Fotolivro da primeira viagem a ilha de Cuba, em julho de 2011, para as participações no Congresso Internacional de Meio Ambiente, no Festival do Caribe e outras ações autônomas.
2. “O que seria de mim sem esses seres místicos que acompanham minha vida“
Salvador Gonzáles Escalona, 2008
Queima do Diabo
Festival do Caribe / Festa do Fogo
Santiago de Cuba
Aproveitando o pensamento do artista plástico Salvador – tirado de
um dos inúmeros murais espalhados pela cidade de Havana –
apresentamos esta memória visual e poética de nossa recente
passagem pela ilha de Cuba. Entre as várias sensações e
sentimentos que habitaram nossos corpos e mentes durante os
intensos dias desta profunda experiência, a única certeza é que
parte do que somos está por lá e que precisamos mais tempo para
conhecê-los, e assim melhor reconhecer-nos.
Que tod@s possam viajar um pouco nas páginas a seguir.
Carlos Rogerio
OFICINATIVA
3. pintura mural
Universidade Hermanos Saíz
Montes de Oca
Pinar del Río
Os desenhos, as formas, as cores, parecem
acompanhar a trajetória do povo cubano.
Claro que estávamos atentos aos registros
urbanos feitos nos muros – por conta de
nosso momento visual-investigativo atual –
mas nos impressionou o uso ideológico que
os artistas / ativistas deram a essa
linguagem artística. É nítida a influência do
muralismo mexicano e a interferência do
governo revolucionário nas temáticas das
obras. O teor educativo também é uma
constante, mesmo quando tal manifestação
é feita em lugares não institucionalizados.
4. Escola de Rua
Big Bang Callejero e
TECMA – Teatro Callejero Medioambiental,
Pinar del Río
Antes de sair do Brasil, pouco sabíamos de fato sobre Cuba.
Logicamente algo da História foi estudado, muitas das ideias de
liberdade em relação ao capital nos chegaram – e inclusive nos
inspiram – mas, com base nas vivências orgânicas anteriores, já
temos assumido que as teorias e as bibliografias não contemplam a
totalidade dos fatos, principalmente quando estamos falando de
pessoas e de suas culturas. Verdade chegamos sem saber muito
como interagir com os ambientes e, num primeiro momento, só
observamos. Apenas quando desembarcamos em Pinar del Río,
cidade pequena, interiorana e distante dos moldes turísticos que
assolam a ilha, literalmente “armamos a tenda e ocupamos a rua“.
Um gesto simbólico e simples mas que hoje em dia faz toda a
diferença, nesta sociedade na qual o público (o para tod@s) perde
força e o privado (o para pouc@s) é aceito como o normal.
5. vista aérea do Capitólio
Capitólio Nacional de Cuba
Havana
Havana, a capital do país ilha, é a contradição maluca que descreve as
possibilidades que se estão criando a partir da atual situação política e
econômica e dos vestígios das propostas sociais do século passado. Um
instante-imagem nos ficou bem marcado na lembrança: bem perto do Capitólio
chega a avenida Simon Bolívar que é continuação da Carlos III (também
chamada Salvador Allende) e um dia, caminhando por ela, nos deparamos a
frente com um shopping, do outro lado da via uma festa de grupos de rock ao
estilo grunge (Seattle anos 90) e pouco atrás uma roda de Capoeira.
O “onde estaremos nós agora?“ foi imediato e inevitável...
O próprio Capitólio é o signo dos desejos de transformação daquele povo. Está
localizado no limite entre Centro Havana e Havana Velha. Foi concluído em
1929, serviu como prédio do governo após a revolução de 59 e depois para a
Academia Cubana de Ciências. Atualmente está fechado para reforma. É muito
semelhante ao de Washington – a cúpula foi construída nos Estados Unidos – e
também traz traços inspirados no Panteão de Paris.
6. Desfile da Serpente
Festival do Caribe / Festa do Fogo
Santiago de Cuba
O Festival do Caribe, também
conhecido com Festa do Fogo, é
um tradicional encontro
organizado pela Casa do Caribe,
instituição localizada em
Santiago de Cuba, a segunda
maior cidade da ilha. Ele celebra
a ancestralidade e a cultura
africana através do intercâmbio
de seus descendentes
caribenhos, latinoamericanos e
de todo o mundo. É composto
por inúmeras ações (rituais
religiosos, apresentações
artísticas, oficinas, desfiles,
conferências, etc) durante uma
longa semana. Lá apresentamos
o trabalho “Cosmovisões
educativas das manifestações
religiosas afrobrasileiras“, além
de participar de outras
atividades como o Desfile da
Serpente (fotos) e a Queima do
Diabo (contra capa).
7. poster do QUINTAL ORGÂNICO
VIII Convenção Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, Havana
interação com
iniciativas locais
VIII Convenção Internacional
sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, Havana
Começamos a pensar
numa viagem a Cuba – o
OFICINATIVA e o
QUINTAL ORGÂNICO de
Ana Luiza Frari – em
2010 para participar do
tradicional Congresso de
Pedagogia, que é bienal.
Não fomos mas enviamos
um projeto que foi
publicado (buscar na
página do OFICINATIVA).
Logo soubemos da
Convenção de Meio
Ambiente e então nos
organizamos melhor...
8. QUINTAL na rua
esquina das avenidas 23 e G
(de los Presidentes),
Havana
Enviamos alguns projetos e fomos aprovados
para as apresentações. Sabíamos que o evento
em si podia ser um pouco tedioso (pois nesses
espaços o que vale mais é o discurso). Mas
consideramos que seria um bom motivo para
uma aventura durante nosso período de férias.
Começamos então a organizar malas, agendas
e a fazer pesquisas virtuais e com nossas
conexões pessoais para saber com o que mais
poderíamos interagir em Cuba.
Bom, o congresso em si sem muitos
comentários - “mais um evento“, como diria
um grande amigo. O mais bacana foi a
aproximação com algumas pessoas e
organizações interessantes da cidade e, na
semana seguinte, poder ir até suas ações in
locu. E também poder reinventar, de maneira
orgânica e cidadã, o formalismo e o elitismo
acadêmico numa simples calçada, com e para
pessoas comuns que estavam abertas e
atentas ao projeto desenvolvido no QUINTAL.
9. uma rua típica
calle Cardenas,
Havana
Muita gente fora das casas, sempre. Esse é
o registro quase foto que todas as vezes
toma nossas cabeças quando falamos de
Cuba, principalmente sua capital. O calor
do mês de julho certamente colabora com
isso. Fora das avenidas principais, as vias
são das pessoas e nelas ocorrem os mais
diversos, possíveis e imagináveis tipos de
relações sociais característicos de um povo
aberto e transparente.
Mas se por um lado transborda a vitalidade
e a generosidade do cubano, por outro as
estruturas físicas da cidade estão ruindo. A
crise do início dos anos 90 fez que todo e
qualquer investimento na conservação da
cidade parasse e com isso são visíveis
incontáveis problemas com as casas, os
edifícios e também outros serviços locais.
10. personagens da
revolução
Havana (acima e ao lado)
e Santiago de Cuba (abaixo)
Por todo o país, sem exceção,
são exaltadas as personagens
da revolução e do regime
socialista. Em frases,
pensamentos, desenhos,
fotos, propagandas,
comunicação, não há como
ficar alheio a essa história.
Fidel Castro e Che Guevara
são os mais populares, sem
qualquer dúvida. Mas
caminhando com atenção,
logo se pode conhecer José
Martí, Camilo Cienfuegos,
Carlos Manuel de Céspedes,
Antonio Mella e outros.
11. afromística presente
Associação Cultural Yorubá (acima),
casa particular (abaixo),
Havana
Cuba é uma grande África na América
Central. Isso se vê e se sente a todo
instante, especialmente nas conexões
humanas e espirituais. As tradições
religiosas arrancadas do continente mãe
também ali chegaram e se recriaram de
maneira fenomenal. Santeria, Palo Monte,
Abacuás, Regla de Ocha, aparente convivem
com melhor difusão, aceitação e respeito
social que aqui no Brasil.
12. la guagua
Havana
Para conhecer de fato Cuba nada
melhor que utilizar seu sistema de
transporte público. A maioria dos
turistas evita essa experiência por
achar que é perigoso, por
considerar pouco interessante. O
próprio governo limita a
circulação de estrangeiros em
alguns meios e trajetos,
estabelecendo tarifas e veículos
distintos. Num ônibus e
encarando tais condições,
descobrimos de fato a essência
desse povo, em seus aspectos mais
positivos
e também os mais negativos.
13. mil e uma coisas
livraria / sebo,
Santiago de Cuba
Castillo de San
Pedro de la Roca
Santiago de Cuba
Fazemos constantemente uma
opção por não valorizar os
circuitos turísticos ou
comerciais e privilegiar,
investigar as andanças mais
“alternativas“. Em Cuba, porém,
acabamos passando pelo
“convencional“ - por ser nossa
primeira vez.
14. entrada da sede da
Fundación Antonio
Núñez Jiménez de la
Naturaleza y el
Hombre
Havana
vista do Gran Parque
Metropolitano
Havana
Após a semana de atividades acadêmicas dentro do Congreso del Medio Ambiente e
de posse de muitos e variados contatos interessantes conseguidos nas conversas,
saímos para conhecer as iniciativas instaladas na cidade. É nesses momentos que se
materializam nossos princípios de ENLACES SOLIDÁRIOS: encontramos parceiros e
suas práticas mais cotidianas, trocamos informações sobre nossas realidades e
projeções e, muitas vezes, criamos agendas ou pelo menos intenções de atuações
conjuntas num futuro próximo, independente de nossas distâncias geográficas...
15. artes e ofícios
tradicionais
Marcelino Blanco (acima), grupo Resurrectio
(ao lado), grupo TECMA (abaixo),
Pinar del Río
Toda cidade, acreditamos, tem seus
encantos. Quando é pequena, é possível que
possamos acessá-los com mais facilidade. E
se temos um anfitrião que nos recebe
fraternalmente em seu lar, conhece todo
mundo e está disposto a apresentar cada
agente promotor e cada ação de cultura da
localidade – porque lhe dá orgulho – os
poucos dias de estadia podem se multiplicar
em infinitas surpresas e descobertas.
Assim foi em Pinar del Río...
16. Escola de Rua
Big Bang Callejero e
TECMA – Teatro Callejero Medioambiental,
Pinar del Río
Pinar foi realmente a parte mais fluída do intercâmbio cubano.
Já tínhamos boas conexões anteriores, já nos sentíamos
hermanos e estávamos prontos – e ansiosos - para atuar.
Encontramos as pessoas certas, com ânimos e sonhos em alta. E
nossa Escola de Rua ocupou o espaço público sem
constrangimentos. E depois ficou por lá com eles, como sinal de
gratidão à magnífica acolhida humana. E também num sinal
escancarado que desejamos retornar em breve para seguir
fazendo ARTE e CULTURA...
17. vista aérea de Havana Velha
Havana
caminhos de Havana Velha
Havana
Mesmo com toda a situação atual da ilha, que acaricia com
sinceridade e logo espanca severamente seus filhos e parentes
próximos, Cuba se revelou uma atraente necessidade para nós.
Quem sabe pelos mistérios que ainda guarda. Talvez pelo clima
de incertezas que ainda cause. Ou pelas lições que pode
compartilhar / ensinar. Certamente voltaremos muitas vezes a
esse lugar fascinante. E a admiração aumentará.
18. Enlaces pinareños 1
Yadira (grupo Resurrectio),
Luís Manuel (grupo TECMA),
Pinar del Río
Enlaces
santiagueros
Iliana (hospedagem),
Ana Luiza (companheira de viagem)
Santiago de Cuba
Enlaces pinareños 2
Marchí (babalaô de Palo Monte),
Jesús (Red de Formación Ambiental)
Pínar del Río
Enlaces habaneros
Yaneisis Infante
(da rede CouchSurfing),
Havana
19. Atividades desenvolvidas, participações:
- VIII Convenção Internacional sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, Havana
- XXXI Festival do Caribe / Festa do Fogo, Santiago de
Cuba
- ENLACES SOLIDÁRIOS, Pinar del Río
Agradecimentos especiais em Havana:
- Demis (el cubano brasileño), D. Eva, Sr. José e família
- Ivan e Yaniela
- Yaneisis Infante (CouchSurfing) e família
- Yolo Bonilla
- Daiyan
Agradecimentos especiais em Santiago de Cuba:
- Yoandro Gonzales (CouchSurfing)
- Iliana e Santiago (hospedagem)
- Abelardo Larduet (Festival do Caribe)
- Mylens (bailarina)
Agradecimentos especiais em Pinar del Río:
- Pablo Jordá (CIC Batá)
- Felix Manuel e família (hospedagem
solidária)
- Luís Manuel + grupo TECMA
- Mariita (CEPRODESO)
- Yadira + grupo Resurrectio
- Luiz Carlos (bolsista Educafro)
- José Jorge Perez (Red Formación
Ambiental)
Entidades e grupos contatados:
- Asociación Cultura Yorubá de Cuba
- UBPC Organopónico Vivero Alamar
- CEPRODESO
- TECMA
- Fundación Antonio Nuñez Jimenez
- Asociación Hermano Saíz
- Gran Parque Metropolitano
- Festival LOVE IN
- Casa del Caribe
- Centro Cultural Africano Fernando Ortiz
- CIC Batá
Ana Luiza Frari
(QUINTAL
ORGÂNICO),
companheira em
Havana e Santiago
+ Mônica e Eliana
D. Eva
20. Projeto OFICINATIVA
Caixa Postal 73
Ribeirão Pires, SP, CEP 09400 970, Brasil
projetooficinativa@hotmail.com / www.oficinativa.blogspot.com.br