O documento descreve a obra "Vigiar e Punir" de Michel Foucault, analisando o conceito de panoptismo e como ele representa uma forma de poder disciplinar na sociedade moderna. Foucault descreve como as medidas tomadas durante uma praga no século XVII serviram de modelo para o panóptico de Bentham, que permitia a vigilância total e individualizada de detentos. Esse modelo se espalhou e influenciou diversas instituições como prisões, fábricas e escolas, representando a evolução de uma "sociedade disciplinar".
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO EM EDUCAÇÃODISCIPLINA: A CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO O PANOPTISMO Michel Foucault MESTRANDOS: CARLOS HENRIQUE T. DE FREITAS GLADISTON DOS ANJOS ALMEIDA
2. O autor , a Obra e o Tema... Paul-Michel Foucault foi um filósofo e professor de História dos Sistemas do pensamento do Collège de France, entre 1970 e 1984. Seu trabalho envolveu uma arqueologia do saber, da experiência literária e da análise do discurso, bem como as relações de poder e as instituições governamentais. Nasceu em outubro de 1926, em Poitiers, na França, e faleceu em junho de 1984, em Paris. Em sua obra, “Vigiar e punir”, na qual trata do panoptismo (cap. 3), Foucault analisa o poder disciplinar na sociedade moderna, tratando das formas de pensamento como relações de poder, que geram coerção e imposição.
4. O controle.... As medidas impostas em uma cidade atingida pela peste no fim do séc. XVII: Espaço recortado, imóvel, fixado. Cada qual se prende a seu lugar. E caso se mexa, corre perigo de vida, por contágio ou por punição. (p. 173) Cada um trancado em sua gaiola, cada um à sua janela, respondendo a seu nome e se mostrando quando perguntado, é a grande revista dos mortos e dos vivos. (p. 174) “Esse espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, [...] isso tudo constitui um modelo compacto do dispositivo disciplinar. A ordem responde á peste. (p. 174-175)
5. Recortar.... Vigiar... Controlar... Excluir O grande fechamento por um lado; o bom treinamento por outro. A lepra e sua divisão; a peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra, analisada e repartida. (p. 175) Para fazer funcionar segundo a pura teoria os direitos e as leis, os juristas se punham imaginariamente no estado da natureza; para ver funcionar suas disciplinas perfeitas, os governantes sonhavam com o estado de peste. (p. 176)
6.
7. “A visibilidade é uma armadilha...” Cada um, em seu lugar, está bem trancado em sua cela de onde é visto de frente pelo vigia; mas os muros laterais impedem que entre em contato com seus companheiros. É visto, mas não vê; objeto de uma informação, nunca sujeito de uma comunicação. (p. 177) Induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo se é descontinuada em sua ação. (p. 177-178)
8. “O essencial é que ele se saiba vigiado” O panóptico é uma máquina de dissociar o par ver-ser visto: no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca se ver; na torre central, vê se tudo, sem nunca ser visto. (p. 178) Uma sujeição real nasce mecanicamente de uma relação fictícia. (p. 178)
9. Laboratório de Poder Bentham colocou o princípio de que o poder deveria ser visível e inverificável. (p. 178) ... É o diagrama de um mecanismo de poder levado à sua forma ideal (p. 181) O esquema panóptico é um intensificador para qualquer aparelho de poder [...] É uma maneira de obter poder. (p. 182)
10. “Um tipo de Poder”As disciplinas para Foucault As disciplinas funcionam cada vez mais como técnicas que fabricam indivíduos úteis. (p. 185) Em uma palavra, as disciplinas são o conjunto das minúsculas invenções técnicas que permitiram fazer crescer a extensão útil das multiplicidades, fazendo diminuir os inconvenientes do poder que, justamente para torná-las úteis, deve regê-las. (p. 193) A disciplina não pode se identificar com uma instituição nem com um aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas, de procedimentos, níveis de aplicação, de alvos; (p. 189)
11. A Sociedade Disciplinar Disciplina-bloco e Disciplina-mecanismo. Evolução história de uma “Sociedade Disciplinar” 1) Inversão funcional das disciplinas 2) A ramificação dos mecanismos disciplinares 3) A estatização dos mecanismos de disciplina
12. A Sociedade Disciplinar Pode-se então falar, em suma, da formação de uma sociedade disciplinar nesse movimento que vai das disciplinas fechadas, espécie de quarentena social, até o mecanismo indefinidamente generalizável do panoptismo. (p. 189) A Antiguidade foi uma civilização do espetáculo [...] a idade moderna coloca o problema ao contrário: Proporcionar a um pequeno número, ou mesmo a um só, a visão instantânea de uma grande multidão (p. 190)
13. Os Processos Históricos... 1) As disciplinas substituem o velho princípio retirada-violência que regia a economia do poder pelo princípio suavidade-produção-lucro. Devem ser tomadas como técnicas que permitem ajustar, segundo esse princípio, a multiplicidade dos homens e a multiplicação dos aparelhos de produção. (p. 192) 2) O que generaliza então o poder de punir, não é a consciência universal da lei em cada um dos sujeitos de direito, é a extensão regular, é a trama infinitamente cerrada dos processos panópticos (p. 196)
14. Os Processos Históricos... 3)Duplo processo, portanto: arrancada epistemológica a partir de um afinamento das relações de poder; multiplicação dos efeitos de poder graças à formação e acumulação de novos conhecimentos. (p. 196-197)
15. Vigiar é Punir....??? Devemos ainda nos admirar que a prisão se pareça com as fábricas, com as escolas, com os quartéis, com os hospitais, e todos se pareçam com as prisões? (p. 199)
16. Referências FOUCAULT, Michel. O panoptismo. In: ______. Vigiar e punir. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. cap. 3, p. 173-199. PAN-ÓPTICO. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.11. Curitiba: Positivo, c2004. 1 CD-ROM.