2. Para compreendermos a De acordo com as
cultura material das ciências do século XIX,
sociedades africanas, a inspiradas no
primeira questão que se evolucionismo biológico
impõe é a imagem que de Charles Darwin,
até hoje perdura da povos como os africanos
África, como se até sua estariam num estágio
“descoberta”, fosse esse cultural e histórico
continente perdido na correspondente aos
obscuridade dos ancestrais da
primórdios da humanidade.
civilização, em plena
barbárie, numa luta
entre Homem e
Natureza
2
3. A degeneração da imagem Etnocentrismo: é uma visão
das sociedades africanas, de de mundo onde o nosso
suas ciências, e de seus próprio grupo é tomado
produtos é resultado do como centro de tudo e todos
projeto do Capitalismo, que os outros são pensados e
difundiu a idéia de que o sentidos através dos nossos
continente africano é tórrido modelos e valore, nossas
e cheio de tribos perdidas na definições do que é a
História e na Civilização. É existência.No plano
resultado também do intelectual , pode ser visto
etnocentrismo das ciências como a dificuldade de
européias pensarmos a diferença;no
plano afetivo, como
sentimentos de estranheza,
medo, hostilidade, etc.
3
4. Relativizar: Contraposição
Relativizar Ver que a verdade está mais
ao etnocentrismo. Quando no olhar que naquilo que é
vemos que as verdades da olhado.
vida são menos uma questão Relativizar é não transformar
de essência das coisas e mais a diferença em hierarquia,
uma questão de posição. em superiores e inferiores ou
Quando o significado de um em bem e mal, mas vê-la na
ato é visto não na sua sua dimensão de riqueza por
dimensão absoluta mas no ser diferença.
contexto em que acontece:
estamos relativizando.
Quando compreendemos o
“outro” nos seus próprios
valores e não nos nossos:
estamos relativizando .
4
5. Descrição européia – século XIV - dos povos
africanos:
“... todas as descrições da época mostram os
habitantes do interior do continente africano como
sendo parecidos com animais selvagens, tais como os
cinocéfalos, e acéfalos, com olhos no peito, que se
alimentam de gafanhotos e cobras, partilham as
mesmas esposas e se comunicam através de gritos
agudos como morcegos”.
5
6. “... amaldiçoado seja Canaã: dos seus irmãos será o mais vil dos
escravos” (Gn 9, 18-27)... e já que você me
desrespeitou...fazendo coisas feias na negrura da noite, os
filhos de Canaã nascerão feios e negros! Ademais, porque
você torceu a cabeça para ver minha nudez, o cabelo de seus
netos serão enrolados em carapinhas, e seus olhos vermelhos;
outra vez, por que seus lábios ridicularizaram a minha má
fortuna, os dele incharão; e porque você descuidou da minha
nudez, eles andarão nus, e seus membros masculinos serão
vergonhosamente alongados! Os homens dessa raça serão
chamados negros, seu ancestral Canaã os mandou amar o
roubo e a fornicação e se juntar em bandos para odiar os seus
senhores e nunca dizer a verdade “.
6
7. A partir das
colonizações(séculos
XV) , foi implementada
na África por outros
países europeus uma
forma de ocupação
muito semelhante à
forma portuguesa de
dominação no
continente africano -
colônias fundamentadas
no comércio agrícola e
na mão-de-obra escrava.
7
8. Nos séculos XVI e XVII, outros países
europeus,como a França, Holanda e a
Inglaterra interessaram-se pela conquista do
território africano e organizaram companhias
de comércio.Lá fundaram feitorias, exploraram
os recursos naturais e a população nativa.
8
10. Classificação racial publicada por François
Bernier: 1625 – 1688
A sua obra Nouvelle division de la terre par les
différentes espèces ou races qui l'habitent,
publicada em 1684, é considerada a primeira
classificação moderna das distintas
raças humanas
“... nota-se que os negros vêm depois dos índios, e
imediatamente depois deles vêm os orangotangos.”
10
12. Na segunda metade do século XIX, foi iniciada a
partilha do continente africano, culminando com a
Conferência de Berlim, 1884, que teve a participação de
15 países europeus, dos Estados Unidos e da
Turquia.Apesar de esses países decidirem sobre o
futuro do continente africano – eles não consideraram a
população que já o habitava, com suas marcas culturais
e identidade étnica. O primeiro interesse dos europeus
foi justamente fragmentar cultural e territorialmente o
continente africano. Dessa forma, poderiam controlar
com mais facilidade as colônias.
12
13. Durante todo o
século XIX e até as
décadas de 1960 e
1970, os conflitos
tornaram-se maiores
em razão do
processo de
independência e
descolonização da
África setentrional e
meridional.
13
14. Esse processo de descolonização se deu de
forma violenta. Além de enfrentar problemas
internos referentes aos conflitos étnicos ou
políticos, os países tiveram de encarar
problemas de ordem econômica. Para se
reconstruírem, os países solicitaram
empréstimos do fundo Monetário Internacional
– FMI. No decorrer das últimas décadas do
século XX, a dívida externa e a imposição da
cartilha do FMI desafiaram o poder econômico
dos Estados
14
15. Hoje, a África padece de uma combinação de fatores,
como pobreza urbana, crise da agricultura de
subsistência, problemas de legitimidade política dos
governos, violência em função das guerras civis, dos
movimentos migratórios e de refugiados. Esse conjunto
é responsável pela deterioração das condições de vida
da população africana, gerando fome e epidemias da
Aids e do cólera .A situação econômica somada aos
problemas sociais, como falta de saneamento básico e
tratamento de água, faz com que os países africanos
tenham um alto índice de mortalidade infantil e uma
expectativa de vida baixa.
15
17. O fato de não terem escritos
sua história anteriormente,
não quer dizer que os
africanos, bem como os
povos autóctones das
Américas e da Oceania, não
tinham história, muito
menos que não tinham
escrita. Objetos de arte
considerados apenas
decorativos estão plenos de
mensagens codificadas por
signos e símbolos que
podem ser “traduzidos”, ou
interpretados verbalmente,
como é o caso de muitos
objetos proverbiais.
17
18. Matéria prima:madeira
País: Gana
São estatuetas de madeira que se
caracterizam pelas formas da cabeça
e corpo, representando o ideal de
beleza para os povos de Gana. Têm
dupla finalidade, sendo usada de
um lado, por mulheres grávidas que
desejam ter filhos “inteligentes e
bem constituídos”,e, de outro lado,
sendo usadas como brinquedo pelas
meninas, tornando-se um objeto
pedagógico, preparando-as para
suas finalidades biológicas e
sociais(ser mulher e mãe).Esta
relação mulher/terra/fertilidade e
mulher/fertilidade expressada por
este objeto é também comum as
outras culturas africanas
18
19. Matéria prima: madeira
País: Nigéria
Ibeji é uma palavra da língua dos
Yoruba e significa “gêmeos”. Na
Nigéria e no Benin, acredita-se que
estatuetas como estas substituem
uma criança que morreu, no caso de
irmãs ou irmãos gêmeos. Os ibeji
são tratados como crianças vivas,
numa espécie de culto familiar, em
troca de proteção, já que são dotados
de poderes extraordinários:
acredita-se que os gêmeos têm uma
força múltipla, como se houvesse
nascido uma criança em dois ou
mais corpos físicos diferentes. No
Brasil, os ibeji também são cultuados
nos candomblés. Em outros cultos
afro-brasileiros, como na umbanda,
os gêmeos correspondem, por
sincretismo religioso , a Cosme e
Damião, santos da Igreja Católica.
19
20. Matéria prima: madeira
País: Mali
Nesta porta vê-se representado o
sistema de organização social dos
Dogon. Trata-se de uma sociedade
tipicamente agrária, apesar de
habitarem falésias, em lugar
desfavorável para plantio. O celeiro,
onde se conserva produtos da
colheita, é um elemento da
arquitetura muito importante na
vida dessa sociedade, tendo além do
valor social, um valor simbólico
associado à fertilidade da terra e à
fecundidade dos homens. A
tartaruga que figura na tramela
desta porta simboliza os mais
anciãos (o que detêm a sabedoria) e
a longevidade.
20
21. Matéria prima: bronze
País: Costa do Marfim
Esta é uma insígnia que serve
para exaltar a supremacia da
autoridade. Ela é uma forma
materializada que constitui
meio pelo qual o poder marca a
sua grandeza e a sua
superioridade sobre os mortais.
Graças a ela e a outras insígnias
os chefes parecem ter um ar
majestoso, principalmente
durante certos rituais, a que eles
presidem. Geralmente este
objeto representativo de poder é
herança dos antepassados e
possui caráter sagrado.
21
22. Materia prima: bronze
País: Nigéria
Esta é a representação
de um “casal humano”
em bronze, chamada
edan, onde as figuras
são ligadas por uma
corrente ou possuem
um anel na testa onde se
coloca uma pena de
pássaro. Os edan são
usados como insígnia
por membros da
associação de caráter
político-religioso.
22
23. Matéria-prima: Madeira e tecido
País: Costa do Marfim
Estas mascaras caracterizam-se
formalmente por contornos
simbolizando partes de um
pássaro chamado Calau, que, na
cosmogonia dos Senufos, consta
como um dos primeiros animais
da terra. O pássaro Calau está
relacionado com ritos de
iniciação, aparecendo também
sob a forma de escultura
zoomorfa, em que se destaca um
longo bico “fecundador”, sendo
o ventre inflado associado ao de
uma gestante.
23
24. Matéria-prima:ferro,
argila, cera, bronze.
País: Nigéria
Etapas do processo
de fundição do
bronze , ou de
outras ligas
metálicas.
24
25. Matéria-prima: madeira
País: Costa do Marfim
A mascara zamble é de tipo facial,
complementada por vestes de fibras
vegetais, pele animal e tecido, isto é,
constituída por elementos da
natureza e de outros confeccionados
pelos homens, como o tecido, além
da própria mascara. Zamble
também é o nome de um ser meio
humano e meio animal (veloz como
uma pantera, inteligente como o
homem e elegante como um
antílope”) , que apareceu para um
caçador. Deslumbrado com a sua
graça, o caçador entalhou uma
máscara em sua homenagem, usada
em uma dança que imita o seu jeito
de andar e pular. Essa máscára era
usada em funerais de homens
sábios, tendo sido registrada na
atualidade em festas populares.
25
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34. MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo – USP.
Fotos: www.google.com.br
E.mail:joacirpimenta1963@gmail.com
34