O documento discute a importância de limites e regras na educação de crianças. Afirma que limites claros e coerentes são fundamentais e que dizer "não" de forma positiva ajuda as crianças a desenvolverem compreensão de regras e limites sociais. Castigos devem ser apropriados e explicados para que crianças aprendam sobre responsabilidade pelos próprios atos.
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A questão dos limites
1. A Questão dos Limites
- Como educar? Qual é o caminho correcto? Uma coisa parece ser certa: as atitudes
firmes e coerentes são fundamentais na educação dos filhos.
Limites, regras e vida em sociedade
Por mais que lhe custe ouvir falar deste assunto, não se esqueça que os limites e as
punições são uma constante nas nossas vidas. Por exemplo: um motorista que segue
acima do limite máximo de velocidade permitido, será multado, ou seja, punido. Viver
em sociedade significa obedecer a regras.
Muitas vezes não percebemos, mas estamos constantemente a respeitar e a definir
limites. Não seria possível viver colectivamente sem eles. Por isso, a criança precisa
aprender desde cedo como comportar-se em grupo. Naturalmente que é dever dos
pais atender os pedidos dos filhos, mas sempre dentro de determinados limites
impostos pela sociedade e pela educação dos próprios progenitores. É preciso saber
dizer não, de uma forma positiva e coerente, caso contrário vamos estar a interferir no
desenvolvimento correcto da criança.
Saber dizer "não"
Dizer "não" a uma criança é uma atitude, dentro do processo educativo,
necessária e saudável. A criança precisa de compreender que existem regras,
que tudo tem um momento certo e que há horas para brincar, para dormir,
estudar etc. Quando a criança tem liberdade total, tem dificuldade em
apreender e aceitar regras e limites. A falta de firmeza dos pais leva a criança a
impor a sua vontade. Então, é ela que determina o que vai comer, o que vai
vestir, que programa assistir na TV, como deve ser mobiliado seu quarto, etc.
Habituados a impor a sua vontade, a criança e o adolescente não aceitam ser
contrariados.
Dizer "não" a uma criança, no momento certo, não é prejudicial. Muito pelo
contrário. Esta pequena palavra é necessária, uma vez que a criança está
ainda a construir a sua concepção do mundo.
A criança precisa de conhecer os limites, saber distinguir aquilo que pode ou
não ser feito, para conseguir viver em sociedade. Ao contrário do que muitos
pais pensam, a criança é capaz de entender um "não". A recusa não gera
traumas, mas tem que ter uma razão e coerência.
Ao proferir a negação, o adulto mostra que se preocupa com a criança, e, para ela,
isto vale muito mais do que muitos brinquedos ou a realização de todas as suas
vontades. Ela poderá chorar ou "fazer birra", mas isso faz parte da sua socialização.
Assim, o adulto deve pensar no bem da criança quando tiver diante de si uma situação
em que precise de negá-la. Pode ser um pouco difícil dizer não, mas é preferível ver
uma cara triste por apenas alguns momentos, do que testemunhar problemas mais
graves que poderão fazer a criança sofrer mais tarde.
2. Os limites, os castigos e a culpa
Os limites ensinam à criança como respeitar o próximo, facilitando a socialização, por
isso devem fazer parte da educação. Uma vez que vivemos em sociedade, é
necessário haver respeito pelas regras pelas quais esta se rege.
Quando um limite não é respeitado, é importante que haja um "castigo", que não deve
ser físico. Pode-se, por exemplo, proibir uma brincadeira ou um passeio de que a
criança goste. Mas atenção, a punição deve ser sempre equivalente à gravidade do
acto cometido e aplicada de imediato.
É importante deixarmos claro que "limite" é diferente de "repressão". O primeiro actua
sobre a criança através dos castigos, enquanto que a repressão o faz através da
culpa. O castigo age sobre o acto e a culpa sobre a pessoa.
Durante o desenvolvimento da criança, estabelecer e conhecer os limites é saudável
quando estes se referem apenas aos actos, não desmerecendo ou desvalorizando a
pessoa
A criança não deve sentir-se culpada pelos seus actos, mas ser-lhe imputada
responsabilidade por estes
Alguns limites - conselhos
Assim, aqui vão alguns conselhos para conseguir colocar limites de uma forma
positiva:
p Não autorize ou proíba conforme os seus desejos pessoais e o estado de espírito
do momento;
d Demonstre que os adultos também têm limites a respeitar;
d Justifique os motivos do limite: "não faças isso porque eu não quero ou porque eu
não gosto" não é justificação. As razões devem ter a ver com segurança e/ou com
respeito;
r Não dê castigos físicos - rapidamente deixam de surtir efeito;
r Diga qual punição a dar quando um limite é ultrapassado, e não deixe de a
executar;
e Dê castigos brandos para atitudes pouco graves e castigos pesados para atitudes
graves;
g Deixe claro que a punição corresponde ao acto e não à pessoa;
g Repita um "não" quantas vezes for necessário;
g Use a sua autoridade sem humilhar;
g Use da afectividade para impor limites.
Dar o exemplo - ajustá-lo à criança / ressalvar a diferença A criança precisa de
parâmetros. Os adultos, são responsáveis directos no que diz respeito à sua
aprendizagem, porque as crianças buscam neles um reforço, seja ele negativo ou
positivo. Por isso, é preciso estar atento aos comportamentos que tomamos.
Lembre-se que os nossos modos são imitados pelas crianças. Se dizemos que uma
atitude não é correcta e mesmo assim a fazemos, com certeza a criança ficará
insegura, não acreditará no que lhe é dito e fará exactamente o que não devia, já que
ela aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve.
3. Explique sempre quando e porquê as suas acções lhe são permitidas a si e à
criança não. Refira razões de capacidade, idade, segurança, adequação ou
responsabilidade.
r Nunca tenha medo de dizer "não", mas explique sempre porquê.
r Deixe a criança colaborar, na medida do possível.
r Quando e sempre que for possível, ensine.