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FLEXIBILIDADE &
ALONGAMENTO

                  Nelio Alfano Moura
Flexibilidade

   Importante atributo da aptidão física;
   Parte integrante de programas com fins
   de:
     reabilitação;
     promoção da saúde;
     rendimento esportivo.
Flexibilidade
  Presença comum em programas de
  aquecimento, com os objetivos de:
    prevenção de lesões;
    melhora no desempenho.
  Alongamento pós-exercício: uso freqüente, com
  objetivos de:
    prevenção de encurtamentos e contraturas
    musculares;
    diminuição da tensão muscular de repouso;
    diminuir dor tardia.
Flexibilidade

  Treinamento: Grande impulso no final
  dos anos 70: Bob Anderson
  (Stretching / Alongue-se);

  Estudos científicos publicados nos
  últimos 10 anos questionam várias
  práticas que já fazem parte do senso
  comum.
Definições

  Grande confusão na literatura em
  língua portuguesa;
  Literatura científica internacional:
  conceitos claros.

  Flexibilidade: “Amplitude do
  movimento articular” (HEBBELINCK, 1988;
  FOSS & KETEYIAN, 1998)
Definições


  Alongamento: “Procedimento que visa
  aumentar a elasticidade muscular, e
  com isso promover ganhos de
  flexibilidade”.
Definições


  Flexibilidade: capacidade biomotora;

  Alongamento: método de treinamento
  da flexibilidade.
Flexibilidade: Fatores Limitantes
    Estrutura óssea da       Sexo;
    articulação;             Tipo corporal;
    Tecido cartilaginoso;    Temperatura ambiente;
    Comprimento dos          Umidade;
    ligamentos;              Aquecimento;
    Elasticidade muscular;   Variação circadiana;
    Contato dos músculos,    Stress psicológico; e
    gordura e outros
    tecidos, comprimidos     Execução do exercício (passivo
    entre os segmentos       ou ativo).
    articulares;
    Idade;
Tecidos Moles X Amplitude do
Movimento

                     Estrutura      Resistência à
                                   flexibilidade (%
                                       do total)
                    1. Cápsula            47
                       articular
                    2. Músculo            41
                     3. Tendão            10
                      4. Pele             2

         Contribuição relativa dos tecidos moles na limitação da
       amplitude do movimento. Modificado de FOSS & KETEYIAN,
                                  1998.
Flexibilidade X Especificidade

    Flexibilidade não é um fator geral, mas
    se refere a diversas habilidades, sendo
    específica para cada segmento corporal
    e para cada movimento (HEBBELINCK,
    1988).
Flexibilidade: Métodos de
Treinamento

    Estático
                        Segurança?
    Balístico
    PNF                     Eficácia ?
Flexibilidade: Efeitos do
Treinamento


    Efeitos crônicos: ⇑ ROM

    Efeitos agudos: ⇑ Tolerância às cargas
    de alongamento = ⇑ ROM
Flexibilidade X Lesões


  Senso Comum:



                 Flexibilidade


                                 Risco de Lesão
Flexibilidade X Lesões
Flexibilidade X Lesões

                                             Incidência de lesões (%)


                       50
                       40
                       30
                       20
                       10
                        0

                            flexibilidade)




                                                                        flexibilidade)
                                                Q2


                                                        Q3


                                                                Q4
                              Q1 (baixa




                                                                           Q5 (alta
   Relação entre teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar) e risco de
        lesões musculo-esqueléticas nos membros inferiores.
                  Modificado de KNAPIK et al, 1992.
Flexibilidade X Risco de Lesões

   Efeitos Agudos (Herbert & Gabriel, 2002)
Alongamento X Prevenção de
         Lesões

   •WIEMANN & KLEE (2000): Ineficaz para elevar
   temperatura muscular;
   •SCHRIER (1999): Não reduz incidência de lesões;
   •VAN MECHELEN et al (1993): Corredores que não
   alongam experimentam menos lesões;
   •LALLY (1994): Maratonistas que alongam têm 35%
   mais lesões.
Flexibilidade X Lesões

  WIEMANN e HAHN (1997):
  •Nem o alongamento estático nem o balístico foram
  capazes de modificar - de maneira aguda - a tensão
  muscular de repouso;
  •Programas de treinamento de dez semanas também
  não foram capazes de modificar essa variável, tida como
  importante na etiologia das lesões esportivas;
  •Fonte principal da tensão de repouso é a alta rigidez
  elástica dos filamentos de titina, que não respondem ao
  alongamento nas amplitudes experimentadas in-vivo.
Flexibilidade X Lesões

  YEUNG & YEUNG (2001):

  Artigo de revisão - Não há evidências suficientes que
  demonstrem que a flexibilidade possa ser efetiva na
  prevenção de lesões dos membros inferiores.

  THACKER et al (2004):

  Meta-Análise (MSSE): Não há evidências que permitam a
  recomendação de rotinas de alongamento antes ou após
  o exercício, com o fim de reduzir a incidência de lesões
  entre atletas competitivos ou recreacionais.
Alongamento X Aquecimento

                  Como explicar relatos de
                   sensação de bem estar
                     aumentada após os
                  alongamentos realizados
                    durante aquecimento
                  para atividades intensas,
                      inclusive referindo
                        diminuição em
                   sensações de "músculo
                  preso" ou em pequenas
                     dores musculares?
Alongamento X Aquecimento
 GUYTON e HALL (2000): Estimulação das fibras sensoriais
 do tipo Aβ, a partir dos receptores táteis periféricos, pode
 deprimir transmissão dos sinais de dor. Esse mecanismo
 pode ser ativado pelos exercícios de alongamento, e
 também por manobras simples, como esfregar a pele perto
 de áreas dolorosas.

 CABRAL e colaboradores: alongamento mascara a
 sensação de dor por seu efeito sobre as neuroanfetaminas.

 COMETTI (2004): alongamento inibe os receptores de dor.
Flexibilidade X Desempenho

      Efeitos Agudos (Künnemeyer & Schmidtbleicher, 1997)
                                                  Série de Alongamentos Estáticos
                                                                                                                   110%

                                           100%                                                                    100%
       D J H ö h e / S tü tz z e it [% ]




                                                                                                                          H -A m p litu d e [% ]
                                                                                                                   90%

                                                                                                                   80%
                                           90%
                                                                                                                   70%

                                                                                                                   60%

                                           80%                                                                     50%
                                                       Vorher                  Nachher               Nach 30 min
                                                                            Bedingung [min]
                                                                DJ RI RNS    DJ RI SS    H-Amplitude RNS
Alongamento X Esforços Explosivos

 •WIEMANN & KLEE (2000): t 40m piorou 0,14 s com
 alongamento;

 •FOWLES et al (2000): Força contrátil diminuiu e
 permaneceu 9% abaixo mesmo após 1 hora do término da
 sessão de alongamentos;

 •CORNWELL et al (2002): Alongamento provocou
 diminuição na altura saltada no CMJ.

 •BEHM et al (2004): Prejuízo em equilíbrio, Tempo de
 Reação e Tempo de Movimento.
Alongamento X Velocidade
•NELSON et al (2005):

   •Velocistas - LSU
   •11 homens / 5 mulheres
   •20m com blocos
   •4 condições experimentais:
       •Sem alongamento
       •Alongamento de ambas as pernas
       •Alongamento da perna da frente
       •Alongamento da perna de trás
Alongamento Pós-Exercício
 CABRAL e colaboradores (UPE):

 •24 acadêmicos / Exercício excêntrico em esteira (-16º, 30’, 60% do VO2
 máximo predito)

 •Grupo A: recuperação ativa após o exercício, correndo a 50% da
 intensidade de treinamento por 10 minutos.

 •Grupo B: realizou uma sessão de 10 minutos de alongamento apos o
 exercício.

 •Grupo C (controle) não realizou qualquer atividade.

 •Concentração sanguínea de Creatina Quinase (CK) em repouso, e 24h,
 48h, 72h e uma semana após o exercício.
Alongamento Pós-Exercício
 CABRAL e colaboradores (UPE):

 Acentuada elevação em [CK] no grupo B;
 Alongamento causaria prejuízo após o exercício.


              Repouso 24h      48h     72h     1 semana
    Grupo A    100%     163%    112%    107%       92%
    Grupo B    100%     241%    156%    119%       122%
    Grupo C    100%      80%     88%    105%       93%
Conclusão
   Treinamento da flexibilidade aumenta a amplitude do movimento
   Alongamento estático pré e pós-exercício não traz benefícios.
   Melhor hipótese: prática inócua.
   Alongamento pré-exercício:
       Aumento do risco de lesões musculares
       Prejuízo ao desempenho em atividades intensas
   Alongamento pós-exercício:
       Não reduz a intensidade da dor tardia ("dor do dia seguinte")
       Potencial para causar lesões em músculos já fatigados.
   Flexibilidade é uma capacidade importante, que deve ser
   desenvolvida em sessões especificamente programadas para
   esse fim.
Flexibilidade e alongamento: revisão crítica

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Flexibilidade e alongamento: revisão crítica

  • 1. FLEXIBILIDADE & ALONGAMENTO Nelio Alfano Moura
  • 2. Flexibilidade Importante atributo da aptidão física; Parte integrante de programas com fins de: reabilitação; promoção da saúde; rendimento esportivo.
  • 3. Flexibilidade Presença comum em programas de aquecimento, com os objetivos de: prevenção de lesões; melhora no desempenho. Alongamento pós-exercício: uso freqüente, com objetivos de: prevenção de encurtamentos e contraturas musculares; diminuição da tensão muscular de repouso; diminuir dor tardia.
  • 4. Flexibilidade Treinamento: Grande impulso no final dos anos 70: Bob Anderson (Stretching / Alongue-se); Estudos científicos publicados nos últimos 10 anos questionam várias práticas que já fazem parte do senso comum.
  • 5. Definições Grande confusão na literatura em língua portuguesa; Literatura científica internacional: conceitos claros. Flexibilidade: “Amplitude do movimento articular” (HEBBELINCK, 1988; FOSS & KETEYIAN, 1998)
  • 6. Definições Alongamento: “Procedimento que visa aumentar a elasticidade muscular, e com isso promover ganhos de flexibilidade”.
  • 7. Definições Flexibilidade: capacidade biomotora; Alongamento: método de treinamento da flexibilidade.
  • 8. Flexibilidade: Fatores Limitantes Estrutura óssea da Sexo; articulação; Tipo corporal; Tecido cartilaginoso; Temperatura ambiente; Comprimento dos Umidade; ligamentos; Aquecimento; Elasticidade muscular; Variação circadiana; Contato dos músculos, Stress psicológico; e gordura e outros tecidos, comprimidos Execução do exercício (passivo entre os segmentos ou ativo). articulares; Idade;
  • 9. Tecidos Moles X Amplitude do Movimento Estrutura Resistência à flexibilidade (% do total) 1. Cápsula 47 articular 2. Músculo 41 3. Tendão 10 4. Pele 2 Contribuição relativa dos tecidos moles na limitação da amplitude do movimento. Modificado de FOSS & KETEYIAN, 1998.
  • 10. Flexibilidade X Especificidade Flexibilidade não é um fator geral, mas se refere a diversas habilidades, sendo específica para cada segmento corporal e para cada movimento (HEBBELINCK, 1988).
  • 11. Flexibilidade: Métodos de Treinamento Estático Segurança? Balístico PNF Eficácia ?
  • 12. Flexibilidade: Efeitos do Treinamento Efeitos crônicos: ⇑ ROM Efeitos agudos: ⇑ Tolerância às cargas de alongamento = ⇑ ROM
  • 13. Flexibilidade X Lesões Senso Comum: Flexibilidade Risco de Lesão
  • 15. Flexibilidade X Lesões Incidência de lesões (%) 50 40 30 20 10 0 flexibilidade) flexibilidade) Q2 Q3 Q4 Q1 (baixa Q5 (alta Relação entre teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar) e risco de lesões musculo-esqueléticas nos membros inferiores. Modificado de KNAPIK et al, 1992.
  • 16. Flexibilidade X Risco de Lesões Efeitos Agudos (Herbert & Gabriel, 2002)
  • 17. Alongamento X Prevenção de Lesões •WIEMANN & KLEE (2000): Ineficaz para elevar temperatura muscular; •SCHRIER (1999): Não reduz incidência de lesões; •VAN MECHELEN et al (1993): Corredores que não alongam experimentam menos lesões; •LALLY (1994): Maratonistas que alongam têm 35% mais lesões.
  • 18. Flexibilidade X Lesões WIEMANN e HAHN (1997): •Nem o alongamento estático nem o balístico foram capazes de modificar - de maneira aguda - a tensão muscular de repouso; •Programas de treinamento de dez semanas também não foram capazes de modificar essa variável, tida como importante na etiologia das lesões esportivas; •Fonte principal da tensão de repouso é a alta rigidez elástica dos filamentos de titina, que não respondem ao alongamento nas amplitudes experimentadas in-vivo.
  • 19. Flexibilidade X Lesões YEUNG & YEUNG (2001): Artigo de revisão - Não há evidências suficientes que demonstrem que a flexibilidade possa ser efetiva na prevenção de lesões dos membros inferiores. THACKER et al (2004): Meta-Análise (MSSE): Não há evidências que permitam a recomendação de rotinas de alongamento antes ou após o exercício, com o fim de reduzir a incidência de lesões entre atletas competitivos ou recreacionais.
  • 20. Alongamento X Aquecimento Como explicar relatos de sensação de bem estar aumentada após os alongamentos realizados durante aquecimento para atividades intensas, inclusive referindo diminuição em sensações de "músculo preso" ou em pequenas dores musculares?
  • 21. Alongamento X Aquecimento GUYTON e HALL (2000): Estimulação das fibras sensoriais do tipo Aβ, a partir dos receptores táteis periféricos, pode deprimir transmissão dos sinais de dor. Esse mecanismo pode ser ativado pelos exercícios de alongamento, e também por manobras simples, como esfregar a pele perto de áreas dolorosas. CABRAL e colaboradores: alongamento mascara a sensação de dor por seu efeito sobre as neuroanfetaminas. COMETTI (2004): alongamento inibe os receptores de dor.
  • 22. Flexibilidade X Desempenho Efeitos Agudos (Künnemeyer & Schmidtbleicher, 1997) Série de Alongamentos Estáticos 110% 100% 100% D J H ö h e / S tü tz z e it [% ] H -A m p litu d e [% ] 90% 80% 90% 70% 60% 80% 50% Vorher Nachher Nach 30 min Bedingung [min] DJ RI RNS DJ RI SS H-Amplitude RNS
  • 23. Alongamento X Esforços Explosivos •WIEMANN & KLEE (2000): t 40m piorou 0,14 s com alongamento; •FOWLES et al (2000): Força contrátil diminuiu e permaneceu 9% abaixo mesmo após 1 hora do término da sessão de alongamentos; •CORNWELL et al (2002): Alongamento provocou diminuição na altura saltada no CMJ. •BEHM et al (2004): Prejuízo em equilíbrio, Tempo de Reação e Tempo de Movimento.
  • 24. Alongamento X Velocidade •NELSON et al (2005): •Velocistas - LSU •11 homens / 5 mulheres •20m com blocos •4 condições experimentais: •Sem alongamento •Alongamento de ambas as pernas •Alongamento da perna da frente •Alongamento da perna de trás
  • 25. Alongamento Pós-Exercício CABRAL e colaboradores (UPE): •24 acadêmicos / Exercício excêntrico em esteira (-16º, 30’, 60% do VO2 máximo predito) •Grupo A: recuperação ativa após o exercício, correndo a 50% da intensidade de treinamento por 10 minutos. •Grupo B: realizou uma sessão de 10 minutos de alongamento apos o exercício. •Grupo C (controle) não realizou qualquer atividade. •Concentração sanguínea de Creatina Quinase (CK) em repouso, e 24h, 48h, 72h e uma semana após o exercício.
  • 26. Alongamento Pós-Exercício CABRAL e colaboradores (UPE): Acentuada elevação em [CK] no grupo B; Alongamento causaria prejuízo após o exercício. Repouso 24h 48h 72h 1 semana Grupo A 100% 163% 112% 107% 92% Grupo B 100% 241% 156% 119% 122% Grupo C 100% 80% 88% 105% 93%
  • 27. Conclusão Treinamento da flexibilidade aumenta a amplitude do movimento Alongamento estático pré e pós-exercício não traz benefícios. Melhor hipótese: prática inócua. Alongamento pré-exercício: Aumento do risco de lesões musculares Prejuízo ao desempenho em atividades intensas Alongamento pós-exercício: Não reduz a intensidade da dor tardia ("dor do dia seguinte") Potencial para causar lesões em músculos já fatigados. Flexibilidade é uma capacidade importante, que deve ser desenvolvida em sessões especificamente programadas para esse fim.