Este documento discute a importância do estudo de doutrinas para a vida cristã e para a Igreja. Apresenta como a Renascença, o Racionalismo e o Iluminismo influenciaram a era moderna e como a pós-modernidade trouxe novos desafios. Enfatiza que embora a cultura mude, a Palavra de Deus permanece, e que o estudo de doutrinas deve ser feito com oração, humildade e razão para fortalecer a fé e a prática cristã.
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DE DOUTRINAS
1
INTRODUÇÃO
Estudar doutrina não deve ser apenas para
conhecimento intelectual, mas sim algo aplicável à
vida.
É impossível manter sãs as nossas práticas
morais e retas, as nossas atitudes interiores se a
nossa ideia de Deus for errônea. J.I. Packer um
grande teólogo reformado disse “Despreze o estudo
de Deus e você estará sentenciando a si mesmo a
passar a vida aos tropeços1”, A.W.Tozer disse que “a
causa do nosso problema está no declínio do que
conhecimento do que é santo2”.
Esta última frase se aplica muito bem nos dias
atuais, pois, a falta do conhecimento do Santo tem
sido a causa dos nossos problemas, Eis algumas
áreas que faltam conhecimento de Deus que tem
sofrido: família, trabalho, educação, governo, Igreja e
tantos outros lugares, e é desafio para o estudante de
teologia leva-la de maneira prática e entendível a
todas às áreas da nossa vida.
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais
outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de
Deus”. I Co 10.31
2
individuais, guiadas por métodos de observação,
experiência e reflexão para alcançar as verdades
necessárias e fundamentais da vida 3.
Na era moderna “o homem é capaz se assim
quiser de aplicar o valor, a inteligência e o esforço
necessário para forjar o seu próprio destino”4
Vamos entender um pouco da Renascença,
Racionalismo e Iluminismo.
A Renascença caracterizou-se por grandes
avanços na literatura, no conhecimento, na arte e na
arquitetura e nos descobrimentos.
Exaltação do homem e suas habilidades
Racionalismo:
Método crítico através do qual procurava
demolir a tradição e instalar a luz a evidencia, a
clareza e a distinção da razão.
A convicção de que é possível obter pela
razão apenas o conhecimento.
O conhecimento é dedutivo.
PÓS-MODERNIDADE
Vivemos em uma época conhecida como
pós-moderna, porém, como podemos pensar pósmodernidade e entendermos o que tem acontecido
com a sociedade e principalmente a Igreja nos dias
de hoje?
A cada dois ou três séculos ocorrem grandes
transformações na história e com essas mudanças, a
sociedade necessita se reorganizar para se adequar
à nova visão de mundo.
Renascença (1.300 – 1.600) – Itália –
toda Europa.
Iluminismo:
Surgiu na França no século XVII como um
movimento cultural que se propôs a iluminar o povo
mediante a razão, contra o obscurantismo da história,
da tradição, da sociedade política e religião.
O homem é infeliz porque ele é ignorante
sobre a natureza.
Explicação não deve ser buscada nas
revelações da Igreja.
Tudo é explicado em termos de
organização e atividade da matéria.
Exemplo:
IDADE ANTIGA IDADE MÉDIA
IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORANEA
A modernidade nasceu como fruto da
Renascença (XIV e XV), Racionalismo e Iluminismo
(séculos XVII/XVIII), e foi caracterizada por um
grande número de sistemas filosóficos que
relacionavam em suas propostas e modelos novos, e
rompiam abertamente com o modelo anterior.
Daniel Salinas Explica muito bem.
Em lugar da ênfase medieval na
submissão a autoridade eclesiástica, surge uma
crença crescente no poder das mentes
1
PACKER, J.I. O conhecimento de Deus. São Paulo: Mundo
Cristão, 1996, p. 11.
2 TOZER, A. W. Mais perto de Deus. 5.ed. São Paulo: Mundo
Cristão, 2000, p. 5.
A era moderna propôs uma cosmovisão
otimista e cheia de confiança nos lucros humanos.
Mas, o otimismo da era moderna, sua
confiança que a ciência, a tecnologia e o progresso,
impulsionados por um ser humano autônomo, sob o
reinado soberano da RAZÃO, produziria um mundo
melhor, isto decepcionou a todos.
A Pós modernidade surgiu as portas do
século XXI, a humanidade observa que muito mais da
metade do mundo empobrecido morre de miséria
diante da mais impressionante abundancia de
riqueza, que a água se contamina e que dela há falta,
que os mares se poluem, que a camada de ozônio se
3
SALINAS, Daniel e ESCOBAR, Samuel. Pósmodernidade: Novos desafios a fé Cristã. 2.ed.
São Paulo: ABU, 2002, p. 14 .
4 Ibid., p. 17.
2. destrói, que as florestas estão se acabando, guerras
e mais guerras e só no século XX duas grandes.
Com respeito a isto Daniel Salinas declara:
O projeto de estabelecer uma cultura
global, com uma base objetiva e racional
para toda ação humana, sem o impedimento
da religião ou de qualquer outro pondo de
vista “subjetivo”, não cientifico, demonstrou
ser tão somente um ideal inalcançável e
insatisfatório.5
“A chegada do Pós-modernismo poderia ser
descrita como a perda do entusiasmo pelas
convicções básicas do modernismo”6.
Ao passo que a modernidade era um
manifesto de autossuficiência humana e de
autogratificação, o Pós-modernismo é uma confissão
de modéstia e até desesperança, não há “verdade” e
sim verdades, não existe a razão suprema
(modernidade) e sim razões e não há uma civilização
privilegiada, há somente uma multidão de culturas, de
crenças, de normas e estilos.
Pós-modernismo pode ser descrito como:
Uma sensibilidade cultural sem absolutos,
sem certezas e sem bases fixas, que se
deleita no pluralismo e na divergência, e que
tem como meta pensar através da radical
‘relatividade’ de todo pensamento humano.
A pós-modernidade tem atingido a Igreja, os
absolutos de Deus tem sido deixados de lado, o
pluralismo tem entrado a Igreja, mudanças ético
morais, tudo é relativo, o individualismo, e o
pragmatismo, um sistema que diz, os que os fins não
justificam os meios.
A cada dia cristãos e mais cristãos tem corrido
atrás de ventos de doutrinas, há um rodízio dentro das
igrejas, pessoas querem ouvir somente o que elas
querem e não o que verdadeiramente precisam.
Apesar de a pós-modernidade estar atingindo
a igreja, e as mudanças que estão acontecendo, a
Palavra do Senhor não mudou, o Senhor Jesus disse,
“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras
não passarão”. Mt 24.35.
Por isso temos como desafio de levarmos a
palavra de Deus, a todas às áreas possíveis.
Infelizmente muitos enxergam o estudo das
doutrinas como algo ameaçador, e que poderia limitar
o poder do Espírito Santo. Mas, o Apostolo Paulo fala
da importância dela em suas cartas pastorais “Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina” (I Tm 4.16), e para
Tito ele diz, “Apegando a Palavra fiel, que é segundo
a doutrina, de modo que tenha poder tanto para
exortar pelo reto ensino como para convencer os que
se contradizem” (Tt 1.9). Para Paulo a doutrina é
5
6
Ibid., p. 23.
Ibid., p.25.
pratica, pois ela exorta, ensina e refuta os que se
contradizem.
Podemos tirar exemplos práticos do nosso dia
a dia sobre a teologia quando uma criança pergunta
sobre como é Deus, do estudo sobre pessoa de Deus
aprendemos que podemos olhar os problemas do dia
a dia e confiarmos em Deus sabendo que Ele é
soberano, sábio, bondoso, amoroso, etc… Outros
modos de se aplicar teologia é no dia a dia da Igreja,
sobre sua liderança, disciplina eclesiástica,
administração dos sacramentos (Santa ceia e
Batismo). Em tudo isto o estudo das doutrinas nos
ajuda em muito.
Existe a “teologia sistemática e a teologia
desorganizada7”, e infelizmente o que temos visto são
pessoas muito mais levadas pelas emoções e pela
desorganização com respeito ao que a Bíblia diz do
que um estudo sério nas Escrituras.
“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo naquele que é o cabeça, Cristo,” Efésios 4.15
3
COMO DEVEMOS ESTUDAR DOUTRINA
Com oração, o Salmo 119.18
Com humildade, 1 Pedro 5.5.
Com a razão, Os estudantes de teologia precisam
pensar, sistematicamente, e criticamente.
Com a ajuda de outros, 1 Coríntios 12.28
Coletando e entendendo todas as passagens
relevantes da Escritura sobre um tópico.
Com regozijo e louvor, O estudo da teologia não é
meramente um exercício meramente teórico do
intelecto. É um estudo do Deus vivo, o salmista disse.
“Que precisos para mim, ó Deus são os teus
pensamentos” (Sl 139.17).
“Os preceitos do Senhor são retos e alegram o
coração” (Sl 19.8)
“Alegro-me nas tuas promessas, como quem
acha grandes despojos” (Sl 119.162)
PARA REFLEXÃO
1. Quais atitudes eu tenho tido em relação ao estudo
de doutrinas?
2. Como eu vejo a importância de doutrinas em minha
vida?
3. Como eu vejo a importância do Estudo de doutrinas
na vida da Igreja.
7
GRUDEM, Wayne A. Manual de teologia sistemática: uma
introdução aos ensinos fundamentais da fé cristã.
São Paulo: Editora Vida, 2001, p. 19.