Este documento descreve a experiência da UMAPAZ (Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz) em São Paulo no desenvolvimento de programas de educação ambiental e cultura de paz desde 2005. Ele inclui relatos sobre vários programas implementados pela UMAPAZ, como a difusão da Carta da Terra, Educação Gaia São Paulo, capacitação de agentes comunitários, cursos sobre geociências, mediação de conflitos, arte do diálogo, direitos humanos e sustentabilidade, entre outros.
4. Aprendizagem socioambiental em livre percurso: a experiência da
UMAPAZ / Rose Marie Inojosa (org.). 1ªed. – São Paulo: Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente, 2012.
267 p.
ISBN: 978-85-98140-14-8
1. Educação socioambiental. 2. Cultura de Paz. 3. Metodologia de
ensino. 4. Aprendizagem. I. Rose Marie Inojosa II. Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente – São Paulo (Cidade). III. Título.
CDD 372.357
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do
Departamento de Educação Ambiental e Cultura de Paz,
da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.
Foto da Capa: Cássia Domingues.
Prédio sede da UMAPAZ, Av. IV Centenário, 1.268
Parque do Ibirapuera, São Paulo, Brasil.
5. dezembro / 2012
APRENDIZAGEM
SOCIOAMBIENTAL EM
LIVRE PERCURSO
A EXPERIÊNCIA DA UMAPAZ
PREFEITURA DE SÃO PAULO
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
6. apresentação
para que umapaz?
Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho1
A experiência do atual Departamento de Educação Tudo isto imerso num corrosivo caldo de egoísmos
Ambiental/ UMAPAZ da Secretaria do Verde e Meio nacionalistas e estímulos midiáticos para um consu-
Ambiente da Prefeitura de São Paulo nasceu em mismo estéril e materialista.
2005 de uma pretensão radical de ser mais um pólo Assim, não é pouca coisa o que a ONU nos pede. É
irradiador e articulador de duas políticas orquestra- uma reorganização quase revolucionária na nossa
das pela Organização das Nações Unidas para reor- forma de viver e conviver. É a reforma/superação
ganizar a forma moderna de viver e conviver: o De- das formas de viver capitalistas/ socialistas como
senvolvimento Sustentável e a Cultura de Paz. se apresentaram até agora em diversificadas expe-
Os dois modelos de organizar nossa forma de viver riências históricas nos últimos séculos em variados
e conviver em sociedade que a humanidade criou países de todos continentes.
nos últimos séculos - o capitalismo e o socialismo O núcleo desta visão é o casamento do viver sus-
- trouxeram muitos avanços na qualidade de vida, tentável, como foi apresentado ao mundo no en-
porém a evidente hegemonia, em ambos sistemas, contro Rio/92, com a hegemonia da cultura de paz
da cultura da violência, da lei da selva de predomínio sobre a cultura da violência nas nossas relações
do mais forte, do egoísmo nacionalista e o desprezo com as pessoas e com as outras espécies vivas e
pela preservação do meio ambiente com o predomí- o mundo, enfim.
nio extremado das preocupações sociais e econômi-
cas levaram a uma situação de crise gravíssima no O viver sustentável busca uma nova alquimia que
final do século XX e início deste século XXI. equilibre as preocupações econômicas, sociais e am-
bientais. A palavra chave aqui não é dominação de
Uma situação caracterizada pela emergência na um fator sobre o outro. A palavra chave é o equilíbrio.
consciência popular, científica e espiritual da im-
portância decisiva das crises climáticas / aqueci- A hegemonia da cultura de paz não pretende que os
mento global e da perda acelerada da riqueza da instintos agressivos que fazem parte da nossa natu-
biodiversidade, associadas à persistência da he- reza sejam erradicados totalmente, tarefa aparen-
gemonia da cultura da violência e da multissecu- temente impossível e até totalitária, e sim que ou-
lar distância opressiva entre a extrema riqueza e a tras tendências nossas de altruísmo, solidariedade
extrema pobreza. e amor, sejam predominantes nas nossas relações.
1 | Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, 2005-2012. Médico Sanitarista. Foi Deputado Estadual e
Federal por São Paulo, no período entre 1983 e 2003, e Secretário Municipal de Saúde de São Paulo de 1989 a 1990 e de
2001 a 2002.
4
7. Esta forma de pensar é muito nova, mas ao mesmo Este casamento deve também favorecer/ perse-
tempo se baseia nas tradições muito antigas de pesso- guir um ambiente onde a democracia política, a
as proféticas, visionárias, que vislumbraram sua impor- tolerância religiosa, o respeito aos direitos hu-
tância/ possibilidade e viveram de verdade de acordo manos e a utópica superação dos egoísmos na-
com esta crença. Buda, Cristo, São Francisco, Thoreau, cionalistas por uma governabilidade mundial
Tolstoi, Gandhi e mais recentemente Einstein, Rondon, democrática permita à humanidade continuar
Mandela, John Lennon, são exemplos sempre vivos, evoluindo sua responsabilidade de ser uma espé-
apesar de todos os seus próprios conflitos íntimos e cie de ser vivo na Terra, que tem consciência ple-
contradições, de que esta forma de ser não é impossí- na de sua existência, e que por isto tem respon-
vel para nós, homens e mulheres comuns. sabilidade de preservar e proteger a sua própria
e as outras espécies vivas que conosco habitam
A idéia da UMAPAZ é que o casamento das duas pro-
este pequena planeta.
postas - viver sustentável e cultura de paz - é uma
condição necessária para seu progresso reformador. São Paulo, verão de 2012
Cássia Domingues
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 5
8. sumário
Apresentação
Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho
10 introdução
Rose Marie Inojosa
12 O Evolver da UMAPAZ: primeiro setênio
Rose Marie Inojosa, Glacilda Pinheiro Corrêa Pedroso,
Estela Maria Pereira Guidi, Vitor Octávio Lucato
40 A Carta da Terra em Ação em São Paulo
Rose Marie Inojosa, Eveline Limaverde, Marina Freitas
62 Educação Gaia São Paulo
Rose Marie Inojosa, Paullo Santos e Marcelo Todescan
80 Articulação Local para o Desenvolvimento Sustentável
Débora Pontalti Marcondes e Lia Salomão Lopes
96 O ensino das Geociências na UMAPAZ
Gustavo Agni Beutenmuller
107 Cidadãos Mediadores na Cidade de São Paulo?
Sandra Inês Baraglio Granja
122 A arte do diálogo: o desenvolvimento da qualidade da escuta
Márcia Amélia Moura
130 Os direitos humanos, a sustentabilidade e a paz
Valério Igor Príncipe Vitorino
145 Alimentação e meio ambiente: relações
e contribuições no caminho da sustentabilidade
Suely Feldman Bassi
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9. 161 Programa Aventura Ambiental
Angélica Berenice de Almeida e Thereza Christina Rosa
171 A Escola de Jardinagem vai até você
Cristina Pereira Araújo
181 Danças Circulares como metodologia integrativa
Estela Maria Pereira Guidi
193 Dançando e convivendo nos parques públicos de São Paulo
Estela Marie Pereira Guidi
203 Educação Ambiental com Tai Chi e Meditação na UMAPAZ
Suely Feldman Bassi
213 O diálogo com o barro: consciência ecológica e sustentabilidade
Regina Fiorezzi Chiesa
227 Atos criativos sustentáveis – metodologia
para o desenvolvimento integral
Maria Cristina Belfort D´Arantes Cariani
241 Contar e ouvir histórias
Maricy Elisabeth Montenegro e Maria Cecília Martin Ferri
251 Relato de uma experiência – Parque Lions Clube
Tucuruvi e UMAPAZ
Ieda Januário Varejão
262 Programa Ambientes Verdes e Saudáveis-PAVS
Edjane Maria Torreão Brito, Yamma Mayura Duarte Alves,
Eunice Emiko Kishinami de Oliveira Pedro,
Eliana Sapucaia Rizzini, Hélio Neves
270 Aprendizes educadores e educadores aprendizes
Ana André e Adriano Galhardo
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 9
10. INTRODUÇÃO
Rose Marie Inojosa
Esta coletânea registra e comenta o trabalho de edu- gias e referências, de modo a poderem ser analisa-
cação ambiental e cultura de paz que vem sendo reali- dos e porventura utilizados por outros grupos que
zado na Cidade de São Paulo pela Universidade Aberta desejem desenvolver programas com propósito se-
do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), da Se- melhante, já que a UMAPAZ tem recebido pessoas
cretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São de outros municípios e regiões.
Paulo, desde 2005. Tem o propósito de estimular a re-
O artigo seguinte é sobre Educação Gaia São Pau-
flexão sobre a experiência e a abordagem metodológica
lo e foi produzido por representantes dos parceiros
da aprendizagem socioambiental, que incorporou prin-
que trouxeram esse programa internacional para a
cípios e orientações contemporâneos para a educação
Cidade de São Paulo: o Instituto Roerich da Paz e
ambiental, crítica e inclusiva, e vem construindo seu
Cultura; o CRIS – Centro de Referência e Integração
próprio invento. Esse modo de ser no mundo é pauta-
em Sustentabilidade e a UMAPAZ. O programa capa-
do pela reconstrução do sentimento de pertencimento
citou mais de 500 pessoas.
e de interdependência sistêmica do Planeta e uns dos
outros, pelo reconhecimento dos componentes éticos O quarto artigo, de autoria de Débora P. Marcondes,
dessa teia, vem como pelo envolvimento das diferen- bióloga, e Lia S. Lopes, geógrafa, traz o programa
tes dimensões da ecologia, como bases da sustentabi- Articulação Local para o Desenvolvimento Susten-
lidade da vida e da convivência humana. tável, que visa a fortalecer os cidadãos para a aná-
lise crítica de sua realidade e muni-los de ferramen-
Com esse intento, seu primeiro artigo conta o evolver
tas que contribuam para transformar suas escolhas,
da UMAPAZ, de 2005, sua concepção, até 2012. Escrito
seu cotidiano e seu entorno de forma sustentável.
por um conjunto de pessoas que vivenciaram o proces-
O programa, em parceria com o Programa Ambien-
so, apresente as fases da instituição, desde a formula-
tes Verdes e Saudáveis, da Saúde, vem capacitando
ção do seu projeto, e as bases da sua metodologia, que
centenas de agentes comunitários.
será exemplificada nos artigos que tratam de seus pro-
gramas. Observa-se, nesse texto, a preocupação com a A seguir, o artigo O Ensino das Geociências na UMA-
identificação dos atores atuantes nas diferentes fases PAZ, do geólogo Gustavo Agni Beutenmuller, vista
e seu papel em cada momento da organização. mostrar como o conhecimento relativo às Geociências
se desenvolveu no âmbito do município de São Paulo
O segundo artigo chama-se Carta da Terra em Ação
e em sua relação com outros temas e conhecimentos
em São Paulo. A Carta da Terra é documento orien-
atuais como as mudanças climáticas e a vulnerabilida-
tador da UMAPAZ, mas também dá nome e conteú-
de das megacidades frente a esse processo, e apresen-
do a dois programas robustos, apresentados nesse
texto: o Programa de Difusão da Carta da Terra na ta os cursos oferecidos aos cidadãos sobre o tema.
rede municipal de educação e o Programa Carta da Segue-se o texto intitulado Cidadãos Mediadores na
Terra em Ação, dedicado à formação de agentes so- Cidade de São Paulo?, trata do processo empreen-
cioambientais urbanos. São detalhados objetivos, dido na Cidade para a capacitação de pessoas em
organização dos programas, conteúdos, metodolo- resolução pacífica de conflitos e, especialmente, na
10
11. tecnologia da mediação. São mostradas as escolhas ro focaliza a questão metodológica e o diálogo que
metodológicas e o desenvolvimento, pelo olhar crí- as danças circulares estabeleceram com os outros
tico da Dra. Sandra Inês Baraglio Granja, que tem um temas e tecnologias que integram a programação da
papel importante nesse processo. UMAPAZ. O segundo aborda o Programa Dançando e
O sétimo artigo, de autoria da psicóloga Márcia Convivendo nos Parques públicos da cidade.
Amélia Moura, trata da Arte do Diólogo, o desen- A seguir, Suely Feldman Bassi, conta a história da
volvimento da qualidade da escuta, que é um refe- inserção do Tai Chi e da Meditação na programação
rencial fundamental para a cultura de paz e para a da UMAPAZ.
resolução pacífica de conflitos.
O décimo quinto artigo, apresenta um programa que
O artigo seguinte, de autoria do sociólogo Valério Igor visa a promover o encontro entre a arte e a natureza,
P. Vitorino, trabalha a relação entre direitos humanos, na busca de despertar a consciência ecológica por
sustentabilidade e paz, buscando demonstrar as rela- meio do trabalho com o barro. Sua autora, a artista
ções históricas e intrínsecas dos temas. e educadora Regina Fiorezzi Chiesa, tem conduzi-
Na diversidade dos temas da UMAPAZ é, a seguir, abor- do muitos grupos pela aventura de trabalhar com o
dada a relação entre alimentação, meio ambiente e barro e refletir, nesse processo, sobre as diferentes
sustentabilidade. O artigo é de autoria da nutricionista dimensões da ecologia.
e psicóloga Suely Feldman Bassi, que tem coordena- Segue-se artigo de outra arte-educadora Maria
do, juntamente com Vitor Octávio Lucato, o Programa Christina Belfort d´Arantes Cariani, com o título
Meio Ambiente, Alimentação e Saúde. Atos Criativos Sustentáveis, trabalha uma meto-
O décimo artigo, de autoria de Angélica Berenice de dologia para o desenvolvimento integral, que busca
Almeida e Thereza Christina Rosa, ambas pedago- transcender o pensamento linear. O artigo relata
gas da equipe da UMAPAZ, apresenta o Programa como, em um conjunto de programas, foram sen-
Aventura Ambiental, idealizado, inicialmente para do costurados saberes e fazeres, tecendo, com os
alcançar diretamente o público infantil e que, ao lon- participantes, um caminho de auto conhecimento e
go do tempo, também foi sendo procurado por ou- consciência ecológica.
tros grupos. Trata-se de uma trilha especial que visa O décimo sétimo artigo é de autoria de Ieda Januário
a aliar o contato com a natureza, o respeito à vida e Varejão, pedagoga e atual diretora de Formação da
a reflexão sobre valores da convivência. Centenas de UMAPAZ, apresenta o desenvolvimento das ativida-
grupos já fizeram a Aventura. des de educação ambiental em um parque da cidade
No artigo A Escola de Jardinagem vai até você, a – o Lions Clube Tucuruvi – e como se deu a articulação
arquiteta Cristina Pereira Araujo conta como a tra- dessas atividades com a programação da UMAPAZ.
dicional Escola Municipal de Jardinagem, que diri- Segue-se artigo sobre o Programa Ambientes Verdes
ge desde 2008, transbordou seus muros e levando e Saudáveis, um importante exemplo de atuação in-
conhecimentos de jardinagem para toda a cidade, tersetorial, com resultados e desdobramentos locais.
despertando o interesse de novos públicos e traba-
Finalmente, Aprendizes-educadores e educadores-
lhando, em parceria, a inclusãor social.
aprendizes traz depoimentos de dois atores, a artista
Os dois artigos seguintes tratam do papel funda- plástica Ana André e o especialista em jogos coope-
mental que as Danças Circulares têm tido como par- rativos Adriano Galhardo Pedroso. Eles vivenciaram a
te da metodologia integrativa da UMAPAZ. São de metodologia do livre percurso de aprendizagem so-
autoria da fonoaudióloga e especialista em dança cioambiental proposto pela UMAPAZ e trazem o rela-
circular, Estela Maria Guidi Pereira Gomes. O primei- to de sua visão sobre seus próprios percursos.
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 11
12. O EVOLVER DA UMAPAZ
PRIMEIRO SETÊNIO
Rose Marie Inojosa, Glacilda Pinheiro Correa Pedroso,
Estela Maria Guidi Pereira Gomes e Vitor Octávio Lucato6,
Resumo Abstract
Este texto tem o objetivo de registrar e comentar o This text aims to register and comment on the proc-
processo de constituição e desenvolvimento organi- ess of formation and organizational development of
zacional da UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente
Ambiente e Cultura de Paz, de São Paulo, de 2005 a e Cultura de Paz (The Open University of the En-
2012. Inicia pelo contexto em que o projeto foi gera- vironment and Culture of Peace) , São Paulo, from
do e trata, na sequência, das fases de planejamento; 2005 to 2012. It starts by the context in which the
da implementação do projeto; e da institucionaliza- project was generated and continues on the plan-
ção da UMAPAZ como Departamento da Secretaria ning process, the implementation and institution-
Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo alization of UMAPAZ as São Paulo´s Municipal
e das relações estabelecidas pela nova estrutura Department of Environment Education and the es-
organizacional da Secretaria. A seguir, são sucessi- tablished relationships by the new organizational
vamente focalizados: a equipe e a produção, o tra- structure. Hereafter, are successively focused: the
balho intersetorial, especialmente com a saúde, a staff and production, the intersectoral work, espe-
educação, as relações de trabalho, subprefeituras e cially with health, education, labor relations, safety
a segurança urbana; as parcerias com organizações and urban boroughs; partnerships with third sector
do terceiro setor, com a universidade, e o controle organizations, with the university, and social con-
social. Finaliza abrindo espaço para pressupostos e trol. Bringing to completion with reflections on UMA-
práticas metodológicas adotadas pela UMAPAZ. PAZ adopted methodology
Palavras-chave: UMAPAZ, educação socioambiental, Keywords: UMAPAZ, environment education, part-
cultura de paz, parcerias, intersetorialidade, rede nerships, intersectoral relations, network
6 | Rose Marie Inojosa, organizadora da coletânea; Glacilda Pinheiro Corrêa Pedroso, pedagoga, integrante da equipe UMA-
PAZ e Diretora de Formação do DEA/UMAPAZ de janeiro de 2009 a outubro de 2011; Estela Maria Pereira Gomes, fono-
audióloga, integrante da equipe da UMAPAZ desde 2006 e Vitor Octávi Lucato, biólogo e ecólogo, integrante da equipe
da UMAPAZ desde 2006. rosemarieinojosa@bol.com.br; glacildamaranhao@gmail.com; estelagomes@uol.com.br; vlucato@
prefeitura.sp.gov.br.
12
13. 1. Introdução com a implementação do projeto, de 2006 a 2008.
Aborda-se, no item 5, a Institucionalização do pro-
Esta narrativa, feita pelo olhar de observadores par- jeto como parte da estrutura organizacional da Se-
ticipantes7, trata do desenvolvimento da UMAPAZ cretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São
– Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura Paulo, ocorrida em 2009, e as peculiaridades, tanto
de Paz, cujo foco é a educação socioambiental e a do desenho da Secretaria, com sua proposta matri-
cultura de paz, em São Paulo8. Tem os propósitos de cial, como do diálogo entre essa estrutura e a forma
registrar e comentar as etapas percorridas desde a de operar em rede característica da UMAPAZ desde a
formulação inicial, de identificar os atores presentes sua concepção. A evolução da equipe e da produção
em cada etapa, bem como as singularidades dessa da organização é abordada no item 6, abordando, in-
organização pública, formulada e desenvolvida em clusive, os projetos e ações intersetoriais, no âmbito
articulação com uma rede intersetorial. Com isso as- do próprio governo municipal, como na rede de par-
pira a contribuir para a análise do caso e, também, cerias, com o terceiro setor e a universidade. O item
para a inspiração de outras iniciativas, sobretudo 7 refere-se as relações de controle social inerentes
na esfera local e em rede, do mesmo modo como a a uma organização pública. Finalmente, no item 8,
UMAPAZ tem se beneficiado da observação e do con- são apresentados pressupostos e escolhas metodo-
vívio com a experiência de outras instituições. lógicas da UMAPAZ, nesse período de sua existência.
O texto, intencionalmente, dá relevância aos atores
– pessoas e organizações – que participaram e par- 2. Contexto
ticipam da trajetória da UMAPAZ, entendendo que
os arcabouços organizacionais são animados pelas A Prefeitura de São Paulo parece ter ampliado sua
pessoas. Elas é que configuram a face com que a or- visão sobre as complexas relações socioambientais
ganização se apresenta ao mundo, aos parceiros e concomitantemente à movimentação internacional e
ao público, com seus valores e modo de atuação. nacional no final do século XX.
Um mesmo aparato organizacional pode ser habi- Há décadas, a Prefeitura administrava parques e
tado, no tempo e no espaço, por diferentes grupos jardins públicos e realizava ações de educação am-
e ser manejado de muitas formas, embora também biental, na existente Escola de Jardinagem, quando
estabeleça possibilidades e limites aos gestores. do plantio de árvores, com palestras nas escolas e
No item Contexto busca-se delinear o ambiente em conversa com moradores, nas feiras do verde e da
que o projeto foi gerado e de que forma, para, em se- primavera que eram realizadas na marquise do Par-
guida, abordar o processo de planejamento do pro- que Ibirapuera, entre outras ações. Contudo, somen-
jeto, imediatamente após a sua concepção e instala- te em 1993 foi criada uma estrutura mais complexa
ção inicial. Os itens Planejamento e Implementação para tratar das questões ambientais, no primeiro es-
(itens 3 e 4) tratam da fase pioneira da organização, calão de seu Poder Executivo: a Secretaria do Verde
e Meio9 - SVMA. Essa estrutura agregou, ao já exis-
7 | Os autores participaram de todas as fases do de- tente departamento de áreas verdes, unidades de
senvolvimento da UMAPAZ, de 2005 a 2012. Outras nar- controle e fiscalização e de planejamento e educa-
rativas, presentes nos demais artigos desta publicação, ção ambiental. Isso ocorreu logo após a Conferência
podem iluminar outros aspectos e posições relacionados
Internacional do Meio Ambiente, realizada no Rio de
ao evolver da organização.
Janeiro, em 1992, indicando que o fortalecimento e
8 | Parte dessa história foi registrada e analisada por
Dulce Regina Bernardo Campos no texto UMAPAZ – um a ampliação das reflexões sobre a gestão ambiental
estudo de caso, que constituiu seu trabalho de con- tiveram impacto em São Paulo.
clusão do Curso de Especialização em Ecologia, Arte e
Sustentabilidade. 9 | Lei Municipal nº 11.426 de 1993.
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 13
14. A Política Nacional de Educação Ambiental, como Na base da proposta estava a observação dos confli-
política pública, por sua vez, seria instituída no país tos socioambientais urbanos, agravados pelo cená-
apenas em 1999, pela Lei 9.795. A Lei definiu edu- rio de mudanças climáticas. Conflitos resultantes do
cação ambiental como “os processos por meio dos modelo que hegemônica e historicamente orientou
quais o indivíduo e a coletividade constroem valo- as escolhas de desenvolvimento na Cidade de São
res sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e Paulo, tanto nas decisões das políticas públicas,
competências voltadas para a conservação do meio como no estilo de vida e de consumo adotados como
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à exigência inelutável do almejado progresso contínuo
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” para a cidade apelidada de locomotiva do país. Essa
A idéia de uma universidade aberta surgiu na Secre- percepção foi forjada nos ecos da revolução indus-
taria do Verde e Meio Ambiente do Município de São trial e orientou a visão de futuro da Cidade.
Paulo alguns anos depois, em 2005, no início de um Apesar das conseqüências socioambientais desse mo-
novo período de governo municipal10. delo hegemônico, os nexos causais entre as escolhas
A Secretaria tinha, então, doze anos de existência, de desenvolvimento e os problemas de poluição do
ainda uma das mais novas unidades da administração ar, sonora e outros e a violência nem sempre são ex-
municipal e um orçamento diminuto11. Nesse momen- plícitos. Por isso, ainda prevalece o apoio a projetos,
to, contava com uma Divisão de Educação Ambiental decisões e atitudes que reiteram as opções pelo cres-
subordinada ao Departamento de Educação Ambien- cimento a qualquer custo e por um estilo de vida onde o
tal e Planejamento, a Escola Municipal de Jardina- cidadão é valorizado pela sua capacidade de consumo.
gem, criada em 1976, e equipes ou ações realizadas
‘O conflito ambiental torna-se explícito quan-
em alguns dos 34 parques da cidade, como o Parque
do as comunidades estabelecem uma conexão
do Ibirapuera, o Parque da Previdência, o Jardim da
lógica imediata entre a degradação ambiental
Luz, o Parque do Carmo, o Trianon e o Parque Nabuco.
e as atividades de certos agentes sociais.”
Para o período 2005-2008, os eixos programáticos (Ascerlad, 1992:35)
da Secretaria (SVMA) foram definidos como: água,
“A investigação e a comunicação podem aju-
ar, solo, verde e biodiversidade, cultura de paz e não
dar a estabelecer essa conexão e, por conse-
violência e economia nova. Em meados de 2005, a
guinte, converter-se em causas próximas do
coordenação do eixo cultura de paz12 propôs a insti-
conflito e também em catalizadores da apren-
tuição de um espaço de geração e compartilhamento
dizagem social sobre como manejar os recur-
de conhecimentos sobre as relações sócio-ambien-
tais, com uma abordagem transdisciplinar, não-frag- sos e os conflitos.(BUCKLES, 2000)”
mentada. O propósito foi o de constituir um centro É rara a viabilidade de políticas públicas que não te-
de educação sócio-ambiental e de cultura de paz na nham o apoio expressivo da população, quer esse
Cidade de São Paulo. apoio seja autônomo, quer seja orientado pela influ-
ência de grupos de interesses. E, se não há possibi-
10 | Prefeito José Serra (2005-2006), Prefeito Gilberto lidade de mudança sem que a cidadania deseje e se
Kassab (2006-2012) e Secretário Eduardo Jorge Martins
envolva em novas escolhas, é preciso trabalhar com
Alves Sobrinho (2005-2012).
os cidadãos o desenvolvimento da análise crítica das
11 | O orçamento da SVMA aumentou 388%. Era de 64,3
milhões em 2004 e foi para 314,2 milhões em 2012. Mas situações, os nexos entre causas e consequências,
ainda é pequeno comparativamente as questões que seus prognósticos e possibilidades de transformação.
deve manejar.
12 | O eixo cultura de paz contava com Rose Marie Inojo- A produção de nexos e sentidos passa por perce-
sa (coord) e Dulce Regina Bernardo Campos. ber que os recursos naturais estão integrados em
14
15. um espaço interconectado onde as ações de um in- em Curitiba (Paraná, Brasil), a UNIPAZ (Brasília), a
divíduo ou grupo podem gerar efeitos que chegam Associação Palas Athena (São Paulo), a U-Peace
muito longe no tempo e no espaço; que estão inte- – Universidade da Paz (Costa Rica), o Schumacher
grados igualmente em um espaço social comparti- College (Devon, Reino Unido) – nos seus formatos,
lhado onde se estabelecem relações complexas e propósitos, escolhas metodológicas.
desiguais entre diferentes grupos de atores sociais
A idéia inicial de uma instituição municipal de edu-
e, ainda, que há dimensões simbólicas das questões
cação socioambiental e de cultura de paz, orientada
ambientais e diferentes visões do valor dos recursos
por essa visão e experiências, foi apresentada ao
naturais, que fomentam disputas ideológicas. Esses
Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente e ao
aspectos articulam-se na formação de opinião e têm
Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvi-
impacto nas escolhas.
mento Sustentável – CADES, na sua sessão ordiná-
É certo que São Paulo, uma cidade global, tanto pela ria de 28 de julho de 2005, ação indispensável para
diversidade da formação étnica e cultural de sua po- que a proposta pudesse ser desenvolvida.
pulação, como pela posição econômica no país, na
América Latina e entre as maiores cidades do mun- 3. Planejamento
do, conta com pessoas e instituições empenhadas em
dialogar sobre as possibilidades e perspectivas de no- Com a aprovação inicial do Secretário do Verde e
vas escolhas e a visão de um novo paradigma. Muitas Meio Ambiente e do CADES, foi mobilizada uma rede
delas têm tido um papel progressivamente significati- de educadores ambientais, técnicos da própria Se-
vo no cenário, especialmente a partir do Fórum Global cretaria, representantes de instituições do campo
realizado na Eco 92 e seus desdobramentos. do meio ambiente e da cultura de paz e estudio-
sos, convidados a participar do desenvolvimento da
“Hoje, tomamos consciência de que o sentido
proposta. Esse processo de trabalho em rede, que
das nossas vidas não está separado do senti-
envolveu 60 pessoas, metade da própria Prefeitura e
do do próprio planeta.. Diante da degradação
metade da sociedade civil, realizou-se de setembro
das nossas vidas no planeta chegamos a uma
a novembro de 200513.
verdadeira encruzilhada entre um caminho
Tecnozóico, que coloca toda a fé na capacida- 13 | Esse processo está pormenorizadamente descrito no
de da tecnologia de nos tirar da crise sem mu- Relatório Projeto UMAPAZ Universidade Aberta do Meio
dar nosso estilo poluidor e consumista de vida Ambiente e da Cultura de Paz da Secretaria Municipal do
Verde e Meio Ambiente, dezembro de 2007, disponível na
e um caminho Ecozóico, fundado numa nova
Biblioteca da UMAPAZ . Participaram de uma ou mais ofi-
relação saudável com o planeta, caracterizado cinas: Alessandro Marco Rosini,Professor, Núcleo de Estu-
pelas atuais preocupações ecológicas. Temos dos do Futuro - PUC-SP; Ambar de Barros,Jornalista, Co-
de fazer escolhas. Elas definirão o futuro que ordenadora do Escritório da UNESCO em São Paulo;André
Goldman, Arquiteto, SVMA - Assessor Técnico; André
teremos. “(GADOTTI, s data) Luís Moura de Alcântara,Cientista Social, S MA - Dep.
Envolvendo uma mudança paradigmática, esse pro- Educação Ambiental; Angélica Berenice de Almeida, Pe-
dagoga, SVMA - equipe UMAPAZ; Ariella Setti,Bióloga,
cesso necessita de muitos agentes sociais atuantes, SVMA - Administradora do Parque Previdência;Arnoldo
incluindo a organização da gestão pública municipal, de Hoyos,Filósofo, Coordenador do Núcleo de Estudos do
de modo a propiciar a ampliação da cidadania crítica Futuro da PUC – SP;Aureliano Biancarelli,Jornalista, Rede
Gandhi;Cristina Lopes,Psicóloga. Coordenadora do CEC-
e a produção de novos sentidos. CO Ibirapuera; Cyra Malta Olegário da Costa,Engenheira
Nesse contexto, em 2005, algumas experiências ins- Agrônoma, SVMA - Administradora do Parque São
Domingos;Dulce Regina Bernardo Campos,Bibliotecária,
piradoras foram observadas pela Secretaria Muni- SVMA - equipe UMAPAZ;Edmundo Fonseca Correa Garcia,
cipal do Verde e Meio Ambiente, como a UNILIVRE, Físico, SVMA - Assessor Técnica; Edney Martins,Consultor
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 15
16. O resultado foi a produção do projeto da Univer-
em Responsabilidade Social;Eduardo Coelho e Mello sidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz
Aulicino,Engenheiro, SVMA - Assessor Técnico;Eliana – UMAPAZ14, como uma instituição pública, aberta
Sapucaia Rizzini ,bióloga, SVMA - Equipe UMAPAZ;Ely a todos os cidadãos, independentemente de ida-
Inoue, Psicóloga, Rede Gandhi e ConPaz; Eveline Limaver-
de Costa,Pedagoga, Educadora;Estela Maria Guidi Pereira de, escolaridade ou ocupação, com a missão de
Gomes, Fonoaudióloga, SVMA - equipe UMAPAZ;Gilmar fomentar e facilitar a formação de pessoas, em
Altamirando, Comunicólogo, SVMA - Assessor todas as regiões da Cidade de São Paulo, para a
Técnico;Glacilda Pinheiro Correa Pedroso,Educadora
de Saúde, SVMA; Helena Maria de Campos
convivência socioambiental sustentável e pacífi-
Magoso,Psicóloga, SVMA - Assessor Técnica do DEPAVE; ca, tendo como valores a responsabilidade am-
Jonas Melman,Médico psicanalista, Secretaria Municipal biental, a cultura de paz e não-violência, o acesso
de Saúde, Rede Gandhi;Júlio César Rosa,Biólogo, SVMA
- equipe UMAPAZ;Karla Reis Mello, SVMA - Divisão de
universal a informação, a transdisciplinaridade e a
Planejamento, Lara C. B. Freitas,Ambientalista, Instituto diversidade cultural.
Roerich;Laura Ceneviva, Arquiteta, SVMA - Coordenadora
do CADES;Lia Diskin, Professora, Fundadora da Associa- Na formulação foi explicitado que, como uma insti-
ção PALAS ATHENA;Lilian Amaral,Artísta Plástica, Museu tuição de educação não-formal, a UMAPAZ deveria
Aberto;Luciano Antonio Prates Junqueira,Sociólogo, Co- cooperar com o sistema educativo existente de for-
ordenador da Pós-Graduação em Administração da PUC-
SP;Maluh Barciotte,Ambientalista, Instituto Akatu pelo ma associada, complementando e suplementando a
Consumo Consciente; Maria Alice Nelli Machado, Assis- sua oferta, realizando a sua própria programação de
tente Social - SVMA - equipe UMAPAZ;Maria Augusta To- forma independente e por meio de parcerias com ins-
ledo Antunes,Arquiteta, SVMA - Assessora Técnica;Maria
Abramo Caldeira Brant,Especialista em Direitos Humanos,
tituições do sistema educativo, mediante convênios e
técnica da UNESCO;Maricy E. Montenegro,Fonoaudióloga, termos de cooperação15.
SVMA - Equipe UMAPAZ;Maridite C. G. Oliveira,Médica Sa-
nitarista, gestora de saúde;Miryam Hess,Ambientalista, Os formuladores do projeto explicitaram que, do
Ass. Técnica SVMA;Monica Cairrão Rodrigues,Professora, ponto de vista pedagógico, caberia a UMAPAZ con-
Núcleo de Estudos do Futuro PUC – SP;Paula Góes tribuir para a autonomia do pensamento e estimular
Bakaj Cavagnari,Dirigente da área de Projetos So-
ciais da UNINOVE;Paulo Saldiva,Professor, Faculda- a criatividade, a responsabilidade com o planeta e
de de Medicina da USP;Paulo Santos,Ambientalista, a solidariedade entre os seres humanos; desenvol-
Instituto Roerich;Patrícia Marra Seppe,Geógrafa, ver uma relação de ensino-aprendizagem que in-
SVMA - Diretora da Divisão de Planejamento; Renê
Costa,Biólogo - SVMA Núcleo de Gestão Descentrali- centive leituras contextualizadas sobre a realidade
zada Oeste;Rita Mendonça,Bióloga e socióloga, Insti- sócio-ambiental; orientar para a problematização
tuto Romã;Roberto Sadek,Secretário Adjunto da Se- dos achados e reflexões e garantir oportunidades de
cretaria Municipal de Cultura;Rodrigo Machado,Gestor
Ambiental, turismo, SVMA - Administrador do Parque Vila criação de soluções inovadoras16.
Gulherme;Rosa Rizzi,Educadora, Insituto Roerich;Rose
Simultaneamente ao processo de formulação do
Marie Inojosa,Comunicóloga, SVMA - Assessoria Téc-
nica, Coordenadora do Projeto UMAPAZ;Rose Mary projeto UMAPAZ, ocorreu outro movimento. Com
dos Santos Gottardo,Secretaria de Coordenação das a transferência das últimas unidades administrati-
Sub Prefeituras PMSP, educadora ambiental;Rute
Cremonini,Pedagoga, SVMA - Diretora da Divisão de Edu- ca da UNESCO;Vania Nelize Ventura,Socióloga, jornalista,
cação Ambiental;Sandra Magali Barbero,Médica sanita- SVMA – Comunicação;Virgínia Gaviolli,Ambientalista+B2,
rista, SVMA - Assessora Técnica Descentralização;Sérgio Projeto ECOBAIRRO;Vitor Lucato,Biólogo, SVMA - equipe
Talocchi,Administrador,ABDL - Associação Brasileira de UMAPAZ,;Volf Steinbaum,Sociólogo, SVMA - Assessor
Desenvolvimento de Lideranças;Silmara Ribeiro Mar- Técnica.
ques, Bióloga, SVMA - Assistente Técnica; Sílvia Mac
14 | A proposta da sigla foi de Gilmar Altamirano, então
Dowell,Administradora, Professora do SENAC;Simone
assessor do Secretário do Verde e Meio Ambiente.
Paranhos,Jornalista, SP COMUNICAÇÃO;Sonia R. Ri-
beiro de Carvalho,Assistente Social - SVMA - equipe 15 | Relatório Projeto UMAPAZ dezembro de 2007, op cit
UMAPAZ;Tania Carla Bendazoli de Falco,Socióloga, técni- 16 | Idem ibidem.
16
17. vas do Parque do Ibirapuera17, um imóvel, com face Ainda no mês de janeiro de 2006, no dia 30, a UMA-
para a Av. IV Centenário, foi atribuído à Secretaria PAZ recebeu May East, membro do GEESE (Global
Municipal do Verde e Meio Ambiente, pelo Prefei- Ecovillage Educators for a Sustainable Earth) e
to18, para sediar e dar início a implantação do então coordenadora do programa Gaia Education21. May
projeto UMAPAZ. A coordenação do projeto UMA- East veio a São Paulo por articulação dos parceiros
PAZ recebeu as chaves do imóvel em 6 de janeiro Ecobairro, do Instituto Roerich da Paz e Cultura do
de 200619. Brasil, e grupo Ecovila São Paulo. Ofereceu, na UMA-
PAZ, uma palestra aberta, sobre Educação Gaia, que
Para constituir a equipe inicial um grupo de profis-
reuniu mais de uma centena de interessados.
sionais, com diferentes formações universitárias
e experiências em educação ambiental, a maioria Em fevereiro do mesmo ano, foi iniciado o Ciclo de
oriunda do Centro de Educação Ambiental do Parque Palestras sobre Meio Ambiente e Cultura de Paz,
Ibirapuera, foi alocada no projeto UMAPAZ20. com profissionais de diferentes áreas da Secretaria
Municipal do Verde e Meio Ambiente e convidados22.
A rede de parcerias mobilizada para a formulação
O Ciclo teve o propósito de ampliar a informação e
do projeto foi preciosa para sua implementação,
contribuir para a troca de opiniões entre os partici-
participando ativamente da programação e levando
pantes sobre aspectos do meio ambiente e a convi-
profissionais de suas equipes ou rede para pales-
vência na cidade de São Paulo.
tras e cursos.
Em março, por meio de articulação realizada pela
17 | Saíram a PRODAM (Companhia de Processamento Secretária Adjunta da SVMA23, foi realizada uma Ofi-
de Dados do Município) e o Departamento de Edifica- cina de Planejamento Participativo, com o apoio de
ções (EDIF). Este último, pertencente à Secretaria de
Serviços e Obras, ocupara, durante cerca de 50 anos, uma equipe da U-Peace24. Essa Oficina reuniu, além
um imóvel de cerca de 1500 m2, contíguo ao Viveiro da equipe básica do projeto, pessoas que haviam
Manequinho Lopes, que foi atribuído à UMAPAZ. A ade- participado de sua formulação e novos convidados25,
quação inicial do prédio foi possível pelo apoio da Leda
Ascherman, então diretora de Administração e Finanças
da SVMA e ação do colaborador Mário Sérgio Alves da 21 | O Gaia Education, oficialmente fundado em julho de
Cruz e da equipe de Meire Aparecida Fonseca de Abreu. 2005, é um consórcio internacional de experientes edu-
cadores, que nasceu do GEESE. May East dissemina pelo
18 | Prefeito José Serra.
mundo o programa de formação de designers de susten-
19 | Nesse dia houve uma pequena cerimônia com re- tabilidade e, mais recentemente, o programa Transition
presentantes de diferentes tradições que participam da Towns.
formação da comunidade paulistana. Kaká Verá Jecupé,
22 | Participaram como palestrantes: Andriane Macelli,
representante da comunidade indígena e autor, entre
Anita Correa de Souza, Angela Branco, Eduardo Coelho
outros, do livro São Paulo a Terra dos Mil Povos, en-
de Mello Aulicino, Laura Ceneviva, Luciene Figueiredo,
toou, nessa ocasião, um canto para cada uma das quatro
Mary Lobas de Castro, Maria Lúcia Bellenzani, Regina
direções.
Luísa de Barros, Rodrigo Martins dos Santos, Thiago Lo-
20 | A equipe técnica inicial da UMAPAZ foi formada por pes Ferraz Donnini e Volf Steinbaum.
Vitor. Octávio Lucato; Eliana Sapucaia Rizzini; Estela
23 | Leda Aschermann.
Maria Guidi Pereira Gomes; Angélica Berenice de Almei-
da, Júlio César Rosa, Maricy Montenegro, Maria Alice 24 | Tatiana Benavides, Betty Mc Dermott, Carlos Garcia
Nelli Machado, Sonia Ribeiro de Carvalho, Vania Nelize e Victor Valle.
Ventura, que vieram do núcleo do próprio Parque, Dulce 25 | Participaram representantes e/ou profissionais
Regina Bernardo Campos e Glacilda Pinheiro Correa Pe- vinculados a ABDL (Rede Lead), Aliança pela Infância,
droso, que vieram com Rose Marie Inojosa, coordenado- Associação Monte Azul, Associação Palas Athena, Co-
ra do projeto. De agosto de 2006 a maio de 2007 o pro- missão Municipal de Justiça e Paz, Grupo EcoBairro
jeto UMAPAZ foi coordenado por Paullo César Santos, do Instituto Roerich da Paz e Cultura do Brasil, Escola
do movimento de cultua de paz e coordenador do projeto da Vila (Fortaleza/CE), Guarda Civil Municipal, Institu-
Ecobairro do Instituto Roerich. Retornou à coordenação to Migliori, Instituto Nina Rosa, Instituto Paulo Freire,
anterior dessa data até 2012. Instituto Sou da Paz, I Paz Agência de Comunicadores
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 17
18. ampliando a rede da UMAPAZ. A Oficina reiterou, em carta aberta28, assinada por todos os participantes,
suas conclusões, a visão da UMAPAZ como com o seguinte teor:
“espaço de formação de reeditores da idéia do “Carta Aberta à População, ao Prefeito, ao Le-
diálogo e de pessoas estimuladas e equipadas gislativo e ao Secretário do Verde e do Meio
para uma relação amorosa com a natureza, di- Ambiente da Cidade de São Paulo, com o ob-
fundindo e apoiando alternativas de mudança jetivo de consolidar a Universidade Aberta do
do uso e do acesso aos bens e recursos natu- Meio Ambiente e da Cultura de Paz.
rais. É também um desafio de comunicação,
De seis a dez de março de 2006, pessoas fí-
um espaço para gerar encontros, um grande
sicas e representantes de instituições públi-
laboratório de transformação, trabalhando de
cas e privadas, nacionais e internacionais,
forma participativa. E deve tornar-se um centro
com participação de decano e educadores da
de conhecimentos, um espaço para a dissemi-
U-Paz, a Universidad para la Paz, criada por
nação de conhecimentos, debates e produção
mandato das Nações Unidas, reuniram-se na
de materiais, e venha a ter influência política.“26
sede do projeto UMAPAZ, à Avenida IV Cen-
Os participantes da Oficina27, observando o início da tenário, 1268, no Parque do Ibirapuera, São
implementação do projeto UMAPAZ, expressaram Paulo, Brasil, para fazer o planejamento das
preocupação especial em relação a sua instituciona- primeiras ações estruturais, em parceria, do
lização e atuação em rede, pelo que formularam uma projeto em epígrafe.
pela Paz, Rede Gandhi, Secretaria Geral da Presidência Em meados de 2005, nasceu a proposta da Uni-
da República, UNESCO – escritório São Paulo, UNIPAZ. versidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultu-
26 | Relatório do Planejamento UMAPAZ – U-PEACE, ra de Paz, originária da Secretaria Municipal do
SVMA, março de 2006. Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, uma
27 | Adelina Renno; Adriana Friedmann; Affonso Celso A. iniciativa pioneira ao integrar cultura de paz e
P. Lima;. Ambar de Barros;. André Spinola e Castro; An-
tonio Carlos Ribeiro Fester; Aureliano Biancarelli;Beatriz
desenvolvimento sustentável. Desde então, a
Silva Cruz; Carlos Magno de Moura; Carmem Silvia Cava- reflexão e a proposição da sua missão, valores
lieri; Celia Cristina Whitaker; Célia Cymbalista; Cyra Mal- e objetivos vêm sendo realizadas em rede com
ta; Darci Rocha Munin; Dulce Regina B. de Campos; Elia- instituições comprometidas com um novo pa-
na S.Rizzini; Estela Gomes; Eveline Lima Verde; Felipe
Cunha Barreto; Fernando José de Almeida; Flavia Maria drão de convivência sócio-ambiental ética, res-
Soares; Flavio Boleiz Jr.;Glacilda S. Correa Pedroso; Jair ponsável, cooperativa, pacífica e de proteção da
Cordeiro Grava;.Jason F. Mafra;.Jerusha Chang;.Jonas vida, alicerçado nas iniciativas da ONU para a
Melman;.Jorge Vieira Barros;Juliana de Oliveira Lei-
Década Internacional de Cultura de Paz e Não-
te; Júlio Cesar Rosa; Julio Cesar Silva Filho; Karla R.C.
Mello;Laura Ceneviva; Leda Aschermann; Magda Marly Violência(2001 a 2010),Década Internacional de
Fernandes; Manoel J.P.Simão;Marcos Biancardi; Marga- Educação para o Desenvolvimento Sustentável
rete Louzanos; Maria A. C. Brant; Maria Alice Machado; (2005 à 2014), na CARTA DA TERRA: Valores
Maria Amélia C. F. Fernandes; Maria Augusta Antunes;
Maricy E. Montenegro; Marilu Martinelli; Marisa Dab-
e Princípios para um Futuro Sustentável (www.
bur; Oscar A. B. de Barros Bressane; Patricia Limaverde cartadelatierra.org) e Agenda 21.
Nascimento; Paullo Santos; Regina Luisa F. de Barros;
Ricardo Ghelman; Rita de Cassia Garcia; Rodrigo Macha-
Os signatários compartilham a percepção de
do; Rose Marie Inojosa; Rubens Casado; Rute Cremonini que o atual padrão de relacionamento entre os
Zarconi; Sergio Bilotta; Sergio Talocchi; Sonia Regina R.
de Carvalho; Terezinha de J. Reis; Thiago Donnini; Ute 28 | O original da Carta, assinado pelos participantes, foi
Craemer; Valerio Igor P. Victorino; Vania Lucia de Souza encaminhado ao Secretário do Verde e Meio Ambiente e
Olívia; Vânia Nely Ventura; Vera Lucia Rolim Salles; Vi- sua reprodução inserida no Relatório da Oficina, disponí-
viane Amaral; Yoshiko Marui. vel na Biblioteca da UMAPAZ.
18
19. seres humanos e os demais seres vivos, bem Tendo aberto a programação de 2006 com o Ciclo
como o consumo insustentável dos recur- de Palestras, já citado, iniciou, em abril de 2006, a
sos naturais do planeta, fomentam conflitos primeira turma do curso Educação Gaia, com 101
sócio-ambientais, esgotando os recursos na- alunos selecionados, em parceria com o GEESE, o
turais, o que por sua vez alimenta a violência Programa Permanente Ecobairro, do Instituto Ro-
e a destruição. Na cidade de São Paulo, esse erich da Paz e Cultura do Brasil, e o grupo Ecovila
diagnóstico é amparado por indicadores que São Paulo29:
revelam, por exemplo, que a qualidade do ar
“A Educação Gaia é um projeto educacional ela-
que respiramos nos retira um ano e meio da
borado por um grupo internacional de educado-
expectativa de vida, que a disponibilidade de
res com larga experiência em desenvolvimento
água potável está se reduzindo perigosamen-
e gestão de Ecovilas. A união de suas práticas
te e que é inaceitável o índice de mortes vio-
resultou na elaboração de um projeto curricu-
lentas na população.
lar educacional que pretende atender e apontar
Os signatários propõem, a partir desse diag- soluções para as diversas comunidades, rurais
nóstico, realizar atividades culturais e de e urbanas, visando a construção conjunta de
educação sócio-ambiental, produção e disse- um futuro sustentável para o planeta. A Educa-
minação de conhecimentos, em cooperação ção Gaia não é uma educação tradicional, an-
e de forma transdisciplinar, com o objetivo tes, constitui uma nova forma de educação que
de sensibilizar, conscientizar e capacitar ci- se pretende universal, uma educação especifi-
dadãos para a convivência sócio-ambiental camente designada para detectar e encontrar
ética, responsável, cooperativa, pacífica e de os desafios e as oportunidades pertinentes ao
reverência à vida. século XXI. O objetivo maior dessa educação é
Com o propósito de expressar a sua disposi- propiciar as condições e o poder necessário aos
ção e empenho em cooperar para que a UMA- indivíduos e comunidades para que estes, em
PAZ seja a Casa das Ações Unidas, espaço de se apropriando de conhecimentos, experiências
realização de iniciativas em parceria, onde e práticas, adquiram meios para modificar e
cada um ofereça e articule a contribuição de edificar a sua própria realidade.”30
seus saberes e experiências, assinam esta O curso, organizado em 4 módulos - Visão de Mundo,
carta aos cidadãos paulistanos, dirigentes Módulo Econômico, Módulo Social e Módulo Ecoló-
municipais e representantes eleitos dessa po- gico – recebeu no nome de Educação Gaia São Paulo
pulação, para que conheçam essas intenções e foi, também, a primeira das turmas do programa
de cidadania e apóiem a iniciativa, participan- realizado, pelo Gaia Education, em outros países31
do da sua viabilização de forma permanente
dentro de uma política sustentável. 29 | Depois substituído pelo CRIS – Centro de Referência
São Paulo, 10 de março de 2006, e Integração em Sustentabilidade.
30 | Termo de Referência do Curso de Educação Gaia,
verão.”
2006.
31 | No mesmo ano de 2006 foram realizadas turmas
4. A implementação do projeto do Gaia Education nos seguintes locais e países: Insti-
tuto Tonantzin, México, de 19 de junho a 14 de julho,
No período de 2006 a 2008, a UMAPAZ prosseguiu em Keimblatt Oekodorf, na Áustria, de 16 de julho a 6
dee agosto; em Crystal Waters, na Austrália, de 31 de
como um espaço de realização de iniciativas em
julho a 26 de agosto; em Sieben Linden, na Alemanha,
parcerias internas e com instituições do campo de de 19 de agosto a 17 de setembro; no Kibbutz Lotan,
conhecimento. em Israel, de 6 de setembro a 14 de novembro; em Ta-
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 19
20. Em São Paulo, seriam realizadas, na UMAPAZ, mais Ambiental do Parque do Ibirapuera34, uma trilha desti-
4 turmas do Curso, alcançando mais de 500 pesso- nada a acolher e sensibilizar grupos de escolares, que
as. Foi crescente o interesse, expresso no número de gradualmente se expandiu para outros públicos, de
inscritos a cada nova turma. jovens, adultos e grupos específicos de pessoas com
necessidades especiais; o Programa de Danças Circu-
Em maio de 2006, iniciou-se uma parceria, que
lares35, que, além de reunir semanalmente na sede da
também se estenderia até 2012, com a rede Alian-
UMAPAZ, viria a expandir-se para outros parques da
ça pela Infância32. Considerando a importância de
cidade, o que também ocorreu com o programa de Tai-
atrair educadores para a reflexão sobre as ques-
Chi36. Além de cursos como Água: Recurso Estratégico
tões socioambientais e de cultura de paz, a rede
para a Vida37.
Aliança pela Infância iniciou um programa de fó-
runs mensais, com palestras e atividades dedica- Em 2007, os Cursos e Programas começaram a se
das aos educadores. fortalecer38 e também foram iniciados os programas
intersetoriais.
Ainda em 2006, ocorreu, na sede da UMAPAZ, a
Exposição Corpo D´Água, que ocupou um espaço Por meio de um contrato com a FUNDAP – Funda-
de 500m2. Fruto de parceria da Prefeitura com uma ção do Desenvolvimento Administrativo, fundação
pessoa física33, contou, a partir da arte, da ciência, pública do Estado de São Paulo, a UMAPAZ ofere-
da educação e da cultura, as diferentes dimensões ceu um curso à distância, com oito módulos, sobre
e significados da água na vida dos indivíduos e das conflitos socioambientais para servidores públicos
sociedades. Com salas interativas e maquetes, a ex- de várias Secretarias e órgãos municipais, traba-
posição, que ocupou durante seis meses, uma ala lhando questões relativas à água, ao ar, ao verde
inteira do prédio, trouxe à UMAPAZ, mais de 18 mil e biodiversidade, ao uso do solo e convivência. Al-
pessoas, centenas de grupos de escolares das redes cançou 1.700 pessoas, dentre elas dezenas de edu-
pública e privada de ensino. cadores da rede municipal39.
Concomitantemente, a equipe técnica da UMAPAZ, Nesse mesmo ano, a UMAPAZ sediou o Programa
valendo-se da sua experiência anterior e das orienta- Ambientes Verdes e Saudáveis – o PAVS40. Esse
ções do próprio projeto, formulou e deu início à imple- Programa, que alcançou, nessa fase inicial, mais de
mentação de programas contínuos, como o Aventura cinco mil agentes comunitários de saúde e agentes
mera, Portugal, de 24 de setembro a 22 de outubro e em 34 | Coordenada por Angélica Berenice de Almeida e
Findhorn Foundation, na Escócia, de 7 de outubro a 4 Thereza Christina Rosa.
de novembro. No Brasil, nos anos seguintes, ocorreriam 35 | Coordenado por Estela Maria Guidi Pereira Gomes.
turmas em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Minas
36 | Coordenado por Jerusha Chang.
Gerais e Curitiba. E, em 2011, com o apoio da UMAPAZ,
o Gaia Brasilândia. 37 | Coordenado por Eliana S. Rizzini e Vitor O. Lucato.
32 | Inspirado pela Ute Craemer e organizado pela Gio- 38 | É preciso registrar a rica presença dos estagiários
vana Barbosa de Souza, até 2011, e por Ricardo Sequei- desde essa primeira fase. Presença crescente e que
ra, em 2012, mobilizando palestrantes e focalizadores possibilitou, no processo de ensino/aprendizagem dos
voluntários. mesmos, que emergissem idéias que, na interação com
a equipe, resultaram em inovações e aperfeiçoamento
33 | Elizabeth L. Bez Chleba, que articulou outros apoios
dos programas e procedimentos.
privados necessários a realização. A curadoria foi de
Vasco Calderia, arquiteto; a coordenação de conteúdo 39 | Um grupo de participantes produziu o Dicionário da
de Gustavo Mattos Accácio, biólogo; a coordenação pe- Paz, que seria lançado em forma de publicação de bolso
dagógica de Marília Xavier Cury, museóloga; o gerencia- em janeiro de 2008 e que já teve várias edições.
mento do projeto e assessoria jurídica de Suzana Gon- 40 | Realizado com a coordenação do sanitarista Hélio
çalves Lobo e a assistência de curadoria e coordenação Neves, então Chefe de Gabinete da SVMA, e um grupo de
artística de Flávia D´Amico. parceiros institucionais.
20
21. de promoção social, tem o objetivo de qualificar os Na coordenação da UMAPAZ foi instalada, desde
agentes para observar os nexos entre causas e con- 2006, uma secretaria escolar43, que expandiu pro-
sequencias ambientais para a saúde individual e co- gressivamente seu trabalho para garantir infra-
letiva e agregar orientações para as famílias. Mais estrutura para os cursos e programas44, realizar
tarde, o PAVS foi incorporado à Estratégia de Saú- os registros dos cursos, alunos e professores e, a
de da Família da Secretaria Municipal de Saúde e, partir de 2007, os contratos dos palestrantes e ofi-
desde então, prossegue um trabalho conjunto com cineiros credenciados45.
a UMAPAZ, no reforço da capacitação e inclusão das
A possibilidade de contratar horas/aula de pales-
novas equipes41.
trantes e oficineiros constituiu importante diferen-
Em 2008, aumentou a oferta de cursos e, além da cial para a ampliação e diversificação progressiva
continuidade do trabalho com os profissionais de da programação46.
saúde, foi iniciado o Programa de Difusão da Carta
Em maio de 2008, compondo com o acervo vindo da
da Terra na rede municipal de educação, com 40 tur-
sede da Secretaria e aquele acumulado pela própria
mas descentralizadas, formadas com coordenadores
UMAPAZ, foi aberto o Espaço Sapucaia47, biblioteca
pedagógicos, diretores e professores de escolas da
especializada em meio ambiente e cultura de paz,
rede, nas 13 Diretorias Regionais de Saúde. Esse
para uso dos alunos e professores, mas também
Programa foi fruto de uma parceria estabelecida
aberto ao público48.
entre as Secretarias Municipais de Educação e do
Verde e Meio Ambiente, com a interveniência e apoio Em 2008, o projeto UMAPAZ recebeu o Prêmio São
da Iniciativa Internacional da Carta da Terra (Earth Paulo Cidade Inovação em Gestão Pública. Esse prê-
Charter Initiative), com sede na Costa Rica42. mio, iniciativa da Secretaria Municipal de Gestão,
por meio da Coordenadoria de Gestão de Pessoas e
Nos primeiros três anos (2006 a 2008) a UMAPAZ
recebeu, em sua sede, cerca de vinte mil pessoas/ 43 | A organização inicial foi feita por Débora Pontalti
ano. Nesse período conviveram, paralelamente, o Marcondes e, na fase subseqüente, assumida por Rodri-
projeto UMAPAZ, a Divisão de Educação Ambiental go Matos de Aquino.
no Departamento de Planejamento e quatro Núcle- 44 | Parte importante da infra-estrutura é o apoio áudio-
visual, para o que a UMAPAZ contou, desde o início com
os descentralizados, nas regiões Norte, Sul, Leste a equipe de Audio Visual da Secretaria, comandada por
e Centro-Oeste, com a atribuição de realizarem lo- Anderson Alonso e, depois, por Airan Silva Figueiredo.
calmente atividades de fiscalização, arborização e Além do apoio áudio-visual, o apoio operacional de Da-
educação ambiental. Os parques, vinculados à co- niel de Oliveira e da equipe da própria SVMA já citada.
ordenação de Áreas Verdes, se multiplicavam na 45 | Com a operacionalização dos contratos inicialmente
realizada por Alice K. Neme e que, no período subse-
cidade e, em parte deles, também eram oferecidas qüente, seria reforçada por José Maestro de Queiroz e
atividades de educação ambiental, como trilhas e Gilberto José Monteiro.
pequenos cursos. 46 | Isso foi viabilizado com a colaboração de Thiago Do-
nini, assessor jurídico da Secretaria, que elaborou o Edi-
41 | A relação da UMAPAZ com o PAVS contempla o nú- tal para o credenciamento de palestrantes e oficineiros,
cleo gestor na Secretaria Municipal de Saúde e, nos ter- com as normas para sua contratação.
ritórios, as organizações parceiras do PSF – Programa 47 | O nome foi escolhido olhando para o fruto da Sapu-
de Saúde da Família. caia, espécie nativa da qual há exemplares no Parque,
42 | O protocolo de intenções foi firmado em Seminário que parece um cofre cheio de sementes.
promovido na Amana Key, com a articulação de Mirian 48 | A biblioteca foi aberta com as bibliotecárias Eveline
Vilela, dirigente da Iniciativa Internacional., e Oscar Mo- Brasileiro Leal e Dulce Regina Bernardo Campos e apoio
tomura, com o Prefeito Gilberto Kassab e os Secretários de Madalena S.Rosa . Conta, atualmente, também com a
Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, do Verde e Meio bibliotecária Mayara Parolo Colombo Reibaldi e o apoio
Ambiente, e Alexandre Schneider, da Educação. de Patrícia Carla Hilário.
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 21
22. da Escola de Formação do Servidor Público Munici- destinada a adequá-la ao novo volume de trabalho e
pal “Álvaro Liberato Alonso Guerra”, tem o objetivo incorporar inovações necessárias para fazer face ao
de reconhecer as melhores práticas de gestão pú- cenário de mudanças climáticas e seus impactos na
blica no âmbito municipal, que resultam em melhor cidade. A reestruturação, porém, precisava passar
serviço ao cidadão49. O prêmio teve um efeito muito pelo crivo do próprio Executivo Municipal e, depois,
benéfico na equipe, pois a fortaleceu em um momen- ser aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo
to de transição. para tornar-se Lei. E esse processo estendeu-se até
2008, um ano eleitoral.
O fato de operar como projeto, assim como outras
iniciativas inovadoras da Secretaria Municipal do Se havia algum risco em manter-se a UMAPAZ como
Verde e Meio Ambiente, que ainda não contavam projeto, por outro lado, é preciso reconhecer que
com respaldo na estrutura organizacional, represen- essa forma com que se manteve durante três anos,
tava, no entanto, risco à sua sustentabilidade ins- ajudou a moldar seu evolver.
titucional na estrutura de governo do município. A
“A vida cria suas próprias formas. O rio molda
característica dos projetos é serem empreendimen-
seu próprio leito. O próprio desenvolvimento
tos temporários, com objetivos específicos e que
vivo mostrará quais formas são necessárias.”
podem ou não resultar em ações e programas que
(Bos, 1994:24).
se insiram, de forma estável, nas políticas públicas.
Sua vantagem é nascerem mais livres das clausuras Com o Prefeito reeleito51 e a reforma aprovada pela
das estruturas burocráticas piramidais e poderem Câmara Municipal de São Paulo, foi promulgada a
experimentar novos caminhos, propostas, parcerias. Lei de reestruturação da Secretaria, que transfor-
Nesse sentido, foi uma estratégia ousada a de testar mou a UMAPAZ em um de seus Departamentos, com
possibilidades como projetos antes de buscar a sua as respectivas relações institucionais e recursos.
institucionalização na estrutura formal50. Se utilizarmos o quadro de referência proposto
O projeto UMAPAZ, desde sua formulação, almeja- por Schaefer (2005), que identifica quatro fases
va, explicitamente, inserir seus objetivos e modo de das organizações: Pioneira, da Diferenciação, da
atuação na política pública municipal de educação Integração e Associativa, o período de 2005 a
ambiental, reconhecendo, desde o início, que traba- 2008 pode ser classificado como a Fase Pioneira
lhava com o propósito de transformação de estilos da UMAPAZ.
e hábitos de vida e de convivência pela educação, o Para o autor, a Fase Pioneira se caracteriza por or-
que exige permanência e persistência. ganizar-se a partir de indivíduos, sem rotinas; com
Nesse tempo, também estava sendo formulada e foco em servir ao público; orientada por uma visão;
amadurecida, na Secretaria do Verde e Meio Ambien- trabalhando com improvisação, intuição, entusias-
te, uma proposta de ampla reforma administrativa, mo e criatividade e com relações diretas, intensas
e afetivas.
49 | Na edição de 2008, concorreram 73 projetos.
A Fase Pioneira, como ensina Schaefer (2005) é um
50 | Essa é uma prática do gestor público Eduardo Jor-
ge Martins Alves Sobrinho, experimentada quando como parto coletivo, centrado numa idéia-força, que pode
Secretario Municipal de Saúde (2001-2002), criou, infor- ter leituras diferentes, mas que se apresenta com um
malmente, as regionais de saúde e começou a expandir núcleo comum. Embora as pessoas diretamente en-
o programa Saúde da Família, e, como Secretário Mu-
nicipal do Verde e Meio Ambiente (2005-2012), descen-
volvidas possam ter muitas diferenças e divergências,
tralizou a Secretaria e instalou um diálogo intenso com elas são contidas pelo esforço e entusiasmo coletivo
outras áreas do governo municipal para dar conta dos de trazer para a realidade uma idéia compartilhada.
reptos colocados pelo cenário de mudanças climáticas e
seus impactos na cidade de São Paulo. 51 | Gilberto Kassab, que sucedeu o Prefeito José Serra.
22
23. 5. Institucionalização Descentralizada, relacionam-se, pela lógica da matriz,
com os departamentos de Áreas Verdes (DEPAVE)54;
A Lei 14.887, de janeiro de 2009, promoveu uma am- Controle e Fiscalização (DECONT), Educação Ambien-
pla reestruturação da Secretaria Municipal do Ver- tal (DEA-UMAPAZ) e Apoio a Políticas Públicas (DPP).
de e Meio Ambiente, buscando adequá-la às novas
Inovações importantes também foram instaladas pela
realidades, quer de seus programas e orçamento,
Lei de reestruturação no que diz respeito ao controle
que vinham crescendo exponencialmente, quer dos
social: o fortalecimento do CADES – Conselho Munici-
desafios apresentados à cidade pela necessidade
pal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
instância deliberativa, e a criação dos CADES regionais,
Toda essa movimentação administrativa teve signi-
Conselhos de Desenvolvimento Sustentável, Meio Am-
ficados importantes para a política de educação am-
biente e Cultura de Paz, um em cada Subprefeitura, de
biental e cultura de paz no município.
caráter consultivo, compostos, paritariamente, por re-
A reestruturação explicitou uma lógica inovadora, presentantes do poder público e da população.
matricial e em rede52 para a realização da política
Teoricamente, não há, em estruturas matriciais, su-
municipal para a questão ambiental, indicando a
bordinação entre as instâncias central e local. Elas
relevância das relações intersetoriais, quer com ou-
trazem a necessidade de diálogo e de projetos inte-
tros órgãos e instituições da estrutura municipal que
grados, orientados pelas respectivas atribuições. Essa,
com atores externos. Nessa dimensão, a reestrutu-
no entanto, não é a prática corrente na organização
ração dialoga com a Lei municipal que institui a po-
da Prefeitura, bastante hierarquizada e segmentada.
lítica de mitigação e adaptação a mudanças climáti-
É preciso considerar que quem realiza as propostas –
cas em São Paulo53, primeira do gênero a ser editada
inclusive as determinações legais – são as pessoas e,
no país e para cuja efetivação a Secretaria tem sido
se elas ainda não estiverem convencidas e preparadas
importante ator-fomentador de transformações na
para isso, tendem a se instalar pontos de resistência,
administração municipal.
quer por incompreensão, quer por discordância. Assim,
A Lei de reestruturação horizontalizou a Secretaria, não foi imediata a incorporação de mudanças que afe-
organizando-a em sete Departamentos: Gestão Des- tam modos tradicionais de relacionamento e as indica-
centralizada; Planejamento; Áreas Verdes; Controle e ções são que formato matricial ainda está em fase de
Fiscalização; Educação Ambiental/UMAPAZ; Apoio a absorção pelos integrantes da SVMA.
Políticas Públicas e Administração e Finanças e ins-
Vale lembrar que essa grande mudança ocorreu num
tituindo, com base regional, dez divisões de gestão
ambiente em que, além da expansão dos serviços
descentralizada, sendo duas na região Norte; duas na
prestados diretamente à população, houve uma am-
Centro-Oeste; três na Leste e três na Sul. Cada divi-
pliação progressiva do protagonismo da Secretaria
são descentralizada atua no território de três subpre-
no cenário da gestão socioambiental, coordenando ou
feituras, com atividades de controle e fiscalização, de
participando de iniciativas e foruns municipais, nacio-
arborização e biodiversidade e de educação ambiental,
nais e internacionais, como o Comitê Municipal de Mu-
além de participar dos conselhos regionais. As dez di-
danças Climáticas, a ANAMA55, o C4056, entre outros.
visões, coordenadas pelo Departamento de Gestão
52 | Inovadora do ponto de vista da Administração Mu- 54 | Pode ter sido uma contradição manter os parques sob
nicipal e da antiga estrutura da Secretaria, cujo modelo gestão direta do DEPAVE, já que eles estão nas regiões
prevalente é o piramidal, com o poder bastante cen- coordenadas pelas Divisões de Gestão Descentralizada.
tralizado no topo, planejamento também centralizado, 55 | Associação Nacional dos Secretários Municipais de
e vários escalões intermediários até chegar a base da Meio Ambiente.
pirâmide, onde o serviço encontra o cidadão. 56 | C 40: associação das maiores cidades do mundo, que
53 | Lei 14.933, de 5 de junho de 2009. se reunem periodicamente para compartilhar as solu-
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 23
24. Note-se, ainda, que a Lei também reforçou, explici- civil; desenvolver programas de capacitação
tamente, o trabalho intersetorial e em rede, visão de servidores e estagiários da Secretaria nas
que esteve presente desde a concepção da UMAPAZ, temáticas ambientais;elaborar e divulgar ações
tanto com o fortalecimento dos conselhos como na pertinentes à preservação ambiental; planejar e
explicitação das atribuições da estrutura, como, por executar atividades científicas, culturais e edu-
exemplo a de “apoiar as ações de educação ambien- cacionais no campo da educação ambiental;
tal promovida por outras instâncias de governo e da manter serviços de arquivo, documentação e
sociedade civil”. instrumentação científica na área de educação
ambiental, promovendo intercâmbio com en-
Essa visão inovadora é necessária para viabilizar o
tidades congêneres;atuar como apoio técnico
atendimento de uma cidade de mais de onze milhões
em programas de educação ambiental a cargo
de pessoas, com peculiaridades regionais e locais
da Secretaria Municipal de Educação e demais
importantes, quer seja em traços culturais da popu-
instituições públicas ou privadas, em todos os
lação, origens étnicas e valores, nas condições so-
níveis de educação, mediante acordos formais
cioeconômicas e também nas condições ambientais.
de cooperação; ministrar cursos de jardina-
Apesar de programas e projetos serem desenhados
gem destinados à população, incentivando-a
para toda a população paulistana, sua implementa-
a participar da melhoria da qualidade do meio
ção requer leituras que façam a adequação às pecu-
ambiente;planejar e executar atividades cien-
liaridades locais.
tíficas, culturais e educacionais no campo da
Do ponto de vista interno, a reestruturação da Se- astronomia e ciências congêneres; coordenar o
cretaria transformou o projeto UMAPAZ no Departa- funcionamento dos Planetários, da Escola Mu-
mento de Educação Ambiental, constituído de quatro nicipal de Jardinagem, da Universidade Aberta
Divisões. A Divisão de Formação, herdeira da história do Meio Ambiente e Cultura de Paz e da Escola
e da equipe do projeto original; a Divisão Escola Muni- Municipal de Astrofísica; desenvolver, por meio
cipal de Jardinagem, com sua experiência de mais de da Universidade Aberta do Meio Ambiente e
três décadas; a Divisão de Astronomia e Astrofísica, Cultura de Paz, programa de formação aberta,
que coordena os Planetários do Ibirapuera, do Carmo ampla e permanente para cidadãos de dife-
e a Escola Municipal de Astronomia; e a Divisão de rentes faixas ambientais e a cultura de paz e
Projetos Especiais constituída pela equipe da Divisão não violência, disseminando conhecimentos e
de Educação Ambiental antes alocada no Planeja- tecnologias de mediação de conflitos; adquirir,
mento. Então, além de inserir a UMAPAZ na estrutura selecionar, organizar e divulgar toda documen-
organizacional formal, a Lei colocou sob sua coorde- tação técnica que compõe o acervo, nas suas
nação equipamentos antes independentes ou disper- diferentes formas de apresentação, com vistas
sos e que tinham uma história própria. a oferecer ao usuário subsídios para estudos
O Departamento (DEA/UMAPAZ) passou a ser res- e pesquisas; organizar educação ambiental e
ponsável, entre outras atribuições, por : cultura de paz nos parques, diretamente ou por
meio de parcerias.” 57
“coordenar e executar programas e ações edu-
cativas para promover a participação da socie- Se, por um lado, a Lei expressou o fortalecimento
dade na melhoria da qualidade ambiental; apoiar da UMAPAZ, por outro lado, reforçou contradições,
as ações de educação ambiental promovida por aglutinando equipes e tradições diferentes e, por
outras instâncias de governo e da sociedade
57 | Artigo 19 da Lei 14.887, de 15 de janeiro de 2009, pu-
ções e propostas para problemas comuns e cujo último blicada no Diário Oficial do Município do dia 16 de janeiro
encontro, em 2011, foi em São Paulo. de 2009, págs. 01 a 19.
24
25. vezes, conflitantes, cujos efeitos se explicitaram no e Carmo (em reforma) e a Escola Municipal de Astro-
tempo. O recém criado departamento acolheu, ao física, onde ofereceu novos cursos e programas para
mesmo tempo, um pólo de educação ambiental que educadores, estudantes e público em geral, como o
dedica especial atenção à questão da convivência, intitulado Família do Universo. É preciso registrar a
com a incorporação da cultura de paz, até então es- expressiva dificuldade na gestão dos Planetários pela
tranha ao ambiente da Secretaria e equipes com di- administração direta62.Embora conte com professores
ferente lógica de funcionamento. de alta especialização, a complexidade dos Planetários
de São Paulo impõe a necessidade de uma outra figura
A equipe do projeto UMAPAZ ficou, majoritaria- institucional63. Contudo, é igualmente importante re-
mente, na Divisão de Formação58, que foi se for- gistrar a capacidade de impacto que uma simples ses-
talecendo no tempo com outros integrantes, ser- são de planetário no público, em relação a percepção
vidores públicos que se propuseram a vir reforçar de sua identidade terrena e pertencimento ao sistema
esse trabalho, quer pela compatibilidade entre vivo do nosso conhecido universo e do desconhecido
os propósitos da organização com seus próprios e hipotético multiverso. Além das sessões abertas ao
propósitos, quer motivados, eles próprios, para publico em geral, a UMAPAZ instalou uma prática de
trazer inovações e questionamentos que foram inserir sessões nos cursos, como é o caso do curso Car-
enriquecendo o grupo. ta da Terra em Ação e Educação Gaia, onde se começa
a refletir sobre identidade e pertencimento a partir de
A Escola Municipal de Jardinagem59 manteve, com a uma sessão do planetário do Ibirapuera.
equipe própria, seus cursos tradicionais, que são muito
procurados; o Programa Crer-Ser, que focaliza jovens, A chamada diferenciação funcional (SCHAEFER,
iniciou o Curso Plantas Medicinais e acolheu, com pro- 2005) traz riscos e impõe a necessidade de trabalhar
nesse novo contexto sem fragilizar a criatividade e o
fessores contratados, um importante processo de des-
comprometimento das pessoas com o projeto. Se a
centralização e a capacitação de zeladores de praças.
metáfora da Fase Pioneira é a família, a metáfora da
A Divisão de Projetos Especiais60 manteve o progra- Fase de Diferenciação é o mecanismo.
ma A3P – Agenda Ambiental na Administração Pú-
Apesar disso, por ter sido concebida por uma rede de
blica, que não logrou a expansão desejada para toda pessoas e de instituições, cujos integrantes continua-
a estrutura municipal, embora tenha conseguido ram a participar da implementação do projeto, a Fase
apoiar alguns casos exemplares; o programa Trilhas de Diferenciação, tipificada pela transformação insti-
Urbanas, restrito a alguns parques, e incorporou tucional, também tem características das Fases In-
parte do trabalho de avaliação e o acompanhamento tegrativa e Associativa. A rede, composta por atores
de projetos conveniados com recursos FEMA.
A Divisão de Astronomia e Astrofísica61 continuou res- 62 | Quando o Departamento de Educação Ambiental –
UMAPAZ foi criado o Planetário do Carmo estava fecha-
ponsável por administrar os Planetários do Ibirapuera do. Sua edificação, inaugurada em 2005, logo apresentou
grave problema estrutural. Superado esse problema com
58 | Dirigida por Glacilda Pinheiro Correa Pedroso, pe-
custosa reforma, apresentou-se a necessidade de revi-
dagoga, até novembro de 2011 e, em seguida, por Ieda
são e restauro do planetário propriamente dito, isto é, do
Varejão, pedagoga.
complexo equipamento, impondo a importação de peças e
59 | Dirigida por Cristina Pereira Araújo, arquiteta, dou- tratamento técnico especializado para seu restauro. O Pla-
tora em Planejamento Urbano e Regional pela FAU/USP. netário do Carmo foi reaberto em 28 de setembro de 2012.
60 | Dirigida por Thais Prado Horta até julho de 2012 e, 63 | Como o modelo de fundação, por exemplo, ou seu
atualmente, por Sonia Jabour. deslocamento para uma universidade, com maior agi-
61 | Dirigido por André Luiz da Silva, até dezembro de lidade e capacidade tanto para a manutenção e a atu-
2010 e João Paulo Delicato, físico e astrônomo, a partir alização dos equipamentos como para contratação de
de janeiro de 2011. pessoal especializado.
Aprendizagem socioambiental em livre percurso | A experiência da UMAPAZ 25