2. • Todos sabemos o que é a atenção. É tomar
posse, pela mente, de uma forma clara e vívida,
de um de vários objectos ou cadeias de
pensamentos que parecem simultaneamente
possíveis. Focalização, concentração da
consciência são a sua essência. Implica a
negligência de alguns com vista a lidar
eficazmente com outros e é uma condição que
tem o seu oposto nos estados confusos,
obnubilados aos quais os franceses chamam
distracção e os alemães Zerstrutheit.
• William James, “The principles of psychology” pp 403-404
3. Conceito de atenção
dificuldades de definição
• Imprecisão
• Fases no processo atencional
• Papel da consciência e dos processos Da
tomada de decisão
– Atenção “deliberada”, “focalizada” (proc
seriais, recursos de capacidade limitada)
– Atenção “automática” (proc paralelos)
4. Teorias da atenção
• Modelos de afunilamento
–Teoria do filtro
–Teoria da atenuação
–Teoria da selecção tardia
• Modelos de capacidade
5.
6. Modelo de Filtro de Broadbent
Detection
device
Foco de atenção determinado por:
1 . Registo sensorial; 2. Canal de capacidade limitada; 3. dispositivo de
detecção
7. Modelo de Treisman da atenção
selectiva (atenuação da
mensagem no canal não
seleccionado)
Attended
Unattended
Sensory Pattern
Filter Selection Short-term
Store Recognition Memory
8. Teoria do Filtro Tardio –
Deutsch & Deutsch
• Deutsch & Deutsch (1963) responderam
aos múltiplos problemas e críticas do
modelo de Broadbent argumentando que
há uma análise do significado de todos os
estímulos
• Sugerem que a selecção ou filtro só
acontece depois de a análise semântica.
9. Deutsch-Norman Model
of Selective Attention
Attended
Unattended
Sensory Pattern
Filter Selection Short-term
Store Recognition Memory
10. Teoria do Filtro Tardio – Deutsch
& Deutsch
• Todos os estímulos seriam processados
• O afunilamento na atenção selectiva
ocorreria tardiamente no processamento
da informação
• A selecção teria lugar na memória de
trabalho
11. Modelos de capacidade –
Khaneman (1973)
• É menos importante a localização do
afunilamento para a atenção selectiva do que a
compreensão das exigências colocadas ao
sujeito pela tarefa
• Tarefas pouco exigentes podem ser efectuadas
simultaneamente
• A atenção pode ser concebida como o conjunto
de processos e recursos cognitivos para a
categorização e reconhecimento dos estímulos
12. Khaneman (1973) – Atenção e
esforço
• Os recursos são limitados (dependem da
complexidade do estímulo)
• Há uma alocução dos recursos cognitivos
de forma flexível
• O conjunto dos recursos disponíveis
depende do nível de alerta
• Política de alocução de recursos depende
das disposições duradouras e intenções
momentâneas
13. Determinantes MODELO DE
CAPACIDADE – D.
Kahneman (1973)
Manifestações
ALERTA
do alerta
Capacidade disponível
Disposições
duradouras
Política de alocução
de recursos
Intenções
momentâneas
Avaliação das
exigências e
capacidades
Actividades possíveis
Respostas
14. Poderão os estudos da psicofisiologia
contribuir para o entendimento dos
processos da atenção?
15.
16. • O contributo dos registos não invasivos da
actividade do SNC…
17. • Potenciais Evocados
• Potenciais relacionados com eventos
psíquicos
Conjunto de alterações de potencias
registado no EEG associados a eventos
sensoriais, cognitivos, motores
18.
19. • Os processos da atenção evocam respostas
centrais (ERPs) e periféricas.
• Os ERPs ocorrem em sincronia com o
processamento da informação no cérebro.
• As respostas periféricas autonómicas – lentas e
de latência longa.
• Ambos as respostas fornecem uma forma de
classificar e de diferenciar os diferentes
processos da atenção :
Diferenças qualitativas nos padrões de resposta fisiológica
são considerados prova de operações psicológicas
distintas.
Enquanto que processos fisiológicos semelhantes sugerem
modos de processamento tb semelhantes.
20. Exemplo de medidas centrais e
periféricas: reacção de orientação
de Sokolov
21.
22. ERPs e o Processamento da
informação
Conceito de componente..
Componente exógeno (resposta
obrigatória, dependente do
estímulo físico , e são
respostas de latência curta.
Componente endógeno –
latência longa – indexam
processos perceptivos e
outros processos cognitivos
não “obrigatórios”.
Correspondem a estadios
intermédios do processamento
da informação
23. ERPs e NÍVEIS DE SELECÇÃO DO ESTÍMULO
• Modelos de selecção inicial vs tardia
• Os ERPs sugerem que a informação acerca dos
atributos dos estímulos fica disponível aos
mecanismos da atenção em tps diferentes,
dependendo das características, das
modalidades do estímulo e das exigências da
tarefa.
• Indexando o tempo da selecção dos estímulos,
os ERPs podem delinear os diversos passos no
processamento e fornecer indicações acerca da
estrutura paralela, serial ou hierarquica das
análises-
25. Sons apresentados
ouvido esq e direito
respectivamente 1800
Hz e 2800Hz. A
sombreado a diferença
do ERP quando o som
era atendido ou não.
EFEITO DA
ATENÇÃO:
Negatividade ampla
com início aos 60-80
mseg e que se
prolonga no tp
Componente de ERP
definido como a
diferença entre
condições da atenção e
de inatenção Nd
26. Nd
• Indexa selecção precoce (inicial) pq:
Latência curta actividade tónica que processa o material
atendido e não atendido de uma forma distinta prévia ao
reconhecimento e análise completa.
O padrão do ERP surge quando o canal esperado
e não esperado se distinguem pelo tom, pela
localização ou ainda pela intensidade – atributos
rapidamente analisáveis servem a selecção
(Broadbent)
Nd reflecte o processamento preferencial dos
estímulos relevantes a seguir a uma selecção
baseada em atributos físicos simples.
27. A selecção de
estímulos alvo dentro
de um canal
desencadeia uma
onda positiva P3 ou
P300 dp da onda ND.
O Nd e o P3 indexam
dois níveis ordenados
de selecção – Nd
entre canais com
base em atributos
físicos simples, P300
processos que se
seguem que
consistem numa
análise mais
detalhada das
características do
estímulo do canal
esperado
28. Embora este exemplo se refira a
estímulos sp, o P300 tem sido
registado em resposta a
categorias definidas em termos
cognitivos (semânticos)
O P300 é desencadeado por st
atendidos, porém estímulos
desviantes do canal não
atendido tb desencadeiam P300!
– sugere que os st do canal não
atendido não são
completamente rejeitados (ver
modelo de afunilamento e os de
selecção tardia)
O P300 TB PODE SER
INDICADOR DO
PROCESSAMENTO DE
MATERIAL IRRELEVANTE (em
que não há registo de resposta
comportamental)
29.
30. EFEITO DO SIGNIFICADO
DO ESTÍMULO:
Os tons puros são
processados de forma
semelhante no canal
esperado e não esperado,
usando Nd como critério mas
sons da fala o processamento
era mais selectivo.
31. PROCESSAMENTO DE ESTÍMULOS
MULTIDIMENSIONAIS
COMO SÃO INTEGRADOS OS DIVERSOS
ATRIBUTOS DE UM ST –
PELA COMBINAÇÃO (ANALÍTICA) DIFERENTES
ATRIBUTOS
OU COMO UMA CARACTERÍSTICA GLOBAL, UM
TODO (GESTALT)?
ATENDEMOS A ATRIBUTOS OU A OBJECTOS?
Experiência de atenção auditiva onde o tom e a
localização eram os atributos
Padrão de ERPs consistente com a selecção com
base na conjugação de atributos, embora sugira uma
selecção hierárquica de atributos
32. • Atenção visual
• Tarefa experimental que permite separar
(dissociar) a atenção de outras funções –
paradigmas do “cuing” espacial e método
cronométrico (TR)
36. Propriedades das mudanças da
atenção
2. Podem ser “covert” sem envolverem
alterações comportamentais (~50 ms)
observáveis ou manifestas (~200 ms)
3. Estão associadas no tp à ocorrência de pistas
(facilitação do lado da pista durante 0,5 s)
4. Pode ser endógena (depender da vontade do
sujeito como no caso de pistas centrais) ou
automática (exógena, como no caso de pistas
periféricas)
5. Inibição do retorno - resposta menos eficiente
em relação a um local a que anteriormente se
tenha prestado atenção
37. Funções do Lobo Parietal
• Estudos dos efeitos de lesões cerebrais
- fenómeno de negligência (Parietal Direito)
38. Hipótese da sequência de operações mentais
A orientação da atenção visual
que inclui o desligar do foco da
atenção, deslocar a atenção para
a localização indicada na pista e
amplificar o alvo.
De que forma estas operações
são perturbadas pela lesão
parietal?
39. 1. Reacções mais rápidas em relação a
st apresentados do lado ipsilateral à
lesão
2. Redução da diferença nos tempos de
reacção para alvos ipsi ou
contralaterais se a atenção tiver sido
direccionada por uma pista
3. Pistas enganadoras: a atenção é
direccionada para um lado e o alvo é
apresentado no outro – elevação da
latência (dobro ou triplo do tp normal)
mais acentuada para st apresentados
no lado contralateral à lesão
4. Até o acender de um ponto central,
que nada indica sobre a localização do
alvo, produz um aumento semelhante
nos TR aos alvos opostos à lesão
40. • O défice principal em pacientes com
lesões parietais consiste na operação
“desligar” – mudar o foco da atenção de
modo a detectar o alvo depois de esta ter
sido direccionada.
41. Registos celulares realizados em macacos
•
durante o desempenho de mudanças
encobertas da atenção:
2. Apenas as células localizadas nas regiões
parietais (regiões inferiores) e nos tálamos
apresentavam aumentos da freq de disparo
43. Estudos ERPs
Em que estadio se observam feitos
facilitadores da pista? Mais precoce
ou mais posterior (pos-perceptivo e
da decisão)?
Ambos: maior amplitude do P100
precoce e do N1 (180 ms) e do
P300
44. outros efeitos da lesão parietal
respectivamente direita ou
esquerda…escalas da global à
local
45. Contributos de outras regiões
cerebrais
• Mesencéfalo e as funções dos tubérculos
quadrigémeos superiores (= colículo
superior) na regulação dos movimentos
oculares voluntários:
- experimentação animal
- No homem, paralisia supranuclear
progressiva (degeneração do colíclulo e
estruturas circundantes) e a perturbação dos
movimentos oculares sacádicos – primeiro
verticais e depois horizontais
46. Desempenho de pacientes com
paralisia supranuclear progressiva
na tarefa de orientação endógena
(covert) da atenção
• Reacções mais lentas do que os normais quer
em relação à pista, quer em relação ao alvo na
direcção da paralisia mais grave dos
movimentos oculares.
• Défices do sistema sacádico dificultam as
mudanças covert da atenção e perca da
“inibição de retorno” – o sistema do mesencéfalo
desempenha função nas mudanças “covert” da
atenção-
47. Funções do Tálamo
• Estudos no macaco: um núcleo do tálamo,
o n. pulvinar, inclui células que aumentam
a freq de disparo durante as mudanças
“covert” da atenção visual (tal como as
células parietais).
• Agentes químicos que bloqueiam o
pulvinar produziu aumentos do TR para
alvos do lado oposto ao bloqueio
(macacos)
•
48. no homem…
• Em lesões (3 casos) de um dos lados do
Tálamo observaram-se aumentos do TR a
alvos do lado oposto à lesão - mesmo
após pista correcta (o que é diferente do
que foi observado em pacientes parietais
que conseguem responder normalmente
quando atenção é dirigida para o local)
• Hipótese: o défice interfere com a
operação que amplifica o local do alvo
49. Estudos PET : o
processamento do
estímulo complexo
associa-se a aumentos da
actividade no Pulvinar
50. Síntese dos circuitos neuronais da
orientação visual:
Hipótese: O lobo parietal
actua de modo a libertar a
atenção do seu foco
presente e envia um sinal
para o mesencéfalo para
que desloque o foco da
atenção para a área da
pista. O tálamo selecciona o
conteúdo da área ao qual
se presta atenção e realça
esse conteúdo de modo a
ter prioridade no
processamento
51. Redes da atenção executiva
Detecção consciente, reconhecimento da identidade do
objecto ou que ele cumpre uma finalidade procurada
(eg, palavra que numa lista de palavras se refere a um
anima)l
-Reorganização dos processos de pensamento
segundo as instruções
-Défices observados nas lesões frontais.
52. Funções executivas
Segundo os modelos cognitivos
• processos de nível elevado que controlam
operações mentais elementares (Norman
e Shallice, 1986).
53. Funções executivas
O controlo executivo inclui funções
supervisoras que devem ser activadas em
situações nas quais o comportamento
automatizado (rotinizado pela
aprendizagem) é inadequado.
Estas situações exigem:
• planeamento
• correcção de erros
• execução de acções novas
• inibição de rotinas do comportamento
• alerta
54. Exemplo: estudo do efeito de
lesões cerebrais (síndromes do
Lobo Frontal)
•Paciente Phineas Gage – 25 anos –
(Esquerda Harlow, 1868; direita Damásio et
al, 1994, reconstrução do trajecto da barra e
lesão extensa dos lobos frontais de ambos
os hemisférios).
55. Sindrome “des – Síndrome Síndrome
desinibido amotivacional
executivo”
(orbitofrontal) (apático),
(dorsolateral)
mediofrontal
•Diminuição do •Comportamento Diminuição:
julgamento, dependente dos •Espontaneídade
planeamento, insight st (st driven) •Output verbal
e organização (incluindo mutismo)
temporal •Insight social •Prosódia espontânea
•redução da diminuído •Latência das respostas
persistência
•Motórica (acinésias)
cognitiva
•Distractibilidade Incontinência urinária
•Défices de
Fraqueza das
planeamento motor
•Labilidade
incluindo afasias e extremidades inferiores
emocional
apraxias) e perdas sensoriais
•Desleixo consigo
próprio.
56. Estudos PET
• Circunvolução do
Cíngulo (eg, tarefa de
Stroop nos itens em
que existe conflito)
• Lobo Prefrontal
58. Rede da vigília
• Vigília requer a manutenção activa
• É um estado complexo que exige a
manutenção das aferências sensoriais, a
direcção da atenção, o acesso à memória
e reajustes constantes da postura,
activação do cérebro anterior
59.
60. e também do Sistema Reticular
• Segundo o conceito moderno de SR
3) Composto por neurónios que têm inputs específicos e
outputs organizados (sistemas noradrenérgicos,
colinérgicos e serotoninérgicos
2) Estes pequenos grupos de neurónios que enviam axónios
muito ramificados para partes distantes do cérebro. Aí,
os neurotransmissores libertados modulam a actividade
cerebral
64. • Interacções entre redes
Redes da orientação
atenção executiva
alerta (activação)
65. Referências
• HILLYYARD, S. A., HANSEN, J. C. (1986):
Attention: Electrophysiological approaches.
PSychophysiology. Coles, Donchin, Porges
(Eds).
• Donchin, E (1986): ……….
• Mangun GR (2003): Neural mechanisms of
selective attention. The cognitive
electrophysiology of mind and brain. A. Zani, AM
Proverbio (Eds). Academic Press, New York.
• Posner MI, Raichle ME (2001): Imagens da
mente (trad). Porto Ed, Porto (cap 7).