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Reflexões iniciais sobre a 
alienação linguística 
Vítor Vieira Ferreira 
Mestrando pelo Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada 
I Jornada de Estudos Marxistas 
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ)
Pode a linguagem ser considerada uma forma 
de trabalho? 
• Rossi-Landi (A linguagem como trabalho e como mercado – uma 
teoria da produção e da alienação linguísticas) 
• Palavras e as mensagens não gozam de uma existência própria em estado 
natural, sendo elas o resultado de uma produção do trabalho humano, o 
que nos possibilita falar em “trabalho humano linguístico” (ROSSI-LANDI, 
1985, p.64).
Se a linguagem é uma forma de trabalho, 
podemos falar em alienação linguística? 
• Alienação em Marx 
• Marx irá perceber que, no sistema capitalista de produção, o 
desenvolvimento das potencialidades humanas possibilitadas pelo trabalho 
é tolhido em decorrência da apropriação do trabalho do homem pelo 
próprio homem. O trabalhador, em sua relação com o produto de seu 
trabalho, vê neste um objeto estranho, que se lhe torna um poder 
autônomo, e que se lhe opõe de forma hostil e antagônica (cf. MARX, 2004, 
p.81).
Se a linguagem é uma forma de trabalho, 
podemos falar em alienação linguística? 
• Alienação linguística em Rossi-Landi 
• Para Rossi-Landi, esta alienação é um aspecto inerente e indissociável de 
todo processo de produção linguística no que diz respeito às suas estruturas 
internas, isto é, ao seu componente sistêmico. Para o autor, o indivíduo é 
compelido já desde o nascimento a utilizar os produtos do trabalho 
linguístico já existentes e a partir de modelos que lhe são anteriores. Os 
processos que subjazem à criação linguística não podem ser por ele 
modificados.
Se a linguagem é uma forma de trabalho, 
podemos falar em alienação linguística? 
• Alienação linguística em Rossi-Landi – contraponto 
• A alienação não se dá no nível sistêmico da língua: 
• todo enunciado linguístico é único e individual. 
• Chomsky: componentes de natureza biológica comuns a todo e qualquer 
indivíduo.
Se a linguagem é uma forma de trabalho, 
podemos falar em alienação linguística? 
• Alienação linguística em Rossi-Landi 
• “[...] o trabalhador linguístico acaba encontrando-se na situação de não 
saber o que faz quando fala, de não saber porque fala como fala e de 
pertencer a processos de produção linguística que o condicionam desde o 
começo, que o obrigam a ver o mundo de determinadas maneiras e que lhe 
tornam difícil o trabalho original ou, simplesmente, diferente”. (ROSSI-LANDI, 
1985, p.104-105)
Se a linguagem é uma forma de trabalho, 
podemos falar em alienação linguística? 
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• “[...] o trabalhador linguístico acaba encontrando-se na situação de não 
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pertencer a processos de produção linguística que o condicionam desde o 
começo, que o obrigam a ver o mundo de determinadas maneiras e que lhe 
tornam difícil o trabalho original ou, simplesmente, diferente”. (ROSSI-LANDI, 
1985, p.104-105)
Ideologia 
• John B. Thompson (Ideology and Modern Culture) 
• Concepções neutras e concepções críticas 
• Thompson alinha-se à concepção crítica da ideologia, uma vez que sua 
análise se preocupa com a maneira com a qual as formas simbólicas – 
elementos constituintes da ideologia e que dispõem de elementos verbais e 
não-verbais – estabelecem e sustentam as relações de poder (THOMPSON, 
2002, p.85).
Alienação linguística e ideologia 
• Esta forma de alienação não consiste em um estranhamento a 
partir das estruturas primeiras da língua enquanto sistema; não se 
trata da perda da posse da parole, da faculdade da enunciação 
linguística individual, mas do aprisionamento do sujeito em uma 
estrutura material e discursiva com o qual se é levado a reproduzir 
“voluntariamente” formas simbólicas ideológicas
Alienação em Marx – o caráter compulsório 
• Quando da redação dos Manuscritos, Marx pontuava enfaticamente 
a infelicidade do trabalhador em suas atividades alienadas, assim 
como o seu caráter compulsório, visto que, no sistema capitalista 
à sua época, nem mesmo as necessidades mais básicas de 
subsistência podiam ser satisfeitas sem que o trabalhador se 
submetesse a tais formas de alienação (MARX, 2004, p.82-83).
Dispõe a alienação linguística de um caráter 
compulsório? 
• Marx apontava para o caráter involuntário do trabalho – o 
trabalhador não dispunha de poder absoluto de escolha para poder 
realizar as tarefas que deseja e, com isto, garantir sua 
subsistência. Não se punha como questão social as formas, como 
conhecemos hoje, de consentimento ou convencimento. Na 
atualidade, contudo, estas formas encontram-se implicadas no 
processo de alienação linguística vinculados com mecanismos de 
produção e obtenção de consenso (cf. DÍAZ-SALAZAR, 1991, p.240) 
– o que nos remete aqui ao conceito gramsciano de hegemonia.
Hegemonia 
• Na história da luta de classes, a hegemonia de uma classe depende, 
essencialmente, do modo como seu domínio sobre a produção material e 
sobre o conjunto das forças produtivas e destrutivas se desenvolve como 
domínio sobre a produção e a circulação de ideias, sobre a formação da 
consciência socialmente determinada e, consequentemente, sobre o 
conjunto de organizações e instituições da sociedade civil e sobre o 
poder político do Estado. Sem isso, o domínio de uma classe social sobre 
os meios da produção social da vida teria de se afirmar 
permanentemente pela coerção e pela violência; não caberia, neste 
caso, falar em hegemonia, mas em dominação direta, exercida 
permanentemente pelos meios mais brutais. (DANTAS, 2008, p.92-93)
Alienação linguística, ideologia e hegemonia 
• Quando falamos em alienação linguística, falamos em formas 
verbais que possibilitam uma aceitação consensual de um 
determinado status quo: o trabalho linguístico alienado é um 
trabalho voluntário e que assume na contemporaneidade extrema 
importância quando comparado com o momento histórico vivido 
por Marx – haja vista o caráter hipersemiotizado de nossa pós-modernidade. 
Uma produção linguística alienada, i.e. ideológica, 
integra-se aos mecanismos com os quais uma classe ou grupos 
sociais dominantes exercem sua hegemonia sobre outros em um 
determinado momento histórico.
Relevância dos estudos linguísticos 
• Uma abordagem materialista da linguagem e de suas 
manifestações discursivas poderia emprestar às ciências 
linguísticas funções éticas claramente empoderadoras de todas as 
classes e segmentos humanos historicamente explorados, 
desapropriados em escalas macro ou microssociais dos próprios 
bens produzidos, despertando-os para lutas emancipatórias em 
torno de interesses que, sem o seu auxílio epistêmico, 
permaneceriam inobservados.
Bibliografia 
DANTAS, Rodrigo. Ideologia, hegemonia e contra-hegemonia. In: COUTINHO, Eduardo Granja (org.). 
Comunicação e contra-hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. 
DÍAZ-SALAZAR, Rafael. El proyecto de Gramsci. Barcelona: Anthropos; Madrid: Hoac, 1991. 
MARK, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004. 
ROSSI-LANDI, Ferruccio. A linguagem como Trabalho e como Mercado. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini. 
São Paulo: Difel, 1985. 
THOMPSON, John Brookshire. Ideologia ́ y cultura moderna – teoriá crit́ica social en la era de la comunicacioń 
de masas. Mex́ico, D.F: Universidad Autońoma Metropolitana, Unidad Xochimilco, Divisioń de Ciencias 
Sociales y Humanidades, 2006.
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Reflexões iniciais sobre a alienação linguística

  • 1. Reflexões iniciais sobre a alienação linguística Vítor Vieira Ferreira Mestrando pelo Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada I Jornada de Estudos Marxistas Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ)
  • 2. Pode a linguagem ser considerada uma forma de trabalho? • Rossi-Landi (A linguagem como trabalho e como mercado – uma teoria da produção e da alienação linguísticas) • Palavras e as mensagens não gozam de uma existência própria em estado natural, sendo elas o resultado de uma produção do trabalho humano, o que nos possibilita falar em “trabalho humano linguístico” (ROSSI-LANDI, 1985, p.64).
  • 3. Se a linguagem é uma forma de trabalho, podemos falar em alienação linguística? • Alienação em Marx • Marx irá perceber que, no sistema capitalista de produção, o desenvolvimento das potencialidades humanas possibilitadas pelo trabalho é tolhido em decorrência da apropriação do trabalho do homem pelo próprio homem. O trabalhador, em sua relação com o produto de seu trabalho, vê neste um objeto estranho, que se lhe torna um poder autônomo, e que se lhe opõe de forma hostil e antagônica (cf. MARX, 2004, p.81).
  • 4. Se a linguagem é uma forma de trabalho, podemos falar em alienação linguística? • Alienação linguística em Rossi-Landi • Para Rossi-Landi, esta alienação é um aspecto inerente e indissociável de todo processo de produção linguística no que diz respeito às suas estruturas internas, isto é, ao seu componente sistêmico. Para o autor, o indivíduo é compelido já desde o nascimento a utilizar os produtos do trabalho linguístico já existentes e a partir de modelos que lhe são anteriores. Os processos que subjazem à criação linguística não podem ser por ele modificados.
  • 5. Se a linguagem é uma forma de trabalho, podemos falar em alienação linguística? • Alienação linguística em Rossi-Landi – contraponto • A alienação não se dá no nível sistêmico da língua: • todo enunciado linguístico é único e individual. • Chomsky: componentes de natureza biológica comuns a todo e qualquer indivíduo.
  • 6. Se a linguagem é uma forma de trabalho, podemos falar em alienação linguística? • Alienação linguística em Rossi-Landi • “[...] o trabalhador linguístico acaba encontrando-se na situação de não saber o que faz quando fala, de não saber porque fala como fala e de pertencer a processos de produção linguística que o condicionam desde o começo, que o obrigam a ver o mundo de determinadas maneiras e que lhe tornam difícil o trabalho original ou, simplesmente, diferente”. (ROSSI-LANDI, 1985, p.104-105)
  • 7. Se a linguagem é uma forma de trabalho, podemos falar em alienação linguística? • Alienação linguística em Rossi-Landi • “[...] o trabalhador linguístico acaba encontrando-se na situação de não saber o que faz quando fala, de não saber porque fala como fala e de pertencer a processos de produção linguística que o condicionam desde o começo, que o obrigam a ver o mundo de determinadas maneiras e que lhe tornam difícil o trabalho original ou, simplesmente, diferente”. (ROSSI-LANDI, 1985, p.104-105)
  • 8. Ideologia • John B. Thompson (Ideology and Modern Culture) • Concepções neutras e concepções críticas • Thompson alinha-se à concepção crítica da ideologia, uma vez que sua análise se preocupa com a maneira com a qual as formas simbólicas – elementos constituintes da ideologia e que dispõem de elementos verbais e não-verbais – estabelecem e sustentam as relações de poder (THOMPSON, 2002, p.85).
  • 9. Alienação linguística e ideologia • Esta forma de alienação não consiste em um estranhamento a partir das estruturas primeiras da língua enquanto sistema; não se trata da perda da posse da parole, da faculdade da enunciação linguística individual, mas do aprisionamento do sujeito em uma estrutura material e discursiva com o qual se é levado a reproduzir “voluntariamente” formas simbólicas ideológicas
  • 10. Alienação em Marx – o caráter compulsório • Quando da redação dos Manuscritos, Marx pontuava enfaticamente a infelicidade do trabalhador em suas atividades alienadas, assim como o seu caráter compulsório, visto que, no sistema capitalista à sua época, nem mesmo as necessidades mais básicas de subsistência podiam ser satisfeitas sem que o trabalhador se submetesse a tais formas de alienação (MARX, 2004, p.82-83).
  • 11. Dispõe a alienação linguística de um caráter compulsório? • Marx apontava para o caráter involuntário do trabalho – o trabalhador não dispunha de poder absoluto de escolha para poder realizar as tarefas que deseja e, com isto, garantir sua subsistência. Não se punha como questão social as formas, como conhecemos hoje, de consentimento ou convencimento. Na atualidade, contudo, estas formas encontram-se implicadas no processo de alienação linguística vinculados com mecanismos de produção e obtenção de consenso (cf. DÍAZ-SALAZAR, 1991, p.240) – o que nos remete aqui ao conceito gramsciano de hegemonia.
  • 12. Hegemonia • Na história da luta de classes, a hegemonia de uma classe depende, essencialmente, do modo como seu domínio sobre a produção material e sobre o conjunto das forças produtivas e destrutivas se desenvolve como domínio sobre a produção e a circulação de ideias, sobre a formação da consciência socialmente determinada e, consequentemente, sobre o conjunto de organizações e instituições da sociedade civil e sobre o poder político do Estado. Sem isso, o domínio de uma classe social sobre os meios da produção social da vida teria de se afirmar permanentemente pela coerção e pela violência; não caberia, neste caso, falar em hegemonia, mas em dominação direta, exercida permanentemente pelos meios mais brutais. (DANTAS, 2008, p.92-93)
  • 13. Alienação linguística, ideologia e hegemonia • Quando falamos em alienação linguística, falamos em formas verbais que possibilitam uma aceitação consensual de um determinado status quo: o trabalho linguístico alienado é um trabalho voluntário e que assume na contemporaneidade extrema importância quando comparado com o momento histórico vivido por Marx – haja vista o caráter hipersemiotizado de nossa pós-modernidade. Uma produção linguística alienada, i.e. ideológica, integra-se aos mecanismos com os quais uma classe ou grupos sociais dominantes exercem sua hegemonia sobre outros em um determinado momento histórico.
  • 14. Relevância dos estudos linguísticos • Uma abordagem materialista da linguagem e de suas manifestações discursivas poderia emprestar às ciências linguísticas funções éticas claramente empoderadoras de todas as classes e segmentos humanos historicamente explorados, desapropriados em escalas macro ou microssociais dos próprios bens produzidos, despertando-os para lutas emancipatórias em torno de interesses que, sem o seu auxílio epistêmico, permaneceriam inobservados.
  • 15. Bibliografia DANTAS, Rodrigo. Ideologia, hegemonia e contra-hegemonia. In: COUTINHO, Eduardo Granja (org.). Comunicação e contra-hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. DÍAZ-SALAZAR, Rafael. El proyecto de Gramsci. Barcelona: Anthropos; Madrid: Hoac, 1991. MARK, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004. ROSSI-LANDI, Ferruccio. A linguagem como Trabalho e como Mercado. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini. São Paulo: Difel, 1985. THOMPSON, John Brookshire. Ideologia ́ y cultura moderna – teoriá crit́ica social en la era de la comunicacioń de masas. Mex́ico, D.F: Universidad Autońoma Metropolitana, Unidad Xochimilco, Divisioń de Ciencias Sociales y Humanidades, 2006.