Síntese da apresentação no simpósio "Religiões e ecologia". Retoma e articula duas reflexões anteriores: as sete chaves da consciência planetária e a mensagem da Laudato Si.
1. Água e cuidado
da Casa Comum
Uma reflexão teológica a partir da Laudato Si, à luz
das chaves da consciência planetária
Afonso Murad
ecologiaefe.blogspot.com
3. Introdução
(1) O que acontece na
casa comum (2) O Evangelho da
Criação
(3) A raiz humana da
crise ecológica
(4) Ecologia integral
(5) Linhas de orientação (6) Educação e
espiritualidade ecológicas
Laudato Si: Encíclica do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum
5. Consciência planetária
•Somos filhos/as da Terra
•Tudo está interligado (interdependência)
•O mundo se torna efetivamente uno
• Somos responsáveis para a que Terra continue
habitável
6.
7. A Terra é para nós
a casa onde habitamos com as outras criaturas,
uma irmã com que partilhamos a existência,
uma boa mãe que nos acolhe nos seus braços (LS 1)
Nós mesmos somos parte da Terra. Se não temos
consciência disso, pensamos que somos donos,
dominadores e saqueadores (LS 2).
8. Considerar a água
na sua singularidade
como parte interdependente da Casa Comum na qual
habitam
- os seres abióticos (água, ar, solo, energia)
- os seres bióticos (microorganismos, plantas e animais)
- nós, os humanos
10. 1. Encantamento
A partir da experiência sensível de contato com a água e
meio ambiente, apurar a sensibilidade para o belo, que
fascina e desperta no ser humano o sentimento de reverência
diante do mistério de todos os seres.
11. Deixar-se fascinar pela beleza....
• A palavra “beleza”, com seu sinônimo “formosura” aparece
32 vezes na encíclica.
• Se, como Francisco de Assis, aproximarmo-nos da natureza
com a admiração e o encanto, falaremos a língua da
fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo
(LS 11).
• A educação estética contribui para manter/criar o
ambiente saudável e superar o pragmatismo (LS 215).
A água nos fascina pelos cinco sentidos
12. 2. Indignação
Inquietar-se diante das situações que atentam
contra a dignidade dos seres humanos,
sobrecarregam os ecossistemas
e comprometem a continuidade
da teia da vida no planeta.
15. O panorama das principais questões socioambientais visa:
tomar dolorosa consciência,
ousar transformar em dor pessoal aquilo que acontece ao
mundo
E reconhecer a contribuição a dar (LS 19).
Estas situações provocam os gemidos da irmã terra, que se
unem aos abandonados do mundo, clamando a nós outro
rumo (LS 33)
17. 3. Informação
Conhecer a situação dos ecossistemas no planeta,
os aspectos e os impactos ambientais da ação humana,
especialmente em relação à água,
a configuração do antropoceno
e as alternativas de sustentabilidade.
18. O que está acontecendo com a nossa Casa (cap 1)
LS 20-26: Poluição e mudanças climáticas
LS 26-31: A água
LS 32-42: A biodiversidade
LS 43-47: Perda da qualidade da vida humana
LS 48-52: Desigualdade planetária
LS 53-59: Por que as reações a esta situação são tão fracas?
LS 60-61: Apelo ao debate e ao diálogo
19. Por que se nega a informação?
• Em tempos de crises profundas, que exigem decisões
corajosas, somos tentados a pensar que aquilo que está
acontecendo não é verdade (LS 48).
• Este comportamento evasivo serve para manter os nossos
estilos de vida, de produção e consumo. É a forma como o
ser humano se organiza para alimentar os vícios
autodestrutivos: tenta não os ver, luta para não os
reconhecer, adia as decisões importantes, age como se nada
tivesse acontecido (LS 59).
20. Água, direito humano básico
O acesso à água potável e segura é um direito humano
essencial, fundamental e universal, porque determina a
sobrevivência das pessoas. Portanto, é condição para o
exercício dos outros direitos humanos (LS 30).
Água é um recurso escasso e indispensável, sendo um direito
fundamental que condiciona o exercício doutros direitos
humanos. Isto está acima de toda a análise de impacto
ambiental duma região (LS 185)
21. 4. Visão sistêmica
Compreender as relações de interdependência
na vida humana e nos ecossistemas
superando a perspectiva fragmentada
e o antropocentrismo despótico.
22. “Meio ambiente” refere-se à particular relação entre
a natureza e a sociedade que a habita.
Isto nos impede de considerar a natureza como algo
separado de nós ou como uma mera moldura da
nossa vida.
Estamos incluídos nela, somos parte dela e
compenetramo-nos (LS 139).
23. Uma ecologia integral (cap 4 da Laudato Si)
Há uma única e complexa crise socioambiental.
A abordagem integral visa:
- combater a pobreza,
- devolver a dignidade aos excluídos
- cuidar da natureza (LS 139)
Tudo está interligado. A ecologia exige avaliar os modelos de
desenvolvimento, produção e consumo (138).
24. Ecologia ambiental e social
Ecologia cultural
Ecologia urbana e do cotidiano
O bem comum
A justiça intergeracional
25. 5. Mística
Desenvolver uma eco-espiritualidade
realizando uma Conversão Ecológica
a partir da Bíblia e da Tradição Eclesial,
no diálogo ecumênico e interreligioso
sensível aos Sinais dos Tempos.
27. De dominar a cuidar
•Não somos Deus. A terra existe antes de nós e
foi-nos dada (LS 67).
•Gen 1: Deus nos dá a missão de administrar a
criação. “Dominar” não é devastar (LS 67).
•Gn 2, 15: «Cultivar» quer dizer trabalhar um
terreno, «guardar» significa proteger, cuidar,
preservar, velar (LS 66).
29. De dominar a cuidar
•Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-
nos dada (LS 67).
•Gen 1: Deus nos dá a missão de administrar a
criação. “Dominar” não é devastar (LS 67).
•Gn 2, 15: «Cultivar» quer dizer trabalhar um
terreno, «guardar» significa proteger, cuidar,
preservar, velar (LS 66).
30. A criação ainda não acabou.
Deus está presente no mais íntimo de cada
ser e nos processos da história.
O Espírito de Deus encheu o universo de
potencialidades que permitem brotar algo
novo (LS 80).
Envia teu Espírito Senhor,
e renova a face da Terra!
31. Cada criatura possui valor em si mesma.
Tem uma função, independente de sua
utilidade para nós.
O mesmo se diz do conjunto das criaturas
(ecossistema) (LS 69).
32. Sabedoria 11,24.26
“Sim, amas tudo o que
existe e não desprezas
nada do que fizeste.
Tudo se mantém vivo
porque é chamado por ti.
A todos tratas com
33. Os Salmos e os profetas
•O Deus que liberta e salva é o Criador. (LS
73-74)
•Salmos: Louvam a Deus com a criação e
celebram sua ação em favor de seu povo.
•Profetas: a fé tem uma dimensão ética e o
social. Deus clama na realidade
Ver: Sl 136, Jer 32,17.21
34. Todo o universo material é uma
linguagem do amor de Deus,
do seu carinho sem medida por nós.
Tudo é carícia de Deus!
(LS 84,140).
35. Quando nos damos conta do reflexo
de Deus em tudo o que existe,
o coração deseja adora-Lo
por todas as suas criaturas e
juntamente com elas (LS 87)
Onipotente e bom Senhor, a ti a honra, glória e louvor
Todas as bênçãos de Ti nos vem. E todo o povo te diz Amém
36. Nós e todos os seres do universo
estamos unidos
por laços invisíveis
e formamos uma espécie
de família universal,
comunhão que nos impele
a um respeito sagrado,
amoroso e humilde (LS 89).
37. Com a encarnação
do Filho de Deus,
todo o mundo
material recebe
um selo divino.
38. Jesus vive em harmonia
com toda a criação.
Não é um inimigo
das coisas boas da vida.
Ele nos convida a estar atentos
à beleza do mundo (LS 97-98).
39. Com a ressurreição,
As flores do campo e as aves
que Jesus admirou
com os seus olhos humanos,
agora estão cheias
da sua presença luminosa (LS 100)!
42. Alguns significados teológicos da água
• Água evoca o Espírito Santo, que sustenta, renova e leva à
plenitude toda a Criação.
• Água marca os processos de conversão e perificação.
• Água do batismo: conversão e pertença eclesial.
• O ser humano tem sede de Deus e o busca avidamente.
• Ambivalência: força destruidora da água nas tempestes, no
mar e nos rios.
43. 6. Atitudes individuais
Assumir gestos pessoais,
traduzidos em ações cotidianas
em relação à água e ao planeta,
em vários âmbitos da existência.
44. 7. Ações coletivas
Realizar iniciativas conjuntas com impacto social,
do nível local à governança global,
incluindo educação ambiental,
gestão sócio-ambiental,
comunicação,
cadeia produtiva,
Políticas públicas,
legislação
e comunicação
45. Cap 5 da Laudato Si: Linhas de orientação e ação (políticas e econômicas)
LS 164-175: Diálogo sobre o meio ambiente na política internacional
LS 176-180: Diálogo para novas políticas nacionais e locais
LS 182-188: Diálogo e transparência nos processos decisórios
LS 189-198: Política e economia em diálogo para a plenitude humana
LS 199-201: As religiões no diálogo com as ciências
46. Educação e espiritualidade ecológicas (cap.6 da Laudato Si)
Apontar para outro estilo de vida (LS 203-208)
Educar para a aliança entre a humanidade e o ambiente (LS 209-215)
Conversão ecológica (216-221).
Alegria e paz (LS 222-227)
Amor civil e político (LS 228-232)
Sacramentos e descanso no domingo (LS 233-237)
A trindade e as criaturas (LS 238-240)
Maria e a criação (LS 241-242)
Para além do sol (LS 243-245)
48. Conversão pessoal
- Sintonia com a mãe Terra
-Adotar atitudes cotidianas
-Consumo consciente
-Cultivo da simplicidade e da alegria
49. A sobriedade feliz
A espiritualidade cristã nos leva a viver com o
necessário e se alegrar com pouco. Regressa à
simplicidade que nos permite parar e saborear
as pequenas coisas, e agradecer as possibilidades
que a vida oferece.
Sem nos apegarmos ao que temos nem ficar
tristes por aquilo que não possuímos. Isto exige
evitar a dinâmica do domínio e da mera
acumulação de prazeres (LS 222).
50. Os problemas sociais se resolvem
com a soma de atitudes individuais
e com redes comunitárias (LS 219).
A ética em vista da sustentabilidade vai
além dos gestos individuais
51. Juntamente com os pequenos gestos diários,
o amor social impele-nos a grandes
estratégias que detenham a degradação
ambiental e incentivem uma cultura do
cuidado, que permeie toda a sociedade.
Intervir, com os outros, nas dinâmicas sociais,
faz parte da espiritualidade; é exercício da
caridade, que amadurece o cristão (LS 231).
52. Água: atitudes individuais
• Uso adequado da água e evitar desperdício, pois é um bem
coletivo.
• Nossas escolhas na alimentação
• Redução da emissão de resíduos, que impactam no solo e
na água.
• Nossa pegada ecológica.
53. Água: ações coletivas
• Política institucional de consumo consciente, captação de
água da chuva, reuso, tratamento de água e esgoto.
• Participação na definição e monitoramento de políticas
públicas de saneamento básico.
• Luta em defesa dos nossos biomas. Replantar em vez de
desmatar.
• Ações coletivas em parceria com entidades da sociedade
civil, forças políticas e econômicas.
• Apoio à agroecologia.
• Outras iniciativas conforme a realidade local.
54. Água e as 7 chaves da Consciência planetária
Encantamento
Atitudes pessoais Ações coletivas
Visão SistêmicaInformação Mística
Indignação