Este documento discute como os relatórios de avaliação externa raramente mencionam o papel das bibliotecas escolares além de descrever suas instalações físicas. O autor argumenta que as bibliotecas escolares devem ser reconhecidas por seu impacto positivo nos resultados educativos e que os inspetores devem direcionar mais entrevistas sobre o papel das bibliotecas na escola.
Como as bibliotecas escolares podem melhorar a sua visibilidade nos relatórios de avaliação externa
1. COMENTÁRIO CRÍTICO Nos diferentes relatórios lidos, foi possível verificar que existe menção às bibliotecas escolares na sua dimensão física enquanto serviço prestado e enquanto espaço físico melhor ou pior equipado. Regra geral, são feitos juízos de valor quanto ao espaço e aos recursos disponibilizados. A maioria dos relatórios fica-se apenas por esta análise. Como se pode verificar, as referências à BE são pontuais e aparecem apenas no âmbito dos sub-tópicos: Caracterização da escola/agrupamento Acompanhamento da actividade lectiva em sala de aula Gestão de recursos humanos Gestão de recursos materiais e financeiros Parcerias, protocolos e projectos Daqui se levantam algumas questões: Relativamente ao pequeno número de referências à BE nos relatórios em causa, podem ir desde o não conhecimento do Estatuto da BE, enquanto suporte, ao desenvolvimento curricular. No âmbito do tópico “Prestação de Serviço Educativo” a BE é apenas referida, a maioria das BEs ainda têm um longo caminho a percorrer para adquirirem um peso real e reconhecido ao nível da “Prestação de Serviço Educativo”. A nível do tópico «Organização e Gestão Escolar», nota-se que as grandes preocupações das equipas das BEs têm sido direccionadas para a gestão dos diferentes tipos de recurso das BE. Nas considerações finais, a BE não é equacionada como um ponto forte ou como uma oportunidade para levar a escola a melhorar a sua avaliação, para fazer a diferença no processo de Ensino/Aprendizagem. Do conhecimento que disponho, verifico que as escolas com melhor avaliação são também aquelas que têm Bibliotecas mais dinâmicas e mais integradas na escola. Mas, lendo os relatórios, não é perceptível este trabalho de excelência que, muitas vezes, é feito pelas Bibliotecas Escolares. Os diferentes Relatórios de Avaliação Externa referem-se à BE como um espaço frequentado pelos alunos e onde são dinamizadas diversas actividades, todas importantes para a formação de leitores, tendo como objectivo a melhoria nos resultados escolares. Estou convencida que, com a aplicação do MABE, a sua divulgação nas escolas e a sua apropriação por parte dos vários elementos da comunidade educativa virão trazer uma nova visão das BEs e levará a que os dados por ela compilados e tratados altere a auto-avaliação das escolas/agrupamentos e consequentemente essa visão fique também mais reflectida nos relatórios de avaliação da IGE. Novos tempos hão-de chegar e, com eles, novas “mundividências” da escola e da sua Biblioteca. Concluindo: As práticas de avaliação da BE, baseadas em evidências são muito recentes; A apresentação inicial da escola à IGE deve mencionar o impacto da BE como recurso de melhoria no sucesso educativo dos alunos, pois é a partir deste documento que a equipa inspectiva direcciona as entrevistas aos diversos painéis; A liderança do PB e Equipa tem que ser forte, no sentido de evidenciar o papel da BE em todo o contexto escolar; Por último, penso que a IGE não considera, ainda, a BE como um espaço relevante na escola e por isso relativiza as informações relativas à mesma. Céu Silva