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Relato de experiência - Eixo Temático III – Educação


    A FUNCIONALIDADE DA BIBLIOTECA NO CONTEXTO ESCOLAR –
             RESGATANDO O PRAZER DA LEITURA NA ESCOLA




                          Marilia Fabiana Pires Mendonça
   Universidade Federal do Rio Grande do Norte – mariliaf_pires@hotmail.com
                          Vanessa Maria da Silva Clemente
  Universidade Federal do Rio Grande do Norte – vanessaclemente.s@gmail.com


Este trabalho é um recorte do Projeto Ecologia da Leitura, desenvolvido no curso de
Pedagogia da UFRN e tem como objetivo investigar o funcionamento da biblioteca
como lugar de formação leitora e as práticas docentes referentes à leitura de literatura.
A pesquisa foi realizada em uma escola de Natal-RN e se constitui em: observação dos
espaços dedicados à leitura; encontro de formação com os professores; implementação
de uma sessão de leitura; realização de entrevistas. Como referencial teórico optou-se
por Amarilha (2009), Garcia (1989), Leal (2002). Verificou-se como resultado o não
aproveitamento dos espaços destinados a leitura, devido a falta de motivação e não
utilização do acervo. Para que as atividades desenvolvidas na biblioteca obtenham
resultados, é preciso que este espaço esteja articulado com a sala de aula.

Palavras-chave: Literatura Infantil; biblioteca; formação do leitor.



Introdução
       Este trabalho é um recorte do Projeto Ecologia da Leitura, desenvolvido na
disciplina Literatura Infantil I, no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e tem como objetivo investigar o funcionamento da biblioteca como
lugar de formação do leitor e o desenvolvimento de práticas docentes referentes à leitura
literária promovidas pela escola. A relevância dessa pesquisa está na possibilidade de
resgatar o papel da biblioteca como espaço destinado a formação leitora e também de
oferecer aos docentes subsídios teórico-metodológicos para o trabalho com o texto
literário de qualidade.
       O lócus da pesquisa foi uma escola da rede estadual do Município de Natal/RN,
situada no Bairro Soledade I, zona administrativa norte da cidade, onde foram
escolhidas duas turmas do 3º ano do ensino fundamental.
2


         A pesquisa partiu da relevância em resgatar a prática da leitura do texto literário
na escola já que é através da leitura que o individuo consegue a sua ascensão social e
questionar o meio em que vive.
         Assim, o estudo contribui transformando os espaços da escola em um espaço
vivo e ativo e principalmente resgatando a funcionalidade da biblioteca como espaço de
interação verbal, visual e social.
         Para Garcia (1989) uma biblioteca funcional é:


                         aquela que desempenha uma função específica dentro da
                         programação e técnicas escolares. Ambiente carregado de
                         motivações é o local por excelência onde a criança aprende a
                         gostar de ler, a se auto-expressar, a se educar (GARCIA, 1989,
                         p. 14)

         Seguindo esta reflexão, a pesquisa buscou analisar se os espaços destinados à
leitura na referida escola oferecem esse ambiente prazeroso que objetiva formar jovens
para uma leitura crítica e reflexiva, e se a leitura do texto literário faz parte do projeto
pedagógico da escola.


Eixo estruturador e currículo escolar



         Ao longo dos anos, a sociedade vem se defrontando com uma série de mudanças
em todos os aspectos: econômico, político, social, e claro, educacional. À medida que
uma sociedade passa por profundas mudanças, a escola começa a discutir meios de se
reorganizar, de modo a atender às demandas e exigências da nova sociedade que se
impõe.
         Uma grande crítica tem sido feita à organização do currículo escolar quanto à
seleção e organização dos conteúdos a serem ensinados. Surgem então novas propostas,
a fim de dinamizar e contextualizar o currículo à realidade e interesses dos alunos.
         O Currículo Integrado é uma dessas novas propostas e atende prioritariamente ao
que o aluno deseja aprender, respeitando os interesses e necessidades de cada um, ao
mesmo tempo em que valoriza os conhecimentos prévios e as experiências desses
alunos. O princípio pedagógico que rege este Currículo é a concepção sócio-cultural de
educação, que atribui grande importância à mediação em todo o processo de ensino-
aprendizagem.
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        Dentro desse contexto, o eixo estruturador garante que, independentemente dos
conteúdos, haja a articulação do conhecimento a ser produzido e sistematizado. Na
escola, a biblioteca assume um papel integrador muito grande, mas que por vezes é
desconhecido ou ignorado. De acordo com Leal (2002), a biblioteca é um “lugar de
diversidade: múltiplas linguagens, múltiplos sujeitos, múltiplos suportes, múltiplos
textos, múltiplos objetivos [...]”. É o lugar perfeito para estabelecer um conhecimento
diversificado e principalmente desenvolver nos alunos o prazer pela leitura de literatura.
        Do ponto de vista metodológico, a biblioteca deveria ser um lugar onde
estratégias são constantemente criadas de modo a conduzir os alunos a um processo
constante de perguntas, sendo lá onde encontrarão as respostas. Dessa forma, a
biblioteca contribui para o desenvolvimento dos alunos, valorizando a leitura de textos
literários e outras leituras.
        Mas infelizmente a escola tem se deparado com um problema. Poucos alunos
freqüentam as bibliotecas e tem o desejo ávido de questionar e lá encontrar respostas
para os seus anseios e dúvidas. Poucos alunos têm o gosto pela leitura. Assim sendo,
qual seria uma possível solução à este problema? Devemos tornar a biblioteca um lugar
interessante, que cative a atenção destes alunos. Mas a questão é: como?
        A biblioteca é uma instituição que abriga uma perspectiva mais ampla do
homem e de seus avanços, abraça a multiplicidade (diversidade), convive o erudito e o
popular, o clássico e o irreverente e que reconhece a voz das minorias. Além disso, a
biblioteca abriga a nossa memória e abriga a literatura. Segundo Amarilha (2009),
“memória e imaginação são princípios de sustentação da vida”.
        Para que este universo seja de conhecimento dos alunos, é importante que se
estabeleça um trabalho sistemático que consista no incentivo à frequencia voluntária e à
pesquisa individual, permitindo o acesso fácil e imediato às fontes de conhecimento,
sendo um ambiente de adequação à pesquisa, ao estudo e à recreação aliados a uma
programação em colaboração com os professores.
        Desta forma, a biblioteca pode constar de coleções de livros, CD’s (de canções e
histórias); DVD’s (filmes, histórias, canções, entrevistas, depoimentos, curiosidades);
acervo de fotografias; recortes; jogos e brinquedos. Isso porque o uso de audiovisuais
dinamiza a biblioteca, atraindo os alunos que não sentem tanto interesse pelos livros.
Quanto à organização deste espaço, é imprescindível que haja orientação de pesquisa
aos educandos e uma pessoa capacitada que motive o aluno a pesquisar.


                                                                                         3
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       Como afirma Leal (2002),


                       fazer da biblioteca o eixo estruturador do currículo requer, para além
                       de reunir disciplinas e projetos, reunir pessoas, seres humanos em
                       dialogia e, nesse sentido, não pode ser desculpa para o
                       desenvolvimento de um trabalho dessa natureza a quantidade de
                       acervo. O que conta é a qualidade do que temos e a qualidade da
                       criatividade, da identidade daqueles que se dispõem a fazer do espaço
                       escolar um espaço de vida (LEAL, 2002, p. 329).


       São necessários à escola e ao ambiente da biblioteca, profissionais
comprometidos com o uso deste espaço de maneira adequada, e este certamente não é
um trabalho simples, mas que exige conhecimento, criatividade, motivação e força de
vontade.



Ecologia do espaço de leitura na escola


       A escola escolhida para a pesquisa foi a Escola Estadual Rômulo Wanderley,
que se encontra localizada na Rua Paratinga, Bairro Soledade I.
       As observações dos espaços destinados à leitura na escola constituíram na
primeira etapa prática do trabalho. Esta etapa teve o objetivo de levantar as condições
oferecidas pela escola em relação aos espaços e às atividades de leitura do texto
literário, bem como conhecer as implicações entre o ambiente e as práticas pedagógicas
relativas à leitura e aos fundamentos teórico-práticos necessários para favorecer a
formação do leitor.
       Os espaços observados na escola correspondem a todos destinados à leitura, da
sala de vídeo à biblioteca. O primeiro contato do grupo com este espaço ocorreu no dia
04 de junho de 2009 às 14h00min e terminou às 15h30min.
       A princípio, foi percebido que a sala de vídeo também funciona como biblioteca.
A sala é ampla e conta com a presença de uma televisão, aparelho de DVD, aparelho de
som, quatro prateleiras de livros, e muitas cadeiras dispostas em filas organizadas de
forma tradicional, todas de frente para a televisão. Nas prateleiras havia poucos livros
disponíveis para pesquisas dos alunos. O acervo contava com livros variados:
paradidáticos; livros de literatura com autores como Machado de Assis, Érico
Veríssimo, José de Alencar, Rubem Fonseca, Monteiro Lobato, além de enciclopédias e


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de coleções como: coleção “A Vida dos Grandes Pensadores” e o “Tratado de Ciências
Pedagógicas” e uma coleção de livros de História Geral e do Brasil; livros de poemas,
com autores como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes; literatura
infanto-juvenil; livros didáticos de todas as disciplinas do ensino fundamental; livros de
filosofia e sociologia.
       A responsável pela sala é uma ex-professora de História, que por motivos de
doença, se ausentou das atividades em sala de aula e foi encaminhada pelo Estado para
ser responsável por este ambiente. De acordo com a mesma, antes de assumir a sala de
vídeo, o Estado, através do DIRED (Diretoria Regional de Educação), a encaminhou
para um curso de formação, para que ela obtivesse conhecimentos de biblioteconomia.
       Logo em seguida foi observada a sala de leitura, que funciona em uma sala
vizinha à sala de vídeo. Nessa sala encontrava-se um grande acervo, praticamente todo
de literatura infantil, expostos em prateleiras que circuncidam a sala. Ao centro, há uma
grande mesa e diversas cadeiras, para a realização do ato da leitura. Além dos livros de
literatura, havia muitas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica e da Disney,
muitos fantoches, jogos educativos e dicionários. Algo que chamou a atenção nesta sala
foi a presença de um Baú da Leitura. De acordo com bibliotecária, este Baú percorre
todas as salas pelo menos uma vez por semana levando alguns livros para que as
crianças possam escolher e ler na sala de aula.
       O acervo da sala é adequado à leitura, todos de uma boa autoria e bem
conservados. Encontramos muitos livros de autores modernos e clássicos como Jorge
Amado, Sylvia Orthof, Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Hans Christian
Andersen, Lewis Carroll, Clarisse Lispector, Ruth Rocha e Luis Fernando Veríssimo.
       De acordo com a bibliotecária, os livros são enviados pelo MEC através do
Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). Esse programa visa à consolidação de
uma sociedade letrada e alfabetizada através do acervo disponibilizado às bibliotecas.
Assim, o PNBE tem como objetivo:


                          A democratização do acesso às fontes de informação; o fomento
                          à leitura e à formação de alunos e professores leitores; e o apoio
                          à atualização e ao desenvolvimento profissional do professor são
                          os principais objetivos do Programa Nacional Biblioteca da
                          Escola – PNBE. Por meio da distribuição de acervos de obras de
                          literatura, de pesquisa e de referência e outros materiais relativos
                          ao currículo nas áreas de conhecimento da educação básica, o


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                         Ministério da Educação apoia o cidadão no exercício da
                         reflexão, da criatividade e da crítica (BRASIL, 2010).


       Além do programa, alguns livros são adquiridos pela própria escola. Uma vez
por ano, a escola recebe um cheque (o valor não foi informado) e com o dinheiro
proveniente deste cheque, durante a Bienal do Livro, são adquiridos novos livros para o
acervo. Quem escolhe esses livros geralmente, são as professoras de português.
       Quando questionada sobre a frequencia dos alunos, ela afirmou que é sempre
muito boa. Muitos alunos procuram estes ambientes. Os livros também podem ser
emprestados durante 08 dias, podendo ser renovados depois por mais 08 dias. Os que
são mais emprestados são os de poesias e alguns paradidáticos. Em um livro de
registros, foi visto que no ano de 2008, só no turno vespertino, foram feitos 835
empréstimos.
       Apesar de todos os privilégios presentes na escola, percebe-se que a sala de
leitura fica sempre fechada com um cadeado, sendo aberta apenas no dia da observação,
o que mostra o descumprimento com as atividades de leitura que a professora revelou
que existia na escola em uma das conversas no momento do levantamento dos dados.
Dessa maneira a pesquisa continua com o encontro de formação.


Encontro de formação com os professores


       Após a visita para a observação dos espaços destinados à prática da leitura na
escola, agendamos o encontro de formação de professores para o dia 09 de junho de
2009 às 13h00. O encontro aconteceu com duas professoras, ambas de turmas do 3°
ano, a vice-diretora e a bibliotecária.
       Durante o encontro, que aconteceu na sala de vídeo, apresentou-se um seminário
que tratou de tecer considerações a respeito da funcionalidade da biblioteca no contexto
escolar. À medida que havia o diálogo, as professoras participavam expondo suas
dúvidas e opiniões. Assim, a apresentação foi bem dinâmica e esclarecedora.
       Discutiu-se acerca da biblioteca como eixo estruturador do currículo escolar,
sobre a importância da leitura na vida do aluno, sobre métodos e estratégias que os
professores e a bibliotecária poderiam dispor para melhorar o aproveitamento dos
recursos e também sobre a contribuição do texto literário. Nessas discussões buscou-se
resgatar a funcionalidade da biblioteca como também o uso do texto literário na escola.

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       Ao final, as professoras envolvidas nesse momento avaliaram como muito
produtiva e bastante interessante a discussão e que teve troca de informações e
aprofundamento das idéias a serem usadas na escola.



O momento da leitura da história



       Logo após a etapa de formação com as professoras, passamos para a terceira
parte da realização da nossa pesquisa, a leitura de um texto literário para duas turmas do
3° ano, cujas professoras participaram do momento. As duas turmas eram bem
pequenas, e por este motivo, as professoras solicitaram que os alunos se reunissem na
sala de vídeo para que todos pudessem participar da leitura.
       O texto escolhido para a leitura foi o conto “O Bisavô e a dentadura” de Sylvia
Orthof. Este conto está presente no livro “Quem conta um conto?” juntamente com
outros textos de diversos autores. A escolha do conto foi motivada porque o livro fazia
parte do acervo da sala de leitura da escola e, portanto, os alunos poderiam fazer a
leitura deste e de outros contos posteriormente. Decidido o conto a ser lido, seguiu-se o
momento da leitura.
       A narrativa foi lida, observando as entonações das vozes e sotaques das
personagens, fazendo uma leitura envolvente de modo a provocar um maior
envolvimento das crianças com o conto. A pesquisadora adotou a Metodologia da
Andaimagem de Graves & Graves (1995) em que são seguidas duas fases no processo
da mediação: a fase de planejamento e de implementação.
       O momento da pré-leitura encontra-se na fase da implementação, constou de
perguntas feitas às crianças sobre os possíveis acontecimentos da história, a partir do
título e das ilustrações presentes na capa. As respostas foram diversas e muitas crianças
participaram. Uma delas nos disse que achava que a dentadura do bisavô iria fugir.
Outra afirmou que a dentadura iria quebrar. Perguntamos também se alguma delas já
conhecia o conto e apenas um menino disse ter conhecimento da história.
       Depois deste período, passamos para o momento da leitura da história. As
crianças ficaram bastante quietas durante este momento, prestando bastante atenção a
cada momento e riam bastante nas partes mais engraçadas do texto.



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       Ao término da leitura, no momento da pós-leitura, fizemos mais algumas
perguntas às crianças para verificarmos se as hipóteses levantadas antes da leitura se
confirmaram ou não. Algumas crianças disseram imaginar um outro final para a
história, mas que o verdadeiro final foi muito melhor. Outras disseram que se
surpreenderam com o final. Mas todas concordaram que a história tinha sido muito
engraçada e- divertida.
       No momento da leitura, as professoras que também estavam presentes se
mostraram bem à vontade com nossa presença e também riram bastante na hora da
leitura. Posteriormente perguntamos se elas já conheciam a história e se conheciam essa
metodologia de leitura e elas disseram que não. Sendo assim, percebe-se pouco domínio
de leitura nas professoras. Logo após a leitura partimos para as entrevistas.


Entrevistas


       A entrevista foi realizada com apenas uma das professoras presente no encontro
e no momento da leitura. Das crianças, selecionamos uma amostra de cada turma,
somando ao todo cinco crianças. Os nomes da professora e das crianças foram
substituídos. Seguem abaixo reproduzidos, trechos das entrevistas.


Entrevista 01 - PROFESSORA


Nome: Marta
Série que ensina: 3° ano

Pesquisadora = Há quanto tempo a senhora ensina?
Professora = Ensino há 23 anos, mas passei cinco anos afastada da sala e fiquei nesse tempo
na sala de vídeo aqui na escola mesmo, mas agora o Estado só manda pra cá (sala de vídeo) os
professores que são afastados da sala de aula por motivo de saúde.

Pesquisadora = Como a senhora trabalha a leitura em sala de aula?
Professora = Na minha turma, toda segunda o Baú da Leitura vai lá levar livrinhos pras
crianças lerem. Aí nesse momento, eu divido a classe em grupos e cada grupo escolhe o livro
que preferir. Depois eles lêem a história e apresentam uma peça pro restante da turma. Eles
adoram fazer isso (as peças), mas se envergonham se eu levo a turma pra apresentar em outra
sala ou no pátio mesmo pras outras crianças. Eu até estou pensando em montar um palco lá na
sala pra eles. Também vou comprar um microfone pra quando eles forem apresentar em outras
salas, pra ficar mais alta as vozes deles.

Pesquisadora = Com que frequencia a senhora lê pra eles?
Professora = Eu tento ler sempre, mas às vezes eles têm tarefas atrasadas aí não dá. Mas
sempre leio pra eles sim. Gosto muito de trabalhar historinhas com fundo moral sabe. Adoro as

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fábulas de Monteiro Lobato.

Pesquisadora = A senhora conhece e trabalha com autores mais modernos?
Professora = Trabalho sim

Pesquisadora = Pode nos citar algum?
Professora = Gosto muito de Ana Maria Machado... (pensativa)...

Pesquisadora = A senhora incentiva seus alunos a frequentar a biblioteca?
Professora = Incentivo sim... Eu gosto muito de ler sabe, e quero que eles gostem também,
então sempre incentivo a leitura e gosto de trabalhar isso com eles. Acho que pra ensinar a
gente tem que amar as crianças, senão não dá certo. Eu amo essas crianças e amo trabalhar com
elas. O tempo que fiquei afastado, eu senti falta sabe. Eles dão trabalho às vezes, mas é coisa
de criança mesmo. Se ficasse quieto sempre era porque tava doente. (Risos)



Entrevista 02 - Criança n° 01

Nome: Rubéns
Idade: 10 anos
Repetente: Sim
Frequenta a biblioteca? Às vezes

Pesquisadora = Você sabe ler?
Aluno = Sei sim.

Pesquisadora = Você gosta de ler?
Aluno = Gosto. Gosto de ler histórias e desenhar.

Pesquisadora = Sua professora leva vocês para sala de leitura?
Aluno = Não.

Pesquisadora = Ela lê ou conta histórias para vocês na sala?
Aluno = Lê. Mas só às vezes. Não é sempre não.

Pesquisadora = Na sua casa tem alguém que lê ou conta histórias pra você?
Aluno = Não. Minha mãe não sabe ler não.

Pesquisadora = Você gostou da história de hoje?
Aluno = (Rindo) Gostei sim. Foi engraçada!

Pesquisadora = Você achava que a história ia ser do jeitinho que foi, ou imaginava que ia
acontecer alguma outra coisa?
Aluno = Eu pensava que o avô ia colocar a dentadura na boca. Mas foi melhor do jeito que
você contou. Ficou engraçado!


Entrevista 03 - Criança n° 02:

Nome: Maria
Idade: 7 anos
Repetente: Não

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Frequenta a biblioteca? Não

Pesquisadora = Porque você não vai à biblioteca?
Aluno = Porque a professora não deixa.

Pesquisadora = Mas ela lê ou conta histórias para vocês na sala? Com que frequencia?
Aluno = Lê, mas só de vez em quando.

Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias?
Aluno = Gosto.

Pesquisadora = E de ler? Você gosta?
Aluno = Gosto. Mas não leio muito não.

Pesquisadora = Por quê?
Aluno = Porque ainda tô aprendendo a ler.

Pesquisadora = Você gostou da história de hoje?
Aluno = Gostei. Foi engraçado!

Pesquisadora = De que parte você mais gostou?
Aluno = Do final, quando o bisavô colocou a dentadura na água.

Pesquisadora = Tem alguém que ler histórias pra você em casa?
Aluno = Não.


Entrevista 04 - Criança n° 03

Nome: Joãozinho
Idade: 9 anos
Repetente: Não
Frequenta a biblioteca? Às vezes

Pesquisadora = Você sabe ler?
Aluno = Ainda tô aprendendo.

Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas pra você?
Aluno = Minha mãe lê pra mim. Às vezes eu levo uns livrinhos daqui e ela lê pra mim em
casa.

Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta?
Aluno = Gosto.

Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história?
Aluno = Conta.


Pesquisadora = Ela leva vocês para sala de leitura?
Aluno = Leva não.

Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais?
Aluno = Gostei. Mas eu pensei que a dentadura fosse fugir e o bisavô ia atrás dela. Mas do
jeito que foi eu gostei também. Foi até mais engraçado (Rindo).

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Entrevista 05 - Criança n° 04

Nome: Pedro
Idade: 9 anos
Repetente: Não
Frequenta a biblioteca? Às vezes

Pesquisadora = Você sabe ler?
Aluno = Não.

Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas pra você?
Aluno = Minha mãe.

Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta?
Aluno = Gosto. Eu gosto das histórias de passarinho que ela conta.

Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história?
Aluno = Conta.

Pesquisadora = E você gosta das histórias que ela conta?
Aluno = Gosto também.

Pesquisadora = Ela leva vocês para sala de leitura?
Aluno = Não, mas às vezes o Baú da Leitura vai lá na sala da gente pra gente ler os livrinhos.
Mas eu não sei ler, aí os outros meninos que sabem, lêem pra mim.

Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais?
Aluno = Gostei. Eu também gosto de história engraçada assim. Eu gostei daquela parte que o
avô colocou a dentadura no copo da Maroca. (Rindo)


Entrevista 06 - Criança n° 05

Nome: Juliana
Idade: 7 anos
Repetente: Não
Frequenta a biblioteca? Às vezes

Pesquisadora = Você sabe ler?
Aluno = Não.

Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas para você?
Aluno = Minha irmã lê pra mim.


Pesquisadora = Ela é mais velha que você? Quantos anos ela tem?
Aluno = Acho que ela tem 11 anos.

Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta?
Aluno = Gosto. Eu adoro historinhas.


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Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história?
Aluno = Conta às vezes.

Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais?
Aluno = Eu gostei da parte do filtro e da parte da Maroca.


           De acordo com as analises das entrevistas, percebe-se que o que a professora nos
contou nem sempre acontece. Os alunos demonstraram grande interesse pela prática da
leitura, mas essa prática de fato não acontece nos espaços da escola.


Considerações finais


           Com o decorrer da observação realizada, verificou-se uma divergência entre as
respostas dos alunos e das professoras no que se refere à prática de leitura em sala de
aula e ao incentivo a ida a biblioteca. Constatou-se a pouca utilização dos espaços de
leitura pelos alunos e apesar da boa organização e acervo não existe um trabalho
concreto que articule biblioteca e sala de aula e favoreça a formação leitora dos
aprendizes.
           A leitura em sua forma descontraída e prazerosa é uma atividade que ocupa um
pequeno espaço na vida escolar diária dos alunos. Apesar de estes apresentarem um
grande interesse pela leitura, essa realidade não é uma constante em suas atividades
diárias.
           Para construir um país de leitores é preciso inserir a leitura na rotina da escola.
Como vimos em Amarilha (2009), memória e imaginação são princípios de sustentação
da vida. Conduzir às crianças a exercer estas capacidades é dever da escola. Uma boa
articulação entre coordenação pedagógica, professores e bibliotecários pode transformar
as relações entre os alunos e a leitura. Para que as crianças cresçam sendo leitoras,
devemos incentivá-las desde cedo a descobrir as maravilhas que o mundo da leitura
pode oferecer.




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Referências


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8. Ed. Petrópolis - RJ: Vozes, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)
- 2010. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-biblioteca-da-
escola. Acesso em: 20 fev. 2011.


GARCIA, E.G. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Ed. Loyola,
1989.

GRAVES, Michel F., GRAVES, Bonnie B. The scaffolded reading experience: a
flexible framework for helping students get the most out of text. Reading. v. 29, n. 1, p.
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LEAL, Leiva de Figueiredo Viana. Biblioteca escolar como eixo estruturador do
currículo escolar. In: RÖSING, Tania Mariza Kuchenbecker; Becker, Paulo Ricardo
(Org.). Leitura e animação cultural: repensando a escola e a biblioteca. Passo
Fundo: Ed. Universitária, 2002.


ORTHOF, Sylvia. O bisavô e a dentadura. In: MACHADO, Ana Maria et al. Quem
conta um conto? São Paulo: FTD, 2001. p. 53-59.




                                                                                       13

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A funcionalidade da biblioteca no contexto escolar – resgatando o prazer da leitura na escola

  • 1. Relato de experiência - Eixo Temático III – Educação A FUNCIONALIDADE DA BIBLIOTECA NO CONTEXTO ESCOLAR – RESGATANDO O PRAZER DA LEITURA NA ESCOLA Marilia Fabiana Pires Mendonça Universidade Federal do Rio Grande do Norte – mariliaf_pires@hotmail.com Vanessa Maria da Silva Clemente Universidade Federal do Rio Grande do Norte – vanessaclemente.s@gmail.com Este trabalho é um recorte do Projeto Ecologia da Leitura, desenvolvido no curso de Pedagogia da UFRN e tem como objetivo investigar o funcionamento da biblioteca como lugar de formação leitora e as práticas docentes referentes à leitura de literatura. A pesquisa foi realizada em uma escola de Natal-RN e se constitui em: observação dos espaços dedicados à leitura; encontro de formação com os professores; implementação de uma sessão de leitura; realização de entrevistas. Como referencial teórico optou-se por Amarilha (2009), Garcia (1989), Leal (2002). Verificou-se como resultado o não aproveitamento dos espaços destinados a leitura, devido a falta de motivação e não utilização do acervo. Para que as atividades desenvolvidas na biblioteca obtenham resultados, é preciso que este espaço esteja articulado com a sala de aula. Palavras-chave: Literatura Infantil; biblioteca; formação do leitor. Introdução Este trabalho é um recorte do Projeto Ecologia da Leitura, desenvolvido na disciplina Literatura Infantil I, no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem como objetivo investigar o funcionamento da biblioteca como lugar de formação do leitor e o desenvolvimento de práticas docentes referentes à leitura literária promovidas pela escola. A relevância dessa pesquisa está na possibilidade de resgatar o papel da biblioteca como espaço destinado a formação leitora e também de oferecer aos docentes subsídios teórico-metodológicos para o trabalho com o texto literário de qualidade. O lócus da pesquisa foi uma escola da rede estadual do Município de Natal/RN, situada no Bairro Soledade I, zona administrativa norte da cidade, onde foram escolhidas duas turmas do 3º ano do ensino fundamental.
  • 2. 2 A pesquisa partiu da relevância em resgatar a prática da leitura do texto literário na escola já que é através da leitura que o individuo consegue a sua ascensão social e questionar o meio em que vive. Assim, o estudo contribui transformando os espaços da escola em um espaço vivo e ativo e principalmente resgatando a funcionalidade da biblioteca como espaço de interação verbal, visual e social. Para Garcia (1989) uma biblioteca funcional é: aquela que desempenha uma função específica dentro da programação e técnicas escolares. Ambiente carregado de motivações é o local por excelência onde a criança aprende a gostar de ler, a se auto-expressar, a se educar (GARCIA, 1989, p. 14) Seguindo esta reflexão, a pesquisa buscou analisar se os espaços destinados à leitura na referida escola oferecem esse ambiente prazeroso que objetiva formar jovens para uma leitura crítica e reflexiva, e se a leitura do texto literário faz parte do projeto pedagógico da escola. Eixo estruturador e currículo escolar Ao longo dos anos, a sociedade vem se defrontando com uma série de mudanças em todos os aspectos: econômico, político, social, e claro, educacional. À medida que uma sociedade passa por profundas mudanças, a escola começa a discutir meios de se reorganizar, de modo a atender às demandas e exigências da nova sociedade que se impõe. Uma grande crítica tem sido feita à organização do currículo escolar quanto à seleção e organização dos conteúdos a serem ensinados. Surgem então novas propostas, a fim de dinamizar e contextualizar o currículo à realidade e interesses dos alunos. O Currículo Integrado é uma dessas novas propostas e atende prioritariamente ao que o aluno deseja aprender, respeitando os interesses e necessidades de cada um, ao mesmo tempo em que valoriza os conhecimentos prévios e as experiências desses alunos. O princípio pedagógico que rege este Currículo é a concepção sócio-cultural de educação, que atribui grande importância à mediação em todo o processo de ensino- aprendizagem. 2
  • 3. 3 Dentro desse contexto, o eixo estruturador garante que, independentemente dos conteúdos, haja a articulação do conhecimento a ser produzido e sistematizado. Na escola, a biblioteca assume um papel integrador muito grande, mas que por vezes é desconhecido ou ignorado. De acordo com Leal (2002), a biblioteca é um “lugar de diversidade: múltiplas linguagens, múltiplos sujeitos, múltiplos suportes, múltiplos textos, múltiplos objetivos [...]”. É o lugar perfeito para estabelecer um conhecimento diversificado e principalmente desenvolver nos alunos o prazer pela leitura de literatura. Do ponto de vista metodológico, a biblioteca deveria ser um lugar onde estratégias são constantemente criadas de modo a conduzir os alunos a um processo constante de perguntas, sendo lá onde encontrarão as respostas. Dessa forma, a biblioteca contribui para o desenvolvimento dos alunos, valorizando a leitura de textos literários e outras leituras. Mas infelizmente a escola tem se deparado com um problema. Poucos alunos freqüentam as bibliotecas e tem o desejo ávido de questionar e lá encontrar respostas para os seus anseios e dúvidas. Poucos alunos têm o gosto pela leitura. Assim sendo, qual seria uma possível solução à este problema? Devemos tornar a biblioteca um lugar interessante, que cative a atenção destes alunos. Mas a questão é: como? A biblioteca é uma instituição que abriga uma perspectiva mais ampla do homem e de seus avanços, abraça a multiplicidade (diversidade), convive o erudito e o popular, o clássico e o irreverente e que reconhece a voz das minorias. Além disso, a biblioteca abriga a nossa memória e abriga a literatura. Segundo Amarilha (2009), “memória e imaginação são princípios de sustentação da vida”. Para que este universo seja de conhecimento dos alunos, é importante que se estabeleça um trabalho sistemático que consista no incentivo à frequencia voluntária e à pesquisa individual, permitindo o acesso fácil e imediato às fontes de conhecimento, sendo um ambiente de adequação à pesquisa, ao estudo e à recreação aliados a uma programação em colaboração com os professores. Desta forma, a biblioteca pode constar de coleções de livros, CD’s (de canções e histórias); DVD’s (filmes, histórias, canções, entrevistas, depoimentos, curiosidades); acervo de fotografias; recortes; jogos e brinquedos. Isso porque o uso de audiovisuais dinamiza a biblioteca, atraindo os alunos que não sentem tanto interesse pelos livros. Quanto à organização deste espaço, é imprescindível que haja orientação de pesquisa aos educandos e uma pessoa capacitada que motive o aluno a pesquisar. 3
  • 4. 4 Como afirma Leal (2002), fazer da biblioteca o eixo estruturador do currículo requer, para além de reunir disciplinas e projetos, reunir pessoas, seres humanos em dialogia e, nesse sentido, não pode ser desculpa para o desenvolvimento de um trabalho dessa natureza a quantidade de acervo. O que conta é a qualidade do que temos e a qualidade da criatividade, da identidade daqueles que se dispõem a fazer do espaço escolar um espaço de vida (LEAL, 2002, p. 329). São necessários à escola e ao ambiente da biblioteca, profissionais comprometidos com o uso deste espaço de maneira adequada, e este certamente não é um trabalho simples, mas que exige conhecimento, criatividade, motivação e força de vontade. Ecologia do espaço de leitura na escola A escola escolhida para a pesquisa foi a Escola Estadual Rômulo Wanderley, que se encontra localizada na Rua Paratinga, Bairro Soledade I. As observações dos espaços destinados à leitura na escola constituíram na primeira etapa prática do trabalho. Esta etapa teve o objetivo de levantar as condições oferecidas pela escola em relação aos espaços e às atividades de leitura do texto literário, bem como conhecer as implicações entre o ambiente e as práticas pedagógicas relativas à leitura e aos fundamentos teórico-práticos necessários para favorecer a formação do leitor. Os espaços observados na escola correspondem a todos destinados à leitura, da sala de vídeo à biblioteca. O primeiro contato do grupo com este espaço ocorreu no dia 04 de junho de 2009 às 14h00min e terminou às 15h30min. A princípio, foi percebido que a sala de vídeo também funciona como biblioteca. A sala é ampla e conta com a presença de uma televisão, aparelho de DVD, aparelho de som, quatro prateleiras de livros, e muitas cadeiras dispostas em filas organizadas de forma tradicional, todas de frente para a televisão. Nas prateleiras havia poucos livros disponíveis para pesquisas dos alunos. O acervo contava com livros variados: paradidáticos; livros de literatura com autores como Machado de Assis, Érico Veríssimo, José de Alencar, Rubem Fonseca, Monteiro Lobato, além de enciclopédias e 4
  • 5. 5 de coleções como: coleção “A Vida dos Grandes Pensadores” e o “Tratado de Ciências Pedagógicas” e uma coleção de livros de História Geral e do Brasil; livros de poemas, com autores como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes; literatura infanto-juvenil; livros didáticos de todas as disciplinas do ensino fundamental; livros de filosofia e sociologia. A responsável pela sala é uma ex-professora de História, que por motivos de doença, se ausentou das atividades em sala de aula e foi encaminhada pelo Estado para ser responsável por este ambiente. De acordo com a mesma, antes de assumir a sala de vídeo, o Estado, através do DIRED (Diretoria Regional de Educação), a encaminhou para um curso de formação, para que ela obtivesse conhecimentos de biblioteconomia. Logo em seguida foi observada a sala de leitura, que funciona em uma sala vizinha à sala de vídeo. Nessa sala encontrava-se um grande acervo, praticamente todo de literatura infantil, expostos em prateleiras que circuncidam a sala. Ao centro, há uma grande mesa e diversas cadeiras, para a realização do ato da leitura. Além dos livros de literatura, havia muitas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica e da Disney, muitos fantoches, jogos educativos e dicionários. Algo que chamou a atenção nesta sala foi a presença de um Baú da Leitura. De acordo com bibliotecária, este Baú percorre todas as salas pelo menos uma vez por semana levando alguns livros para que as crianças possam escolher e ler na sala de aula. O acervo da sala é adequado à leitura, todos de uma boa autoria e bem conservados. Encontramos muitos livros de autores modernos e clássicos como Jorge Amado, Sylvia Orthof, Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Hans Christian Andersen, Lewis Carroll, Clarisse Lispector, Ruth Rocha e Luis Fernando Veríssimo. De acordo com a bibliotecária, os livros são enviados pelo MEC através do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). Esse programa visa à consolidação de uma sociedade letrada e alfabetizada através do acervo disponibilizado às bibliotecas. Assim, o PNBE tem como objetivo: A democratização do acesso às fontes de informação; o fomento à leitura e à formação de alunos e professores leitores; e o apoio à atualização e ao desenvolvimento profissional do professor são os principais objetivos do Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE. Por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência e outros materiais relativos ao currículo nas áreas de conhecimento da educação básica, o 5
  • 6. 6 Ministério da Educação apoia o cidadão no exercício da reflexão, da criatividade e da crítica (BRASIL, 2010). Além do programa, alguns livros são adquiridos pela própria escola. Uma vez por ano, a escola recebe um cheque (o valor não foi informado) e com o dinheiro proveniente deste cheque, durante a Bienal do Livro, são adquiridos novos livros para o acervo. Quem escolhe esses livros geralmente, são as professoras de português. Quando questionada sobre a frequencia dos alunos, ela afirmou que é sempre muito boa. Muitos alunos procuram estes ambientes. Os livros também podem ser emprestados durante 08 dias, podendo ser renovados depois por mais 08 dias. Os que são mais emprestados são os de poesias e alguns paradidáticos. Em um livro de registros, foi visto que no ano de 2008, só no turno vespertino, foram feitos 835 empréstimos. Apesar de todos os privilégios presentes na escola, percebe-se que a sala de leitura fica sempre fechada com um cadeado, sendo aberta apenas no dia da observação, o que mostra o descumprimento com as atividades de leitura que a professora revelou que existia na escola em uma das conversas no momento do levantamento dos dados. Dessa maneira a pesquisa continua com o encontro de formação. Encontro de formação com os professores Após a visita para a observação dos espaços destinados à prática da leitura na escola, agendamos o encontro de formação de professores para o dia 09 de junho de 2009 às 13h00. O encontro aconteceu com duas professoras, ambas de turmas do 3° ano, a vice-diretora e a bibliotecária. Durante o encontro, que aconteceu na sala de vídeo, apresentou-se um seminário que tratou de tecer considerações a respeito da funcionalidade da biblioteca no contexto escolar. À medida que havia o diálogo, as professoras participavam expondo suas dúvidas e opiniões. Assim, a apresentação foi bem dinâmica e esclarecedora. Discutiu-se acerca da biblioteca como eixo estruturador do currículo escolar, sobre a importância da leitura na vida do aluno, sobre métodos e estratégias que os professores e a bibliotecária poderiam dispor para melhorar o aproveitamento dos recursos e também sobre a contribuição do texto literário. Nessas discussões buscou-se resgatar a funcionalidade da biblioteca como também o uso do texto literário na escola. 6
  • 7. 7 Ao final, as professoras envolvidas nesse momento avaliaram como muito produtiva e bastante interessante a discussão e que teve troca de informações e aprofundamento das idéias a serem usadas na escola. O momento da leitura da história Logo após a etapa de formação com as professoras, passamos para a terceira parte da realização da nossa pesquisa, a leitura de um texto literário para duas turmas do 3° ano, cujas professoras participaram do momento. As duas turmas eram bem pequenas, e por este motivo, as professoras solicitaram que os alunos se reunissem na sala de vídeo para que todos pudessem participar da leitura. O texto escolhido para a leitura foi o conto “O Bisavô e a dentadura” de Sylvia Orthof. Este conto está presente no livro “Quem conta um conto?” juntamente com outros textos de diversos autores. A escolha do conto foi motivada porque o livro fazia parte do acervo da sala de leitura da escola e, portanto, os alunos poderiam fazer a leitura deste e de outros contos posteriormente. Decidido o conto a ser lido, seguiu-se o momento da leitura. A narrativa foi lida, observando as entonações das vozes e sotaques das personagens, fazendo uma leitura envolvente de modo a provocar um maior envolvimento das crianças com o conto. A pesquisadora adotou a Metodologia da Andaimagem de Graves & Graves (1995) em que são seguidas duas fases no processo da mediação: a fase de planejamento e de implementação. O momento da pré-leitura encontra-se na fase da implementação, constou de perguntas feitas às crianças sobre os possíveis acontecimentos da história, a partir do título e das ilustrações presentes na capa. As respostas foram diversas e muitas crianças participaram. Uma delas nos disse que achava que a dentadura do bisavô iria fugir. Outra afirmou que a dentadura iria quebrar. Perguntamos também se alguma delas já conhecia o conto e apenas um menino disse ter conhecimento da história. Depois deste período, passamos para o momento da leitura da história. As crianças ficaram bastante quietas durante este momento, prestando bastante atenção a cada momento e riam bastante nas partes mais engraçadas do texto. 7
  • 8. 8 Ao término da leitura, no momento da pós-leitura, fizemos mais algumas perguntas às crianças para verificarmos se as hipóteses levantadas antes da leitura se confirmaram ou não. Algumas crianças disseram imaginar um outro final para a história, mas que o verdadeiro final foi muito melhor. Outras disseram que se surpreenderam com o final. Mas todas concordaram que a história tinha sido muito engraçada e- divertida. No momento da leitura, as professoras que também estavam presentes se mostraram bem à vontade com nossa presença e também riram bastante na hora da leitura. Posteriormente perguntamos se elas já conheciam a história e se conheciam essa metodologia de leitura e elas disseram que não. Sendo assim, percebe-se pouco domínio de leitura nas professoras. Logo após a leitura partimos para as entrevistas. Entrevistas A entrevista foi realizada com apenas uma das professoras presente no encontro e no momento da leitura. Das crianças, selecionamos uma amostra de cada turma, somando ao todo cinco crianças. Os nomes da professora e das crianças foram substituídos. Seguem abaixo reproduzidos, trechos das entrevistas. Entrevista 01 - PROFESSORA Nome: Marta Série que ensina: 3° ano Pesquisadora = Há quanto tempo a senhora ensina? Professora = Ensino há 23 anos, mas passei cinco anos afastada da sala e fiquei nesse tempo na sala de vídeo aqui na escola mesmo, mas agora o Estado só manda pra cá (sala de vídeo) os professores que são afastados da sala de aula por motivo de saúde. Pesquisadora = Como a senhora trabalha a leitura em sala de aula? Professora = Na minha turma, toda segunda o Baú da Leitura vai lá levar livrinhos pras crianças lerem. Aí nesse momento, eu divido a classe em grupos e cada grupo escolhe o livro que preferir. Depois eles lêem a história e apresentam uma peça pro restante da turma. Eles adoram fazer isso (as peças), mas se envergonham se eu levo a turma pra apresentar em outra sala ou no pátio mesmo pras outras crianças. Eu até estou pensando em montar um palco lá na sala pra eles. Também vou comprar um microfone pra quando eles forem apresentar em outras salas, pra ficar mais alta as vozes deles. Pesquisadora = Com que frequencia a senhora lê pra eles? Professora = Eu tento ler sempre, mas às vezes eles têm tarefas atrasadas aí não dá. Mas sempre leio pra eles sim. Gosto muito de trabalhar historinhas com fundo moral sabe. Adoro as 8
  • 9. 9 fábulas de Monteiro Lobato. Pesquisadora = A senhora conhece e trabalha com autores mais modernos? Professora = Trabalho sim Pesquisadora = Pode nos citar algum? Professora = Gosto muito de Ana Maria Machado... (pensativa)... Pesquisadora = A senhora incentiva seus alunos a frequentar a biblioteca? Professora = Incentivo sim... Eu gosto muito de ler sabe, e quero que eles gostem também, então sempre incentivo a leitura e gosto de trabalhar isso com eles. Acho que pra ensinar a gente tem que amar as crianças, senão não dá certo. Eu amo essas crianças e amo trabalhar com elas. O tempo que fiquei afastado, eu senti falta sabe. Eles dão trabalho às vezes, mas é coisa de criança mesmo. Se ficasse quieto sempre era porque tava doente. (Risos) Entrevista 02 - Criança n° 01 Nome: Rubéns Idade: 10 anos Repetente: Sim Frequenta a biblioteca? Às vezes Pesquisadora = Você sabe ler? Aluno = Sei sim. Pesquisadora = Você gosta de ler? Aluno = Gosto. Gosto de ler histórias e desenhar. Pesquisadora = Sua professora leva vocês para sala de leitura? Aluno = Não. Pesquisadora = Ela lê ou conta histórias para vocês na sala? Aluno = Lê. Mas só às vezes. Não é sempre não. Pesquisadora = Na sua casa tem alguém que lê ou conta histórias pra você? Aluno = Não. Minha mãe não sabe ler não. Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Aluno = (Rindo) Gostei sim. Foi engraçada! Pesquisadora = Você achava que a história ia ser do jeitinho que foi, ou imaginava que ia acontecer alguma outra coisa? Aluno = Eu pensava que o avô ia colocar a dentadura na boca. Mas foi melhor do jeito que você contou. Ficou engraçado! Entrevista 03 - Criança n° 02: Nome: Maria Idade: 7 anos Repetente: Não 9
  • 10. 10 Frequenta a biblioteca? Não Pesquisadora = Porque você não vai à biblioteca? Aluno = Porque a professora não deixa. Pesquisadora = Mas ela lê ou conta histórias para vocês na sala? Com que frequencia? Aluno = Lê, mas só de vez em quando. Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias? Aluno = Gosto. Pesquisadora = E de ler? Você gosta? Aluno = Gosto. Mas não leio muito não. Pesquisadora = Por quê? Aluno = Porque ainda tô aprendendo a ler. Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Aluno = Gostei. Foi engraçado! Pesquisadora = De que parte você mais gostou? Aluno = Do final, quando o bisavô colocou a dentadura na água. Pesquisadora = Tem alguém que ler histórias pra você em casa? Aluno = Não. Entrevista 04 - Criança n° 03 Nome: Joãozinho Idade: 9 anos Repetente: Não Frequenta a biblioteca? Às vezes Pesquisadora = Você sabe ler? Aluno = Ainda tô aprendendo. Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas pra você? Aluno = Minha mãe lê pra mim. Às vezes eu levo uns livrinhos daqui e ela lê pra mim em casa. Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta? Aluno = Gosto. Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história? Aluno = Conta. Pesquisadora = Ela leva vocês para sala de leitura? Aluno = Leva não. Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais? Aluno = Gostei. Mas eu pensei que a dentadura fosse fugir e o bisavô ia atrás dela. Mas do jeito que foi eu gostei também. Foi até mais engraçado (Rindo). 10
  • 11. 11 Entrevista 05 - Criança n° 04 Nome: Pedro Idade: 9 anos Repetente: Não Frequenta a biblioteca? Às vezes Pesquisadora = Você sabe ler? Aluno = Não. Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas pra você? Aluno = Minha mãe. Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta? Aluno = Gosto. Eu gosto das histórias de passarinho que ela conta. Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história? Aluno = Conta. Pesquisadora = E você gosta das histórias que ela conta? Aluno = Gosto também. Pesquisadora = Ela leva vocês para sala de leitura? Aluno = Não, mas às vezes o Baú da Leitura vai lá na sala da gente pra gente ler os livrinhos. Mas eu não sei ler, aí os outros meninos que sabem, lêem pra mim. Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais? Aluno = Gostei. Eu também gosto de história engraçada assim. Eu gostei daquela parte que o avô colocou a dentadura no copo da Maroca. (Rindo) Entrevista 06 - Criança n° 05 Nome: Juliana Idade: 7 anos Repetente: Não Frequenta a biblioteca? Às vezes Pesquisadora = Você sabe ler? Aluno = Não. Pesquisadora = Alguém na sua casa conta ou lê historinhas para você? Aluno = Minha irmã lê pra mim. Pesquisadora = Ela é mais velha que você? Quantos anos ela tem? Aluno = Acho que ela tem 11 anos. Pesquisadora = E você gosta de ouvir as histórias que ela conta? Aluno = Gosto. Eu adoro historinhas. 11
  • 12. 12 Pesquisadora = E aqui na escola? A professora também conta história? Aluno = Conta às vezes. Pesquisadora = Você gostou da história de hoje? Que parte você gostou mais? Aluno = Eu gostei da parte do filtro e da parte da Maroca. De acordo com as analises das entrevistas, percebe-se que o que a professora nos contou nem sempre acontece. Os alunos demonstraram grande interesse pela prática da leitura, mas essa prática de fato não acontece nos espaços da escola. Considerações finais Com o decorrer da observação realizada, verificou-se uma divergência entre as respostas dos alunos e das professoras no que se refere à prática de leitura em sala de aula e ao incentivo a ida a biblioteca. Constatou-se a pouca utilização dos espaços de leitura pelos alunos e apesar da boa organização e acervo não existe um trabalho concreto que articule biblioteca e sala de aula e favoreça a formação leitora dos aprendizes. A leitura em sua forma descontraída e prazerosa é uma atividade que ocupa um pequeno espaço na vida escolar diária dos alunos. Apesar de estes apresentarem um grande interesse pela leitura, essa realidade não é uma constante em suas atividades diárias. Para construir um país de leitores é preciso inserir a leitura na rotina da escola. Como vimos em Amarilha (2009), memória e imaginação são princípios de sustentação da vida. Conduzir às crianças a exercer estas capacidades é dever da escola. Uma boa articulação entre coordenação pedagógica, professores e bibliotecários pode transformar as relações entre os alunos e a leitura. Para que as crianças cresçam sendo leitoras, devemos incentivá-las desde cedo a descobrir as maravilhas que o mundo da leitura pode oferecer. 12
  • 13. 13 Referências AMARILHA, Marly. Estão Mortas as Fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. 8. Ed. Petrópolis - RJ: Vozes, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) - 2010. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-biblioteca-da- escola. Acesso em: 20 fev. 2011. GARCIA, E.G. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Ed. Loyola, 1989. GRAVES, Michel F., GRAVES, Bonnie B. The scaffolded reading experience: a flexible framework for helping students get the most out of text. Reading. v. 29, n. 1, p. 29-34. Apr. 1995. LEAL, Leiva de Figueiredo Viana. Biblioteca escolar como eixo estruturador do currículo escolar. In: RÖSING, Tania Mariza Kuchenbecker; Becker, Paulo Ricardo (Org.). Leitura e animação cultural: repensando a escola e a biblioteca. Passo Fundo: Ed. Universitária, 2002. ORTHOF, Sylvia. O bisavô e a dentadura. In: MACHADO, Ana Maria et al. Quem conta um conto? São Paulo: FTD, 2001. p. 53-59. 13