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O que são gêneros?
A palavra gêneros sempre foi bastante utilizada
          pela teoria literária com um sentido
especificamente literário, identificando os gêneros
literários clássicos — o lírico, o épico, o dramático
   — e os gêneros modernos, como o romance, a
             novela, o conto, o drama, etc.
    Mikhail Bakhtin — pesquisador russo que, no
  início do século XX, dedicou-se aos estudos da
     linguagem e da literatura — foi o primeiro a
    empregar a palavra gêneros com um sentido
   mais amplo, referindo-se também às diferentes
    modalidades de texto que empregamos nas
        situações cotidianas de comunicação.
Qual a diferença entre gêneros primários e gêneros
                     secundários?
Bakhtin divide os gêneros do discurso em dois grandes
  grupos: gêneros primários e gêneros secundários.

  Primários: espontâneos, produzidos nas situações
corriqueiras de comunicação. Predomínio da oralidade.

Secundários: mais presos a certas situações discursivas
     formais, em que se exige uma ação discursiva
 específica, como fazer um requerimento, enviar uma
carta, um abaixo-assinado, produzir um conto de fadas,
    dar um seminário, participar de um debate, etc.
                Predomínio da escrita.
Segundo Bakhtin, todos os textos que
 produzimos, orais ou escritos, apresentam
        um conjunto de características
  relativamente estáveis, tenhamos ou não
   consciência delas. Essas características
configuram diferentes gêneros textuais, que
podem ser caracterizados por três aspectos
básicos coexistentes: o assunto, a estrutura
   e o estilo (procedimentos recorrentes de
                   linguagem).
A escolha do gênero não é completamente espontânea, pois
leva em conta um conjunto de parâmetros essenciais, como
  quem está falando, para quem está falando, qual é a sua
    finalidade e qual é o assunto do texto. Por exemplo, ao
desejarmos contar como ocorreu um conjunto de fatos, reais
      ou fictícios, fazemos uso de gêneros narrativos; para
   instruirmos alguém sobre como fazer alguma coisa (por
 exemplo, fazer um bolo, montar uma mesa, jogar certo tipo
 de jogo, etc.), fazemos uso de gêneros instrucionais; para
      convencer alguém de nossas ideias, fazemos uso de
           gêneros argumentativos; e assim por diante.
As diferentes linhas de pesquisa linguística
de orientação bakhtiniana têm demonstrado
 que a atuação dos professores de língua
  portuguesa nos ensinos fundamental e
 médio, quando feita pela perspectiva dos
   gêneros, não só amplia, diversifica e
  enriquece a capacidade dos alunos de
    produzir textos orais e escritos, mas
   também aprimora sua capacidade de
    recepção, isto é, de leitura/audição,
 compreensão e interpretação dos textos.
O ensino de produção de texto, feito por
essa perspectiva, não despreza os tipos de
   texto tradicionalmente trabalhados em
cursos de redação - a narração, a descrição
 e a dissertação. Ao contrário, incorpora-os
numa perspectiva mais ampla, de variedade
   de gêneros. Por exemplo: quais são os
   gêneros narrativos? Em que gêneros a
  descrição - tratada aqui como recurso - é
                   utilizada?

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Slides

  • 1. O que são gêneros?
  • 2. A palavra gêneros sempre foi bastante utilizada pela teoria literária com um sentido especificamente literário, identificando os gêneros literários clássicos — o lírico, o épico, o dramático — e os gêneros modernos, como o romance, a novela, o conto, o drama, etc. Mikhail Bakhtin — pesquisador russo que, no início do século XX, dedicou-se aos estudos da linguagem e da literatura — foi o primeiro a empregar a palavra gêneros com um sentido mais amplo, referindo-se também às diferentes modalidades de texto que empregamos nas situações cotidianas de comunicação.
  • 3. Qual a diferença entre gêneros primários e gêneros secundários? Bakhtin divide os gêneros do discurso em dois grandes grupos: gêneros primários e gêneros secundários. Primários: espontâneos, produzidos nas situações corriqueiras de comunicação. Predomínio da oralidade. Secundários: mais presos a certas situações discursivas formais, em que se exige uma ação discursiva específica, como fazer um requerimento, enviar uma carta, um abaixo-assinado, produzir um conto de fadas, dar um seminário, participar de um debate, etc. Predomínio da escrita.
  • 4. Segundo Bakhtin, todos os textos que produzimos, orais ou escritos, apresentam um conjunto de características relativamente estáveis, tenhamos ou não consciência delas. Essas características configuram diferentes gêneros textuais, que podem ser caracterizados por três aspectos básicos coexistentes: o assunto, a estrutura e o estilo (procedimentos recorrentes de linguagem).
  • 5. A escolha do gênero não é completamente espontânea, pois leva em conta um conjunto de parâmetros essenciais, como quem está falando, para quem está falando, qual é a sua finalidade e qual é o assunto do texto. Por exemplo, ao desejarmos contar como ocorreu um conjunto de fatos, reais ou fictícios, fazemos uso de gêneros narrativos; para instruirmos alguém sobre como fazer alguma coisa (por exemplo, fazer um bolo, montar uma mesa, jogar certo tipo de jogo, etc.), fazemos uso de gêneros instrucionais; para convencer alguém de nossas ideias, fazemos uso de gêneros argumentativos; e assim por diante.
  • 6. As diferentes linhas de pesquisa linguística de orientação bakhtiniana têm demonstrado que a atuação dos professores de língua portuguesa nos ensinos fundamental e médio, quando feita pela perspectiva dos gêneros, não só amplia, diversifica e enriquece a capacidade dos alunos de produzir textos orais e escritos, mas também aprimora sua capacidade de recepção, isto é, de leitura/audição, compreensão e interpretação dos textos.
  • 7. O ensino de produção de texto, feito por essa perspectiva, não despreza os tipos de texto tradicionalmente trabalhados em cursos de redação - a narração, a descrição e a dissertação. Ao contrário, incorpora-os numa perspectiva mais ampla, de variedade de gêneros. Por exemplo: quais são os gêneros narrativos? Em que gêneros a descrição - tratada aqui como recurso - é utilizada?