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Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade

A Atitude dos pais face aos contextos educativos e à Escolaridade
Isabel Correia e Henrique Santos

Resumo
Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de
Escolas do Monte da Caparica, integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), organizou, durante os
meses de Abril e Maio do ano 2008, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de
crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, dinamizadas pelos autores deste
poster, após convite da AFEP (Associação para a Formação de Pais).
Tendo sido marcadas seis sessões dirigidas aos públicos das escolas, foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com
elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só
acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”.
As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização.
Partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários
educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores
implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Foi possível reflectir sobre modelos de educação/participação negociada, vivida
em parceria e interveniente, possibilitando a todos os participantes nas sessões a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade
de direitos e deveres.

Introdução

Podemos responder às incertezas com a estratégia e às contradições com a aposta
(Edgar Morin, 1995)
Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a
Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica1 dinamizou, durante o
ano lectivo transacto, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação
e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do
Ensino Básico. Foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de
alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da
escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”,
como referiu um dos participantes numa das sessões
As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao
contexto educativo e à escolarização.
Enquanto participantes activos no processo formativo2, partimos do pressuposto de que a
existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários
educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e
aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...).
Duas questões estiveram subjacentes ao delineamento das estratégias das dinâmicas
formativas vivenciadas, a saber: Como pode a escola estabelecer pontes e assumir-se como
um pólo de desenvolvimento e aprendizagem de todos quantos nela vivem e convivem,
1
2

Agrupamento integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP)
Dinamizadores convidados pelo Agrupamento, através da Associação para a Formação de Pais - AFEP
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

potenciando e favorecendo uma cultura de participação e divulgação de diferentes saberes e

poderes, fazendo justiça ao slogan “todos diferentes, todos iguais”?
Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa, quaisquer que
sejam as suas características, raízes e trajectórias pessoais e sociais?3
Apesar da generalização, em educação, ser complexa, foi possível, com base na investigação
e práticas realizadas, reflectir em torno de questões fundamentais para um modelo de
educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a
todos a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres.
Caracterização do Grupo e Procedimentos

Pais e filhos vivem isolados, raramente choram juntos e falam dos seus sonhos,
mágoas, alegrias, frustrações….
Augusto Cury 2004, p12
Tendo como objectivos “visar a apropriação, por parte das comunidades educativas
particularmente desfavorecidas, de instrumentos e recursos que lhes permitam orientar a
sua acção para a reinserção escolar dos alunos, tendo presente que os contextos sociais
onde as escolas se inserem podem condicionar o sucesso educativo”, desenvolveram-se, ao
longo de dois meses, no âmbito da actividade dinamizada pelo Agrupamento de Escolas do
Monte da Caparica, adiante designado por Agrupamento, sessões de participação/diálogo
com pais, encarregados de educação e famílias.
Como mencionado anteriormente, o projecto desenvolveu-se em instituições educativas
localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e,
de acordo com inúmeros estudos, e até por confirmação do diagnóstico efectuado pelo
Agrupamento, os pais de crianças de estratos socioeconómicos mais baixos afirmam ter
"menor disponibilidade e ser menos competentes para essa participação". Não obstante,
Phtiaka (1994, cit. Magalhães, G. 2007, p. 85) através de um estudo qualitativo sobre
envolvimento familiar, realizado no Chipre, em escolas do ensino básico, constatou que
“embora as famílias mais favorecidas e educadas estejam mais envolvidas no processo
educacional, todas as famílias incluindo as desfavorecidas, se preocupam com a educação e
com os interesses dos filhos, mostrando vontade de ajudar e receptividade dos conselhos
dos professores”

3

Matos (2007), Relação Escola-Família: qual a função da Escola e da Família para uma Educação Participada?. Comunicação,
apresentada no Fórum Educação, organizado pela Junta de Freguesia da Charneca da Caparica. Documento não publicado.
Isabel Correia e Henrique Santos

2
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

Pensamos poder afirmar que, embora os pais concordem que a participação na escola dos
filhos é importante, nem sempre podem aceder a esse “convite” pois isso representa uma
sobrecarga nas famílias e acabam por desistir dela em detrimento de outros tipos de
acompanhamento. As percepções que têm da escola, por vezes, impedem-nos de estarem à
vontade para contactarem os Educadores/Professores, o que em muitas situações são
interpretadas como falta de interesse (ibidem).
Estas famílias reconhecem, contudo, que as sociedades actuais requerem cada vez mais a
melhoria do nível de educação dos seus cidadãos por um conjunto de razões: porque a
competição económica o exige mas também porque a qualidade e melhoria da vida social
passa cada vez mais pelo domínio de competências, incluindo competências para aprender,
colaborar e conviver, pelo nível cultural geral dos indivíduos e pela sua capacidade de se
integrarem numa sociedade construída sobre múltiplas diversidade, da mesma forma que
reconhecem que é a escola a instituição por excelência onde esses objectivos poderão ser
conseguidos.
Partindo do pressuposto, fundamental, de que os pais e famílias são importantes na
aprendizagem e no progresso escolar das crianças, e porque é também importante que
existam formas de envolver mais os progenitores, passem ou não, pelo espaço da própria
escola ou por visitas da comunidade escolar a casa e da família à Escola, as sessões
programadas organizaram-se, essencialmente, como um espaço de participação e partilha
entre a escola e a Família, nas quais existiu um espaço de apresentação expositiva de
conceitos sobre o papel das Instituições Educativas e do Educador/Professor, bem como uma
retroacção, por parte das famílias, sobre as expectativas e lógicas de envolvimento parental.

Como pode a escola estabelecer pontes?

Os Pais precisam de perceber que boa educação gera limites (sentidos obrigatórios,
sentidos proibidos, semáforos de várias cores...) e argumentos para os tornear
Eduardo Sá, ano???? pág???

Tornou-se evidente, desde a primeira sessão, o interesse demonstrado pelos pais presentes
na maior necessidade de envolvimento nas dinâmicas e lógicas de gestão da Escola. Em
alguns caso em detrimento do espaço de actuação junto aos seus próprios filhos, através do
desenvolvimento de atitudes favoráveis ao sucesso escolar das crianças e adolescentes.
Isabel Correia e Henrique Santos

3
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

No que respeita ao espaço de participação na vida da escola, há que distinguir dois espaços
de intervenção: a) A participação nos mecanismos de co-gestão da escola e b) O espaço de
retroacção (feed-back) ao nível das sugestões/indicações formuladas.
Em relação ao primeiro ponto, ficou evidente que a participação dos pais nos mecanismos de
co-gestão da escola está estreitamente relacionada com a autonomia da escola e a
democratização de sua gestão, mas que é um processo de maturação lenta e difícil, pois não
se muda uma cultura organizacional, sedimentado ao longo de anos, de um dia para outro.
Também

é

verdade

que

a

elaboração

desse

nível

de

participação

depende

fundamentalmente do grau de consciência e de envolvimento dos pais na participação cívica
activa.
Das muitas propostas reflectidas e discutidas, algumas das ideias-chave revelaram-se
consubstanciadas pela prática quotidiana da relação escola-família neste Agrupamento de
Escolas em específico mas que encontram também eco em outras práticas relatadas em
diversos estudos sobre o tema.
Apresentam-se aqui algumas das conclusões, sem grande esforço de enumeração.
A escola deve ser promotora de políticas/estratégias que promovam a maior aproximação
das famílias à escola, envolvendo os pais de diferentes formas. Cabe à escola proporcionar
uma diversidade de modalidades de envolvimento parental na escola, não só através das
estratégias lectivas e educativas ditas “normais” mas também através de momentos de
"formação” de pais por técnicos convidados pela escola, de aconselhamento individual aos
pais, de informação escrita, e de um processo de encaminhamento para outros técnicos e
instituições da comunidade.
A Escola pode, e deve, promover e melhorar os canais de comunicação com as famílias,
estabelecendo sistemas de comunicação bilateral, procurando disponibilizar espaços diversos
e inovadores que não passem apenas pelas reuniões de pais mas também por reuniões
individuais com as famílias, contactos constantes, por exemplo, com recurso a novos meios
tecnológicos (SMS, e-mail, etc.), de forma a alcançar todas as famílias. A comunicação deve
ir além das dificuldades escolares e de comportamento e da avaliação do aluno. As reuniões
de pais devem ser clarificadoras do projecto educativo da escola, regulamento interno e
projecto curricular de turma.
Por outro lado, as reuniões com os pais devem fornecer informação acerca dos progressos e
dificuldades do aluno e de como os pais devem ajudar as crianças a ultrapassar essas
dificuldades bem como para conhecer melhor a família e as suas necessidades e não apenas
Isabel Correia e Henrique Santos

4
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

para servirem de espaço de informação lectiva que, na maior parte das vezes apenas se
limitam a apresentar o “espaço negro” do desenvolvimento pedagógico do aluno.
Envolver os pais em actividades no espaço escolar, para além dos tradicionais eventos que a
escola promove (actividades de início e fim do ano lectivo, festas de Natal, Dia da Mãe, Dia
do Pai), são também oportunidades mais diversificadas que possibilitem a participação da
família com o objectivo de melhorar o espaço escolar. Os pais (e avós) podem participar, por
exemplo, na supervisão de recreios, no apoio à biblioteca e sala de estudo e na organização
de actividades de tempos livres.
Envolver os pais em actividades de aprendizagem em casa é um meio fundamental pois os
pais são importantes na aprendizagem e no progresso escolar das crianças. Para que os pais
possam desempenhar o seu papel com eficácia necessitam que o Educador/Professor os
informe acerca das competências que a criança deve adquirir em cada momento da
aprendizagem e de como podem estar envolvidos em actividades de aprendizagem
articuladas com trabalho que o professor desenvolve na sala de aula.
Claro que este espaço de envolvimento exige que exista uma comunicação clara dos
objectivos de aprendizagem bem como o estabelecimento de “contratos” entre aluno-paisprofessor, ensinado os pais a importância da monitorização e encorajamento/reforço dos
trabalhos para casa e elaborando actividades de aprendizagem interactivas.
É importante envolver/implicar as famílias nas tomadas de decisão, quer através da
representação dos pais nos organismos da escola em que esta representação já está
prevista, quer em grupos de reflexão-acção criados para a resolução de problemas que
visem a melhoria da escola. Isto pode ser concretizado se as escolas ajudarem a manter as
Associações de Pais activas (facilitando espaço físico, reuniões de coordenação com a
direcção da escola), mas também

envolvendo a comunidade, partilhando as suas

responsabilidades e recursos com as diferentes instituições e organismos existentes na
comunidade (Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Centro de Saúde, Associações
Recreativas e Culturais,...).
A comunicação escola família é o requisito básico para a existência de outras formas de
envolvimento parental na escola. Quando a escola e a família comunicam de forma eficaz, os
pais têm mais probabilidades de estabelecer uma relação de confiança e um clima de
cooperação com o Educador/Professor e com a escola, as interacções entre a escola e a
família aumentam, os pais percepcionam a escola e os seus profissionais de forma mais
Isabel Correia e Henrique Santos

5
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

positiva, entendem melhor as políticas da escola e a acção dos Educadores/Professores,
acompanham melhor os progressos da criança
Por último, a escola deve estar atenta aos grupos de pais mais vulneráveis a estarem menos
envolvidos na escola. As famílias que por vezes são designadas por “famílias difíceis de
alcançar” têm relativamente às outras famílias dificuldades adicionais para se envolverem na
escola: horários de trabalho pouco flexíveis, falta de recursos, preocupações com questões
de sobrevivência, percepção de baixa competência para tratar de assuntos relacionados com
a escola e memórias negativas relacionadas com a sua própria experiência com a escola.
Para contornar estas dificuldades, a escola deve conhecê-las e procurar combatê-las com
horários flexíveis de atendimento; estabelecendo uma abordagem positiva de aproximação
às famílias, contribuindo para a construção de uma imagem mais positiva quer da escola
quer da criança, por parte da família; tornando visíveis os recursos e competências da família
e construindo novas competências, por exemplo, através dos já citados espaços de
formação; tornando a linguagem clara e acessível a todas as famílias; diversificando a forma
de comunicar com as famílias e em algumas alturas recorrer à visita domiciliária para manter
a comunicação com aquelas famílias que têm mais dificuldade em deslocar-se à escola.
No que respeita à retroacção da participação (quando existente), e do “diálogo” com a
escola, também foram reflectidas questões e situações “típicas” que nos mereceram especial
atenção. Dessas, apresentam-se algumas conclusões.

Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa?

O que fazer? À procura de conselhos.
De todas as reflexões partilhadas, uma destacou-se de todas as outras: É fundamental falar
com os filhos acerca da escola!
Este espaço de diálogo e partilha é importante, pois conversar acerca do que se passa na
escola, envia-se também uma outra mensagem sobre “a escola e o que fazes na escola são
importantes para mim”.
Neste contexto, a família é um espaço de aprendizagem fundamental. Há formas muito
simples de promover a aprendizagem: ler aos filhos, ouvi-los ler, conversar com eles acerca
de diferentes temas, assistir em conjunto a programas televisivos e pedir-lhes a opinião
Isabel Correia e Henrique Santos

6
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

acerca daquilo que estão a ver e a ouvir, passear, ir a museus e sítios com interesse
histórico e cultural, demonstrar e partilhar o seu interesse e curiosidade por tudo aquilo que
o rodeia. Também é importante reter a ideia de que as famílias são modelos importantes
sendo as actividades e interesses das famílias observadas e, em alguma medida, adoptadas
pelos alunos/filhos. A supervisão e, por vezes, a ajuda directa nos trabalhos escolares são
necessárias. Ajudar a organizar um horário de estudo (adequado às necessidades de cada
criança/adolescentes e sem exageros!), ensiná-lo a estudar, e proporcionar um ambiente de
estudo facilitador é outra forma de ajudar o seu filho.
A escola pode “dizer” estas coisas à família mas é necessário que saiba “dizê-lo”. Uma boa
comunicação entre a família e o Educador/Professor, já “vimos”, facilita a adaptação à escola
e a aprendizagem de crianças e adolescentes. Ao falar com o Educador/professor/director de
turma, o encarregado de educação (pais, famílias, etc.) pode obter-se informações acerca do
que os professores e a escola esperam dos alunos relativamente a questões como o
comportamento e a aprendizagem, as evoluções e as dificuldades. Por outro lado, o
professor também beneficia com esta experiência, porque fica a conhecer melhor a criança e
a sua família. Com uma adequada comunicação entre a família e a escola é mais fácil
estabelecer objectivos comuns e de os comunicar com uma maior clareza à criança. Ir à
escola no horário de atendimento aos pais é, nesta medida uma prática aconselhável. E este
horário de atendimento não deve apenas ser utilizado para resolver problemas.
Também foi referido o quão importante é participar nas actividades da escola, mas não
apenas nas actividades organizadas pelas escolas para as crianças e famílias e que envolvem
geralmente muitas horas de preparação e o investimento de muitas pessoas, como sehjam
os momentos festivos e de celebração. Nestas actividades há a oportunidade de conhecer
melhor o espaço, de conhecer os colegas e as famílias, os Educadores/Professores e outros
profissionais a desempenha funções na escola, mas a “participação” dos pais não pode ficar
apenas nesta dinâmica. Os pais são parceiros importantes e a sua contribuição é valiosa.
“Estar presente” significa também querer saber, colaborar, cooperar. É importante que os
contributos dos pais, das famílias, das comunidades sejam tidos em conta, mesmo que seja
necessário adequaá-los à cultura da escola. É imperioso ouvir as opiniões que, por vezes,
podem ser dissonantes e integrá-las na vida diária da Escola.
Nota conclusiva
Da experiência de reflexão obtida nas sessões de parceria, resulta que as opiniões expressas
vêm enfatizar a importância da comunicação entre a família e a escola para o desempenho
académico e funcionamento adaptativo da criança, sendo que, qualquer programa da escola
Isabel Correia e Henrique Santos

7
Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade
A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade

que pretenda fortalecer o envolvimento parental na escola, deverá começar por promover
uma comunicação eficaz entre escola/professores e família.
Por outro lado, ficou também evidente que a menor comunicação escola-família nestas
famílias pode também dever-se a uma menor confiança para iniciar os contactos com a
escola, ficando muito dependentes da própria iniciativa da escola para a comunicação de
aspectos importantes relativos aos filhos e à própria escola. A escola para estes pais é um
espaço estranho e pouco convidativo, onde a sua presença é requerida apenas em situações
problemáticas e onde a comunicação escola-família é feita num registo negativo
(comunicação de problemas de comportamento, más notas,...).
Por último, ficou estabelecido que a participação das famílias traz benefícios, pois ao
aumentar as suas informações sobre o filho e aluno melhoram o seu papel de educadores e
é aos encarregados de educação que cabe a tarefa de fomentar a noção de
responsabilidade, de forma a que, enquanto jovens e alunos se preparem para a vida adulta.

Pais que exerçam a sua autoridade, SIM
Pais que se zanguem em função de uma lei que assumam, com coerência e de forma
constante, SIM
PAIS-PIRILAMPO, que ora ignoram as asneiras ora, a pretexto de uma, se zangam
por todas aquelas que ignoraram, NÃO!
Eduardo Sá, ano???? pág??'

Bibliografia

Cury, Augusto (2004) Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Editora Pergaminho, Lisboa.
Magalhães, G. (2007), Modelo de colaboração Jardim-de-infância/Família. Horizonte
Pedagógico. Lisboa. Instituto Piaget
Morin, Edgar
Sá, Eduardo (2002)

Isabel Correia e Henrique Santos

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Revista Refletir EdInf nº04
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A atitude dos pais face à escola e à escolaridade

  • 1. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face aos contextos educativos e à Escolaridade Isabel Correia e Henrique Santos Resumo Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica, integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), organizou, durante os meses de Abril e Maio do ano 2008, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, dinamizadas pelos autores deste poster, após convite da AFEP (Associação para a Formação de Pais). Tendo sido marcadas seis sessões dirigidas aos públicos das escolas, foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”. As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização. Partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Foi possível reflectir sobre modelos de educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a todos os participantes nas sessões a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres. Introdução Podemos responder às incertezas com a estratégia e às contradições com a aposta (Edgar Morin, 1995) Com vista à identificação de projectos de promoção e integração pessoal e social entre a Família e a Escola, o Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica1 dinamizou, durante o ano lectivo transacto, sessões de participação/diálogo com Pais, Encarregados de Educação e Famílias de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Foi dada prioridade às escolas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e onde “os pais não participam na vida da escola e só acompanham o percurso académico dos filhos através dos trabalhos de casa”, como referiu um dos participantes numa das sessões As temáticas abordadas incidiram, essencialmente, no papel e atitude das famílias face ao contexto educativo e à escolarização. Enquanto participantes activos no processo formativo2, partimos do pressuposto de que a existência de “canais” e espaços de comunicação e partilha entre estes dois cenários educativos (Escola e Família), são factores determinantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem de todos os actores implicados (crianças, pais/famílias, docentes...). Duas questões estiveram subjacentes ao delineamento das estratégias das dinâmicas formativas vivenciadas, a saber: Como pode a escola estabelecer pontes e assumir-se como um pólo de desenvolvimento e aprendizagem de todos quantos nela vivem e convivem, 1 2 Agrupamento integrado num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) Dinamizadores convidados pelo Agrupamento, através da Associação para a Formação de Pais - AFEP
  • 2. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade potenciando e favorecendo uma cultura de participação e divulgação de diferentes saberes e poderes, fazendo justiça ao slogan “todos diferentes, todos iguais”? Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa, quaisquer que sejam as suas características, raízes e trajectórias pessoais e sociais?3 Apesar da generalização, em educação, ser complexa, foi possível, com base na investigação e práticas realizadas, reflectir em torno de questões fundamentais para um modelo de educação/participação negociada, vivida em parceria e interveniente, possibilitando a todos a sua vez e a sua voz na defesa pela igualdade de direitos e deveres. Caracterização do Grupo e Procedimentos Pais e filhos vivem isolados, raramente choram juntos e falam dos seus sonhos, mágoas, alegrias, frustrações…. Augusto Cury 2004, p12 Tendo como objectivos “visar a apropriação, por parte das comunidades educativas particularmente desfavorecidas, de instrumentos e recursos que lhes permitam orientar a sua acção para a reinserção escolar dos alunos, tendo presente que os contextos sociais onde as escolas se inserem podem condicionar o sucesso educativo”, desenvolveram-se, ao longo de dois meses, no âmbito da actividade dinamizada pelo Agrupamento de Escolas do Monte da Caparica, adiante designado por Agrupamento, sessões de participação/diálogo com pais, encarregados de educação e famílias. Como mencionado anteriormente, o projecto desenvolveu-se em instituições educativas localizadas nas áreas com elevado número de alunos em risco de exclusão social e escolar e, de acordo com inúmeros estudos, e até por confirmação do diagnóstico efectuado pelo Agrupamento, os pais de crianças de estratos socioeconómicos mais baixos afirmam ter "menor disponibilidade e ser menos competentes para essa participação". Não obstante, Phtiaka (1994, cit. Magalhães, G. 2007, p. 85) através de um estudo qualitativo sobre envolvimento familiar, realizado no Chipre, em escolas do ensino básico, constatou que “embora as famílias mais favorecidas e educadas estejam mais envolvidas no processo educacional, todas as famílias incluindo as desfavorecidas, se preocupam com a educação e com os interesses dos filhos, mostrando vontade de ajudar e receptividade dos conselhos dos professores” 3 Matos (2007), Relação Escola-Família: qual a função da Escola e da Família para uma Educação Participada?. Comunicação, apresentada no Fórum Educação, organizado pela Junta de Freguesia da Charneca da Caparica. Documento não publicado. Isabel Correia e Henrique Santos 2
  • 3. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade Pensamos poder afirmar que, embora os pais concordem que a participação na escola dos filhos é importante, nem sempre podem aceder a esse “convite” pois isso representa uma sobrecarga nas famílias e acabam por desistir dela em detrimento de outros tipos de acompanhamento. As percepções que têm da escola, por vezes, impedem-nos de estarem à vontade para contactarem os Educadores/Professores, o que em muitas situações são interpretadas como falta de interesse (ibidem). Estas famílias reconhecem, contudo, que as sociedades actuais requerem cada vez mais a melhoria do nível de educação dos seus cidadãos por um conjunto de razões: porque a competição económica o exige mas também porque a qualidade e melhoria da vida social passa cada vez mais pelo domínio de competências, incluindo competências para aprender, colaborar e conviver, pelo nível cultural geral dos indivíduos e pela sua capacidade de se integrarem numa sociedade construída sobre múltiplas diversidade, da mesma forma que reconhecem que é a escola a instituição por excelência onde esses objectivos poderão ser conseguidos. Partindo do pressuposto, fundamental, de que os pais e famílias são importantes na aprendizagem e no progresso escolar das crianças, e porque é também importante que existam formas de envolver mais os progenitores, passem ou não, pelo espaço da própria escola ou por visitas da comunidade escolar a casa e da família à Escola, as sessões programadas organizaram-se, essencialmente, como um espaço de participação e partilha entre a escola e a Família, nas quais existiu um espaço de apresentação expositiva de conceitos sobre o papel das Instituições Educativas e do Educador/Professor, bem como uma retroacção, por parte das famílias, sobre as expectativas e lógicas de envolvimento parental. Como pode a escola estabelecer pontes? Os Pais precisam de perceber que boa educação gera limites (sentidos obrigatórios, sentidos proibidos, semáforos de várias cores...) e argumentos para os tornear Eduardo Sá, ano???? pág??? Tornou-se evidente, desde a primeira sessão, o interesse demonstrado pelos pais presentes na maior necessidade de envolvimento nas dinâmicas e lógicas de gestão da Escola. Em alguns caso em detrimento do espaço de actuação junto aos seus próprios filhos, através do desenvolvimento de atitudes favoráveis ao sucesso escolar das crianças e adolescentes. Isabel Correia e Henrique Santos 3
  • 4. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade No que respeita ao espaço de participação na vida da escola, há que distinguir dois espaços de intervenção: a) A participação nos mecanismos de co-gestão da escola e b) O espaço de retroacção (feed-back) ao nível das sugestões/indicações formuladas. Em relação ao primeiro ponto, ficou evidente que a participação dos pais nos mecanismos de co-gestão da escola está estreitamente relacionada com a autonomia da escola e a democratização de sua gestão, mas que é um processo de maturação lenta e difícil, pois não se muda uma cultura organizacional, sedimentado ao longo de anos, de um dia para outro. Também é verdade que a elaboração desse nível de participação depende fundamentalmente do grau de consciência e de envolvimento dos pais na participação cívica activa. Das muitas propostas reflectidas e discutidas, algumas das ideias-chave revelaram-se consubstanciadas pela prática quotidiana da relação escola-família neste Agrupamento de Escolas em específico mas que encontram também eco em outras práticas relatadas em diversos estudos sobre o tema. Apresentam-se aqui algumas das conclusões, sem grande esforço de enumeração. A escola deve ser promotora de políticas/estratégias que promovam a maior aproximação das famílias à escola, envolvendo os pais de diferentes formas. Cabe à escola proporcionar uma diversidade de modalidades de envolvimento parental na escola, não só através das estratégias lectivas e educativas ditas “normais” mas também através de momentos de "formação” de pais por técnicos convidados pela escola, de aconselhamento individual aos pais, de informação escrita, e de um processo de encaminhamento para outros técnicos e instituições da comunidade. A Escola pode, e deve, promover e melhorar os canais de comunicação com as famílias, estabelecendo sistemas de comunicação bilateral, procurando disponibilizar espaços diversos e inovadores que não passem apenas pelas reuniões de pais mas também por reuniões individuais com as famílias, contactos constantes, por exemplo, com recurso a novos meios tecnológicos (SMS, e-mail, etc.), de forma a alcançar todas as famílias. A comunicação deve ir além das dificuldades escolares e de comportamento e da avaliação do aluno. As reuniões de pais devem ser clarificadoras do projecto educativo da escola, regulamento interno e projecto curricular de turma. Por outro lado, as reuniões com os pais devem fornecer informação acerca dos progressos e dificuldades do aluno e de como os pais devem ajudar as crianças a ultrapassar essas dificuldades bem como para conhecer melhor a família e as suas necessidades e não apenas Isabel Correia e Henrique Santos 4
  • 5. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade para servirem de espaço de informação lectiva que, na maior parte das vezes apenas se limitam a apresentar o “espaço negro” do desenvolvimento pedagógico do aluno. Envolver os pais em actividades no espaço escolar, para além dos tradicionais eventos que a escola promove (actividades de início e fim do ano lectivo, festas de Natal, Dia da Mãe, Dia do Pai), são também oportunidades mais diversificadas que possibilitem a participação da família com o objectivo de melhorar o espaço escolar. Os pais (e avós) podem participar, por exemplo, na supervisão de recreios, no apoio à biblioteca e sala de estudo e na organização de actividades de tempos livres. Envolver os pais em actividades de aprendizagem em casa é um meio fundamental pois os pais são importantes na aprendizagem e no progresso escolar das crianças. Para que os pais possam desempenhar o seu papel com eficácia necessitam que o Educador/Professor os informe acerca das competências que a criança deve adquirir em cada momento da aprendizagem e de como podem estar envolvidos em actividades de aprendizagem articuladas com trabalho que o professor desenvolve na sala de aula. Claro que este espaço de envolvimento exige que exista uma comunicação clara dos objectivos de aprendizagem bem como o estabelecimento de “contratos” entre aluno-paisprofessor, ensinado os pais a importância da monitorização e encorajamento/reforço dos trabalhos para casa e elaborando actividades de aprendizagem interactivas. É importante envolver/implicar as famílias nas tomadas de decisão, quer através da representação dos pais nos organismos da escola em que esta representação já está prevista, quer em grupos de reflexão-acção criados para a resolução de problemas que visem a melhoria da escola. Isto pode ser concretizado se as escolas ajudarem a manter as Associações de Pais activas (facilitando espaço físico, reuniões de coordenação com a direcção da escola), mas também envolvendo a comunidade, partilhando as suas responsabilidades e recursos com as diferentes instituições e organismos existentes na comunidade (Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Centro de Saúde, Associações Recreativas e Culturais,...). A comunicação escola família é o requisito básico para a existência de outras formas de envolvimento parental na escola. Quando a escola e a família comunicam de forma eficaz, os pais têm mais probabilidades de estabelecer uma relação de confiança e um clima de cooperação com o Educador/Professor e com a escola, as interacções entre a escola e a família aumentam, os pais percepcionam a escola e os seus profissionais de forma mais Isabel Correia e Henrique Santos 5
  • 6. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade positiva, entendem melhor as políticas da escola e a acção dos Educadores/Professores, acompanham melhor os progressos da criança Por último, a escola deve estar atenta aos grupos de pais mais vulneráveis a estarem menos envolvidos na escola. As famílias que por vezes são designadas por “famílias difíceis de alcançar” têm relativamente às outras famílias dificuldades adicionais para se envolverem na escola: horários de trabalho pouco flexíveis, falta de recursos, preocupações com questões de sobrevivência, percepção de baixa competência para tratar de assuntos relacionados com a escola e memórias negativas relacionadas com a sua própria experiência com a escola. Para contornar estas dificuldades, a escola deve conhecê-las e procurar combatê-las com horários flexíveis de atendimento; estabelecendo uma abordagem positiva de aproximação às famílias, contribuindo para a construção de uma imagem mais positiva quer da escola quer da criança, por parte da família; tornando visíveis os recursos e competências da família e construindo novas competências, por exemplo, através dos já citados espaços de formação; tornando a linguagem clara e acessível a todas as famílias; diversificando a forma de comunicar com as famílias e em algumas alturas recorrer à visita domiciliária para manter a comunicação com aquelas famílias que têm mais dificuldade em deslocar-se à escola. No que respeita à retroacção da participação (quando existente), e do “diálogo” com a escola, também foram reflectidas questões e situações “típicas” que nos mereceram especial atenção. Dessas, apresentam-se algumas conclusões. Como podem as famílias apresentarem-se como uma mais valia educativa? O que fazer? À procura de conselhos. De todas as reflexões partilhadas, uma destacou-se de todas as outras: É fundamental falar com os filhos acerca da escola! Este espaço de diálogo e partilha é importante, pois conversar acerca do que se passa na escola, envia-se também uma outra mensagem sobre “a escola e o que fazes na escola são importantes para mim”. Neste contexto, a família é um espaço de aprendizagem fundamental. Há formas muito simples de promover a aprendizagem: ler aos filhos, ouvi-los ler, conversar com eles acerca de diferentes temas, assistir em conjunto a programas televisivos e pedir-lhes a opinião Isabel Correia e Henrique Santos 6
  • 7. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade acerca daquilo que estão a ver e a ouvir, passear, ir a museus e sítios com interesse histórico e cultural, demonstrar e partilhar o seu interesse e curiosidade por tudo aquilo que o rodeia. Também é importante reter a ideia de que as famílias são modelos importantes sendo as actividades e interesses das famílias observadas e, em alguma medida, adoptadas pelos alunos/filhos. A supervisão e, por vezes, a ajuda directa nos trabalhos escolares são necessárias. Ajudar a organizar um horário de estudo (adequado às necessidades de cada criança/adolescentes e sem exageros!), ensiná-lo a estudar, e proporcionar um ambiente de estudo facilitador é outra forma de ajudar o seu filho. A escola pode “dizer” estas coisas à família mas é necessário que saiba “dizê-lo”. Uma boa comunicação entre a família e o Educador/Professor, já “vimos”, facilita a adaptação à escola e a aprendizagem de crianças e adolescentes. Ao falar com o Educador/professor/director de turma, o encarregado de educação (pais, famílias, etc.) pode obter-se informações acerca do que os professores e a escola esperam dos alunos relativamente a questões como o comportamento e a aprendizagem, as evoluções e as dificuldades. Por outro lado, o professor também beneficia com esta experiência, porque fica a conhecer melhor a criança e a sua família. Com uma adequada comunicação entre a família e a escola é mais fácil estabelecer objectivos comuns e de os comunicar com uma maior clareza à criança. Ir à escola no horário de atendimento aos pais é, nesta medida uma prática aconselhável. E este horário de atendimento não deve apenas ser utilizado para resolver problemas. Também foi referido o quão importante é participar nas actividades da escola, mas não apenas nas actividades organizadas pelas escolas para as crianças e famílias e que envolvem geralmente muitas horas de preparação e o investimento de muitas pessoas, como sehjam os momentos festivos e de celebração. Nestas actividades há a oportunidade de conhecer melhor o espaço, de conhecer os colegas e as famílias, os Educadores/Professores e outros profissionais a desempenha funções na escola, mas a “participação” dos pais não pode ficar apenas nesta dinâmica. Os pais são parceiros importantes e a sua contribuição é valiosa. “Estar presente” significa também querer saber, colaborar, cooperar. É importante que os contributos dos pais, das famílias, das comunidades sejam tidos em conta, mesmo que seja necessário adequaá-los à cultura da escola. É imperioso ouvir as opiniões que, por vezes, podem ser dissonantes e integrá-las na vida diária da Escola. Nota conclusiva Da experiência de reflexão obtida nas sessões de parceria, resulta que as opiniões expressas vêm enfatizar a importância da comunicação entre a família e a escola para o desempenho académico e funcionamento adaptativo da criança, sendo que, qualquer programa da escola Isabel Correia e Henrique Santos 7
  • 8. Dinâmicas Formativas com Pais/Famílias de crianças nos primeiros anos de idade A Atitude dos pais face à Escola e à Escolaridade que pretenda fortalecer o envolvimento parental na escola, deverá começar por promover uma comunicação eficaz entre escola/professores e família. Por outro lado, ficou também evidente que a menor comunicação escola-família nestas famílias pode também dever-se a uma menor confiança para iniciar os contactos com a escola, ficando muito dependentes da própria iniciativa da escola para a comunicação de aspectos importantes relativos aos filhos e à própria escola. A escola para estes pais é um espaço estranho e pouco convidativo, onde a sua presença é requerida apenas em situações problemáticas e onde a comunicação escola-família é feita num registo negativo (comunicação de problemas de comportamento, más notas,...). Por último, ficou estabelecido que a participação das famílias traz benefícios, pois ao aumentar as suas informações sobre o filho e aluno melhoram o seu papel de educadores e é aos encarregados de educação que cabe a tarefa de fomentar a noção de responsabilidade, de forma a que, enquanto jovens e alunos se preparem para a vida adulta. Pais que exerçam a sua autoridade, SIM Pais que se zanguem em função de uma lei que assumam, com coerência e de forma constante, SIM PAIS-PIRILAMPO, que ora ignoram as asneiras ora, a pretexto de uma, se zangam por todas aquelas que ignoraram, NÃO! Eduardo Sá, ano???? pág??' Bibliografia Cury, Augusto (2004) Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Editora Pergaminho, Lisboa. Magalhães, G. (2007), Modelo de colaboração Jardim-de-infância/Família. Horizonte Pedagógico. Lisboa. Instituto Piaget Morin, Edgar Sá, Eduardo (2002) Isabel Correia e Henrique Santos 8