3. A cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas
culturais que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a
indeterminação de um sentido global qualquer.
Cibercultura:
Conjunto de técnicas, práticas, atitudes,
modos de pensamento e valores que se
desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço
Ciberespaço:
Novo meio de comunicação que surge da
interconexão mundial dos computadores.
O termo especifica não apenas a infra-
estrutura material da comunicação digital,
mas também o universo oceânico de
informações que ela abriga, assim como
os seres humanos que navegam e
alimentam esse universo.
Ivonísio Mosca de C. Filho
8. Com as ferramentas que o homem cria, ele
transforma o mundo e as ferramentas acabam
transformando o homem.
9. O CIBERPUNK
O cyberpunk é, antes de tudo, uma cultura tecnológica que vive e
acredita no presente. Em relação ao termo definiríamos como sendo
mais uma atitude, um comportamento de um grupo do que uma cultura
em si. O cyberpunk é uma sub-cultura dentro do que podemos chamar
de cibercultura. (Lemos)
O cyberpunk é fruto da informatização da sociedade e domina as novas
tecnologias e propõe uma utilização "político-anarquista" da tecnologia
no mundo de hoje.
A origem do prefixo cyber vem do termo cybernetics. O "punk" vem da
atitude de apropriação do ciberespaço.
Para o cyberpunk a tecnologia é instrumento de poder, de prazer,
deleite, diversão e principalmente de comunicação livre.
O cyberpunk não forma uma sub-cultura homogenea, formando vários
grupos subdivididos em tribos com definições e atitudes distintas como
os hackers, os crackers, os phreakers, os ravers, os cypherpunks.
Ivonísio Mosca de C. Filho
10. Hacker (...)
Phreaker (telecomunicações)
Cracker (destruir a tecnologia – “Una Bomber”)
Cypherpunks (tecno-anarquistas que lutam pela manutenção da
privacidade no ciberespaço através da difusão de programas de
criptografia de massa – proibidos em alguns países)
Ravers e os zippies (neo-hippies - extensão da cultura hippie às
novas tecnologias – a máxima do hedonismo. O movimento rave é ao
mesmo tempo cultural, social e político. Os zippies são os neo-hippies
ingleses)
Extropians - potencializar os recursos da medicina avançada para
aumentar as capacidades físicas do homem.
«Cyberpunks são inventores, escritores inovadores, artistas hi-tech,
diretores de cinema que correm riscos, compositores iconoclastas, [...]
cientistas que trabalham por conta própria, [...] - todos aqueles que
estão audaciosamente indo onde ninguém jamais levou o pensamento
antes.»
Timonth Leary
Ivonísio Mosca de C. Filho
12. - «O homem não pode ser definido, antropológica e socialmente, sem a dimensão
da técnica. Técnica é arte (tekhnè) de construção da vida. A técnica é então um
caso específico e particular da zoologia, na medida em que o fenômeno tecnico
aparece como uma solução para a relação entre a matéria viva (orgânica) e a
matéria inerte (inorgânica), constituindo-se como "matéria inorgânica
organizada".»
(André Lemos)
- A questão do cyborg, dentro dos estudos da cultura ("cultural studies"), foi
introduzida com o "Manifesto for Cyborgs" de Donna Haraway.
- Haraway apresenta um novo campo do saber – cyborgologia.
- O cyborg seria um organismo, meio máquina meio biológico, que possui uma
identidade parcial e contraditória, aceitando a indiferenciação. Assim, libertar-nos-
ia das hierarquias sociais, do racismo e do sexismo que impera na civilização
Ocidental.
- Segundo Haraway, o cyborg surge a propósito da cultura contemporânea e a
partir de três abalos de fronteira: a fronteira entre os animais e os seres humanos;
a fronteira entre o orgânico e o inorgânico; e a fronteira entre o físico e o não-
físico. (André Lemos)
Ivonísio Mosca de C. Filho
13. Haraway pensa o mundo do cyborg como aquele em que as realidades social e
corporal são vividas por uma sociedade que não tem medo de se juntar à matéria
inorgânica, de perder permanentemente suas identidades, de experimentar a
complexidade e a contradição. Todo o jogo político contemporâneo está no confronto
entre essas duas perspectivas.
No mundo do cyborg, trata-se muito mais de afinidade do que de identidade. Maffesoli
fala da passagem de uma lógica da identidade (típica da modernidade) à uma lógica
da identificação que estaria dando exemplos na vida quotidiana contemporânea. Essa
lógica de identificação opera muito mais por afinidade que por identidade.
A Cibercultura contemporânea subverte o dualismo Homem-Máquina ao ponto de não
sabermos onde começa o homem e onde termina a máquina. (Lemos)
"I would rather be a cyborg than a goddess" (Donna Haraway)
Ivonísio Mosca de C. Filho
14. O ciberespaço é um imenso "corpo sem órgãos", um "CorpoRede"
O processo de "cyborgização" da personalidade - O netcyborg tem
uma personalidade híbrida, constantemente construída e reconstruída
no ciberespaço.
Se na vida real, o corpo determina a identidade e as formas de
sociabilidade daí emergentes (Goffman), no ciberespaço a identidade é
ambígua, não existindo certezas (sexo, classe, raça) para a
determinação das formas de interacção.
“Com a metafora do cyborg, principalmente o interpretativo, o
ciberespaço se constitui como um espaço para refazer as categorias
identificatórias na cultura contemporânea. Assim, sem um corpo físico
como receptáculo da construção da identidade, o sujeito fica livre para
jogar com comportamentos e identidades. O ciberespaço produz uma
nova forma de sociabilidade, criando um novo senso de identidade, ao
mesmo tempo descentralizada e múltipla; uma sociabilidade eletrônica
dos netcyborgs.”
André Lemos
Ivonísio Mosca de C. Filho
15. O corpo enquanto ser híbrido – que se afasta
das leis naturais.
Premissas:
- Movimento de euforia ao desenvolvimento
tecnológico.
- A visão do corpo como algo mutante.
- As mudanças comportamentais e as adequações
corporais
- A tecnologia passa a ser identificada como sendo
um vector de expansão de possibilidades, de
ampliação dos canais de passagem entre o
imperfeito e o perfeito, de quebras de fronteiras entre
interior e o exterior, público e privado, real e virtual,
próximo e distante
- Momento de transição
- A cultura emergente é resultado de um processo de
artificialização da natureza.
Ivonísio Mosca de C. Filho
16.
17.
18. No ciberespaço o corpo desaparece dando lugar a
espectros (Guillaume) que circulam como informações.
Rosanne Stone identifica os cidadãos do ciberespaço um
"cyborg envy", ou um desejo do cyborg.
O exemplo dos "hackers" que entram nos sistemas
informatizados e que desejam superar a fronteira entre o
corpo físico e a Rede, caracterizam esse "cyborg envy".
Uma das características desse "cyborg envy" é a quebra
de fronteiras .
Ivonísio Mosca de C. Filho
20. O ECOSSITEMA DIGITAL
O novo ambiente tecnológico que vivemos impõe a adoção de novos padrões
de comportamentos, uma nova ética (Ética Hacker). Sempre que há um salto
tecnológico, na História, há uma transformação nas regras e nos valores do
convívio social.
O ambiente tecnológico inédito à nossa volta deve nos levar para uma nova
sociabilidade, que negocie formas de convivência mais inteligentes.
Inovação Tecnológica Significa
Inovação Moral
Ivonísio Mosca de C. Filho
21. A Cibercultura
no quotidiano
As cibercidades. Novos media e a emergência
dos self media.
23. Alessandro Auguri e Stephen Graham propõem:
Cidades digitais enraizadas (grounded) – veiculadas a espaços urbanos definidos, resultantes de iniciativas derivadas de
consórcios ou associações que têm no Estado o seu centro de gestão.
Cidades digitais não enraizadas (not grounded) – são aquelas que utilizam um interface familiar às cidades; são metáforas
urbanas que agrupam vários serviços de Internet pelo mundo, mas que não têm nenhuma relação com qualquer município
específico.
24. 2 milhões de Kg...
É o peso sobre nossas cabeças o tempo todo, na forma de artefatos que giram
hoje em torno da terra, lançados pelo homem nos últimos cinquenta anos.
Fonte:Nasa
Ivonísio Mosca de C. Filho
25. A cada segundo, acontece +
1 milhão de
clicks nas
páginas da
internet.
Se uma pessoa clicasse uma
vez a cada segundo,
demoraria 12 dias clicando
ininterruptamente até atingir
1 milhão de clicks.
Demoraria 12 dias para
repetir o que acontece no
mundo inteiro a cada
segundo!
Fonte: Kevin Kelly/Revista Wired. Agosto/2005
Ivonísio Mosca de C. Filho
26. 6 mil espiões novos por hora...
É a quantidade de máquinas fotográficas digitais
produzidas em 2004, a cada 60 minutos.
No total foram 74 milhões de unidades.
2 mil novos
cineastas a cada hora.
Em 2005, a quantidade de câmeras de vídeo digital
foi de 18,5 milhões de unidades.
Fonte: Kodak e IDC/Revista Exame e Sony Corp
Ivonísio Mosca de C. Filho
27. Uma estante de 50 mil Km...
Caso todas as páginas existentes na Internet fossem transformadas em páginas
de livros, esse é o tamanho que atingiriam os volumes enfileirados.
A rede mundial de computadores tem 600 bilhões de páginas, 100 para cada
habitante do planeta.
Fonte: Kevin Kelly/Revista Wired.
Agosto/2005 Ivonísio Mosca de C. Filho
29. Cibercidade é uma descrição/narração onde os olhos não
vêm coisas, mas simulações de quase-objectos.
Relações mais intelectuais que corporais
O ciberespaço, tal como o espaço urbano, é um
sistema de signos e de significações
Relações das cidades com a informática:
Planear e simular as cidades em computadores
Informatização das instituições
Virtualização na forma de cibercidade
Ivonísio Mosca de C. Filho
33. Globalização e sociedade da
informação
GLOBALIZAÇÃO
“Processo de transformações econômicas e suas consequências políticas à escala
mundial desencadeado na década de 90 a partir da convergência tecnológica
baseada na digitalização, na desregulação e privatização de importantes
setores econômicos e no primado do mercado como núcleo do funcionamento
econômico.”
Fernando Cascais
34. Globalização e sociedade da informação
Webster (1995) considera que vivemos numa nova sociedade, numa
“sociedade da informação”, que se caracteriza por 5 critérios:
- Tecnológico (inovação)
- Econômico (o peso da informação na economia)
- Ocupacional (transformação ocupacional – a maioria dos empregos
depende da informação e do conhecimento)
- Espacial (as fronteiras deixam de existir)
- Cultural (crescimento da informação que é acessível aos cidadãos)
35. Anthony Giddens vê a globalização como uma consequência da modernidade e fruto
das transformações das relações sociais. Para Giddens, a globalização
corresponde à intensificação das relações sociais globais que ligam comunidades
locais, e é formatada por acontecimentos que têm lugar a uma grande distância.
Ivonísio Mosca de C. Filho
37. Não somente as técnicas são imaginadas, fabricadas e reinterpretadas durante seu
uso pelos homens, como também é o próprio uso intensivo de ferramentas que
constitui a humanidade enquanto tal.
A técnica é um ângulo de análise dos sistemas sócios-técnico globais, um ponto de
vista que enfatiza a parte material e artificial dos fenômenos humanos.
É impossível separar o humano de seu ambiente material e separar o mundo material
das idéias por meio das quais os objetos técnicos são concebidos e utilizados, nem
dos humanos que as inventam, produzem e utilizam.
Ivonísio Mosca de C. Filho