Artigo publicado na Tribuna Independente em 15 de dezembro de 2015 e que trata do mosquito Aedes Aegypti, um velho conhecido do Brasil desde o século XX.
1. Maceió,
15
de
dezembro
2015
Renda-‐se
Mosquito
da
Dengue!
Álvaro
Menezes
Eng.
Civil
e
Vice-‐presidente
da
ABES
O
mosquito
Aedes
Aegypti
é
um
velho
conhecido
do
Brasil.
Vetor
transmissor
da
febre
amarela
no
início
do
século
passado,
foi
considerado
erradicado
em
1958,
segundo
a
OMS
-‐
Organização
Mundial
da
Saúde,
mas,
na
década
de
sessenta
já
estava
de
volta
ao
Brasil.
Coube
ao
sanitarista
Osvaldo
Cruz
empreender
uma
verdadeira
guerra,
para
convencer
a
população
a
combater
o
mosquito,
destruir
seus
lugares
de
criação
e
passar
a
ter
hábitos
de
higiene
doméstica
elementares.
Naquela
época
-‐
há
100
anos
-‐
o
Rio
de
Janeiro
e
muitas
cidades
brasileiras
possuíam
sistemas
precários
de
abastecimento
de
água,
o
esgoto
corria
a
céu
aberto
e
o
lixo
era
atirado
em
qualquer
lugar.
Quando
não
tinham
redes
públicas
de
água
tratada,
o
que
era
mais
comum,
as
casas
contavam
com
tonéis
para
acumular
água
trazida
em
carroças
ou
lombo
de
burro.
Mesmo
tendo
conseguido
algum
resultado
nesta
educação
sanitária,
muitas
vezes
feita
com
o
uso
de
força
policial,
o
controle
da
febre
amarela
em
áreas
urbanas
veio
com
a
vacina.
Hoje,
em
pleno
século
XXI,
infelizmente
se
constata
que
só
falta
Osvaldo
Cruz
aparecer
reencarnado
em
algum
agente
municipal
de
endemias
ou
heroico
infectologista
de
hospital
público.
O
resto
já
está
ai:
o
mosquito
da
dengue,
Chikungunya
e
Zika;
as
cidades
como
lugar
perfeito
para
a
criação
e
procriação
do
mosquito;
o
uso
de
força
policial
e
da
lei,
para
que
agentes
entrem
em
casas
suspeitas
de
possuir
lugares
onde
o
mosquito
ponha
seus
ovos.
Moderno,
só
o
carro
fumacê
e
as
pesquisa
aceleradas
em
busca
da
vacina
contra
as
doenças
transmissíveis
pelo
Aedes
Aegypti.
É
lamentável
ter
certeza
que
depois
de
mais
de
100
anos,
ainda
não
se
conseguiu
acabar
com
as
causas
da
existência
do
popular
e
perigoso
mosquito
da
dengue.
Desde
da
década
de
80
que
os
Governos
Federal,
Estadual
e
Municipal
que
se
sucedem,
atacam
com
vigor
os
efeitos,
ou
seja,
o
mosquito
e
as
doenças
por
ele
transmitidas.
As
causas
da
existência
do
Aedes
Aegypti
em
todas
as
cidades
brasileiras
podem
ser
explicadas
por
duas
palavras:
deficiência
e
ineficiência,
ambas
associadas
diretamente
aos
serviços
de
saneamento.
Pode
parecer
injusto
dizer
que
o
poder
público
tenta,
pelo
menos
há
30
anos,
combater
o
mosquito
da
dengue
atacando
seus
efeitos,
só
faltou
criar
o
programa
“Meu
Mosquiteiro
-‐
em
alguns
lugares
Cortinado
-‐
Minha
Vida”
e
fazer
doações
maciças
dessa
peças
para
colocar
sobre
camas,
berços
e
redes
de
dormir.
Não
houve
até
o
momento,
em
nenhum
lugar
do
Brasil,
um
Governo
que
tenha
assumido
que
o
mosquito
da
dengue
desaparecerá
se
houver
serviços
eficientes
de
saneamento,
notadamente
os
de
abastecimento
de
água
e
de
limpeza
urbana,
coleta
e
destinação
final
de
resíduos
sólidos,
o
popular
lixo
doméstico.
A
lamentável
precariedade
desses
dois
serviços
salta
aos
olhos
quando
se
trata
do
lixo
que
atinge
todas
as
camadas
da
sociedade
e
se
disfarça
no
fato
da
água
chegar
pelas
tubulações
públicas
ou
outras
alternativas
individualizadas
para
quem
tem
dinheiro,
sem
se
notar
a
falta
constante
de
água
nas
periferias.
Triste
também
é
ver
que
se
perdeu
muito
tempo
e
dinheiro
com
o
PAC
na
contratação
de
obras
que
nunca
foram
concluídas
ou
quando
foram,
trouxeram
mais
problemas
que
solução.
Pior
ainda
é
ver
que
a
superação
das
deficiências
e
das
ineficiências
existentes
na
prestação
dos
serviços
públicos
de
abastecimento
de
água
e
de
resíduos
sólidos,
segue
abrigada
na
visão
retrógrada
e
egoísta
de
poucos
que
não
suportam
ver
essas
falhas
corrigidas
por
modelos
de
gestão
que
associem
as
competências
do
público
e
do
privado,
com
a
omissão
ou
conveniência
eleitoral
de
Governadores
e
Prefeitos,
que
temem
propor
mudanças
capazes
de,
em
curto
prazo,
levar
ao
fim,
entre
outros
males,
o
mosquito
da
dengue.
O
que
não
se
pode
esperar
é
que
o
mosquito
da
dengue
vire
caso
de
polícia
e
sua
erradicação
se
dê
aos
brados
de
“Renda-‐se
Mosquito
da
dengue!”.