2.
A vida moderna determina mudanças na maneira
com que experimentamos as doenças oncológicas
e suas consequências.
Da mesma forma, os cuidadores destes enfermos
também sofrem influências destas modificações.
Estes apesar da dificuldade em encontrarem
tempo para cuidar do paciente, consequência do
estilo de vida moderno, continuam a ser de
fundamental importância na oferta de qualidade
destes cuidados.
3. Em
1967, houve o surgimento do movimento
“hospice” moderno, onde preconiza-se que o
cuidado do paciente portador de doença
ameaçadoras da vida seja oferecido por uma
equipe multiprofissional e,
preferencialmente, no domicílio do
indivíduo.
4. Nesta
forma de cuidados, descrita como
hospice, não só o paciente é o foco da
assistência, mas também todos aqueles que
são diretamente envolvidos nos cuidados,
incluindo os cuidadores informais.
A
doença não atinge só o paciente, mas
também os seus familiares, que necessitam
de cuidados constantes, e este conjunto
paciente-família passa a ser denominado de
unidade de cuidados.
5. Quando
a comunicação e o processo de
negociação dos cuidados não ocorrem de
forma objetiva, clara e respeitosa, conflitos
substanciais podem ocorrer e terem
consequências devastadoras para a
assistência do paciente, assim como para a
experiência do cuidador informal.
Estes
problemas de comunicação podem ser
muito desafiadores aos profissionais, pois
envolvem habilidades de comunicação,
empatia e compaixão.
6. A
futilidade terapêutica, ou obstinação
terapêutica, é uma das consequências mais
comuns da falha de comunicação entre a
equipe e o cuidador informal.
Ela
é, também, causa comum para a
ocorrência de conflitos. Nesta situação a
família exige condutas terapêuticas com o
objetivo de obter aparente melhora na
qualidade de vida, embora este objetivo não
possa ser alcançado.
7.
Comunicação eficaz deve ser estabelecida na
intenção de evitar conflitos, assim como os
cuidados devem ser negociados com o paciente e
o seu cuidador informal.
Kovácks, em 2008, descreve que “pacientes e
familiares podem nutrir sentimentos
ambivalentes em relação à equipe de cuidados,
sendo esses manifestos, em primeiro lugar,
àqueles que estão em contato cotidiano com
eles. Entre os sentimentos mais comuns podem
existir tanto o reconhecimento pelo cuidado
quanto a raiva pelo sofrimento infligido, a culpa
pelo agravamento da doença e outros tantos. São
sentimentos possíveis quando a pessoa se vê
frente à perda, à aniquilação e ao sofrimento”
8. Uma maneira efetiva de evitar e de resolver conflitos é
a utilização de ferramentas adequadas de
comunicação.
Existem vários instrumentos que podem ser usados com
este intuito. Um destes, o protocolo PACIENTE, tem se
mostrado bastante útil na revelação de diagnósticos e
pode ser determinante na resolução de conflitos.
9.
Outro fato que deve ser considerado é o local de
cuidado do paciente.
Apesar da recomendação de que o cuidado do
paciente ocorra no domicílio, fato cada vez mais
comum, muitos profissionais ainda não se
encontram totalmente preparados para este
ambiente.
Enquanto no hospital e no ambulatório o
paciente é o elemento “estranho”, no domicílio
do paciente a equipe profissional é que é
estranha.
10. Vale
lembrar ainda que, no lar do paciente o
cuidador informal desempenha papel
primordial na realização efetiva dos cuidados
do paciente.
Sem
a colaboração deste as chances de
adequado controle da dor, e de outros
sintomas, fica muito reduzida.
Deve-se,
entretanto, sempre estimular a
participação de membros da família como
cuidadores informais
11. A
avaliação da dor, embora de difícil
execução, é de grande importância para o
adequado tratamento da dor. O uso de
escalas se faz mandatório no intuito de que a
maior exatidão possível seja alcançada.
Os
sentimentos do enfermo influenciam a
maneira com que os cuidadores informais
percebem e avaliam a presença da dor.
12. Esta
monitorização da dor se mantém de
forma continuada e tem um efeito
devastador sobre os cuidadores, pois
desencadeia a sensação da mais completa
impotência ao ver um ente querido em
sofrimento, tendo pouco a oferecer para a
solução do problema.
Contraditoriamente
há relutância no uso de
analgésicos, pois a percepção da ocorrência
dos efeitos adversos preocupa os cuidadores
informais, ao mesmo tempo em que a espera
pela melhora da dor após a administração
dos mesmos é estressante.
13. Com
o desenvolvimento científico que
ocorreu nas últimas décadas na medicina, a
experiência de morrer e adoecer tem se
modificado significativamente.
Como
consequência deste avanço, o enfoque
dos cuidados passou a ser muito mais
relacionado com o desfecho da doença,
muitas vezes se afastando do objetivo de
oferecer conforto ao enfermo.
14. Quando
a equipe está habituada a lidar com
pacientes de cuidados paliativos, e a morte é
uma constante, este sentimento de fracasso
pode se manifestar quando o conforto
adequado, objetivo dos cuidados, não é
alcançado.
Neste
caso, as consequências aos cuidadores
são exatamente as mesmas, embora recebam
denominações distintas: burnout para o
profissional e estresse e exaustão para o
cuidador informal.
15. Estes
tipos de reações emocionais
apresentam três componentes: exaustão
emocional, despersonalização e diminuição
de realização pessoal.
Entre
as manifestações somáticas estão
exaustão, fadiga, cefaleias, distúrbios
gastrintestinais, insônia e dispneia; sendo
manifestações psíquicas o humor depressivo,
a irritabilidade, a ansiedade, a rigidez, o
negativismo, o ceticismo e o desinteresse.
16. Não
há cuidado sem que comunicação eficaz
e honesta seja estabelecida.
Os
cuidadores informais exercem papel de
grande importância no tratamento da dor do
paciente.
Por
este motivo, ele deve receber a devida
atenção durante todo o processo
terapêutico, assim como devemos estar
atentos às situações de conflito e de
sobrecarga emocional e estresse que podem
resultar deste cuidado.