SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 106 
RESENHA 
Morin, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Tradução do francês: Eliane Lisboa - Porto Alegre: Ed. Sulina, 2005. 120 p. 
OLIVEIRA, Caroline Peixoto de. 1 
Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, é um dos mais proeminentes autores que discorrem sobre a complexidade. É pesquisador emérito do CNRS (Centre National de La Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros. 
Entre seus vários escritos será destacado nesta resenha o livro Introdução ao Pensamento Complexo. 
Esta obra expõe um estudo inicial a cerca do pensamento complexo, “uma introdução à problemática da complexidade” (p.8) contrapondo-se ao pensamento simplificador. 
O livro é estruturado em seis capítulos - com seus determinados subtítulos - precedidos por um prefácio. 
No prefácio o autor destaca dois possíveis fatores que possam desviar as mentes do real entendimento do pensamento complexo. O primeiro se refere ao engano de acreditar-se que a complexidade conduz à eliminação da simplicidade. Segundo Morin ela – a complexidade- realmente surge na falha da simplicidade, mas “integra tudo aquilo que põe ordem, clareza, distinção precisão no conhecimento” (p.6). O pensamento complexo agrega todos os possíveis modos simplificadores de pensar, mas não dá espaço às implicações redutoras, unidimensionais, mutiladoras, enquanto o pensamento simplificador desfaz a complexidade da realidade. 
O segundo se refere à confusão entre complexidade e completude. 
O desejo maior da complexidade trata-se de manejar as articulações entre os diferentes campos disciplinares que são desmembrados pelo pensamento disjuntivo – segundo Morin é um dos aspectos do pensamento simplificador – o qual ao fragmentar determinado conhecimento, isola o que foi separado e oculta possíveis religações. 
Assim o pensamento complexo busca o conhecimento multidimensional. Porém reconhece que a obtenção de conhecimento por completo é impossível de se alcançar.2 Ele sugere, portanto um reconhecimento de um princípio de incompletude e incerteza, além de um reconhecimento da ligação entre os aspectos que nossa mente deve distinguir sem isolar uma das outras, constituindo a noção de completude. 
Devemos ter em mente que o pensamento complexo aspira a um saber não fragmentado, não redutor, que reconhece que qualquer conhecimento está inacabado, incompleto, e oferece a possibilidade de ser questionado, interrogado e reformulado. Portanto “as verdades denominadas profundas, mesmo contrárias umas às outras, na verdade são complementares, sem deixarem de ser contrárias” (p.7). 
___________________________________________________________________________ 
1. Discente em geografia, IESA, UFG. carol.peoli@gmail.com 
2. A impossibilidade de uma onisciência constitui, mesmo em teoria, um dos axiomas da complexidade (p.7. MORIN (2005)).
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 107 
No primeiro capítulo – intitulado A inteligência cega – Morin alerta para uma tomada de consciência. Ao mesmo tempo em que conhecimentos pautados em verificações científicas – empíricas e lógicas – são produzidos, erro, ignorância e cegueira avançam. 
A causa deste fato não está no erro em si, mas na sistematização de idéias (ideologias, teorias) – como forma de organização do saber aliada a uma ignorância intrínseca ao desenvolvimento da ciência e a uma cegueira enraizada ao uso da racionalidade. E o maior perigo está no desenvolvimento cego e descontrolado do conhecimento tecnológico. Compreender estes fatores é fazer esta tomada de consciência. 
O problema da organização do conhecimento está na seleção de dados considerados significativos e a exclusão ou rejeição de dados não significativos, pois leva a separação, centralização e hierarquização de saberes e posterior união desses dados selecionados. Esta ação está baseada em princípios de organização do pensamento denominados paradigmas, que conceitualmente são “princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem que tenhamos consciência disso” (p.10). 
Impera sobre nós os princípios de disjunção, redução e abstração, conjunto que Morin denomina “paradigma de simplificação” desenvolvido por Descartes3 que separa o sujeito do objeto de estudo, a ciência da filosofia, e define como verdade aquilo que é claro, evidente configurando o próprio pensamento disjuntivo. 
A remediação encontrada para esta disjunção foi a redução do complexo ao simples. 
Esta simplificação leva a patologia do saber que Morin denomina de “inteligência cega”: 
A inteligência cega destrói os conjuntos e as totalidades, isola todos os seus objetos do seu meio ambiente. Ela não pode conceber o elo inseparável entre o observador e a coisa observada. (p.12) 
Ou seja, ela leva à incapacidade de conceber a idéia do uno, do múltiplo. 
Surge, então, a necessidade do pensamento complexo, de se desenvolver um paradigma que substitua as idéias de disjunção/redução/unidimensionalização por idéias de distinção/conjunção de forma a “distinguir sem disjungir, de associar sem identificar ou reduzir” (p.15). 
Portanto o autor, ao discorrer sobre o problema da organização do conhecimento – que possui intrínseco a ele uma patologia e uma cegueira – busca conscientizar o leitor do problema que conceitua como “paradigma da simplicidade” – o qual mutila o pensamento humano – e o incita à precisão do conhecimento complexo. 
O segundo capítulo – intitulado O desenho e a intenção complexos. O esboço e o projeto complexos – contém as idéias que precedem e dão sinais de seu pensamento complexo. 
A intenção do autor é buscar a unidade da ciência e a teoria da mais alta complexidade humana situando-se fora dos “dois clãs antagônicos, um que esmaga a diferença reenviando-a à unidade simples, o outro que oculta a unidade porque só vê a diferença” (p.17,18) de forma a associar a verdade de ambos por meio de uma mudança paradigmática. 
Isto gera rupturas nas concepções de mundo. A física do século XIX é tida como base destas concepções até que fossem abertas brechas no quadro epistemológico da ciência clássica. As categorias da física clássica deixam de ser o fundamento de todas as coisas para ser um momento entre as complexidades microfísica e macrocosmofísica. 
____________________________________________________________________ 
3. René Descartes era filósofo e matemático. Nasceu em La Haye, na Touraine. Autor de “Discurso sobre o Método" desenvolve um paradigma que controla o pensamento ocidental desde o século XVII. Biografia disponível em: http://www.pensador.info/autor/Rene_Descartes/biografia/. Acessado em 21 de maio de 2010. 
Surge, então, a teoria sistêmica que determina todos os elementos, desde o átomo até a galáxia, como um sistema. Esta revela três idéias antagônicas: um sistema fértil no qual está
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 108 
intrínseco um princípio de complexidade, um sistema incerto e sem grandes fundamentações baseado em repetições de algumas verdades e um sistema que indica ações redutoras. 
Apesar da aproximação da teoria sistêmica com a teoria mecanicista e com a cibernética – quanto sua estruturação – coloca no seu centro uma unidade complexa, o todo, com uma noção ambígua, distante de uma noção real e situando-a a um nível transdisciplinar. 
A somatização da idéia de sistema aberto, de origem na termodinâmica, permitiu uma ampliação da análise, quanto a relações espaciais – interno com externo. Segundo Morin duas conseqüências derivam dessa idéia. “A primeira é que as leis de organização da vida não são de equilíbrio, mas de desequilíbrio, recuperado ou recompensado, de dinamismo estabilizado. A segunda é que a inteligibilidade do sistema deve ser encontrada, não apenas no próprio sistema, mas também na sua relação com o meio ambiente, e que esta relação não é uma simples dependência, ela é constitutiva do sistema” (p.22). 
Dessa forma a realidade está presente no elo e na distinção entre o sistema aberto e seu meio ambiente. 
Aliada a essas idéias, surgem as teorias da informação e da organização. A transmissão da primeira tem um sentido organizacional com a cibernética, pois lhe ordena operações e na esfera biológica com a transmissão de DNA liga-se à vida e á organização gerando a auto – organização, a organização viva. A segunda se faz uma necessidade de todas as teorias anteriores, pois se constitui em “encontrar os princípios comuns organizacionais, os princípios de evolução destes princípios, os caracteres de sua diversificação” (p.27) 
Estas teorias serviram de arcabouço teórico para o desenvolvimento da idéia de complexidade. Esta se desenvolveu de forma a ir “contra a clarificação, a simplificação, o reducionismo excessivo” (p.33). 
Unindo as teorias que precedeu a idéia de complexidade Morin busca defini-la: 
O que é a complexidade? À primeira vista é um fenômeno quantitativo, a extrema quantidade de interações e de interferências entre um número muito grande de unidades. De fato todo sistema auto-organizador (vivo), mesmo o mais simples, combina um número muito grande de unidades da ordem de bilhões, seja de moléculas numa célula, seja de células no organismo [...] Mas a complexidade não compreende apenas quantidades de unidade e interações que desafiam nossas possibilidades de cálculo: ela compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios. A complexidade num certo sentido sempre tem relação com o acaso. (p.35) 
Portanto a complexidade se choca com uma parte de incerteza, tanto da proveniente dos limites de nosso entendimento como da inscrita nos fenômenos. 
Esta idéia passa a integrar a relação sujeito-objeto anteriormente deixada de lado. Desenvolve-se, portanto uma coerência e uma abertura epistemológica. O esforço teórico ao desembocar nesta relação, “desemboca ao mesmo tempo na relação entre o pesquisador [...] e o objeto de seu conhecimento: ao trazer um princípio de incerteza e de auto-referência, ele traz em si um princípio autocrítico e auto-reflexivo; através destes dois traços, ele já traz em si mesmo sua potencialidade epistemológica” (p.45). 
Ao mesmo tempo propõe uma unificação da ciência em torno da transdisciplinariedade. Torna-se um novo paradigma. 
O terceiro capítulo – intitulado O paradigma complexo – trata do paradigma desenvolvido por Morin. Este se encontra presente em todas as esferas de análise – do cotidiano ao espaço científico. 
A complexidade não foi esquecida no decorrer do tempo. Enquanto a ciência, desenvolvida no século XIX e início do século XX por Descartes, Newton e Laplace, buscava “eliminar o que é
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 109 
individual e singular para obter leis gerais e identidades simples e fechadas” (p.57), os romances da época escritos por autores como Balzac, Dickens, Rosseau e Chateaubriand retratavam essa complexidade no cotidiano. 
Porém a ciência tinha um ideal contrário. Os cientistas buscavam “conceber um universo que fosse uma máquina determinística perfeita” (p.58). 
Este princípio delineia o que Morin chama de paradigma simplificador, que “põe ordem no universo, expulsa dele a desordem” (p.59). Duas palavras resumem este paradigma, disjunção – separa o que está ligado, buscando idéias claras e distintas – e redução – unifica o que é diverso, coordenando as idéias de forma a recriar o complexo a partir do simples. 
No início do século XX os cientistas se depararam com questões não mais explicáveis pela teoria da simplicidade. O universo já não era entendido com uma ordem organizacional. Estavam em meio a um paradoxo. O mundo físico – o universo – caminha para a desordem (2º principio da termodinâmica – entropia) e ao mesmo tempo há um princípio de organização, que faz com que os seres vivos se complexifiquem e se desenvolvam (a evolução de Darwin). 
As descobertas revelavam que a organização do universo vinha da não-organização, “de uma desintegração – big-bang –, e que ao desintegrar-se, é que ele se organizou” (p.62) 
A partir disto Morin chega à idéia de uma contradição fundamental. 
A complexidade da relação ordem/desordem/organização surge, pois, quando se constata empiricamente que fenômenos desordenados são necessários em certas condições, em certos casos, para a produção de fenômenos organizados, os quais contribuem para o crescimento da ordem. (p.63) 
Portanto ordem e desordem interagem para a organização. Uma influencia a outra. 
O autor expõe a idéia dos processos de auto-organização para tratar da complexidade do real, uma vez que os físicos “abandonam felizmente o antigo material ingênuo” (p.64) e não lidam mais com este fato. 
Esse conceito de auto-organização diz respeito à característica que cada sistema tem de criar suas próprias determinações e as suas próprias finalidades sem perder a harmonia com os demais sistemas com os quais interage. 
Para Morin ser sujeito “não quer dizer ser consciente: também não quer dizer ter afetividade [...] Ser sujeito, é colocar-se no centro do seu próprio mundo” (p.65). Assim “é evidente que cada um dentre nós pode dizer “eu”; todo mundo pode dizer “eu”, mas cada um só pode dizer “eu” para si próprio, ninguém pode dizê-lo pelo outro” (p.65) – noção de autonomia. 
Morin se atenta em separar os conceitos de complexidade e completude. A complexidade diz respeito ao caráter multidimensional do real, “ao mundo empírico, à incerteza, à incapacidade de ter certeza de tudo, de formular uma lei, de conceber uma ordem absoluta” (p.68) 
Morin também se atenta em diferenciar razão, racionalidade e racionalização. Destaca que a razão é “uma vontade de ter uma visão coerente dos fenômenos, das coisas, do universo” (p.68), a racionalidade é “o jogo, é o diálogo incessante entre nossa mente, que cria estruturas lógicas, que as aplica ao mundo e que dialoga com este mundo real” (p.68) e racionalização “consiste em querer prender a realidade num sistema coerente. E tudo o que, na realidade, contradiz este sistema coerente é afastado” (p.68) 
Para pensar melhor sobre a complexidade do real Morin se baseia em novas diretrizes metodológicas para substituir o paradigma da disjunção/redução/ unidimensionalização por um paradigma de distinção/conjunção/multidimensionalização, os macro-conceitos. 
O primeiro é o princípio dialógico que defende a utilização de duas lógicas contraditórias para se explicar algo. Uma delas é a lógica desordem; a outra é a lógica da ordem. 
O segundo é o princípio da recursão organizacional, baseado no processo recursivo que é “um processo onde os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores do que do que
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 110 
os produz”. A sociedade é resultado das interações entre os indivíduos, “mas a sociedade, uma vez produzida, retroage sobre os indivíduos e os produz” (p.74) 
O terceiro é o princípio hologramático. Em um holograma físico, “o menor ponto da imagem do holograma contém a quase totalidade da informação do objeto representado” (p.74), ou seja, “não apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte” (p.74). 
No quarto capítulo – intitulado A complexidade e a ação – Morin caracteriza a ação, dentro da idéia de complexidade, como um desafio. 
Na noção de desafio está intrínseca a consciência do risco e da incerteza. A ação é vista por Morin como estratégia. Esta permite “prever certo número de cenários para a ação [...] luta contra o acaso e busca a informação [..] aproveita-se do acaso [...] utiliza-se do erro do adversário” (p.79,80). 
Morin, portanto, trás a noção de que a ação é uma aposta, faz parte de uma estratégia, que sem designar um programa pré-determinado permite, a partir de uma decisão inicial, encerar certo número de cenários para a ação. Cenários que poderão ser modificados segundo as informações que irão chegar ao curso da ação e segundo os imprevistos que irão surgir e perturbar a ação. 
No quinto capítulo – intitulado A complexidade e a empresa – para mostrar que a complexidade se configura em diferentes ambientes, Morin utiliza-se de um exemplo de uma tapeçaria. Nesta estão diferentes tipos de fios. O conhecimento que o tecelão tem sobre cada fio é insuficiente para se conhecer a nova realidade que se busca: o tecido. 
Isto implica no que Morim chama de etapas da complexidade. 
Primeira etapa: “temos conhecimentos simples que não ajudam a conhecer as propriedades do conjunto” (p.85), ou seja, “um todo é mais do que a soma das partes que o constitui” (p.85). 
Segunda etapa: “o fato de haver uma tapeçaria faz com que as qualidades deste ou daquele tipo de fio não possam se exprimir plenamente” (p.85), ou seja, “o todo é então menor que a soma das partes” (p.85). 
Terceira etapa: “isto apresenta dificuldades para o nosso entendimento e nossa estrutura mental” (p.86), ou seja, “o todo é ao mesmo tempo mais e menos do que a soma das partes” (p.86). 
Morin extrai deste exemplo também três tipos de causalidades que circulam todos os níveis de organização complexos: a causalidade linear, a causalidade circular retroativa e a causalidade recursiva. 
A primeira é a que se aplicarmos certo processo de transformação sobre certa matéria-prima, será produzido certo objeto de consumo. 
A segunda é o efeito que os resultados causam e que normalmente retornam na matéria-prima de forma a configurar novos resultados. 
Na terceira encontra-se a dificuldade em dizer quem é causa e quem é efeito, matéria-prima e resultados são necessários ao processo que os gera. 
No sexto e último capítulo – intitulado Epistemologia da complexidade – Morin busca explicar algumas controvérsias encontradas ao longo do desenvolvimento de sua idéia. 
Entre essas, a percepção que o autor tem, quando em contato com interpretações de sua idéia, de que as pessoas o vêem como uma mente “que se pretende sintética, pretende-se sistemática, pretende-se global, pretende-se integradora, pretende-se unificadora, pretende-se afirmativa e pretende-se suficiente” (p.96) 
Ele esclarece que a própria idéia de complexidade tem em si mesma a impossibilidade de unificar, da conclusão. 
Além disso, o autor discute aspectos mais relacionados à formação de seu pensamento complexo, busca evidenciar os limites da ciência atual e mostrar os desafios na nova ciência. Morin
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO 
MORIN, Edgar 
TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 111 
reflete sobre como os conceitos de informação, ruído e conhecimento estão intimamente conectados à complexidade. E termina de forma humilde ao se intitular de um autor que não se esconde. 
Palavras chaves: complexidade, paradigma, conhecimento multidimensional.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Teorias da Complexidade
Teorias da ComplexidadeTeorias da Complexidade
Teorias da ComplexidadeLucila Pesce
 
Eixos do pensamento de Edgar Morin
Eixos do pensamento de Edgar MorinEixos do pensamento de Edgar Morin
Eixos do pensamento de Edgar MorinRodrigo Volponi
 
Teoria da Complexidade
Teoria da ComplexidadeTeoria da Complexidade
Teoria da ComplexidadeMarcos Ramon
 
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICA
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICANOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICA
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICANaira Michelle Alves Pereira
 
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritual
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritualEcologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritual
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritualJorge Moreira
 
Apresentação Complexidade
Apresentação ComplexidadeApresentação Complexidade
Apresentação Complexidademefurb
 
Ecologia Política
Ecologia PolíticaEcologia Política
Ecologia PolíticaJulio Mahfus
 
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz ExposicaoDeus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz ExposicaoRev. Jouberto Heringer
 
O emprismo de David Hume
O emprismo de David HumeO emprismo de David Hume
O emprismo de David Humeguest9578d1
 
Pluralismo metodológico resumo
Pluralismo metodológico resumoPluralismo metodológico resumo
Pluralismo metodológico resumoCIRINEU COSTA
 
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawin
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica    carlos  drawinPsicoterapias elementos para uma reflexão filosofica    carlos  drawin
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawinMarcos Silvabh
 
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Hume
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David HumeTeorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Hume
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Humeguest9578d1
 
Mapa conceitual empiristas_2
Mapa conceitual empiristas_2Mapa conceitual empiristas_2
Mapa conceitual empiristas_2Isabella Silva
 
A religação dos saberes edgar morin
A religação dos saberes   edgar morinA religação dos saberes   edgar morin
A religação dos saberes edgar morinMarta Caregnato
 
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: UMA SAÍDA PARA...
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS:  UMA SAÍDA PARA...ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS:  UMA SAÍDA PARA...
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: UMA SAÍDA PARA...Eliege Fante
 

Mais procurados (19)

Teorias da Complexidade
Teorias da ComplexidadeTeorias da Complexidade
Teorias da Complexidade
 
Eixos do pensamento de Edgar Morin
Eixos do pensamento de Edgar MorinEixos do pensamento de Edgar Morin
Eixos do pensamento de Edgar Morin
 
Teoria da Complexidade
Teoria da ComplexidadeTeoria da Complexidade
Teoria da Complexidade
 
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICA
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICANOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICA
NOVOS OLHARES SOBRE OS SISTEMAS SOCIAIS: UMA REVOLUÇÃO EPSITEMOLÓGICA
 
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritual
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritualEcologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritual
Ecologia profunda como devir da esperança - A inevitável consciência espiritual
 
Apresentação Complexidade
Apresentação ComplexidadeApresentação Complexidade
Apresentação Complexidade
 
Ecologia Política
Ecologia PolíticaEcologia Política
Ecologia Política
 
Empirismo de Hume
Empirismo de HumeEmpirismo de Hume
Empirismo de Hume
 
Bioética
BioéticaBioética
Bioética
 
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz ExposicaoDeus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao
Deus e crencas no discurso_JJ Queiroz Exposicao
 
O emprismo de David Hume
O emprismo de David HumeO emprismo de David Hume
O emprismo de David Hume
 
Pluralismo metodológico resumo
Pluralismo metodológico resumoPluralismo metodológico resumo
Pluralismo metodológico resumo
 
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawin
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica    carlos  drawinPsicoterapias elementos para uma reflexão filosofica    carlos  drawin
Psicoterapias elementos para uma reflexão filosofica carlos drawin
 
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Hume
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David HumeTeorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Hume
Teorias explicativas do conhecimento: O empirsmo de David Hume
 
Mapa conceitual empiristas_2
Mapa conceitual empiristas_2Mapa conceitual empiristas_2
Mapa conceitual empiristas_2
 
A religação dos saberes edgar morin
A religação dos saberes   edgar morinA religação dos saberes   edgar morin
A religação dos saberes edgar morin
 
Slide
SlideSlide
Slide
 
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: UMA SAÍDA PARA...
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS:  UMA SAÍDA PARA...ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS:  UMA SAÍDA PARA...
ENTENDER A INTERDEPENDÊNCIA E A COMPLEXIFICAÇÃO DOS SISTEMAS: UMA SAÍDA PARA...
 
realidade em filosofia
realidade em filosofiarealidade em filosofia
realidade em filosofia
 

Destaque (12)

Teoria da complexidade
Teoria da complexidadeTeoria da complexidade
Teoria da complexidade
 
Pensamento Complexo - Edgar Morin
Pensamento Complexo - Edgar MorinPensamento Complexo - Edgar Morin
Pensamento Complexo - Edgar Morin
 
Slides seminário grupo b
Slides seminário grupo bSlides seminário grupo b
Slides seminário grupo b
 
Edgar morin
Edgar morinEdgar morin
Edgar morin
 
Os sete saberes necessários à educação do futuro . Edgar Morin
Os sete saberes necessários à educação do futuro . Edgar MorinOs sete saberes necessários à educação do futuro . Edgar Morin
Os sete saberes necessários à educação do futuro . Edgar Morin
 
Filosofia – Epistemologia moderna
Filosofia – Epistemologia modernaFilosofia – Epistemologia moderna
Filosofia – Epistemologia moderna
 
Epistemologia
Epistemologia Epistemologia
Epistemologia
 
Os sete saberes: Edgar Morin (síntese)
Os sete saberes: Edgar Morin (síntese) Os sete saberes: Edgar Morin (síntese)
Os sete saberes: Edgar Morin (síntese)
 
Epistemologia
EpistemologiaEpistemologia
Epistemologia
 
Aula 07 - Descartes e o Racionalismo
Aula 07 - Descartes e o RacionalismoAula 07 - Descartes e o Racionalismo
Aula 07 - Descartes e o Racionalismo
 
Teoria De Vygotyski
Teoria De VygotyskiTeoria De Vygotyski
Teoria De Vygotyski
 
Epistemologia
EpistemologiaEpistemologia
Epistemologia
 

Semelhante a Introdução do pensamento complexo

Introdução ao pensamento complexo - Edgar Morin
Introdução ao pensamento complexo - Edgar MorinIntrodução ao pensamento complexo - Edgar Morin
Introdução ao pensamento complexo - Edgar MorinValéria Poubell
 
Via da Complexidade
Via da ComplexidadeVia da Complexidade
Via da ComplexidadeLucila Pesce
 
Ciência com consciência
 Ciência com consciência Ciência com consciência
Ciência com consciênciaMarlene Macario
 
O estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemO estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemQuitriaSilva2
 
O imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoO imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoFernando Alcoforado
 
O imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoO imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoFernando Alcoforado
 
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptx
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptxA FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptx
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptxRanna Pinho
 
Teoria da cognição situada
Teoria da cognição situadaTeoria da cognição situada
Teoria da cognição situadaMárcio Martins
 
Fichamento do texto
Fichamento do texto Fichamento do texto
Fichamento do texto pibidsociais
 
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexo
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexoO avanço do conhecimento científico e o pensamento complexo
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexoFernando Alcoforado
 
Jean piaget o estruturalismo
Jean piaget   o estruturalismoJean piaget   o estruturalismo
Jean piaget o estruturalismoVeronica Mesquita
 
Informação e o ser
Informação e o serInformação e o ser
Informação e o serRob Ashtoffen
 
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...Marta Caregnato
 

Semelhante a Introdução do pensamento complexo (20)

Introdução ao pensamento complexo - Edgar Morin
Introdução ao pensamento complexo - Edgar MorinIntrodução ao pensamento complexo - Edgar Morin
Introdução ao pensamento complexo - Edgar Morin
 
Via da Complexidade
Via da ComplexidadeVia da Complexidade
Via da Complexidade
 
Sobre as teorias da complexidade
Sobre as teorias da complexidadeSobre as teorias da complexidade
Sobre as teorias da complexidade
 
Sobre as teorias da complexidade
Sobre as teorias da complexidade Sobre as teorias da complexidade
Sobre as teorias da complexidade
 
Ciência com consciência
 Ciência com consciência Ciência com consciência
Ciência com consciência
 
O estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemO estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagem
 
O imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoO imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humano
 
O imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humanoO imperativo da revolução no pensamento humano
O imperativo da revolução no pensamento humano
 
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptx
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptxA FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptx
A FILOSOFIA DA COMPLEXIDADE.pptx
 
Educação e complexidade
Educação e complexidadeEducação e complexidade
Educação e complexidade
 
Conectivismo
ConectivismoConectivismo
Conectivismo
 
Teoria da cognição situada
Teoria da cognição situadaTeoria da cognição situada
Teoria da cognição situada
 
Fichamento do texto
Fichamento do texto Fichamento do texto
Fichamento do texto
 
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexo
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexoO avanço do conhecimento científico e o pensamento complexo
O avanço do conhecimento científico e o pensamento complexo
 
Redescoberta da mente
Redescoberta da menteRedescoberta da mente
Redescoberta da mente
 
Redescoberta da mente
Redescoberta da menteRedescoberta da mente
Redescoberta da mente
 
Jean piaget o estruturalismo
Jean piaget   o estruturalismoJean piaget   o estruturalismo
Jean piaget o estruturalismo
 
Jean-piaget-o-estruturalismo
 Jean-piaget-o-estruturalismo Jean-piaget-o-estruturalismo
Jean-piaget-o-estruturalismo
 
Informação e o ser
Informação e o serInformação e o ser
Informação e o ser
 
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...
Imaginário e ciênciaImaginário e ciência: novas perspectivas do conhecimento ...
 

Último

TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º anoRachel Facundo
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeitotatianehilda
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRenascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRafaelaMartins72608
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdfmarlene54545
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docPauloHenriqueGarciaM
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVlenapinto
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptRogrioGonalves41
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do séculoBiblioteca UCS
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Centro Jacques Delors
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.denisecompasso2
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptjricardo76
 

Último (20)

TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRenascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 

Introdução do pensamento complexo

  • 1. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 106 RESENHA Morin, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Tradução do francês: Eliane Lisboa - Porto Alegre: Ed. Sulina, 2005. 120 p. OLIVEIRA, Caroline Peixoto de. 1 Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, é um dos mais proeminentes autores que discorrem sobre a complexidade. É pesquisador emérito do CNRS (Centre National de La Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros. Entre seus vários escritos será destacado nesta resenha o livro Introdução ao Pensamento Complexo. Esta obra expõe um estudo inicial a cerca do pensamento complexo, “uma introdução à problemática da complexidade” (p.8) contrapondo-se ao pensamento simplificador. O livro é estruturado em seis capítulos - com seus determinados subtítulos - precedidos por um prefácio. No prefácio o autor destaca dois possíveis fatores que possam desviar as mentes do real entendimento do pensamento complexo. O primeiro se refere ao engano de acreditar-se que a complexidade conduz à eliminação da simplicidade. Segundo Morin ela – a complexidade- realmente surge na falha da simplicidade, mas “integra tudo aquilo que põe ordem, clareza, distinção precisão no conhecimento” (p.6). O pensamento complexo agrega todos os possíveis modos simplificadores de pensar, mas não dá espaço às implicações redutoras, unidimensionais, mutiladoras, enquanto o pensamento simplificador desfaz a complexidade da realidade. O segundo se refere à confusão entre complexidade e completude. O desejo maior da complexidade trata-se de manejar as articulações entre os diferentes campos disciplinares que são desmembrados pelo pensamento disjuntivo – segundo Morin é um dos aspectos do pensamento simplificador – o qual ao fragmentar determinado conhecimento, isola o que foi separado e oculta possíveis religações. Assim o pensamento complexo busca o conhecimento multidimensional. Porém reconhece que a obtenção de conhecimento por completo é impossível de se alcançar.2 Ele sugere, portanto um reconhecimento de um princípio de incompletude e incerteza, além de um reconhecimento da ligação entre os aspectos que nossa mente deve distinguir sem isolar uma das outras, constituindo a noção de completude. Devemos ter em mente que o pensamento complexo aspira a um saber não fragmentado, não redutor, que reconhece que qualquer conhecimento está inacabado, incompleto, e oferece a possibilidade de ser questionado, interrogado e reformulado. Portanto “as verdades denominadas profundas, mesmo contrárias umas às outras, na verdade são complementares, sem deixarem de ser contrárias” (p.7). ___________________________________________________________________________ 1. Discente em geografia, IESA, UFG. carol.peoli@gmail.com 2. A impossibilidade de uma onisciência constitui, mesmo em teoria, um dos axiomas da complexidade (p.7. MORIN (2005)).
  • 2. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 107 No primeiro capítulo – intitulado A inteligência cega – Morin alerta para uma tomada de consciência. Ao mesmo tempo em que conhecimentos pautados em verificações científicas – empíricas e lógicas – são produzidos, erro, ignorância e cegueira avançam. A causa deste fato não está no erro em si, mas na sistematização de idéias (ideologias, teorias) – como forma de organização do saber aliada a uma ignorância intrínseca ao desenvolvimento da ciência e a uma cegueira enraizada ao uso da racionalidade. E o maior perigo está no desenvolvimento cego e descontrolado do conhecimento tecnológico. Compreender estes fatores é fazer esta tomada de consciência. O problema da organização do conhecimento está na seleção de dados considerados significativos e a exclusão ou rejeição de dados não significativos, pois leva a separação, centralização e hierarquização de saberes e posterior união desses dados selecionados. Esta ação está baseada em princípios de organização do pensamento denominados paradigmas, que conceitualmente são “princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem que tenhamos consciência disso” (p.10). Impera sobre nós os princípios de disjunção, redução e abstração, conjunto que Morin denomina “paradigma de simplificação” desenvolvido por Descartes3 que separa o sujeito do objeto de estudo, a ciência da filosofia, e define como verdade aquilo que é claro, evidente configurando o próprio pensamento disjuntivo. A remediação encontrada para esta disjunção foi a redução do complexo ao simples. Esta simplificação leva a patologia do saber que Morin denomina de “inteligência cega”: A inteligência cega destrói os conjuntos e as totalidades, isola todos os seus objetos do seu meio ambiente. Ela não pode conceber o elo inseparável entre o observador e a coisa observada. (p.12) Ou seja, ela leva à incapacidade de conceber a idéia do uno, do múltiplo. Surge, então, a necessidade do pensamento complexo, de se desenvolver um paradigma que substitua as idéias de disjunção/redução/unidimensionalização por idéias de distinção/conjunção de forma a “distinguir sem disjungir, de associar sem identificar ou reduzir” (p.15). Portanto o autor, ao discorrer sobre o problema da organização do conhecimento – que possui intrínseco a ele uma patologia e uma cegueira – busca conscientizar o leitor do problema que conceitua como “paradigma da simplicidade” – o qual mutila o pensamento humano – e o incita à precisão do conhecimento complexo. O segundo capítulo – intitulado O desenho e a intenção complexos. O esboço e o projeto complexos – contém as idéias que precedem e dão sinais de seu pensamento complexo. A intenção do autor é buscar a unidade da ciência e a teoria da mais alta complexidade humana situando-se fora dos “dois clãs antagônicos, um que esmaga a diferença reenviando-a à unidade simples, o outro que oculta a unidade porque só vê a diferença” (p.17,18) de forma a associar a verdade de ambos por meio de uma mudança paradigmática. Isto gera rupturas nas concepções de mundo. A física do século XIX é tida como base destas concepções até que fossem abertas brechas no quadro epistemológico da ciência clássica. As categorias da física clássica deixam de ser o fundamento de todas as coisas para ser um momento entre as complexidades microfísica e macrocosmofísica. ____________________________________________________________________ 3. René Descartes era filósofo e matemático. Nasceu em La Haye, na Touraine. Autor de “Discurso sobre o Método" desenvolve um paradigma que controla o pensamento ocidental desde o século XVII. Biografia disponível em: http://www.pensador.info/autor/Rene_Descartes/biografia/. Acessado em 21 de maio de 2010. Surge, então, a teoria sistêmica que determina todos os elementos, desde o átomo até a galáxia, como um sistema. Esta revela três idéias antagônicas: um sistema fértil no qual está
  • 3. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 108 intrínseco um princípio de complexidade, um sistema incerto e sem grandes fundamentações baseado em repetições de algumas verdades e um sistema que indica ações redutoras. Apesar da aproximação da teoria sistêmica com a teoria mecanicista e com a cibernética – quanto sua estruturação – coloca no seu centro uma unidade complexa, o todo, com uma noção ambígua, distante de uma noção real e situando-a a um nível transdisciplinar. A somatização da idéia de sistema aberto, de origem na termodinâmica, permitiu uma ampliação da análise, quanto a relações espaciais – interno com externo. Segundo Morin duas conseqüências derivam dessa idéia. “A primeira é que as leis de organização da vida não são de equilíbrio, mas de desequilíbrio, recuperado ou recompensado, de dinamismo estabilizado. A segunda é que a inteligibilidade do sistema deve ser encontrada, não apenas no próprio sistema, mas também na sua relação com o meio ambiente, e que esta relação não é uma simples dependência, ela é constitutiva do sistema” (p.22). Dessa forma a realidade está presente no elo e na distinção entre o sistema aberto e seu meio ambiente. Aliada a essas idéias, surgem as teorias da informação e da organização. A transmissão da primeira tem um sentido organizacional com a cibernética, pois lhe ordena operações e na esfera biológica com a transmissão de DNA liga-se à vida e á organização gerando a auto – organização, a organização viva. A segunda se faz uma necessidade de todas as teorias anteriores, pois se constitui em “encontrar os princípios comuns organizacionais, os princípios de evolução destes princípios, os caracteres de sua diversificação” (p.27) Estas teorias serviram de arcabouço teórico para o desenvolvimento da idéia de complexidade. Esta se desenvolveu de forma a ir “contra a clarificação, a simplificação, o reducionismo excessivo” (p.33). Unindo as teorias que precedeu a idéia de complexidade Morin busca defini-la: O que é a complexidade? À primeira vista é um fenômeno quantitativo, a extrema quantidade de interações e de interferências entre um número muito grande de unidades. De fato todo sistema auto-organizador (vivo), mesmo o mais simples, combina um número muito grande de unidades da ordem de bilhões, seja de moléculas numa célula, seja de células no organismo [...] Mas a complexidade não compreende apenas quantidades de unidade e interações que desafiam nossas possibilidades de cálculo: ela compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios. A complexidade num certo sentido sempre tem relação com o acaso. (p.35) Portanto a complexidade se choca com uma parte de incerteza, tanto da proveniente dos limites de nosso entendimento como da inscrita nos fenômenos. Esta idéia passa a integrar a relação sujeito-objeto anteriormente deixada de lado. Desenvolve-se, portanto uma coerência e uma abertura epistemológica. O esforço teórico ao desembocar nesta relação, “desemboca ao mesmo tempo na relação entre o pesquisador [...] e o objeto de seu conhecimento: ao trazer um princípio de incerteza e de auto-referência, ele traz em si um princípio autocrítico e auto-reflexivo; através destes dois traços, ele já traz em si mesmo sua potencialidade epistemológica” (p.45). Ao mesmo tempo propõe uma unificação da ciência em torno da transdisciplinariedade. Torna-se um novo paradigma. O terceiro capítulo – intitulado O paradigma complexo – trata do paradigma desenvolvido por Morin. Este se encontra presente em todas as esferas de análise – do cotidiano ao espaço científico. A complexidade não foi esquecida no decorrer do tempo. Enquanto a ciência, desenvolvida no século XIX e início do século XX por Descartes, Newton e Laplace, buscava “eliminar o que é
  • 4. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 109 individual e singular para obter leis gerais e identidades simples e fechadas” (p.57), os romances da época escritos por autores como Balzac, Dickens, Rosseau e Chateaubriand retratavam essa complexidade no cotidiano. Porém a ciência tinha um ideal contrário. Os cientistas buscavam “conceber um universo que fosse uma máquina determinística perfeita” (p.58). Este princípio delineia o que Morin chama de paradigma simplificador, que “põe ordem no universo, expulsa dele a desordem” (p.59). Duas palavras resumem este paradigma, disjunção – separa o que está ligado, buscando idéias claras e distintas – e redução – unifica o que é diverso, coordenando as idéias de forma a recriar o complexo a partir do simples. No início do século XX os cientistas se depararam com questões não mais explicáveis pela teoria da simplicidade. O universo já não era entendido com uma ordem organizacional. Estavam em meio a um paradoxo. O mundo físico – o universo – caminha para a desordem (2º principio da termodinâmica – entropia) e ao mesmo tempo há um princípio de organização, que faz com que os seres vivos se complexifiquem e se desenvolvam (a evolução de Darwin). As descobertas revelavam que a organização do universo vinha da não-organização, “de uma desintegração – big-bang –, e que ao desintegrar-se, é que ele se organizou” (p.62) A partir disto Morin chega à idéia de uma contradição fundamental. A complexidade da relação ordem/desordem/organização surge, pois, quando se constata empiricamente que fenômenos desordenados são necessários em certas condições, em certos casos, para a produção de fenômenos organizados, os quais contribuem para o crescimento da ordem. (p.63) Portanto ordem e desordem interagem para a organização. Uma influencia a outra. O autor expõe a idéia dos processos de auto-organização para tratar da complexidade do real, uma vez que os físicos “abandonam felizmente o antigo material ingênuo” (p.64) e não lidam mais com este fato. Esse conceito de auto-organização diz respeito à característica que cada sistema tem de criar suas próprias determinações e as suas próprias finalidades sem perder a harmonia com os demais sistemas com os quais interage. Para Morin ser sujeito “não quer dizer ser consciente: também não quer dizer ter afetividade [...] Ser sujeito, é colocar-se no centro do seu próprio mundo” (p.65). Assim “é evidente que cada um dentre nós pode dizer “eu”; todo mundo pode dizer “eu”, mas cada um só pode dizer “eu” para si próprio, ninguém pode dizê-lo pelo outro” (p.65) – noção de autonomia. Morin se atenta em separar os conceitos de complexidade e completude. A complexidade diz respeito ao caráter multidimensional do real, “ao mundo empírico, à incerteza, à incapacidade de ter certeza de tudo, de formular uma lei, de conceber uma ordem absoluta” (p.68) Morin também se atenta em diferenciar razão, racionalidade e racionalização. Destaca que a razão é “uma vontade de ter uma visão coerente dos fenômenos, das coisas, do universo” (p.68), a racionalidade é “o jogo, é o diálogo incessante entre nossa mente, que cria estruturas lógicas, que as aplica ao mundo e que dialoga com este mundo real” (p.68) e racionalização “consiste em querer prender a realidade num sistema coerente. E tudo o que, na realidade, contradiz este sistema coerente é afastado” (p.68) Para pensar melhor sobre a complexidade do real Morin se baseia em novas diretrizes metodológicas para substituir o paradigma da disjunção/redução/ unidimensionalização por um paradigma de distinção/conjunção/multidimensionalização, os macro-conceitos. O primeiro é o princípio dialógico que defende a utilização de duas lógicas contraditórias para se explicar algo. Uma delas é a lógica desordem; a outra é a lógica da ordem. O segundo é o princípio da recursão organizacional, baseado no processo recursivo que é “um processo onde os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores do que do que
  • 5. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 110 os produz”. A sociedade é resultado das interações entre os indivíduos, “mas a sociedade, uma vez produzida, retroage sobre os indivíduos e os produz” (p.74) O terceiro é o princípio hologramático. Em um holograma físico, “o menor ponto da imagem do holograma contém a quase totalidade da informação do objeto representado” (p.74), ou seja, “não apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte” (p.74). No quarto capítulo – intitulado A complexidade e a ação – Morin caracteriza a ação, dentro da idéia de complexidade, como um desafio. Na noção de desafio está intrínseca a consciência do risco e da incerteza. A ação é vista por Morin como estratégia. Esta permite “prever certo número de cenários para a ação [...] luta contra o acaso e busca a informação [..] aproveita-se do acaso [...] utiliza-se do erro do adversário” (p.79,80). Morin, portanto, trás a noção de que a ação é uma aposta, faz parte de uma estratégia, que sem designar um programa pré-determinado permite, a partir de uma decisão inicial, encerar certo número de cenários para a ação. Cenários que poderão ser modificados segundo as informações que irão chegar ao curso da ação e segundo os imprevistos que irão surgir e perturbar a ação. No quinto capítulo – intitulado A complexidade e a empresa – para mostrar que a complexidade se configura em diferentes ambientes, Morin utiliza-se de um exemplo de uma tapeçaria. Nesta estão diferentes tipos de fios. O conhecimento que o tecelão tem sobre cada fio é insuficiente para se conhecer a nova realidade que se busca: o tecido. Isto implica no que Morim chama de etapas da complexidade. Primeira etapa: “temos conhecimentos simples que não ajudam a conhecer as propriedades do conjunto” (p.85), ou seja, “um todo é mais do que a soma das partes que o constitui” (p.85). Segunda etapa: “o fato de haver uma tapeçaria faz com que as qualidades deste ou daquele tipo de fio não possam se exprimir plenamente” (p.85), ou seja, “o todo é então menor que a soma das partes” (p.85). Terceira etapa: “isto apresenta dificuldades para o nosso entendimento e nossa estrutura mental” (p.86), ou seja, “o todo é ao mesmo tempo mais e menos do que a soma das partes” (p.86). Morin extrai deste exemplo também três tipos de causalidades que circulam todos os níveis de organização complexos: a causalidade linear, a causalidade circular retroativa e a causalidade recursiva. A primeira é a que se aplicarmos certo processo de transformação sobre certa matéria-prima, será produzido certo objeto de consumo. A segunda é o efeito que os resultados causam e que normalmente retornam na matéria-prima de forma a configurar novos resultados. Na terceira encontra-se a dificuldade em dizer quem é causa e quem é efeito, matéria-prima e resultados são necessários ao processo que os gera. No sexto e último capítulo – intitulado Epistemologia da complexidade – Morin busca explicar algumas controvérsias encontradas ao longo do desenvolvimento de sua idéia. Entre essas, a percepção que o autor tem, quando em contato com interpretações de sua idéia, de que as pessoas o vêem como uma mente “que se pretende sintética, pretende-se sistemática, pretende-se global, pretende-se integradora, pretende-se unificadora, pretende-se afirmativa e pretende-se suficiente” (p.96) Ele esclarece que a própria idéia de complexidade tem em si mesma a impossibilidade de unificar, da conclusão. Além disso, o autor discute aspectos mais relacionados à formação de seu pensamento complexo, busca evidenciar os limites da ciência atual e mostrar os desafios na nova ciência. Morin
  • 6. INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO MORIN, Edgar TERCEIRO INCLUÍDO - ISSN 2237-079X – NUPEAT–IESA–UFG, v.1, n.1, jan./jun., 2011, p.106–111, Resenha 1 111 reflete sobre como os conceitos de informação, ruído e conhecimento estão intimamente conectados à complexidade. E termina de forma humilde ao se intitular de um autor que não se esconde. Palavras chaves: complexidade, paradigma, conhecimento multidimensional.