1) O documento descreve os principais conceitos de sintaxe apresentados pelo linguista brasileiro Joaquim Mattoso Câmara Júnior, incluindo a distinção entre morfologia e sintaxe, os elementos fundamentais da frase e os tipos de orações e complementos.
2) Mattoso Câmara discute termos como sujeito, predicado, agente, complementos circunstanciais e diferencia frases nominais e verbais.
3) O autor reconhece apenas dois processos de estruturação das orações: subordinação e coordena
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA
Letras Licenciatura Em Língua Portuguesa E Literaturas De Língua Portuguesa
Disciplina: Sintaxe
Prof. Esp.: Fabiana Costa
Componentes:
• Maria Vitória Costa dos Santos;
• Wanessa Adrielli Ferreira Pereira.
2.
3. • Joaquim Mattoso Câmara Júnior, nasceu a 13 de abril 1904;
• Arquiteto, advogado, desenhista e professor, foi o pioneiro da
Moderna Linguística no Brasil.
• Formou-se em arquitetura em 1927 e em direito em 1932, mas
desde 1926 atuava como desenhista da inspetoria de água e
esgotos , cargo que deixou em 1937 para se dedicar inteiramente
a profissão de docente.
Introdução
O mestre Mattoso Câmara foi um
excelente professor de latim e língua
portuguesa, atuando em diferentes
escolas particulares e no ensino público.
(Pág. 105)
5. (Pág. 106)
Os elementos fundamentais para a compreensão e eficácia
da comunicação dentro de uma frase, segundo Câmara:
1. Falante:
É o emissor da
mensagem, a
pessoa que
está se
comunicando
por meio da
frase.
2. Ouvinte:
Refere-se ao
receptor da
mensagem. É o
destinatário do
conteúdo
comunicado.
3. Assunto:
Representa
aquilo sobre o
qual se está
falando,
discutindo ou
informando.
4. Situação: É o
contexto em que a
comunicação ocorre,
incluindo elementos
como tempo, lugar,
circunstâncias e
quaisquer outros
fatores relevantes que
influenciem na
interpretação da
mensagem.
6. (Pág. 106)
"O professor explicou o conteúdo para os alunos na sala de
aula."
Os elementos fundamentais para a compreensão e eficácia
da comunicação dentro de uma frase:
O falante é o "professor",
pois é ele quem está
comunicando a ação de
explicar o conteúdo para os
alunos
O ouvinte é representado
pelos "alunos", pois são eles
que recebem a explicação do
professor.
O assunto da frase é a ação de o "professor explica o conteúdo para os alunos”
A situação pode ser uma aula específica, em um determinado momento do dia, em
uma sala de aula em um local específico.
7. 1. Morfologia e Sintaxe
Convicto de que uma linguística deve ser feita
em função dos dois eixos (sintagmático e
paradigmático, conclui que é necessário que se
delimitem os eixos dos estudos gramaticais
(morfologia e sintaxe), com base nos dois eixos
de Saussure.
(Pág. 108)
Imagine que estamos analisando a palavra "cachorro“
No eixo sintagmático, olhamos para como essa palavra se encaixa em uma frase, como
em "O cachorro late”
No eixo paradigmático, analisamos as relações associativas, como "cachorro" sendo
relacionado a "animal", "latir", "quatro patas", entre outros.
8. Relação entre:
Morfologia e Sintaxe
M. Câmara, salienta que a Morfologia é o estudo
do vocabulário isolado; a Sintaxe deve ocupar-se
da combinação entre os vocábulos.
(Pág. 108)
1. Morfologia (vocabulário isolado): Analisa a estrutura e as formas das
palavras individualmente.
É derivada do verbo “correr” que é o radical da palavra e o sufixo “ia”, indicando uma
ação contínua ou hábito.
Exemplo: “Correria”
9. Relação entre:
Morfologia e Sintaxe
M. Câmara, salienta que a Morfologia é o estudo
do vocabulário isolado; a Sintaxe deve ocupar-se
da combinação entre os vocábulos.
(Pág. 108)
Sintaxe (combinação entre os vocábulos): Analisa a forma como as palavras
se combinam para formar uma frase e as relações entre elas
• Aqui, “João” é o sujeito, “correu” é o verbo, “rapidamente” é um advérbio que modifica
o verbo, e “para a escola” é a locução prepositiva que indica o destino da ação.
Exemplo “João correu rapidamente para a escola.”
10. Relação entre:
Morfologia e Sintaxe
Para o autor, a combinatória dos vocábulos é um
problema de sintaxe;
(Pág. 109)
o No vocábulo, a coesão dos morfemas é fixa e rígida, ao passo que, nas
orações e em alguns de seus termos, essa coesão é mais frouxa;
o O traço característico do sintagma é a relação determinado-determinante
entre os seus elementos;
o A morfologia e a sintaxe são marcadas pela combinatória.
11. • Inicialmente Mattoso Câmara subdivide as frases em dois tipos:
Nominais e verbais, conforme a natureza do predicado.
(Pág. 110)
2. Panorama geral da sintaxe
Frases Nominais Frases Verbais
Tem como núcleo um nome
(substantivo, pronome, adjetivo) e a
estrutura gira em torno desse
núcleo, sendo construída
principalmente por grupos nominais.
Tem como núcleo um verbo e a
estrutura da frase é centrada
nesse verbo, sendo construída
principalmente por grupos verbais
A diferença está na estrutura sintática predominante e no
núcleo da frase.
12. Frases nominais e verbais
"Eles estão assistindo ao
filme agora."
A inteligência é uma dádiva
valiosa."
"O cão latiu durante a noite.".
Frase verbal: "estão
assistindo"
(Pág. 110)
Frase nominal: "A
inteligência".
Frase verbal: "latiu"
13. 2. Panorama geral da sintaxe
Na frase verbal, o sujeito é o elemento determinado, ao passo que o predicado é o elemento
determinante.
Exemplo: O gato preto pulou o muro e assustou os pássaros.
(Pág. 110)
Na estrutura de uma frase, o sujeito é o elemento sobre o qual se fala ou que pratica a
ação, sendo determinado na sentença. Por outro lado, o predicado é o que contém a
ação, indicando o que o sujeito faz ou é. Portanto, o sujeito é determinado pelo
predicado, que o caracteriza na oração.
Nessa perspectiva Tesniere, considera a frase como um conjunto de relações de determinação que convergem
todas para o predicado, que passa a ser o elemento básico, central e, portanto, o determinado.
14. O autor faz uma observação: os pronomes indefinidos "nada" e
"ninguém" rejeitam a partícula "não" quando antecedem o verbo.
Exemplos: "Não sei nada" - "Nada sei" e "Não chegou ninguém" -
"Ninguém chegou".
Em certos casos, é possível haver variação na concordância verbal
quando o sujeito posposto (colocado após o verbo) é utilizado. No
exemplo, "desapareceu o explorador e todos os seus companheiros",
tanto a concordância no singular ("desapareceu") quanto no plural
("desapareceram") são aceitas.
(Pág. 111/114)
Observações
15. Em casos de impessoalização, o verbo é usado na terceira pessoa do
singular de forma invariável, sem concordar com um sujeito específico.
Isso ocorre principalmente com verbos que expressam fenômenos
atmosféricos (como chover, nevar) e em construções passivas
pronominais (como "foi dito", "foi informado").
(Pág. 114)
Observações
16. Procurou-se, nesta parte, mostrar que regência,
concordância, colocação e divisão fonológica como
recurso sintático estão imbricadas e constituem entre si
mecanismos compensatórios, em virtude do fato de
representarem relações livres e soltas, sujeitas,
portanto, à ambiguidade e instabilidade.
(Pág. 114)
18. Análise sintática:
[...] A análise sintática é chamada lógica porque
tende a apreciar as frases de acordo com as leis da
Lógica dita formal, disciplina filosófica que
estabelece as condições para a boa expressão de
um raciocínio verbal.
(Pág. 116)
1) Muitas frases enunciadas não decorrem de um raciocínio, mas de
impulso emotivo. Isto é, não são declarativas.
2) Muitas frases mesmo pautadas de raciocínio, sofrem a
interferência de variados fatores.
3) As possibilidades da expressão linguística ultrapassam os
esquemas verbais.
Os esquemas lógicos da análise sintática são regras e estruturas que governam a
organização das palavras, frases e orações em uma língua. Eles determinam a forma
correta de construir uma sentença gramaticalmente correta.
19. O sujeito, é caracterizado como o elemento determinado do sintagma oracional, em
que o predicado aparece como determinante;
Apresenta a concordância com o verbo;
Obs: O sintagma oracional, chamado de frase, é uma unidade linguística que constitui uma
oração completa. É composto por um sujeito e um predicado, onde o sujeito é o elemento
sobre o qual se diz algo na oração e o predicado .
(Pág. 116)
20. Exemplo:
Maria estuda para as provas.
Estuda para as provas, Maria.
(Pág. 116)
Sujeito + Predicado
Predicado + Sujeito
21. Observações:
A omissão de características semânticas do
sujeito prende-se ao fato de que este expressa
uma variedade de valores:
• Nem sempre pode ser identificado como o
agente da ação verbal.
Em alguns casos, o sujeito não é claramente
identificável como aquele que realiza a ação na
sentença.
Exemplo: O livro foi lido rapidamente
(Pág. 116)
- Sujeito: "O livro"
- Agente: Não está expresso, mas assume-se que alguém tenha lido o livro.
- Paciente: "O livro" é o objeto direto da ação "ler", portanto, expressa o papel
de paciente.
22. O “agente”
Pode ser expressado pelo
sujeito em frases ativas.
Na frase passiva, é
representado por um
sintagma preposicional .
Ex.: transformação da frase
ativa para passiva:
Ativa: O gato comeu o rato
Passiva: O rato foi comido
pelo gato.
Frase ativa é uma das
formas mais comuns
de estruturar
sentenças na língua.
(Pág. 117)
23. O “agente”
Os verbos causativos.
Os adjuntos de um
substantivo, regidos de uma
preposição “de”, podem
exprimir o agente.
Exemplo: Obra de
José de Alencar
(Pág. 117)
Os verbos causativos na
maioria das vezes são
caracterizados pelo sufixo
– entar - izar
25. O verbo haver com
sentido de existir
Havia flores no jardim
Ex: Na carniça havia ossos
Havia muitas opções deliciosas
no cardápio do restaurante.
Alguns processos de impessoalização
O sujeito da frase é "flores". Neste caso, "havia" é o verbo
da oração que indica a existência ou a presença das
flores. A expressão "no jardim" complementa a informação
sobre onde as flores estavam.
Na frase o sujeito é "muitas
opções deliciosas". A
expressão "no catálogo do
restaurante" complementa a
informação sobre onde as
opções deliciosas estavam
disponíveis.
(Pág. 117-118)
26. Obs: A anteposição da preposição ao sujeito, pode
transformar o sujeito em um complemento circunstancial
de lugar.
Exemplo sem anteposição:
"Ele foi à praia." -
Exemplo com anteposição:
"À praia, ele foi.“
A anteposição da preposição "à" ao sujeito "ele" modifica
a estrutura da sentença, destacando o local (a praia)
como um complemento circunstancial de lugar.
(Pág. 118)
27. Orações impessoais com a partícula apassivadora
Construção primitiva com valor passivo incontestável
Exemplo: "por ele o mar remoto navegamos" - "por ele": indicação do agente (quem realiza a ação), no
caso "ele".
"o mar remoto navegamos": ação de navegar (verbo) o mar (objeto direto) de forma passiva, com o agente
indicado por "ele“.
Transformação da construção passiva para uma oração impessoal com "se“
Exemplo: "mar que se navega“- a ação de navegar (verbo) é transformada para uma oração impessoal,
onde "se" é a partícula apassivadora, indicando que a ação é realizada, sem especificar quem a realiza.
(Pág. 118)
28. Objeto indireto
Advérbio
Complemento
de direção
Quanto aos complementos:
(Pág. 118-119)
Substituição de O.I por
pronome –lhe, quando
regido da preposição “a”
Ex.: Telefonei à amiga
Telefonei-lhe
Ex¹.: Vou ao menino
Ex².: Vou ao colégio
Ex¹.: Vou a ele
Ex².: Vou lá.
29. Complemento
circuntanciais
Quanto aos complementos:
(Pág. 119)
Também chamados de adjuntos adverbiais, são
elementos da oração que fornecem informações sobre
as circunstâncias em que a ação do verbo ocorre.
Ex.: "Vou à praia todos os dias"
“todos os dias" é um complemento circunstancial que pode ser substituído por
"cotidianamente" para manter o mesmo sentido: "Vou lá cotidianamente".
32. Observação:
• Cabe, aqui, esclarecer que Mattoso Câmara não utiliza
as técnicas transformacionais na esteira da gramática
gerativo-transformacional, de N. Chomsky.
• Observe-se que, em nenhum momento, se fazem
referências a estruturas profundas abstratas e à ordem
das transformações
(Pág. 121)
33. Reconhece apenas dois
processos de
estruturação:
4. O período composto
Subordinação
Os elementos se
relacionam como
determinado e
determinante – com ou
sem conectivo
Coordenação
Onde os elementos
linguístico se somam
34. As orações podem ser justapostas
(intercaladas, apositivas e adverbiais)
4. O período composto
(Pág. 123)
A oração subordinada requer um conectivo, enquanto a coordenada sempre
apresenta um sentido completo.
E correlativas
(consecutivas, comparativas e aditivas)
35. 4. O período composto
(Pág. 123)
A oração subordinada requer um conectivo, enquanto a coordenada sempre
apresenta um sentido completo.
Fomos para a escola e fizemos o exame final.
É uma frase coordenada, pois contém duas orações independentes
("Fomos para a escola" e "fizemos o exame final") unidas pela
conjunção coordenativa "e", que indica uma relação de adição entre
as ações.
36. 4. O período composto
(Pág. 123)
A oração subordinada requer um conectivo, enquanto a coordenada sempre
apresenta um sentido completo.
Meu medo é que ela não vença o campeonato.
É uma frase subordinada, especificamente uma oração
subordinada substantiva objetiva direta introduzida pela conjunção
"que".
Isso porque ela depende da oração principal "Meu medo é"
para ter sentido completo, funcionando como o objeto direto da
oração principal.
37. 25
20
15
10
5
0
(...) A explicação oferecida ajuda a
resolver questões sobre a
individualidade das orações e a
separação entre as principais e
subordinadas.
(Pág. 126)
38. Não há dúvida, de que a sintaxe mattosiana
constitui uma contribuição importante à
análise da sintaxe portuguesa.
(Pág. 121)
39. Agradecemos a atenção de todos! Estamos
abertas a contribuições e questionamentos.
Esperamos que todos estejam preparados: dinâmica