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A DITADURA MILITAR CONTADA PELO OLHAR DO FOTÓGRAFO EVANDRO
TEIXEIRA
Emily Gonçalves (IC) e Manoel Nascimento (Orientador)
Apoio: PIVIC Mackenzie


Resumo

A pesquisa intitulada “A Ditadura Militar contada pelo olhar do fotógrafo Evandro Teixeira”, como o
próprio nome indica, teve como objeto de estudo as imagens sobre esse período capturadas por tal
fotojornalista. Foram selecionadas 8 fotografias que representam um pouco da realidade vivenciada
na época. Procurou-se enfatizar a contribuição de Evandro para a História do país através de seu
trabalho, e, além disso, analisar as imagens para além do mero registro dos fatos – ou seja, identificar
sua subjetividade, pois, como ele mesmo afirmou, escolheu a câmera fotográfica como arma para
lutar contra a ditadura militar (TEIXEIRA, 2007). O método de estudo foi quantitativo, de certa forma,
devido à seleção das fotos utilizadas, mas foi predominantemente qualitativo. As imagens foram
analisadas à luz de seu contexto histórico, e encaixadas cronologicamente no texto, como que
“ilustrando-o”, com a finalidade de tornar a leitura mais imersiva. Os resultados obtidos reafirmaram a
ideia inicial do projeto, a respeito da relevância do trabalho desse fotojornalista. Graças a tais
fotografias, é possível resgatar a memória desse passado recente; elas foram feitas há mais de
quarenta anos e apesar do tempo, sua mensagem sobrevive. Evandro Teixeira merece todo o
reconhecimento que possui não apenas pela qualidade estética de sua obra, mas também e
principalmente pelo seu envolvimento social e político, pelo seu engajamento na luta contra a
repressão.

Palavras-chave: fotojornalismo, engajamento, História


Abstract

The research entitled "The Military Dictatorship told by the vision of the photographer Evandro
Teixeira," as the name suggests, had as object of study the images of this period captured by such
photojournalist. Eight pictures were selected to represent a bit of the reality experienced at that time
and emphasize the contribution of Evandro for the Nation's history through his work. They were
analyzed beyond the mere record of facts - in other words, the intention was to identify the subjectivity,
because according to his words, he chose a camera as a weapon to fight against the military
dictatorship (Teixeira, 2007). The method used for such study was quantitative, in some way, due to
the selection of photos used, but it was predominantly qualitative. The images were analyzed under
the light of its historical context, and embedded in the text chronologically, as if "illustrating" it, in order
to make reading more immersive. The results have reaffirmed the initial idea of the project, about the
relevance of this photojournalist’s work. Thanks to these photos, it is possible redeem the memory of
this recent past; they were taken for over forty years and despite the time, its message lives
on. Evandro Teixeira deserves all the recognition he has, not only because the aesthetic quality of his
work, but also and mainly for his social and political involvement, for his engagement to fight against
repression.

Key-words: photojournalism, engagement, History.




                                                                                                              1
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


INTRODUÇÃO



O presente estudo buscou enfatizar a importância do trabalho do fotojornalista Evandro
Teixeira para a memória brasileira. Suas fotos, sobretudo as selecionadas neste trabalho,
ajudam a contar parte da História do país – a saber, o período do Regime Militar. Dessa
forma, ateve-se ao seguinte problema de pesquisa: Qual a contribuição de Evandro Teixeira
para a História brasileira, por meio de seu trabalho fotojornalístico? O que há em suas
fotografias, além do registro fiel dos fatos? Pode-se dizer que tal fotógrafo não só exerceu
um verdadeiro papel jornalístico ao retratar tal momento histórico, como também utilizou sua
câmera para lutar contra a repressão.

                        A câmera fotográfica foi a arma que escolhi para lutar contra a ditadura
                        militar. Desde o primeiro momento, quando flagrei a tomada do Forte de
                        Copacabana, na madrugada de 1º de abril de 1964, assumi o compromisso
                        de registrar imagens que revelassem as arbitrariedades e as injustiças dos
                        governos militares que tomaram de assalto a democracia de nosso País.
                        (TEIXEIRA, 2007, p. 117).

O principal objetivo desta pesquisa foi observar e analisar a linguagem fotográfica das
imagens selecionadas, relacionando-as com a realidade vivenciada no período ditatorial.
Foram estabelecidos como objetivos secundários a apresentação biográfica de Evandro
Teixeira, bem como sua participação política na Ditadura Militar e sua contribuição para o
acervo documental sobre o período.



REFERENCIAL TEÓRICO



Evandro Teixeira, fotojornalista reconhecido nacional e internacionalmente, retratou, entre
muitas outras coisas, cenas que ajudam a contar parte da História nacional. De 1964 a 1985
a sociedade esteve submetida às arbitrariedades dos militares, que tinham à disposição
armas, oficiais e instituições repressivas.

Nessa pesquisa foram selecionadas 8 fotografias do período, duas delas de 1964 e as
demais de 1968, que o representam e ajudam a “ilustrar” tal contexto histórico. Apesar das
dificuldades enfrentadas pela imprensa e, consequentemente, pelos fotojornalistas, Evandro
registrou valiosos recortes daquela realidade, que hoje, permitem a reconstrução e
rememoração dessa difícil época, como reforça o jornalista Fernando Gabeira:




                                                                                                  2
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                        Nessa figura extraordinária de Evandro Teixeira, não aprendemos apenas a
                        História do Brasil em seus momentos mais dramáticos. Podemos seguir a
                        história do nosso jornalismo, suas importantes vitórias, sobretudo se
                        considerarmos que a liberdade de imprensa no país não é um fenômeno
                        natural – ela foi conquistada, assim como todas as outras dimensões de
                        nossa democracia.

                        Dessa conquista, participa, igualmente, gente que esteve por trás ou diante
                        das câmeras, gente que fez ou, simplesmente, registrou, com fidelidade,
                        emoção e senso estético, esse pedaço da História do Brasil. (GABEIRA in
                        TEIXEIRA, 2007, p. 116).

O olhar do fotojornalista “permite que as fotos sejam um registro objetivo e também um
testemunho pessoal, tanto uma cópia ou uma transcrição fiel de um momento da realidade
como uma interpretação dessa realidade”. (SONTAG, 2004). Portanto, mais do que o retrato
fiel dos fatos, Evandro Teixeira deixa transparecer sua subjetividade e demonstra sua
participação na luta pela democracia. Ele utilizou a profissão e seu instrumento de trabalho –
uma câmera fotográfica – para garantir que as presentes e futuras gerações do Brasil
conhecessem uma época tão recente e tão cruel desse país.

                        A fotografia tanto pode mostrar as belezas do mundo como as atrocidades
                        do mundo. Para o fotojornalismo, a fotografia precisa mostrar o que há de
                        errado no mundo. No meu caso, sempre preferi fotografar nosso cotidiano, a
                        miséria da nossa gente, e acabei concluindo que a fotografia é uma arma de
                        denúncia. Eu acompanhei todos os militares ditadores no Brasil e não posso
                        dizer que tive o prazer de enterrá-los, mas digamos que testemunhei
                        quando foram enterrados. (TEIXEIRA in CAPUTO, 2008, p. 36).



MÉTODO



Com a finalidade de atender aos objetivos a que esta pesquisa se propôs, foram
consultadas diversas fontes, como livros, sites, jornais, revistas, sobre o período da Ditadura
Militar no Brasil e sobre fotografia, visto que o que se pretendeu foi analisar e contextualizar
as fotos de Evandro Teixeira referentes a tal momento histórico. O livro-base e ponto de
partida do estudo foi o livro “1968 Destinos 2008: A Passeata dos 100 Mil”, do próprio
fotojornalista.

Foram selecionadas apenas 8 imagens presentes na obra supracitada, consideradas
suficientes para atender ao que se propõe esse estudo; diante disso, pode-se dizer que foi




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feita abordagem quantitativa. Entretanto, o estudo é majoritariamente qualitativo, pois
preocupou-se em examiná-las e contextualizá-las historicamente.

                        Os métodos qualitativos se assemelham a procedimentos de interpretação
                        dos fenômenos que empregamos no nosso dia-a-dia, que têm a mesma
                        natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua
                        pesquisa. Tanto em um como em outro caso, trata-se de dados simbólicos,
                        situados em determinado contexto; revelam parte da realidade ao mesmo
                        tempo que escondem outra parte. (NEVES, 1996, p. 1).

Inicialmente a ideia era examinar semioticamente tais fotografias, a partir da obra “Semiótica
aplicada”, de Lucia Santaella; contudo, a análise das mesmas foi baseada na interpretação
da pesquisadora à luz dos episódios históricos no qual foram capturadas, como se fosse
uma rememoração de alguém que presenciou tais momentos, a fim de tornar a pesquisa
mais imersiva para o leitor.

                        O fluxo incessante de imagens (televisão, vídeo, cinema) constitui o nosso
                        meio circundante, mas, quando se trata de recordar, a fotografia fere mais
                        fundo. [...] Numa era sobrecarregada de informação, a fotografia oferece um
                        modo rápido de apreender algo e uma forma compacta de memorizá-lo. A
                        foto é como uma citação ou uma máxima ou provérbio. Cada um de nós
                        estoca, na mente, centenas de fotos, que podem ser recuperadas
                        instantaneamente. (SONTAG, 2004, p. 23).

Foram lidas primeiramente obras sobre o campo da fotografia para obter um conhecimento
mais abrangente do mesmo, cujos títulos são “Uma história critica do fotojornalismo
ocidental” de Jorge Pedro Sousa, “Sociologia da Fotografia e da Imagem” de José de Souza
Martins, “Foto-jornalismo”, publicado pela Folha de São Paulo e “Fotojornalismo”, obra de
Evandro Teixeira.

Para legitimar a discussão e a análise das fotos, foram tomados como apoio os livros
“Diante da dor dos outros” e “Sobre Fotografia”, ambos de Susan Sontag, o artigo “Diante da
dor dos outros”, de Maria das Graças Targino, sobre a obra homônima de Sontag, “Foto,
política e memória”, resenha de Leila Landim sobre o livro “1968 Destinos 2008: A Passeata
dos 100 Mil”, além de trechos dessa mesma obra.

O desenvolvimento do contexto histórico teve como embasamento os livros “Os governos
militares”, de Edgard Luiz de Barros, “Brasil: de Castelo a Tancredo”, de Thomas Elliot
Skidmore, historiador norte-americano especializado em História do Brasil, “O golpe de 64 e
a ditadura militar”, de Júlio José Chiavenatto, além dos conhecimentos prévios da
pesquisadora sobre o tema, adquiridos principalmente na disciplina Cultura e Mídias
(cursada no primeiro semestre de 2011), lecionada pelas professoras doutoras Regina Célia



                                                                                                  4
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Faria Amaro Giora e Maria Aparecida de Aquino, sendo esta última a responsável pelas
aulas sobre o Regime Militar.



RESULTADOS E DISCUSSÃO



Evandro Teixeira nasceu no dia 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, interior da Bahia, mas
cresceu no município de Ipiaú. O interesse pela fotografia começou na juventude, e, a partir
de então, Evandro passou a estudar fotografia; teve como professores Walter Lessa, do
jornal de Jequié (BA), Silvio Glauber Rocha, fotógrafo reconhecido em Salvador (BA) e Zé
Medeiros, do Cruzeiro. Foi morar no Rio de Janeiro e em 1958 iniciou sua carreira no Diário
da Noite (do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand). Já em 1963, foi
trabalhar no Jornal do Brasil, onde permaneceu até setembro de 2010, quando o JB passou
a ter apenas a versão on line.

Reconhecido no Brasil e no mundo, o fotojornalista fez exposições em Paris, Frankfurt,
Zurique, Madri, Veneza, Basel, Nova lorque, Cuba, México, Buenos Aires, Bogotá, além das
principais capitais brasileiras. Currículo e nome estão presentes na Enciclopédia
Internacional de Fotógrafos, onde constam os maiores ícones da fotografia desde 1839 até
a atualidade. Evandro também recebeu vários prêmios: em 1969, recebeu seu primeiro
prêmio, da Sociedade Interamericana de Imprensa; depois disso, ganhou dois dos
concursos internacionais da Nikon (Japão, 1975 e 1991) e o da UNESCO (1993). Grandes
publicações internacionais já divulgaram seu trabalho, entre elas: revista da Leica
(Alemanha), revista de Fotografia da Suíça, "Photo" (França), "Harper's Bazaar" e "7" (Itália),
sendo, portanto, referência obrigatória para o fotojornalismo brasileiro.

Suas fotografias tornaram-se tema de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade,
intitulada “Diante das Fotos de Evandro Teixeira”, e compõe acervos de importantes
museus, como Museu de Arte Moderna do Rio, Masp e Museu de Arte Contemporânea de
São Paulo, Museu de Belas Artes de Zurique, Suíça e Museu de Arte Moderna La Tertulia,
Cáli, Colômbia.

Passaram por suas lentes temas como esporte, moda, sertão brasileiro, personalidades e
política, sendo este último o ponto de abordagem do trabalho, especificamente as
fotografias do período ditatorial brasileiro (1964 a 1985). Para tanto, foram selecionadas oito
imagens, as quais serão analisadas e contextualizadas de acordo com o momento histórico
no qual foram registradas, a fim de “ilustrá-lo”.




                                                                                              5
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                       Mas a força das imagens fotográficas provém de serem elas realidades
                       materiais por si mesmas, depósitos fartamente informativos deixados no
                       rastro do que quer que as tenha emitido, meios poderosos de tomar o lugar
                       da realidade – ao transformar a realidade numa sombra. As imagens são
                       mais reais do que qualquer um poderia supor. (SONTAG, 2004, p. 196, grifo
                       do autor).

O período que antecede o golpe de 64 foi marcado por forte instabilidade política. Durante o
governo de João Goulart eram frequentes manifestações sociais e políticas, como
consequência da complicada situação econômica que a população enfrentava. Enquanto
isso, o presidente falava em Reforma de Base, e a classe média estava temerosa com a
possibilidade da chegada do comunismo ao Brasil.

O quadro só piorava e, com a ideia de modificá-lo, os militares entraram em ação. Em 31 de
março de 64 o general Olympio Mourão Filho comandou tropas vindas de Minas Gerais em
direção ao Rio de Janeiro. A fim de evitar uma guerra civil, Jango deixa o país e refugia-se
no Uruguai.

                       Havia, sem dúvida, efetivas possibilidades de resistência, tanto por parte
                       dos militares legalistas, como de diversos segmentos mobilizados da
                       população. [...] No entanto, não aconteceu qualquer resistência significativa
                       e o golpe político-militar se consumou em menos de 48 horas. (BARROS,
                       1997, p. 18).

A guarnição do forte de Copacabana não aderiu ao movimento militar e acabou sendo
tomada por forças comandadas pelo coronel César Montagna, que golpeou com as mãos o
sentinela do portão, invadindo o forte sem utilizar armas – fato que ficou conhecido como
“episódio da bofetada” –. Durante o Regime, o local foi utilizado como presídio político.
Evandro Teixeira foi o único fotógrafo a registrar esse momento.




                    Tomada do Forte de Copacabana - Rio de Janeiro, 31/03/1964




                                                                                                   6
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Assim, tiveram início os chamados “Anos de Chumbo”. No dia 2 de abril, a junta militar
chamada “Comando Supremo da Revolução” passou a controlar o país e empossou Ranieri
Mazzilli como presidente provisório. O Comando baixou o primeiro Ato Institucional no dia 9
do mesmo mês, que atribuía ao Executivo o poder de cassar mandatos e abolir direitos
políticos por até dez anos, estabelecer estado de sítio sem consulta ao parlamento e forçar
o Congresso a aprovar emendas constitucionais. “Os novos donos da realidade explicitariam
agora o mando absoluto através do máximo de violência e do uso indiscriminado da força. O
emblema maior deste processo seria, desde a primeira hora da vitória do golpe, a prática
sistemática da tortura e do assassinato político”. (BARROS, 1997, p. 20).




                      Golpe Militar: o início da repressão - Rio de Janeiro, 1964



A imagem acima permite identificar o terror instaurado com o Golpe, e, por isso, pode-se
dizer que possui caráter subjetivo. Evandro Teixeira capta o momento em que homem em
primeiro plano leva as mãos ao rosto, num sinal que pode ser interpretado como desespero
ou tristeza, e ao fundo há um rapaz sendo carregado por oficiais, com uma expressão aflita.
É necessário dizer que a subjetividade do fotógrafo não anula a objetividade da imagem;
para legitimar tal idéia, é válido reproduzir a reflexão de Susan Sontag sobre as fotografias
de guerras e tragédias:

                          As fotos tinham a vantagem de unir dois atributos contraditórios. Suas
                          credenciais de objetividade estavam embutidas. Contudo sempre tiveram,
                          forçosamente, um ponto de vista. Eram um registro do real – incontroverso
                          como nenhum relato verbal poderia ser, por mais imparcial que fosse –,
                          uma vez que a máquina fazia o registro. E as fotos davam testemunho do
                          real – uma vez que alguém havia estado lá para tirá-las. (SONTAG, 2003, p.
                          26).

O Regime estava apenas no início, e sua fase mais difícil só ocorreria quatro anos mais
tarde. Castelo Branco subiu ao poder em 15 abril de 1964 e foi moldando a ditadura; em



                                                                                                   7
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outubro de 1965 baixou o Ato Institucional número 2 e em menos de um ano – fevereiro de
1966 – editou o número 3 e em dezembro do mesmo ano o número 4. A repressão
aumentava mais e mais a cada ato decretado.

Mas é a partir de março de 1967 que a pior fase começa, com a transferência da faixa
presidencial para Artur Costa e Silva. A partir de então, sobretudo em 1968, há um
crescimento dos movimentos culturais, na música, literatura e teatro, incessantes
discussões entre intelectuais sobre socialismo e capitalismo no mundo, fortalecimento do
movimento estudantil – a principal preocupação dos militares –, além dos debates sociais
devido à frágil economia do país. Na foto seguinte, Evandro Teixeira mostra uma das formas
de ação do movimento estudantil, indicando que ele foi muito além das reuniões e discursos.




               Rural do Exército em chamas, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968



Em contrapartida, Costa e Silva foi concentrando seu governo diante desse cenário. No dia
28 de março de 1968 um pelotão de choque da Polícia Militar invadiu o Calabouço,
restaurante do centro do Rio de Janeiro, considerado possível foco de inquietação, alegando
que no local estava sendo organizada uma passeata com o objetivo de atacar a embaixada
dos Estados Unidos.

                       Houve uma manifestação no local e a polícia militar chegou pronta a agir
                       com energia. Logo ouviu-se um tiro. Disparado pela polícia, atingiu o
                       estudante Edson Luís de Lima Souto, que caiu morto. Agora os ativistas
                       tinham um mártir, uma morte que podia mobilizar o sentimento antigoverno.
                       (SKIDMORE, 1988, p. 152).

No dia 4 de abril de 1968 foi realizada a missa de sétimo dia de Edson na Igreja da
Candelária, vigiada por militares, agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e
Social) e por aviões da FAB (Força Aérea Brasileira). No final da missa, a cavalaria da
Polícia Militar cercou e atacou os participantes, como é possível observar nas duas imagens
a seguir. A primeira traz uma visão panorâmica do local, cujo ângulo permite a visualização



                                                                                                     8
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da cena como do alto de uma torre, que permite ao observador identificar e reproduzir
mentalmente os movimentos dos oficiais e da população.




                Visão panorâmica da invasão da cavalaria na missa do estudante Edson Luís
                               Igreja da Candelária - Rio de Janeiro, 1968



A segunda, por sua vez, mostra exatamente a invasão da cavalaria, com oficiais
empunhando sabres e encurralando os populares contra a porta da igreja, que remete à
ideia de uma guerra covarde entre policiais armados e pessoas despreparadas, mas essa é
só uma possível forma de interpretação. “A leitura da fotografia não se dá de forma unívoca
ou eterna, mas é, sobretudo, trans-histórica e de teor subjetivo.” (TARGINO, 2005).




     Cavalaria invadindo a missa do estudante Edson Luís na Igreja da Candelária - Rio de Janeiro, 1968



Além de Edson Luís, muitas outras pessoas foram perseguidas, feridas e torturadas pelo
Regime. Na imagem seguinte há uma estudante sendo carregada por colegas após levar
um tiro, que reforça o ideal da união entre os estudantes – os quais não mediam esforços
para ajudar ou proteger os companheiros da luta contra a ditadura.




                                                                                                          9
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                     Estudante baleada, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968



Já a fotografia abaixo retrata a cena de um estudante sendo perseguido pelos oficiais e
literalmente caindo, que faz alusão à verdadeira vontade do governo: derrubar, fazer ruir o
movimento estudantil.




        Queda do estudante de Medicina na Cinelândia, Movimento Estudantil, Rio de Janeiro, 1968



A repressão se intensificava; no mês de junho houve uma série de protestos duramente
barrados pelos militares, cujos resultados foram mortes e prisões de inúmeros
manifestantes. Foi a chamada Semana Sangrenta, que teve como resposta a Passeata dos
Cem Mil, realizada no dia 26 de junho de 1968; foram feitos discursos de líderes estudantis,
como Vladimir Palmeira, somados a gritos e faixas de protesto, e surpreendentemente não
houve reação policial. Nesse dia, Evandro Teixeira fora escalado pelo Jornal do Brasil para
ficar atendo a Vladimir Palmeira, pois havia o boato de que ele seria preso ou assassinado.

A foto a seguir é uma das mais reproduzidas em livros, revistas, sites, blogs, quando o
assunto é Regime Militar, e consagrou Evandro Teixeira como fotojornalista. Foi a partir dela
que ele pensou e criou seu último livro - “1968 Destinos 2008: Passeata dos 100 Mil”. A
faixa que se destaca sobre a multidão com os dizeres “Abaixo a Ditadura – Povo no poder”



                                                                                                     10
Universidade Presbiteriana Mackenzie


representa o desejo de toda a sociedade, cansada da opressão imposta pelo regime. O
olhar do fotojornalista captura inúmeros rostos, incrivelmente nítidos, como se fossem
retratos individuais, “imobilizando para sempre um instante no transcurso de suas
juventudes como um cutelo que, diria poeticamente Cartier Bresson, corta o fluir incessante
e inalcançável do tempo e, na eternidade, capta o instante que confunde e surpreende a
morte” (LANDIM, 2008, p. 3).




                  Passeata dos 100 Mil, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968



                       A Passeata dos 100 Mil, de Evandro Teixeira, é o 1968 definitivo, o ano que
                       não acabou, e que não acaba mais. O resto perdeu a juventude e, com ela,
                       o sentido que as coisas pareciam ter naquele tempo. Só a sua fotografia
                       rejuvenesce. Cada década que passa acrescenta a ela um significado – e
                       vai se remoçando. Anda tão nova, que quem a vê, ultimamente, mal faz
                       ideia de como era preciso focalizar um futuro distante, para fotografar a
                       multidão num negativo de 86 centímetros quadrados, posando para a
                       História. [...] Se, ao contrário dos acontecimentos de 1968, a Passeata dos
                       100 Mil continua aí na nossa frente, é porque, entre a fração de segundo e a
                       posteridade, ela cruzou com o olho de Evandro Teixeira (CORRÊA in
                       TEIXEIRA, 2007, pp. 29 e 30).

As fotografias de Evandro Teixeira sobre o Regime Militar param no ano de 1968, mas a
ditadura continuava, e endurecia cada vez mais. Em 13 de dezembro de 1968 foi decretado
o Ato Institucional n° 5, instalando de vez o pânico na sociedade. A repressão contra os
opositores foi acirrada; o AI-5 permitia que o general-presidente fizesse o que bem
entendesse, desde o fechamento do Congresso até a cassação de mandatos
parlamentares. Mas Costa e Silva teve problemas de saúde e foi afastado da presidência; foi
substituído por uma junta de emergência, que acabou em 1969, quando Emílio Garrastazu
Médici assumiu o cargo.




                                                                                                 11
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


O governo Médici é considerado o mais brutal do período ditatorial, marcado por prisões,
torturas, desaparecimentos de civis e medo, graças ao aparelho repressivo do estado, como
o DOPS e o DOI-CODI Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações
de Defesa Interna). Enquanto isso, o Brasil vivia o chamado “milagre econômico”, com
intenso desenvolvimento do país, financiado por recursos externos.

                       Mas não é somente a repressão que explica o Brasil de Médici. Juntamente
                       com o porrete, oferecia-se a cenoura. O rápido desenvolvimento económico
                       levou ao paraíso os brasileiros situados no vértice da pirâmide salarial - os
                       profissionais, os tecnocratas, os administradores de empresa. [...] Visto em
                       conjunto o governo estava se saindo bem - em seus termos. O crescimento
                       econômico acelerado funcionava. A propaganda governamental funcionava.
                       A repressão funcionava. A censura funcionava. Os militares da linha dura,
                       repetidamente frustrados desde 1964, estavam se vingando recuperando
                       tanto tempo perdido. (SKIDMORE, 1988, pp. 215 e 216).

Mas o milagre econômico teve seu fim no governo de Ernesto Geisel (1974 – 1979), devido
ao aumento do preço do petróleo, a recessão mundial e a falta de investimentos
estrangeiros. Com as crescentes dificuldades na política e o alto custo para manutenção do
regime, Geisel deu inicio ao processo lento e gradual de abertura à redemocratização,
levando militares radicais a cogitarem a deposição do presidente – tudo em vão. No fim de
seu mandato a sociedade havia mudado; a repressão diminuíra e os grupos de oposição
voltaram a se organizar. Em 1978, Geisel revogou o AI-5 e fez de João Batista Figueiredo
seu sucessor.

Figueiredo foi o último general-presidente, e seu mandato durou de 1979 a 1985. Ele
acelerou o processo de abertura política, restabeleceu o pluripartidarismo e aprovou a Lei de
Anistia, que permitia o retorno de exilados políticos ao país, além de absolver os que
cometeram crimes políticos – tanto opositores quanto militares. Também enfrentou os
militares radicais, cuja resistência se deu por meio de atos terroristas. A economia piorou e
os índices de inflação e a crise aumentaram.

No último ano de seu governo surgiu o movimento das Diretas Já, mobilizando toda a
população para reivindicar eleições diretas para a próxima eleição presidencial. Contudo, o
governo resistiu, e o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio
Eleitoral no dia 15 de janeiro de 1985. O deputado Tancredo Neves fora escolhido, mas
devido ao adoecimento e morte, quem assumiu o cargo foi o vice José Sarney.

                       Tancredo morreu em 21 de abril, depois de sete operações e 38 dias no
                       hospital. O público, embora cético quanto às muitas cirurgias "bem
                       sucedidas", ficou aturdido com a notícia. Em vida Tancredo assomava como



                                                                                                 12
Universidade Presbiteriana Mackenzie


                      um salvador político. Morto, assumia as proporções de um santo. Todas as
                      esperanças, acumuladas e centralizadas no homem que não viveu para
                      materializá-las, manifestaram-se impetuosamente. [...] José Sarney prestou
                      juramento para assumir o pleno status de presidente em 21 de abril, depois
                      que os médicos declararam o caráter terminal da doença de Tancredo.
                      Trabalhando agora à sombra que o ilustre brasileiro projetava sobre o seu
                      governo, Sarney enfrentava formidáveis desafios. (SKIDMORE, 1988, p.
                      500).



CONCLUSÃO



A presente pesquisa, intitulada “A Ditadura Militar contada pelo olhar do fotógrafo Evandro
Teixeira”, preocupou-se em ressaltar a contribuição desse fotojornalista para o acervo
documental sobre esse período da História do Brasil. Com essa finalidade, 8 fotografias de
sua autoria foram selecionadas e analisadas de acordo com o contexto histórico em que
foram registradas.

Apesar de breve, o estudo trouxe maior conhecimento não apenas sobre esse passado
recente da História nacional e sobre o campo da fotografia, mas, sobretudo, a respeito da
excelência do fotógrafo Evandro Teixeira. Tal magnitude se deve, possivelmente, à
dedicação ao seu trabalho. Ele é digno de elogios pela qualidade estética de seu trabalho e
mais ainda por ter aliado a profissão ao engajamento político. Foi capaz de aliar a
objetividade jornalística – por retratar fielmente os fatos – à sua subjetividade, pois
fotógrafos são mais do que meros observadores – tornam-se parte daquilo que seus olhos
registram. “Há um preço embutido em cada imagem [...]: um pedaço da emoção, da
vulnerabilidade, da empatia que [os] torna humanos se perde a cada vez que [acionam] o
botão da câmera”. (in TARGINO, 2005).

Talvez na época Evandro não imaginasse que por meio dessas imagens as gerações
presentes e futuras tomariam conhecimento dessa triste fase do país e do sofrimento
daquela geração passada. Tais fotografias foram capturadas há mais de 40 anos, mas sua
mensagem perdura até hoje.




                                                                                             13
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


REFERÊNCIAS


BARROS, E. L. de. Os Governos Militares. São Paulo: Contexto, 1997. 128 p.
CAPUTO, S. G. Entrevista: Evandro Teixeira. Classe. Niterói-RJ: Revista da Associação
dos Docentes da UFF. Mai/jun/ jul/2008, p. 33 - 40. Disponível em:
<http://www.aduff.org.br/publicacoes/200806_classe.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2011.
CHIAVENATTO, J. J. O golpe de 64 e a ditadura militar. São Paulo: Moderna, 2000. 136
p.
FOLHA DE SÃO PAULO. Foto-jornalismo. São Paulo: Folha de São Paulo, 1988. 116 p.
LANDIM, Leila. Foto, política e memória. Rio de Janeiro: Praia Vermelha. Estudos
de Política e Teoria Social, PPGSS/UFRJ, 2008. Disponível em:
<www.ess.ufrj.br/ejornal/index.php/praiavermalha/article/download/94/53>. Acesso em 27
jun. 2011.
MARTINS, J. de S. Sociologia da Fotografia e da Imagem. São Paulo: Contexto, 2008.
206 p.
NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa: características, uso e possibilidades. São Paulo:
Caderno de Pesquisas em Administração, v.1, nº 3, 2º sem. 1966.
SKIDMORE, T. E. Brasil: de Castelo a Tancredo. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 608
p.
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 112
p.
SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 224 p.
SOUSA, J. P. Uma história critica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos, 2004.
255 p.
TARGINO, M. das G. Diante da dor dos outros. [S.l.]: Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação, 2005. Disponível em:
<http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/rbcc/article/viewFile/859/642>.       Acesso
em 27 jun. 2011.
TEIXEIRA, Evandro. Evandro Teixeira: Fotojornalismo. Rio de Janeiro: JB, 1983.
TEIXEIRA, Evandro. 1968 Destinos 2008: A Passeata dos 100 Mil. Rio de Janeiro:
Textual, 2007. 120 p.
http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,e-evandro-apagou-a-luz,605294,0.htm
http://www.evandroteixeira.net
http://falandodob.blogspot.com/2009/06/entrevista-evandro-teixeira.html
http://www.fotoempauta.com.br/pdfs/evandro_uai.pdf
http://www.historiadorio.com.br/pontos/fortecopacabana
http://www.overmundo.com.br/overblog/o-fotografo-tem-que-ter-este-olhar-especial
http://www.turmadod.com/alunos/downloads/2s2009_2/ciencias_soc/Diante_da_Dor_dos_O
utros.pdf


Contato: emily.goncalves.91@gmail.com e manoel@mackenzie.br



                                                                                              14

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Emily goncalves

  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie A DITADURA MILITAR CONTADA PELO OLHAR DO FOTÓGRAFO EVANDRO TEIXEIRA Emily Gonçalves (IC) e Manoel Nascimento (Orientador) Apoio: PIVIC Mackenzie Resumo A pesquisa intitulada “A Ditadura Militar contada pelo olhar do fotógrafo Evandro Teixeira”, como o próprio nome indica, teve como objeto de estudo as imagens sobre esse período capturadas por tal fotojornalista. Foram selecionadas 8 fotografias que representam um pouco da realidade vivenciada na época. Procurou-se enfatizar a contribuição de Evandro para a História do país através de seu trabalho, e, além disso, analisar as imagens para além do mero registro dos fatos – ou seja, identificar sua subjetividade, pois, como ele mesmo afirmou, escolheu a câmera fotográfica como arma para lutar contra a ditadura militar (TEIXEIRA, 2007). O método de estudo foi quantitativo, de certa forma, devido à seleção das fotos utilizadas, mas foi predominantemente qualitativo. As imagens foram analisadas à luz de seu contexto histórico, e encaixadas cronologicamente no texto, como que “ilustrando-o”, com a finalidade de tornar a leitura mais imersiva. Os resultados obtidos reafirmaram a ideia inicial do projeto, a respeito da relevância do trabalho desse fotojornalista. Graças a tais fotografias, é possível resgatar a memória desse passado recente; elas foram feitas há mais de quarenta anos e apesar do tempo, sua mensagem sobrevive. Evandro Teixeira merece todo o reconhecimento que possui não apenas pela qualidade estética de sua obra, mas também e principalmente pelo seu envolvimento social e político, pelo seu engajamento na luta contra a repressão. Palavras-chave: fotojornalismo, engajamento, História Abstract The research entitled "The Military Dictatorship told by the vision of the photographer Evandro Teixeira," as the name suggests, had as object of study the images of this period captured by such photojournalist. Eight pictures were selected to represent a bit of the reality experienced at that time and emphasize the contribution of Evandro for the Nation's history through his work. They were analyzed beyond the mere record of facts - in other words, the intention was to identify the subjectivity, because according to his words, he chose a camera as a weapon to fight against the military dictatorship (Teixeira, 2007). The method used for such study was quantitative, in some way, due to the selection of photos used, but it was predominantly qualitative. The images were analyzed under the light of its historical context, and embedded in the text chronologically, as if "illustrating" it, in order to make reading more immersive. The results have reaffirmed the initial idea of the project, about the relevance of this photojournalist’s work. Thanks to these photos, it is possible redeem the memory of this recent past; they were taken for over forty years and despite the time, its message lives on. Evandro Teixeira deserves all the recognition he has, not only because the aesthetic quality of his work, but also and mainly for his social and political involvement, for his engagement to fight against repression. Key-words: photojournalism, engagement, History. 1
  • 2. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 INTRODUÇÃO O presente estudo buscou enfatizar a importância do trabalho do fotojornalista Evandro Teixeira para a memória brasileira. Suas fotos, sobretudo as selecionadas neste trabalho, ajudam a contar parte da História do país – a saber, o período do Regime Militar. Dessa forma, ateve-se ao seguinte problema de pesquisa: Qual a contribuição de Evandro Teixeira para a História brasileira, por meio de seu trabalho fotojornalístico? O que há em suas fotografias, além do registro fiel dos fatos? Pode-se dizer que tal fotógrafo não só exerceu um verdadeiro papel jornalístico ao retratar tal momento histórico, como também utilizou sua câmera para lutar contra a repressão. A câmera fotográfica foi a arma que escolhi para lutar contra a ditadura militar. Desde o primeiro momento, quando flagrei a tomada do Forte de Copacabana, na madrugada de 1º de abril de 1964, assumi o compromisso de registrar imagens que revelassem as arbitrariedades e as injustiças dos governos militares que tomaram de assalto a democracia de nosso País. (TEIXEIRA, 2007, p. 117). O principal objetivo desta pesquisa foi observar e analisar a linguagem fotográfica das imagens selecionadas, relacionando-as com a realidade vivenciada no período ditatorial. Foram estabelecidos como objetivos secundários a apresentação biográfica de Evandro Teixeira, bem como sua participação política na Ditadura Militar e sua contribuição para o acervo documental sobre o período. REFERENCIAL TEÓRICO Evandro Teixeira, fotojornalista reconhecido nacional e internacionalmente, retratou, entre muitas outras coisas, cenas que ajudam a contar parte da História nacional. De 1964 a 1985 a sociedade esteve submetida às arbitrariedades dos militares, que tinham à disposição armas, oficiais e instituições repressivas. Nessa pesquisa foram selecionadas 8 fotografias do período, duas delas de 1964 e as demais de 1968, que o representam e ajudam a “ilustrar” tal contexto histórico. Apesar das dificuldades enfrentadas pela imprensa e, consequentemente, pelos fotojornalistas, Evandro registrou valiosos recortes daquela realidade, que hoje, permitem a reconstrução e rememoração dessa difícil época, como reforça o jornalista Fernando Gabeira: 2
  • 3. Universidade Presbiteriana Mackenzie Nessa figura extraordinária de Evandro Teixeira, não aprendemos apenas a História do Brasil em seus momentos mais dramáticos. Podemos seguir a história do nosso jornalismo, suas importantes vitórias, sobretudo se considerarmos que a liberdade de imprensa no país não é um fenômeno natural – ela foi conquistada, assim como todas as outras dimensões de nossa democracia. Dessa conquista, participa, igualmente, gente que esteve por trás ou diante das câmeras, gente que fez ou, simplesmente, registrou, com fidelidade, emoção e senso estético, esse pedaço da História do Brasil. (GABEIRA in TEIXEIRA, 2007, p. 116). O olhar do fotojornalista “permite que as fotos sejam um registro objetivo e também um testemunho pessoal, tanto uma cópia ou uma transcrição fiel de um momento da realidade como uma interpretação dessa realidade”. (SONTAG, 2004). Portanto, mais do que o retrato fiel dos fatos, Evandro Teixeira deixa transparecer sua subjetividade e demonstra sua participação na luta pela democracia. Ele utilizou a profissão e seu instrumento de trabalho – uma câmera fotográfica – para garantir que as presentes e futuras gerações do Brasil conhecessem uma época tão recente e tão cruel desse país. A fotografia tanto pode mostrar as belezas do mundo como as atrocidades do mundo. Para o fotojornalismo, a fotografia precisa mostrar o que há de errado no mundo. No meu caso, sempre preferi fotografar nosso cotidiano, a miséria da nossa gente, e acabei concluindo que a fotografia é uma arma de denúncia. Eu acompanhei todos os militares ditadores no Brasil e não posso dizer que tive o prazer de enterrá-los, mas digamos que testemunhei quando foram enterrados. (TEIXEIRA in CAPUTO, 2008, p. 36). MÉTODO Com a finalidade de atender aos objetivos a que esta pesquisa se propôs, foram consultadas diversas fontes, como livros, sites, jornais, revistas, sobre o período da Ditadura Militar no Brasil e sobre fotografia, visto que o que se pretendeu foi analisar e contextualizar as fotos de Evandro Teixeira referentes a tal momento histórico. O livro-base e ponto de partida do estudo foi o livro “1968 Destinos 2008: A Passeata dos 100 Mil”, do próprio fotojornalista. Foram selecionadas apenas 8 imagens presentes na obra supracitada, consideradas suficientes para atender ao que se propõe esse estudo; diante disso, pode-se dizer que foi 3
  • 4. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 feita abordagem quantitativa. Entretanto, o estudo é majoritariamente qualitativo, pois preocupou-se em examiná-las e contextualizá-las historicamente. Os métodos qualitativos se assemelham a procedimentos de interpretação dos fenômenos que empregamos no nosso dia-a-dia, que têm a mesma natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Tanto em um como em outro caso, trata-se de dados simbólicos, situados em determinado contexto; revelam parte da realidade ao mesmo tempo que escondem outra parte. (NEVES, 1996, p. 1). Inicialmente a ideia era examinar semioticamente tais fotografias, a partir da obra “Semiótica aplicada”, de Lucia Santaella; contudo, a análise das mesmas foi baseada na interpretação da pesquisadora à luz dos episódios históricos no qual foram capturadas, como se fosse uma rememoração de alguém que presenciou tais momentos, a fim de tornar a pesquisa mais imersiva para o leitor. O fluxo incessante de imagens (televisão, vídeo, cinema) constitui o nosso meio circundante, mas, quando se trata de recordar, a fotografia fere mais fundo. [...] Numa era sobrecarregada de informação, a fotografia oferece um modo rápido de apreender algo e uma forma compacta de memorizá-lo. A foto é como uma citação ou uma máxima ou provérbio. Cada um de nós estoca, na mente, centenas de fotos, que podem ser recuperadas instantaneamente. (SONTAG, 2004, p. 23). Foram lidas primeiramente obras sobre o campo da fotografia para obter um conhecimento mais abrangente do mesmo, cujos títulos são “Uma história critica do fotojornalismo ocidental” de Jorge Pedro Sousa, “Sociologia da Fotografia e da Imagem” de José de Souza Martins, “Foto-jornalismo”, publicado pela Folha de São Paulo e “Fotojornalismo”, obra de Evandro Teixeira. Para legitimar a discussão e a análise das fotos, foram tomados como apoio os livros “Diante da dor dos outros” e “Sobre Fotografia”, ambos de Susan Sontag, o artigo “Diante da dor dos outros”, de Maria das Graças Targino, sobre a obra homônima de Sontag, “Foto, política e memória”, resenha de Leila Landim sobre o livro “1968 Destinos 2008: A Passeata dos 100 Mil”, além de trechos dessa mesma obra. O desenvolvimento do contexto histórico teve como embasamento os livros “Os governos militares”, de Edgard Luiz de Barros, “Brasil: de Castelo a Tancredo”, de Thomas Elliot Skidmore, historiador norte-americano especializado em História do Brasil, “O golpe de 64 e a ditadura militar”, de Júlio José Chiavenatto, além dos conhecimentos prévios da pesquisadora sobre o tema, adquiridos principalmente na disciplina Cultura e Mídias (cursada no primeiro semestre de 2011), lecionada pelas professoras doutoras Regina Célia 4
  • 5. Universidade Presbiteriana Mackenzie Faria Amaro Giora e Maria Aparecida de Aquino, sendo esta última a responsável pelas aulas sobre o Regime Militar. RESULTADOS E DISCUSSÃO Evandro Teixeira nasceu no dia 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, interior da Bahia, mas cresceu no município de Ipiaú. O interesse pela fotografia começou na juventude, e, a partir de então, Evandro passou a estudar fotografia; teve como professores Walter Lessa, do jornal de Jequié (BA), Silvio Glauber Rocha, fotógrafo reconhecido em Salvador (BA) e Zé Medeiros, do Cruzeiro. Foi morar no Rio de Janeiro e em 1958 iniciou sua carreira no Diário da Noite (do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand). Já em 1963, foi trabalhar no Jornal do Brasil, onde permaneceu até setembro de 2010, quando o JB passou a ter apenas a versão on line. Reconhecido no Brasil e no mundo, o fotojornalista fez exposições em Paris, Frankfurt, Zurique, Madri, Veneza, Basel, Nova lorque, Cuba, México, Buenos Aires, Bogotá, além das principais capitais brasileiras. Currículo e nome estão presentes na Enciclopédia Internacional de Fotógrafos, onde constam os maiores ícones da fotografia desde 1839 até a atualidade. Evandro também recebeu vários prêmios: em 1969, recebeu seu primeiro prêmio, da Sociedade Interamericana de Imprensa; depois disso, ganhou dois dos concursos internacionais da Nikon (Japão, 1975 e 1991) e o da UNESCO (1993). Grandes publicações internacionais já divulgaram seu trabalho, entre elas: revista da Leica (Alemanha), revista de Fotografia da Suíça, "Photo" (França), "Harper's Bazaar" e "7" (Itália), sendo, portanto, referência obrigatória para o fotojornalismo brasileiro. Suas fotografias tornaram-se tema de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade, intitulada “Diante das Fotos de Evandro Teixeira”, e compõe acervos de importantes museus, como Museu de Arte Moderna do Rio, Masp e Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Belas Artes de Zurique, Suíça e Museu de Arte Moderna La Tertulia, Cáli, Colômbia. Passaram por suas lentes temas como esporte, moda, sertão brasileiro, personalidades e política, sendo este último o ponto de abordagem do trabalho, especificamente as fotografias do período ditatorial brasileiro (1964 a 1985). Para tanto, foram selecionadas oito imagens, as quais serão analisadas e contextualizadas de acordo com o momento histórico no qual foram registradas, a fim de “ilustrá-lo”. 5
  • 6. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Mas a força das imagens fotográficas provém de serem elas realidades materiais por si mesmas, depósitos fartamente informativos deixados no rastro do que quer que as tenha emitido, meios poderosos de tomar o lugar da realidade – ao transformar a realidade numa sombra. As imagens são mais reais do que qualquer um poderia supor. (SONTAG, 2004, p. 196, grifo do autor). O período que antecede o golpe de 64 foi marcado por forte instabilidade política. Durante o governo de João Goulart eram frequentes manifestações sociais e políticas, como consequência da complicada situação econômica que a população enfrentava. Enquanto isso, o presidente falava em Reforma de Base, e a classe média estava temerosa com a possibilidade da chegada do comunismo ao Brasil. O quadro só piorava e, com a ideia de modificá-lo, os militares entraram em ação. Em 31 de março de 64 o general Olympio Mourão Filho comandou tropas vindas de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro. A fim de evitar uma guerra civil, Jango deixa o país e refugia-se no Uruguai. Havia, sem dúvida, efetivas possibilidades de resistência, tanto por parte dos militares legalistas, como de diversos segmentos mobilizados da população. [...] No entanto, não aconteceu qualquer resistência significativa e o golpe político-militar se consumou em menos de 48 horas. (BARROS, 1997, p. 18). A guarnição do forte de Copacabana não aderiu ao movimento militar e acabou sendo tomada por forças comandadas pelo coronel César Montagna, que golpeou com as mãos o sentinela do portão, invadindo o forte sem utilizar armas – fato que ficou conhecido como “episódio da bofetada” –. Durante o Regime, o local foi utilizado como presídio político. Evandro Teixeira foi o único fotógrafo a registrar esse momento. Tomada do Forte de Copacabana - Rio de Janeiro, 31/03/1964 6
  • 7. Universidade Presbiteriana Mackenzie Assim, tiveram início os chamados “Anos de Chumbo”. No dia 2 de abril, a junta militar chamada “Comando Supremo da Revolução” passou a controlar o país e empossou Ranieri Mazzilli como presidente provisório. O Comando baixou o primeiro Ato Institucional no dia 9 do mesmo mês, que atribuía ao Executivo o poder de cassar mandatos e abolir direitos políticos por até dez anos, estabelecer estado de sítio sem consulta ao parlamento e forçar o Congresso a aprovar emendas constitucionais. “Os novos donos da realidade explicitariam agora o mando absoluto através do máximo de violência e do uso indiscriminado da força. O emblema maior deste processo seria, desde a primeira hora da vitória do golpe, a prática sistemática da tortura e do assassinato político”. (BARROS, 1997, p. 20). Golpe Militar: o início da repressão - Rio de Janeiro, 1964 A imagem acima permite identificar o terror instaurado com o Golpe, e, por isso, pode-se dizer que possui caráter subjetivo. Evandro Teixeira capta o momento em que homem em primeiro plano leva as mãos ao rosto, num sinal que pode ser interpretado como desespero ou tristeza, e ao fundo há um rapaz sendo carregado por oficiais, com uma expressão aflita. É necessário dizer que a subjetividade do fotógrafo não anula a objetividade da imagem; para legitimar tal idéia, é válido reproduzir a reflexão de Susan Sontag sobre as fotografias de guerras e tragédias: As fotos tinham a vantagem de unir dois atributos contraditórios. Suas credenciais de objetividade estavam embutidas. Contudo sempre tiveram, forçosamente, um ponto de vista. Eram um registro do real – incontroverso como nenhum relato verbal poderia ser, por mais imparcial que fosse –, uma vez que a máquina fazia o registro. E as fotos davam testemunho do real – uma vez que alguém havia estado lá para tirá-las. (SONTAG, 2003, p. 26). O Regime estava apenas no início, e sua fase mais difícil só ocorreria quatro anos mais tarde. Castelo Branco subiu ao poder em 15 abril de 1964 e foi moldando a ditadura; em 7
  • 8. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 outubro de 1965 baixou o Ato Institucional número 2 e em menos de um ano – fevereiro de 1966 – editou o número 3 e em dezembro do mesmo ano o número 4. A repressão aumentava mais e mais a cada ato decretado. Mas é a partir de março de 1967 que a pior fase começa, com a transferência da faixa presidencial para Artur Costa e Silva. A partir de então, sobretudo em 1968, há um crescimento dos movimentos culturais, na música, literatura e teatro, incessantes discussões entre intelectuais sobre socialismo e capitalismo no mundo, fortalecimento do movimento estudantil – a principal preocupação dos militares –, além dos debates sociais devido à frágil economia do país. Na foto seguinte, Evandro Teixeira mostra uma das formas de ação do movimento estudantil, indicando que ele foi muito além das reuniões e discursos. Rural do Exército em chamas, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968 Em contrapartida, Costa e Silva foi concentrando seu governo diante desse cenário. No dia 28 de março de 1968 um pelotão de choque da Polícia Militar invadiu o Calabouço, restaurante do centro do Rio de Janeiro, considerado possível foco de inquietação, alegando que no local estava sendo organizada uma passeata com o objetivo de atacar a embaixada dos Estados Unidos. Houve uma manifestação no local e a polícia militar chegou pronta a agir com energia. Logo ouviu-se um tiro. Disparado pela polícia, atingiu o estudante Edson Luís de Lima Souto, que caiu morto. Agora os ativistas tinham um mártir, uma morte que podia mobilizar o sentimento antigoverno. (SKIDMORE, 1988, p. 152). No dia 4 de abril de 1968 foi realizada a missa de sétimo dia de Edson na Igreja da Candelária, vigiada por militares, agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e por aviões da FAB (Força Aérea Brasileira). No final da missa, a cavalaria da Polícia Militar cercou e atacou os participantes, como é possível observar nas duas imagens a seguir. A primeira traz uma visão panorâmica do local, cujo ângulo permite a visualização 8
  • 9. Universidade Presbiteriana Mackenzie da cena como do alto de uma torre, que permite ao observador identificar e reproduzir mentalmente os movimentos dos oficiais e da população. Visão panorâmica da invasão da cavalaria na missa do estudante Edson Luís Igreja da Candelária - Rio de Janeiro, 1968 A segunda, por sua vez, mostra exatamente a invasão da cavalaria, com oficiais empunhando sabres e encurralando os populares contra a porta da igreja, que remete à ideia de uma guerra covarde entre policiais armados e pessoas despreparadas, mas essa é só uma possível forma de interpretação. “A leitura da fotografia não se dá de forma unívoca ou eterna, mas é, sobretudo, trans-histórica e de teor subjetivo.” (TARGINO, 2005). Cavalaria invadindo a missa do estudante Edson Luís na Igreja da Candelária - Rio de Janeiro, 1968 Além de Edson Luís, muitas outras pessoas foram perseguidas, feridas e torturadas pelo Regime. Na imagem seguinte há uma estudante sendo carregada por colegas após levar um tiro, que reforça o ideal da união entre os estudantes – os quais não mediam esforços para ajudar ou proteger os companheiros da luta contra a ditadura. 9
  • 10. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Estudante baleada, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968 Já a fotografia abaixo retrata a cena de um estudante sendo perseguido pelos oficiais e literalmente caindo, que faz alusão à verdadeira vontade do governo: derrubar, fazer ruir o movimento estudantil. Queda do estudante de Medicina na Cinelândia, Movimento Estudantil, Rio de Janeiro, 1968 A repressão se intensificava; no mês de junho houve uma série de protestos duramente barrados pelos militares, cujos resultados foram mortes e prisões de inúmeros manifestantes. Foi a chamada Semana Sangrenta, que teve como resposta a Passeata dos Cem Mil, realizada no dia 26 de junho de 1968; foram feitos discursos de líderes estudantis, como Vladimir Palmeira, somados a gritos e faixas de protesto, e surpreendentemente não houve reação policial. Nesse dia, Evandro Teixeira fora escalado pelo Jornal do Brasil para ficar atendo a Vladimir Palmeira, pois havia o boato de que ele seria preso ou assassinado. A foto a seguir é uma das mais reproduzidas em livros, revistas, sites, blogs, quando o assunto é Regime Militar, e consagrou Evandro Teixeira como fotojornalista. Foi a partir dela que ele pensou e criou seu último livro - “1968 Destinos 2008: Passeata dos 100 Mil”. A faixa que se destaca sobre a multidão com os dizeres “Abaixo a Ditadura – Povo no poder” 10
  • 11. Universidade Presbiteriana Mackenzie representa o desejo de toda a sociedade, cansada da opressão imposta pelo regime. O olhar do fotojornalista captura inúmeros rostos, incrivelmente nítidos, como se fossem retratos individuais, “imobilizando para sempre um instante no transcurso de suas juventudes como um cutelo que, diria poeticamente Cartier Bresson, corta o fluir incessante e inalcançável do tempo e, na eternidade, capta o instante que confunde e surpreende a morte” (LANDIM, 2008, p. 3). Passeata dos 100 Mil, Movimento Estudantil - Rio de Janeiro, 1968 A Passeata dos 100 Mil, de Evandro Teixeira, é o 1968 definitivo, o ano que não acabou, e que não acaba mais. O resto perdeu a juventude e, com ela, o sentido que as coisas pareciam ter naquele tempo. Só a sua fotografia rejuvenesce. Cada década que passa acrescenta a ela um significado – e vai se remoçando. Anda tão nova, que quem a vê, ultimamente, mal faz ideia de como era preciso focalizar um futuro distante, para fotografar a multidão num negativo de 86 centímetros quadrados, posando para a História. [...] Se, ao contrário dos acontecimentos de 1968, a Passeata dos 100 Mil continua aí na nossa frente, é porque, entre a fração de segundo e a posteridade, ela cruzou com o olho de Evandro Teixeira (CORRÊA in TEIXEIRA, 2007, pp. 29 e 30). As fotografias de Evandro Teixeira sobre o Regime Militar param no ano de 1968, mas a ditadura continuava, e endurecia cada vez mais. Em 13 de dezembro de 1968 foi decretado o Ato Institucional n° 5, instalando de vez o pânico na sociedade. A repressão contra os opositores foi acirrada; o AI-5 permitia que o general-presidente fizesse o que bem entendesse, desde o fechamento do Congresso até a cassação de mandatos parlamentares. Mas Costa e Silva teve problemas de saúde e foi afastado da presidência; foi substituído por uma junta de emergência, que acabou em 1969, quando Emílio Garrastazu Médici assumiu o cargo. 11
  • 12. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 O governo Médici é considerado o mais brutal do período ditatorial, marcado por prisões, torturas, desaparecimentos de civis e medo, graças ao aparelho repressivo do estado, como o DOPS e o DOI-CODI Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna). Enquanto isso, o Brasil vivia o chamado “milagre econômico”, com intenso desenvolvimento do país, financiado por recursos externos. Mas não é somente a repressão que explica o Brasil de Médici. Juntamente com o porrete, oferecia-se a cenoura. O rápido desenvolvimento económico levou ao paraíso os brasileiros situados no vértice da pirâmide salarial - os profissionais, os tecnocratas, os administradores de empresa. [...] Visto em conjunto o governo estava se saindo bem - em seus termos. O crescimento econômico acelerado funcionava. A propaganda governamental funcionava. A repressão funcionava. A censura funcionava. Os militares da linha dura, repetidamente frustrados desde 1964, estavam se vingando recuperando tanto tempo perdido. (SKIDMORE, 1988, pp. 215 e 216). Mas o milagre econômico teve seu fim no governo de Ernesto Geisel (1974 – 1979), devido ao aumento do preço do petróleo, a recessão mundial e a falta de investimentos estrangeiros. Com as crescentes dificuldades na política e o alto custo para manutenção do regime, Geisel deu inicio ao processo lento e gradual de abertura à redemocratização, levando militares radicais a cogitarem a deposição do presidente – tudo em vão. No fim de seu mandato a sociedade havia mudado; a repressão diminuíra e os grupos de oposição voltaram a se organizar. Em 1978, Geisel revogou o AI-5 e fez de João Batista Figueiredo seu sucessor. Figueiredo foi o último general-presidente, e seu mandato durou de 1979 a 1985. Ele acelerou o processo de abertura política, restabeleceu o pluripartidarismo e aprovou a Lei de Anistia, que permitia o retorno de exilados políticos ao país, além de absolver os que cometeram crimes políticos – tanto opositores quanto militares. Também enfrentou os militares radicais, cuja resistência se deu por meio de atos terroristas. A economia piorou e os índices de inflação e a crise aumentaram. No último ano de seu governo surgiu o movimento das Diretas Já, mobilizando toda a população para reivindicar eleições diretas para a próxima eleição presidencial. Contudo, o governo resistiu, e o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral no dia 15 de janeiro de 1985. O deputado Tancredo Neves fora escolhido, mas devido ao adoecimento e morte, quem assumiu o cargo foi o vice José Sarney. Tancredo morreu em 21 de abril, depois de sete operações e 38 dias no hospital. O público, embora cético quanto às muitas cirurgias "bem sucedidas", ficou aturdido com a notícia. Em vida Tancredo assomava como 12
  • 13. Universidade Presbiteriana Mackenzie um salvador político. Morto, assumia as proporções de um santo. Todas as esperanças, acumuladas e centralizadas no homem que não viveu para materializá-las, manifestaram-se impetuosamente. [...] José Sarney prestou juramento para assumir o pleno status de presidente em 21 de abril, depois que os médicos declararam o caráter terminal da doença de Tancredo. Trabalhando agora à sombra que o ilustre brasileiro projetava sobre o seu governo, Sarney enfrentava formidáveis desafios. (SKIDMORE, 1988, p. 500). CONCLUSÃO A presente pesquisa, intitulada “A Ditadura Militar contada pelo olhar do fotógrafo Evandro Teixeira”, preocupou-se em ressaltar a contribuição desse fotojornalista para o acervo documental sobre esse período da História do Brasil. Com essa finalidade, 8 fotografias de sua autoria foram selecionadas e analisadas de acordo com o contexto histórico em que foram registradas. Apesar de breve, o estudo trouxe maior conhecimento não apenas sobre esse passado recente da História nacional e sobre o campo da fotografia, mas, sobretudo, a respeito da excelência do fotógrafo Evandro Teixeira. Tal magnitude se deve, possivelmente, à dedicação ao seu trabalho. Ele é digno de elogios pela qualidade estética de seu trabalho e mais ainda por ter aliado a profissão ao engajamento político. Foi capaz de aliar a objetividade jornalística – por retratar fielmente os fatos – à sua subjetividade, pois fotógrafos são mais do que meros observadores – tornam-se parte daquilo que seus olhos registram. “Há um preço embutido em cada imagem [...]: um pedaço da emoção, da vulnerabilidade, da empatia que [os] torna humanos se perde a cada vez que [acionam] o botão da câmera”. (in TARGINO, 2005). Talvez na época Evandro não imaginasse que por meio dessas imagens as gerações presentes e futuras tomariam conhecimento dessa triste fase do país e do sofrimento daquela geração passada. Tais fotografias foram capturadas há mais de 40 anos, mas sua mensagem perdura até hoje. 13
  • 14. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 REFERÊNCIAS BARROS, E. L. de. Os Governos Militares. São Paulo: Contexto, 1997. 128 p. CAPUTO, S. G. Entrevista: Evandro Teixeira. Classe. Niterói-RJ: Revista da Associação dos Docentes da UFF. Mai/jun/ jul/2008, p. 33 - 40. Disponível em: <http://www.aduff.org.br/publicacoes/200806_classe.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2011. CHIAVENATTO, J. J. O golpe de 64 e a ditadura militar. São Paulo: Moderna, 2000. 136 p. FOLHA DE SÃO PAULO. Foto-jornalismo. São Paulo: Folha de São Paulo, 1988. 116 p. LANDIM, Leila. Foto, política e memória. Rio de Janeiro: Praia Vermelha. Estudos de Política e Teoria Social, PPGSS/UFRJ, 2008. Disponível em: <www.ess.ufrj.br/ejornal/index.php/praiavermalha/article/download/94/53>. Acesso em 27 jun. 2011. MARTINS, J. de S. Sociologia da Fotografia e da Imagem. São Paulo: Contexto, 2008. 206 p. NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa: características, uso e possibilidades. São Paulo: Caderno de Pesquisas em Administração, v.1, nº 3, 2º sem. 1966. SKIDMORE, T. E. Brasil: de Castelo a Tancredo. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 608 p. SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 112 p. SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 224 p. SOUSA, J. P. Uma história critica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos, 2004. 255 p. TARGINO, M. das G. Diante da dor dos outros. [S.l.]: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, 2005. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/rbcc/article/viewFile/859/642>. Acesso em 27 jun. 2011. TEIXEIRA, Evandro. Evandro Teixeira: Fotojornalismo. Rio de Janeiro: JB, 1983. TEIXEIRA, Evandro. 1968 Destinos 2008: A Passeata dos 100 Mil. Rio de Janeiro: Textual, 2007. 120 p. http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,e-evandro-apagou-a-luz,605294,0.htm http://www.evandroteixeira.net http://falandodob.blogspot.com/2009/06/entrevista-evandro-teixeira.html http://www.fotoempauta.com.br/pdfs/evandro_uai.pdf http://www.historiadorio.com.br/pontos/fortecopacabana http://www.overmundo.com.br/overblog/o-fotografo-tem-que-ter-este-olhar-especial http://www.turmadod.com/alunos/downloads/2s2009_2/ciencias_soc/Diante_da_Dor_dos_O utros.pdf Contato: emily.goncalves.91@gmail.com e manoel@mackenzie.br 14