2. O mercado de bens em uma economia aberta
i. A demanda por bens domésticos
Demanda doméstica
por bens domésticos
e = taxa de
câmbio real
Preços dos bens domésticos em
termos de bens estrangeiros
1/ e
Preços dos bens estrangeiros
em termos de bens domésticos
IM x (1/ e) = IM / e
Valor das importações em
termos de bens domésticos
I. Curva IS em uma economia aberta
Macroeconomics – Blanchard – Cap. 19
Demanda estrangeira
por bens domésticos
Demanda doméstica
por bens estrangeiros
3. O mercado de bens em uma economia aberta
ii. Determinantes de C, I e G
Consumo: C (Y-T)
Consumo: função da renda disponível (e do estoque de riqueza)
• Taxa de câmbio
=> afeta composição do consumo (entre bens domésticos vs estrangeiros)
=> não afeta nível de consumo
Investimento: I (Y;r)
Investimento: função da taxa de juros e do nível de Produto
• Taxa de câmbio
=> afeta composição do investimento (entre bens de capital domésticos
vs estrangeiros)
=> não afeta nível de investimento
Gastos do Governo: determinado fora do modelo (dado)
• Taxa de câmbio
=> não afeta G
+
+, -
I. Curva IS em uma economia aberta
Gastos dos Governo: G
4. O mercado de bens em uma economia aberta
iii. Determinantes de IM
Importações: função da Renda e da taxa de câmbio real
• Taxa de câmbio
=> preços de bens domésticos em relação aos bens estrangeiros
=> quanto mais caro forem os bens domésticos relativamente aos bens estrangeiros
=> quanto mais baratos forem os bens estrangeiros em relação aos bens domésticos
=> maior o montante das importações
=> ↑e => ↑IM => ↓ 1/e
=> IM/e => ? (ambíguo)
+, +
I. Curva IS em uma economia aberta
IN: IM (Y, e)
5. O mercado de bens em uma economia aberta
iv. Determinantes de X
Exportações: função do nível de renda estrangeira e da taxa de câmbio real
• Taxa de câmbio
=> preços de bens domésticos em relação aos bens estrangeiros
=> quanto mais baratos forem os bens domésticos relativamente aos bens estrangeiros,
=> quanto mais caros forem os bens estrangeiros em relação aos bens domésticos
=> maior o montante das exportações
=> ↓e => ↑X
+, -
I. Curva IS em uma economia aberta
X: X (Y*, e)
6. O mercado de bens em uma economia aberta
v. Graficamente: Z vs Y (tudo o mais constante)
DD => demanda doméstica
• Função positiva da renda
• Inclinação positiva (0< inclinação <1)
I. Curva IS em uma economia aberta
AA => demanda doméstica por bens domésticos
• Demanda doméstica – Valor das Importações
• DD – IM/e
• IM/e é função positiva do nível de renda
=> ↑ distância DD AA => ↑ Y
• ↑ Y, apenas uma parcela se tornará IM
=> AA menos inclinada que DD
7. O mercado de bens em uma economia aberta
v. Graficamente: Z vs Y (tudo o mais constante)
ZZ => demanda por bens domésticos (estrangeira +
doméstica)
• Adicionando as exportações
• X independe da renda doméstica => distância ZZ AA é fixa
I. Curva IS em uma economia aberta
NX => exportações líquidas: X – IM/e
• Função de Y
• X = demanda por bens domésticos (ZZ) menos demanda
doméstica por bens domésticos (AA) => AC no painel (c)
• IM/e = demanda por bens domésticos menos demanda
doméstica por bens domésticos => demanda por bens
estrangeiros => BC no painel (c)
8. O mercado de bens em uma economia aberta
v. Graficamente: Z vs Y (tudo o mais constante)
I. Curva IS em uma economia aberta
NX => exportações líquidas: X – IM/e
• Função decrescente de Y
• ↑ Y
=> ↑ IM/e
=> → X
• YTB = nível de produto para o qual NX = 0, ou, X = IM/e
• Y < YTB => NX > 0
• Y > YTB => NX < 0
9. O mercado de bens em uma economia aberta
II. Produto de equilíbrio e a balança comercial
No equilíbrio: Produto = Demanda
Y = Z
• Dado um ponto de equilíbrio, Y
• Existe um nível de NX à ele associado
• NX < 0 ou NX = 0 ou NX > 0
Curva ZZ = Curva 45º
10. O mercado de bens em uma economia aberta
III. Expansão da demanda agregada
(doméstica ou estrangeira)
Política Fiscal
Expansionista(↑ G)
Qual o impacto em termos de variação de
Produto (Y) e Balança Comercial (NX)?
ii. NX: Supondo uma balança
comercial em equilíbrio
Y = YTB
ΔG =>
↑ 𝒀
i. Y: ΔY > ΔG => efeito multiplicador
“Parcela da renda “vaza” para as importações”
i. Expansão da demanda agregada domestica
↑ Y => ↑ IM/e
=> → X
↓NX
economia aberta é
menor
11. O mercado de bens em uma economia aberta
ΔY* => ↑ 𝑋 ⇒↑ 𝑌 ⇒ 𝑍𝑍′
⇒ 𝑁𝑋′
III. Expansão da demanda agregada
(doméstica ou estrangeira)
ii. Expansão da demanda agregada estrangeira
No gráfico (pré ↑ Y*):
• Y = YTB
• Ponto A: DD = ZZ
Demanda doméstica por bens = Demanda por bens domésticos
X = IM/e => NX = 0
Y = YTB
No gráfico (pós ↑ Y*):
• Ponto A’: Y = ZZ’ e ZZ’ > DD
Demanda por bens domésticos > demanda doméstica por bens
X > IM/e => NX > 0
DD não se move, pois o que aumento foi a demanda
estrangeira por bens
12. O mercado de bens em uma economia aberta
III. Expansão da demanda agregada
(doméstica ou estrangeira)
ii. Expansão da demanda agregada estrangeira
“But could it be that the increase in domestic output leads to such a large
increase in imports that the trade balance actually deteriorates? No: The
trade balance must improve.”
• Quando demanda estrangeira aumenta, a demanda por bens
domésticos aumenta (ZZ => ZZ’)
• Mas a demanda doméstica por bens - DD - não se altera
No gráfico:
• Demanda doméstica será DC
• Demanda por bens domésticos será DA’
• Portanto, NX = CA’ > 0
13. O mercado de bens em uma economia aberta
2 resultados principais:
i. Aumento na demanda doméstica
aumento produto (↑Y)
Piora balança comercial (↓NX)
ii. Aumento na demanda estrangeira
aumento produto doméstico
Melhora na balança comercial
2 efeitos se tornaram evidentes
na crise 2007/2008:
i. Choques de demanda em 1 país afeta demais
países
• Quanto mais integradas essas economias, maior o efeito
do choque
• Integração via corrente de comércio e movimentos
financeiros
III. Expansão da demanda agregada
(doméstica ou estrangeira)
ii. Essa conexão dificulta as tomadas de decisão
sobre políticas econômicas domésticas
• ↑G => ↑Y => ↑IM/e => ↓NX
• Decisão de ↑G deveria ser coordenada entre todos os
países
• Mas países tem forte incentivo a não elevar G, esperando
que os demais países o façam
14. O mercado de bens em uma economia aberta
2 resultados principais:
“Start with the following observation: Governments do not like to run trade deficits, and for good reasons. The main reason: A
country that consistently runs a trade deficit accumulates debt vis à vis the rest of the d, and therefore has to pay steadily
higher interest payments to the rest of the world. Thus, it is no wonder that countries prefer increases in foreign demand (which
improve the trade balance) to increases in domestic demand (which worsen the trade balance). But these preferences can
have disastrous implications. Consider a group of countries, all doing a large amount of trade with each other, so that an
increase in demand in any one country falls largely on the goods produced in the other countries. Suppose all these countries
are in recession and each has roughly balanced trade to start. In this case, each country might be very reluctant to take
measures to increase domestic demand. Were it to do so, the result might be a small increase in output but also a large trade
deficit. Instead, each country might just wait for the other countries to increase their demand. This way, it gets the best of both
worlds, higher output and an improvement in its trade balance. But if all the countries wait, nothing will happen and the
recession may last a long time.
Is there a way out? There is—at least in theory. If all countries coordinate their macroeconomic policies so as to increase
domestic demand simultaneously, each can increase demand and output without increasing its trade deficit (vis à vis the
others; their combined trade deficit with respect to the rest of the world will still increase). The reason is clear: The coordinated
increase in demand leads to increases in both exports and imports in each country. It is still true that domestic demand
expansion leads to larger imports; but this increase in imports is offset by the increase in exports, which comes from the foreign
demand expansions. In practice, however, policy coordination is not so easy to achieve:”
III. Expansão da demanda agregada
(doméstica ou estrangeira)
15. O mercado de bens em uma economia aberta
• Governo adora política monetária para
causar depreciação da taxa de câmbio
=> Redução da taxa de câmbio
Onde:
P = Nível de preço doméstico
P* Nível de preço estrangeiro
E = Taxa de câmbio nominal (preço da moeda doméstica em termos da moeda estrangeira)
Supondo que P e P* são dados para o curto prazo
=> depreciação da taxa nominal
equivale à depreciação da taxa real (ex. 10%)
Como isso afetaria a balança
comercial do país doméstico?
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
16. O mercado de bens em uma economia aberta
Depreciação afeta NX
por 3 canais distintos
i. Aumento das exportações (bens domésticos ficam
relativamente mais baratos) => ↑ X
ii. Redução das importações => ↓ IM
iii. Preço relativo dos bens estrangeiros em termos de bens
domésticos (1/e) aumenta, elevando valor das importações.
Mesma quantidade de bens, custando mais caro (em termos
de bens domésticos)
Para haver crescimento de NX:
• X > IM/e
• Valor das exportações > valor das
importações
Marshall – Lerner Condition
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
Como isso (depreciação cambial) afetaria
a balança comercial do país doméstico?
Condição sob a qual uma
depreciação real da taxa de
câmbio (redução e) aumenta
as exportações líquidas
17. O mercado de bens em uma economia aberta
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
Marshall – Lerner Condition
i. Partindo da definição de NX e considerando NX = 0:
ii. Multiplicando ambos os lados
por e
iii. Dada uma Δe
iii. Dividindo por eX
iv. Se NX =0, eX = IM
Condição sob a qual uma depreciação real da taxa de
câmbio (redução e) aumenta as exportações líquidas
0 para NX = 0
18. O mercado de bens em uma economia aberta
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
Marshall – Lerner Condition
Condição sob a qual uma depreciação real da taxa de
câmbio (redução e) aumenta as exportações líquidas
Variação percentual de NX em
relação a X é o somatório de 3
termos:
1 2 3
1. Variação percentual da taxa de
câmbio => negativa
2. Variação percentual das
exportações => positiva
3. Menos a variação percentual
das importações => positiva
Para a validade da condição, a soma
destes 3 termos deve ser positiva
19. O mercado de bens em uma economia aberta
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
Marshall – Lerner Condition
Condição sob a qual uma depreciação real da taxa de
câmbio (redução e) aumenta as exportações líquidas
Variação percentual de NX em
relação a X é o somatório de 3
termos:
1 2 3
1. Variação percentual da taxa de
câmbio => negativa
2. Variação percentual das
exportações => positiva
3. Menos a variação percentual
das importações => positiva
Para a validade da condição, a soma
destes 3 termos deve ser positiva
1,0%
0,9%
-0,8%
MLC = -1% + 0,9% - (-0,8%) = 0,7%
Depreciação de 1% = ↑ NX 0,7%
20. O mercado de bens em uma economia aberta
The depreciation leads to a shift in demand, both foreign and domestic,
toward domestic goods. This shift in demand leads, in turn, to both an
increase in domestic output and an improvement in the trade balance.
Depreciação tem os mesmos efeitos em termos de mudança de equilíbrio
daquele oriundo da expansão de Y*, exceto por 1 detalhe: a população sente
os bens estrangeiros mais caros no caso da depreciação (diferente do
aumento de Y*)
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
i. Os efeitos da depreciação:
21. O mercado de bens em uma economia aberta
ii. Taxa de câmbio e política fiscal
Supondo uma economia com alto déficit em termos
de balança comercial, mas em nível ok de Produto:
Como o governo poderia reduzir esse déficit sem
afetar o nível de produto?
Recorrer apenas à depreciação elevaria o nível de
produto, mesmo que reduzisse o déficit
Solução: uma combinação de depreciação
com política fiscal contracionista
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
22. O mercado de bens em uma economia aberta
Depreciação suficiente para eliminar o déficit => NX’
Redução de G para trazer ZZ’ => ZZ
Recorrer apenas à depreciação elevaria o nível de
produto, mesmo que reduzisse o déficit
Solução: uma combinação de depreciação
com política fiscal contracionista
ii. Taxa de câmbio e política fiscal
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
23. O mercado de bens em uma economia aberta
Ponto geral: caso o governo se importe com ambos os níveis (produto e NX), ele deverá usar
ambas as políticas para atingir novo equilíbrio desejado
Por exemplo, quadro A12:
Depreciação ajuda ambas as questões, mas não garante que economia esteja em ambos os equilíbrios
ii. Taxa de câmbio e política fiscal
IV. Depreciação, a balança comercial e o Produto
24. O mercado de bens em uma economia aberta
V. A dinâmica do ajuste: a Curva J
• Depreciação da taxa de câmbio:
↑X e ↓IM
• Mas esse ajuste não ocorre do dia para a noite
• Supondo uma depreciação de 10% da taxa de
câmbio
• Esse efeito deverá ocorrer de forma mais direta nos
preços do que nas quantidades
=> Preços das exportações se reduz e o preço
das importações se eleva
=> Quantidades se ajustarão de forma mais lenta
- leva tempo para os consumidores perceberem as
mudanças nos preços relativos
- leva tempo para as firmas encontrarem ofertantes
mais baratos de seus insumos
25. O mercado de bens em uma economia aberta
V. A dinâmica do ajuste: a Curva J
• Depreciação da taxa de câmbio: ↓ e
- piora imediata de NX (X – IM/e)
- com o passar do tempo, ajustes nas quantidades de X
e IM
• Efeito de ↓ e => ↑ NX após algum tempo
Curva J
• Inicialmente, déficit será AO
• No momento da depreciação, déficit se expande (OB)
• Estimativas econométricas para países da OCDE
indicam que:
- depreciação eleva NX
- esse efeito leva de 6 a 9 meses
26. O mercado de bens em uma economia aberta
V. A dinâmica do ajuste: a Curva J
• Estimativas econométricas para países da OCDE
indicam que:
- depreciação eleva NX
- esse efeito leva de 6 a 9 meses
• Pensar na depreciação como estratégia de ganhos
de mercado internacional deve surtir efeito
contrário no curtíssimo prazo
27. O mercado de bens em uma economia aberta
VI. Poupança, Investimento e o Balanço de
Pagamentos
• Reescrevendo a identidade entre Poupança e
Investimento
i. Partindo do equilíbrio:
ii. Subtraindo C e T
iii. Sabendo que Renda Nacional = Y + RLRE¹ + TU²
¹ renda líquida recebida do exterior (contrário de RLEE) = NI
² Transferências unilaterais = NT
Renda Disponível - C
Poupança (S)
Saldo em Transações
Correntes do BP (CA)
iv. Reescrevendo, considerando identidades das contas
nacionais
v. Reorganizando
Se CA < 0, déficit em transações correntes equivale à soma da
poupança nacional menos Investimentos
28. O mercado de bens em uma economia aberta
VI. Poupança, Investimento e o Balanço de
Pagamentos
• ↑ Investimento => elevação poupança nacional ou poupança
estrangeira
• Expansão déficit fiscal implica em aumento da poupança privada ou
redução dos Investimentos ou piora do déficit em conta corrente
• País com elevada taxa de poupança terá elevado nível de investimento
ou saldo positivo no Balanço de Pagamentos