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BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. São Paulo:
Martins Fontes, 1992. p. 277-326.
Cíntia Martins
Objetivo do texto: É discutir os problemas encontrados nos gêneros do discurso, já
que eles foram deixados de lado no estudo da língua, preteridos pelo estudo específico dos
gêneros literários, gêneros retóricos e gêneros do discurso cotidiano.
Destaques:
I – “... o problema geral dos gêneros nunca tenha sido colocado. (...) O problema de
lingüística geral colocado pelo enunciado, e também pelos diferentes tipos de enunciados,
quase nunca foi levado em conta”. (p. 280)
Nesta parte o autor especifica o que são exatamente os gêneros do discurso,
para que possa, posteriormente, tratar dos problemas do mesmo, como é o seu
objetivo. A lingüística geral do enunciado, então, é o que será levado em conta pelos
gêneros do discurso, enquanto os outros tipos de gênero estudam a arte, a natureza
verbal do enunciado e o discurso cotidiano oral.
II – “Importa (...) a diferença essencial existente entre o gênero de discurso primário
(simples) e o gênero de discurso secundário (complexo). Os gêneros secundários do discurso
(...) aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural. (...) Os gêneros primários (...)
perdem sua relação imediata com a realidade existente”. (p.281)
III – “Nem todos os gêneros são igualmente aptos para refletir a individualidade na
língua do enunciado, ou seja, nem todos estão propícios ao estilo individual”.(p. 283)
A primeira problemática a cerca os gêneros do discurso é apresentada. O
vínculo encontrado entre as definições de estilo e de gênero é notado pelo autor, mas
não havia sido citado nos estudos anteriores dos outros autores de classificação.
IV – “O problema geral dos princípios metodológicos aplicáveis ao estudo das
correlações existentes entre léxico e a estilística do outro, baseiam-se nesse mesmo problema
do enunciado e dos gêneros do discurso”. (p. 286)
Outro problema é apresentado. Este é o mais importante e o escolhido pelo
autor para ser aprofundado no restante do texto. A metodologia deve ser considerada
nos estudos sobre gêneros do discurso. É necessário entender a natureza do
enunciado no contexto dos gêneros do discurso para que o problema da metodologia
seja solucionado. Assim, as relações entre o estilo e os gêneros, discutidas
anteriormente no texto, são fundamentais para solucionar esse segundo problema.
V – “Na lingüística, até agora, persistem funções tais como o ‘ouvinte’ e o ‘receptor’
(...) Não se pode dizer que esses esquemas são errados e não correspondem a certos aspectos
reais, mas quando estes esquemas pretendem representar o todo real da comunicação verbal se
transformam em ficção científica”. (p. 290)
VI – “A vaga palavra ‘discurso’ que se refere indiferentemente à língua, ao processo
da fala, ao enunciado, a uma seqüência (de comprimento variável) de enunciados, a um
gênero preciso do discurso, etc., esta palavra, até agora, não foi transformada pelos lingüistas
num termo rigorosamente definido e de significação restrita”. (p. 192 e 193)
VII – “... nada impede que o enunciado seja constituído de uma única oração, ou de
uma única unidade de fala (o que acontece sobretudo na réplica do diálogo), mas não é isso
que converterá uma unidade da língua numa unidade da comunicação verbal”. (p. 297)
Bakhtin conceitua ‘oração’ para estabelecer relações entre ela e o enunciado.
Trata-se da análise de mais um problema nos estudos lingüísticos (os quais ele já
vinha tratando durante o texto). O problema agora é com o fato de a oração ser
entendo da como uma unidade da língua.
VIII – “A totalidade acabada do enunciado que proporciona a possibilidade de
responder (de compreender de modo responsivo) é determinada por três fatores
indissociavelmente ligados no todo orgânico do enunciado: 1) o tratamento exaustivo do
objeto do sentido; 2) o intuito, o querer-dizer do locutor; 3) as formas típicas de estruturação
do gênero do acabamento”. (p. 299)
Ao explicitar os fatores ligados à noção de enunciado, o autor aprofunda o
tema geral do texto, que são os gêneros do discurso. Essa informação é importante
para o leitor, na medida em que esclarece as formas de apresentação possíveis a um
enunciado e ajuda a compreender os gêneros do discurso e o próprio enunciado.
IX – “O querer-dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha de um gênero do
discurso. Essa escolha é determinada em função da especificidade de uma dada esfera da
comunicação verbal, das necessidades de uma temática (do objeto do sentido), do conjunto
constituído dos parceiros, etc.” (p. 301)
Bakhtin parte para o fator mais importante dentre a seleção de problemas
inseridos na problemática metodológica: as formas estáveis do gênero do enunciado.
Assim, trata da escolha do gênero como sendo o ponto de partida para a
comunicação.
X – “A quem se dirige o enunciado? Como o locutor (ou o escritor) percebe e imagina
seu destinatário? Qual é a força da influência deste sobre o enunciado? É disso que depende a
composição, e sobretudo o estilo, do enunciado. Cada um dos gêneros do discurso, em cada
uma das áreas da comunicação verbal, tem sua concepção padrão do destinatário que o
determina como gênero.” (p. 321)
XI – “Uma análise estilística que queira englobar todos os aspectos do estilo deve
obrigatoriamente analisar o todo do enunciado e, obrigatoriamente, analisá-lo dentro da cadeia
da comunicação verbal de que o enunciado é apenas um elo inalienável”. (p. 326)
O autor conclui sua idéia com a reafirmação de que todo o enunciado deve ser
analisado para que o discurso seja estudado nos moldes dos gêneros do discurso. Os
problemas não podem, de forma alguma, serem deixados de lado nessa análise. Se
isso acontecer, o elo comunicacional sairá prejudicado no estudo.

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Os gêneros do discurso segundo Bakhtin

  • 1. BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 277-326. Cíntia Martins Objetivo do texto: É discutir os problemas encontrados nos gêneros do discurso, já que eles foram deixados de lado no estudo da língua, preteridos pelo estudo específico dos gêneros literários, gêneros retóricos e gêneros do discurso cotidiano. Destaques: I – “... o problema geral dos gêneros nunca tenha sido colocado. (...) O problema de lingüística geral colocado pelo enunciado, e também pelos diferentes tipos de enunciados, quase nunca foi levado em conta”. (p. 280) Nesta parte o autor especifica o que são exatamente os gêneros do discurso, para que possa, posteriormente, tratar dos problemas do mesmo, como é o seu objetivo. A lingüística geral do enunciado, então, é o que será levado em conta pelos gêneros do discurso, enquanto os outros tipos de gênero estudam a arte, a natureza verbal do enunciado e o discurso cotidiano oral. II – “Importa (...) a diferença essencial existente entre o gênero de discurso primário (simples) e o gênero de discurso secundário (complexo). Os gêneros secundários do discurso (...) aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural. (...) Os gêneros primários (...) perdem sua relação imediata com a realidade existente”. (p.281) III – “Nem todos os gêneros são igualmente aptos para refletir a individualidade na língua do enunciado, ou seja, nem todos estão propícios ao estilo individual”.(p. 283) A primeira problemática a cerca os gêneros do discurso é apresentada. O vínculo encontrado entre as definições de estilo e de gênero é notado pelo autor, mas não havia sido citado nos estudos anteriores dos outros autores de classificação. IV – “O problema geral dos princípios metodológicos aplicáveis ao estudo das correlações existentes entre léxico e a estilística do outro, baseiam-se nesse mesmo problema do enunciado e dos gêneros do discurso”. (p. 286) Outro problema é apresentado. Este é o mais importante e o escolhido pelo autor para ser aprofundado no restante do texto. A metodologia deve ser considerada nos estudos sobre gêneros do discurso. É necessário entender a natureza do enunciado no contexto dos gêneros do discurso para que o problema da metodologia seja solucionado. Assim, as relações entre o estilo e os gêneros, discutidas anteriormente no texto, são fundamentais para solucionar esse segundo problema. V – “Na lingüística, até agora, persistem funções tais como o ‘ouvinte’ e o ‘receptor’ (...) Não se pode dizer que esses esquemas são errados e não correspondem a certos aspectos reais, mas quando estes esquemas pretendem representar o todo real da comunicação verbal se transformam em ficção científica”. (p. 290)
  • 2. VI – “A vaga palavra ‘discurso’ que se refere indiferentemente à língua, ao processo da fala, ao enunciado, a uma seqüência (de comprimento variável) de enunciados, a um gênero preciso do discurso, etc., esta palavra, até agora, não foi transformada pelos lingüistas num termo rigorosamente definido e de significação restrita”. (p. 192 e 193) VII – “... nada impede que o enunciado seja constituído de uma única oração, ou de uma única unidade de fala (o que acontece sobretudo na réplica do diálogo), mas não é isso que converterá uma unidade da língua numa unidade da comunicação verbal”. (p. 297) Bakhtin conceitua ‘oração’ para estabelecer relações entre ela e o enunciado. Trata-se da análise de mais um problema nos estudos lingüísticos (os quais ele já vinha tratando durante o texto). O problema agora é com o fato de a oração ser entendo da como uma unidade da língua. VIII – “A totalidade acabada do enunciado que proporciona a possibilidade de responder (de compreender de modo responsivo) é determinada por três fatores indissociavelmente ligados no todo orgânico do enunciado: 1) o tratamento exaustivo do objeto do sentido; 2) o intuito, o querer-dizer do locutor; 3) as formas típicas de estruturação do gênero do acabamento”. (p. 299) Ao explicitar os fatores ligados à noção de enunciado, o autor aprofunda o tema geral do texto, que são os gêneros do discurso. Essa informação é importante para o leitor, na medida em que esclarece as formas de apresentação possíveis a um enunciado e ajuda a compreender os gêneros do discurso e o próprio enunciado. IX – “O querer-dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha de um gênero do discurso. Essa escolha é determinada em função da especificidade de uma dada esfera da comunicação verbal, das necessidades de uma temática (do objeto do sentido), do conjunto constituído dos parceiros, etc.” (p. 301) Bakhtin parte para o fator mais importante dentre a seleção de problemas inseridos na problemática metodológica: as formas estáveis do gênero do enunciado. Assim, trata da escolha do gênero como sendo o ponto de partida para a comunicação. X – “A quem se dirige o enunciado? Como o locutor (ou o escritor) percebe e imagina seu destinatário? Qual é a força da influência deste sobre o enunciado? É disso que depende a composição, e sobretudo o estilo, do enunciado. Cada um dos gêneros do discurso, em cada uma das áreas da comunicação verbal, tem sua concepção padrão do destinatário que o determina como gênero.” (p. 321) XI – “Uma análise estilística que queira englobar todos os aspectos do estilo deve obrigatoriamente analisar o todo do enunciado e, obrigatoriamente, analisá-lo dentro da cadeia da comunicação verbal de que o enunciado é apenas um elo inalienável”. (p. 326) O autor conclui sua idéia com a reafirmação de que todo o enunciado deve ser analisado para que o discurso seja estudado nos moldes dos gêneros do discurso. Os problemas não podem, de forma alguma, serem deixados de lado nessa análise. Se isso acontecer, o elo comunicacional sairá prejudicado no estudo.