seus seguidores. Apesar dos
vários questionamentos e perguntas comumente feitos pelos usuários não serem respondidos, os
compartilhamentos e interações continuam sem interferência, mas com uma entonação negativa em
alguns casos.
Dentro deste cenário, os títulos caça-cliques podem ser considerados eficientes quanto à
atração e envolvimento dos internautas, no entanto o conteúdo na maioria vezes não corresponde às
16. expectativas da chamada, o que acaba causando frustação entre os seguidores. Estes fatos deixam
em evidência de que a qualidade do conteúdo não é a prioridade da página. O objetivo central pare-
ce ser atrair o maior número possível de seguidores para algum retorno desconhecido, como vanta-
gens comerciais ou parcerias.
Como não houve retorno dos autores do Sagaz nas tentativas de contato, não foi possível
determinar a origem ou a fonte das informações compartilhadas. O que nos leva a acreditar que o
conteúdo pode ser escolhido não por sua relevância, mas pelo apelo da curiosidade e sempre visan-
do o maior número possível de cliques.
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Maker Movement: You do not believe what can be done to attract clicks on the internet
!
Abstract
This article discusses the content produced on the internet by fans of the Maker Movement or "Do
It Yourself" on the site and facebook page of O Sagaz. Noteworthy in this context "click-clicks"
posts commonly observed on Facebook with the aim of increasing traffic to site with the theme ¨Do
It Yourserf¨ or ¨DIY¨. It also discusses the endorsement of sharing and an absence of dialogue with
the public that does not only consume content, but is part of it.
!
Key Words: journalism, maker movement, do it yourself
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