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Comparativo crítico


 J. Guedes
      X
Carlos Lemos
J. Guedes 1989, Oscar Niemeyer na Barra Funda em São Paulo
Inovação tecnológica...ou ... desperdício de dinheiro público? 3.320m3 de concreto para 1875 m2 de construção. Padrão
egípcio de 3000 a C. cobertura média da casca quase 2m. Casca impede novas janelas, novas divisões, obriga pe-direito muito
alto.

Projeto não teve tempo de maturação, excesso de silicone vedando caixilhos. Cabo de guarda-chuva inverte o sentido das
forças para sustentar a passarela. Aqui a irracionalidade transforma o original em grotesco.

Vidros do museu não mostram o interior nem deixam passar luz: são negros. Entra-se por uma porta quase escondida e se sai
por outra. Auditório bifolato

Muito longitudinal. Jogo de espelhos incomoda, não ajuda. Não se pode usar os dois simultaneamente.
Não funciona como auditório, mas é mero galpão de palestras. Centro de estudos - maspinho - Parece ser sustentado por
pórticos, mas não é. Uma caricatura de Lina. Vigas externas são uma trapaça, forma do que não é. Nega o real e ilude a si
mesma.
OSCAR E O MEMORIAL - Carlos Lemos

Há que se analisar um projeto pelo conjunto: técnicas construtivas, programa, sócio-economia, sítio e plasticidade.
Um grande espaço cívico para tratar das questões latino-americanas. Daí a necessidade de espaço monumental.
Não se pode pensar em economizar dinheiro. Era necessário um espaço com perspectivas. A praça de S Pedro também é
árida.
Pirâmides do Egito estão lugar árido. Ninguém chamou Burle-Max para ajardinar a fim de tornar mais ameno o uso por
turistas.

É necessário haver uma diferença volumétrica para assegurar nossa identidade. América Latina subjugou-se até o sec 19 aos
modos europeus. Agora há de encontrar seu modo de fazer as coisas. O ecletismo sufocou nosso modo de fazer da arquittr
colonial. Ramos de Azevedo é exemplo: quis parecer atualizado renegando padrão latino. Villa-Lobos Possui uma identidade
brasileira ainda q seja universal.
Pampulha mostra sábio jogo de luz no desencontro das abóbadas. O azulejo de Portinari na fachada, torre do sino isolada e a
iluminação restrita no interior repete o padrão tradicional nos efeitos, mas com plasticidade moderna. Repetir soluções de
lajes curvas é ser coerente.
Quem estaria mais apto?
Conclusão
Nunca ouvi elogios a esse espaço. Mesmo C. Lemos ao defender a proposta, não consegue citar qualidades
relevantes no Memorial da América Latina. A maior queixa é a ausência de árvores, carência da cidade e de seus
cidadãos. O argumento de uma implantação que se volta contra a cidade por construir uma nova centralidade é
sofrível dada à dispersão dos prédios e desolação do espaço entre eles.
Ausência de mobiliário torna o lugar inóspito, isto é reclamo universal de quem já esteve ali.

A grande cerca de ferro é desnecessária se a intenção é um grande espaço cívico. Este grande gradil propiciou o
uso da calçada por inúmeros camelôs e outros usuários de intenções suspeitas e age como uma barreira cruel
contra o espaço cívico que deveria ser democrático. Na realidade inibe o uso pela massa do povo em seus
movimentos sociais, uma vez que a saída é estrangulada no túnel desnecessário.

Após a construção do gigantesco complexo da Uninove, temos mais de 15.000 pessoas todas as noites se
deslocando rumo ao metrô e vizinhança, tendo que desviar das grades do Memorial, que jaz escuro indiferente
às necessidades dos estudantes e profissionais ali.

A entrada subterrânea repetindo a catedral de Brasília atrapalha o acesso, dificulta pelas escadas e inútil por
remeter à mesma cota da entrada, ou seja, faz-se o visitante descer e subir inutilmente. Tem sentido se
pensarmos que esse jogo cenográfico de oclusão, túnel e emergir buscam impressionar o visitante num teatro
sensorial – pode contribuir para o impacto visual da volumetria da arquitetura, entretanto não atende a outro
fim, tornando-se um impedimento tanto para o acesso como por estar escamoteada, precisando o usuário fazer
perguntas aos passantes para descobrir como se entra no Memorial.

Joaquim Brito foi meticuloso na análise que fez ao passo que Carlos Lemos foi generalista. Brito aponta absurdos
e incoerências no projeto; Lemos cede à reputação de Niemeyer e apela à importância de valorizarmos nossa
identidade construtiva.
Lemos usa analogias frágeis, como a de valorizar as esplanadas áridas das pirâmides do Egito e da praça de São
Pedro. Se lembrarmos de que as pirâmides eram mausoléus destinados a salvaguardar os sarcófagos e
apetrechos ali enterrados, compreendemos que o desconforto do entorno faz parte do programa. Infeliz
comparação de Lemos. Nada ali, no Egito funéreo, foi feito para atrair turistas, mas sim para afastar visitantes.

A Praça de São Pedro, igualmente, não é uma comparação razoável quando nos lembramos do jogo de colunatas
oferecendo justamente descanso, sombra e abrigo das intempéries – coisa inexistente no Memorial.

Não é um lugar onde se deva levar alguém idoso. Não é um lugar bom para alguém convalescente ou debilitado.
Certamente não é convidativo para crianças, uma vez que nada há para ser escalado, tocado ou que se possa
interagir.

Resta a contemplação dos vidros negros e do cimento no chão.

Ambos os autores parecem concordar que se trata de algo feito às pressas, o que abonaria o arquiteto de alguns
maus resultados. Será? Não teria um escritório de arquitetura desta reputação condições de indeferir um
convite uma vez que o prazo exíguo comprometeria a qualidade final da obra?

Um ano depois da inauguração toda a cobertura das abóbadas já estava mofada, exigindo um retrabalho.
Conversando com um diretor da Denver, fornecedora das mantas e material impermeabilizantes, um português
chamado Miguel, ouviu dele que não foi o material que desatendeu aos requisitos, mas foi o uso de camadas
desnecessárias de revestimento, causando despesas além do justo, que oclui e tornou hermética uma proteção
que, a princípio era extremamente simples de se realizar, bastando apenas um produto (revestimento branco)
que permitiria ao concreto “respirar” evitando-se assim o mofo e bolor.

Isso apenas reforça o fato de que obras públicas tendem a jogar dinheiro público no ralo. O agravante é que sob
o ralo, muitos ratos agem prontamente a fim de amealhar esse dinheiro que se escoa.

Carlos Lemos desqualifica seu oponente intelectual com a mais frágil das colocações, ou seja, destaca a
grandiosidade e acerto de obras anteriores de Niemeyer, assim furtando-se a analisar aspectos relevantes do
projeto, quais sejam, sua implantação, acesso, harmonia, partido coerente, qualidade espacial do auditório,
biblioteca e restaurante e conforto dos usuários e funcionários.

Se a longa amizade pessoal com Niemeyer o impede de ver suas falhas, o silêncio seria uma posição elegante.
Por outro lado, se como arquitetos tivermos tal senso de corpo a ponto de só elogiar e não fazer reparos, como
vamos evoluir construtivamente?

O modernismo nasceu com cânones muito claros: funcionalidade, uso de pilotis, jardins nas lajes superiores,
janelas amplas e seguindo o sentido da laje. Nada disso acontece no Memorial da América latina. A forma não
segue a função em momento algum. Na realidade muitos modernistas apropriaram-se de alguns elementos
(amplas lajes de concreto, excesso de vidros e caixilhos etc) para atuar num reduto de estética muito particular,
renegando seus preceitos de fé arquitetônica. Basta ver as últimas obras d Le Corbusier com a famosa catedral
de Rochamps, que nada tem de modernista.

Deitar sobre a fama que se construiu, agir com arrogância e fazer prevalecer o peso de sua grife, parece ser o
preço que se impõe ao usuário no contratar-se os velhos mestres. Especialmente num país sem tradição de
concursos arquitetônicos sérios.

Ao perguntar “quem estaria mais apto?” Lemos joga ao rés-do-chão quaisquer inovações de jovens arquitetos e
toda criatividade construtiva da geração pós-modernista. Tenta nos convencer de que como no Senado e no
Judiciário, a Arquitetura tem suas iminências pardas, seus notáveis e intocáveis, e nos cabe servi-los sem insistir
em que eles sirvam dando o seu melhor à sociedade. Uma tese de difícil aceitação, temos de convir.

Quem vê o prédio do Itamaraty, o palácio da Alvorada e do Planalto, custa crer se tratar do mesmo artista ainda
mais amadurecido, ao ir ao Memorial da América Latina. Quando muito, pensaria ser obra de um estagiário,
feito rapidamente em Sketchup.

Carlos Elson Cunha – 408 823-1 – História da Arquitetura III

Faculdade de Arquitetura & Urbanismo – U.P. Mackenzie – Profa. Flávia Rudge Ramos - 2011

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Comparativo crítico do Memorial da América Latina

  • 1. Comparativo crítico J. Guedes X Carlos Lemos
  • 2. J. Guedes 1989, Oscar Niemeyer na Barra Funda em São Paulo Inovação tecnológica...ou ... desperdício de dinheiro público? 3.320m3 de concreto para 1875 m2 de construção. Padrão egípcio de 3000 a C. cobertura média da casca quase 2m. Casca impede novas janelas, novas divisões, obriga pe-direito muito alto. Projeto não teve tempo de maturação, excesso de silicone vedando caixilhos. Cabo de guarda-chuva inverte o sentido das forças para sustentar a passarela. Aqui a irracionalidade transforma o original em grotesco. Vidros do museu não mostram o interior nem deixam passar luz: são negros. Entra-se por uma porta quase escondida e se sai por outra. Auditório bifolato Muito longitudinal. Jogo de espelhos incomoda, não ajuda. Não se pode usar os dois simultaneamente. Não funciona como auditório, mas é mero galpão de palestras. Centro de estudos - maspinho - Parece ser sustentado por pórticos, mas não é. Uma caricatura de Lina. Vigas externas são uma trapaça, forma do que não é. Nega o real e ilude a si mesma. OSCAR E O MEMORIAL - Carlos Lemos Há que se analisar um projeto pelo conjunto: técnicas construtivas, programa, sócio-economia, sítio e plasticidade. Um grande espaço cívico para tratar das questões latino-americanas. Daí a necessidade de espaço monumental. Não se pode pensar em economizar dinheiro. Era necessário um espaço com perspectivas. A praça de S Pedro também é árida. Pirâmides do Egito estão lugar árido. Ninguém chamou Burle-Max para ajardinar a fim de tornar mais ameno o uso por turistas. É necessário haver uma diferença volumétrica para assegurar nossa identidade. América Latina subjugou-se até o sec 19 aos modos europeus. Agora há de encontrar seu modo de fazer as coisas. O ecletismo sufocou nosso modo de fazer da arquittr colonial. Ramos de Azevedo é exemplo: quis parecer atualizado renegando padrão latino. Villa-Lobos Possui uma identidade brasileira ainda q seja universal. Pampulha mostra sábio jogo de luz no desencontro das abóbadas. O azulejo de Portinari na fachada, torre do sino isolada e a iluminação restrita no interior repete o padrão tradicional nos efeitos, mas com plasticidade moderna. Repetir soluções de lajes curvas é ser coerente. Quem estaria mais apto? Conclusão Nunca ouvi elogios a esse espaço. Mesmo C. Lemos ao defender a proposta, não consegue citar qualidades relevantes no Memorial da América Latina. A maior queixa é a ausência de árvores, carência da cidade e de seus cidadãos. O argumento de uma implantação que se volta contra a cidade por construir uma nova centralidade é sofrível dada à dispersão dos prédios e desolação do espaço entre eles. Ausência de mobiliário torna o lugar inóspito, isto é reclamo universal de quem já esteve ali. A grande cerca de ferro é desnecessária se a intenção é um grande espaço cívico. Este grande gradil propiciou o uso da calçada por inúmeros camelôs e outros usuários de intenções suspeitas e age como uma barreira cruel contra o espaço cívico que deveria ser democrático. Na realidade inibe o uso pela massa do povo em seus movimentos sociais, uma vez que a saída é estrangulada no túnel desnecessário. Após a construção do gigantesco complexo da Uninove, temos mais de 15.000 pessoas todas as noites se deslocando rumo ao metrô e vizinhança, tendo que desviar das grades do Memorial, que jaz escuro indiferente às necessidades dos estudantes e profissionais ali. A entrada subterrânea repetindo a catedral de Brasília atrapalha o acesso, dificulta pelas escadas e inútil por remeter à mesma cota da entrada, ou seja, faz-se o visitante descer e subir inutilmente. Tem sentido se pensarmos que esse jogo cenográfico de oclusão, túnel e emergir buscam impressionar o visitante num teatro sensorial – pode contribuir para o impacto visual da volumetria da arquitetura, entretanto não atende a outro fim, tornando-se um impedimento tanto para o acesso como por estar escamoteada, precisando o usuário fazer perguntas aos passantes para descobrir como se entra no Memorial. Joaquim Brito foi meticuloso na análise que fez ao passo que Carlos Lemos foi generalista. Brito aponta absurdos e incoerências no projeto; Lemos cede à reputação de Niemeyer e apela à importância de valorizarmos nossa identidade construtiva.
  • 3. Lemos usa analogias frágeis, como a de valorizar as esplanadas áridas das pirâmides do Egito e da praça de São Pedro. Se lembrarmos de que as pirâmides eram mausoléus destinados a salvaguardar os sarcófagos e apetrechos ali enterrados, compreendemos que o desconforto do entorno faz parte do programa. Infeliz comparação de Lemos. Nada ali, no Egito funéreo, foi feito para atrair turistas, mas sim para afastar visitantes. A Praça de São Pedro, igualmente, não é uma comparação razoável quando nos lembramos do jogo de colunatas oferecendo justamente descanso, sombra e abrigo das intempéries – coisa inexistente no Memorial. Não é um lugar onde se deva levar alguém idoso. Não é um lugar bom para alguém convalescente ou debilitado. Certamente não é convidativo para crianças, uma vez que nada há para ser escalado, tocado ou que se possa interagir. Resta a contemplação dos vidros negros e do cimento no chão. Ambos os autores parecem concordar que se trata de algo feito às pressas, o que abonaria o arquiteto de alguns maus resultados. Será? Não teria um escritório de arquitetura desta reputação condições de indeferir um convite uma vez que o prazo exíguo comprometeria a qualidade final da obra? Um ano depois da inauguração toda a cobertura das abóbadas já estava mofada, exigindo um retrabalho. Conversando com um diretor da Denver, fornecedora das mantas e material impermeabilizantes, um português chamado Miguel, ouviu dele que não foi o material que desatendeu aos requisitos, mas foi o uso de camadas desnecessárias de revestimento, causando despesas além do justo, que oclui e tornou hermética uma proteção que, a princípio era extremamente simples de se realizar, bastando apenas um produto (revestimento branco) que permitiria ao concreto “respirar” evitando-se assim o mofo e bolor. Isso apenas reforça o fato de que obras públicas tendem a jogar dinheiro público no ralo. O agravante é que sob o ralo, muitos ratos agem prontamente a fim de amealhar esse dinheiro que se escoa. Carlos Lemos desqualifica seu oponente intelectual com a mais frágil das colocações, ou seja, destaca a grandiosidade e acerto de obras anteriores de Niemeyer, assim furtando-se a analisar aspectos relevantes do projeto, quais sejam, sua implantação, acesso, harmonia, partido coerente, qualidade espacial do auditório, biblioteca e restaurante e conforto dos usuários e funcionários. Se a longa amizade pessoal com Niemeyer o impede de ver suas falhas, o silêncio seria uma posição elegante. Por outro lado, se como arquitetos tivermos tal senso de corpo a ponto de só elogiar e não fazer reparos, como vamos evoluir construtivamente? O modernismo nasceu com cânones muito claros: funcionalidade, uso de pilotis, jardins nas lajes superiores, janelas amplas e seguindo o sentido da laje. Nada disso acontece no Memorial da América latina. A forma não segue a função em momento algum. Na realidade muitos modernistas apropriaram-se de alguns elementos (amplas lajes de concreto, excesso de vidros e caixilhos etc) para atuar num reduto de estética muito particular, renegando seus preceitos de fé arquitetônica. Basta ver as últimas obras d Le Corbusier com a famosa catedral de Rochamps, que nada tem de modernista. Deitar sobre a fama que se construiu, agir com arrogância e fazer prevalecer o peso de sua grife, parece ser o preço que se impõe ao usuário no contratar-se os velhos mestres. Especialmente num país sem tradição de concursos arquitetônicos sérios. Ao perguntar “quem estaria mais apto?” Lemos joga ao rés-do-chão quaisquer inovações de jovens arquitetos e toda criatividade construtiva da geração pós-modernista. Tenta nos convencer de que como no Senado e no Judiciário, a Arquitetura tem suas iminências pardas, seus notáveis e intocáveis, e nos cabe servi-los sem insistir em que eles sirvam dando o seu melhor à sociedade. Uma tese de difícil aceitação, temos de convir. Quem vê o prédio do Itamaraty, o palácio da Alvorada e do Planalto, custa crer se tratar do mesmo artista ainda mais amadurecido, ao ir ao Memorial da América Latina. Quando muito, pensaria ser obra de um estagiário, feito rapidamente em Sketchup. Carlos Elson Cunha – 408 823-1 – História da Arquitetura III Faculdade de Arquitetura & Urbanismo – U.P. Mackenzie – Profa. Flávia Rudge Ramos - 2011