Este documento discute a Teoria da Complexidade e o pensamento complexo de acordo com Edgar Morin. Apresenta sete princípios do pensamento complexo, incluindo que o todo não é igual à soma das partes e que partes contêm o todo. Defende que o conhecimento deve ser não fragmentado e capaz de lidar com a incerteza e contradições para entender a complexidade da realidade.
1. Teoria da Complexidade: sobre o pensamento complexo.
Katiene do Sacramento Suzart[1]
O conhecimento científico desde o seu início teve o objetivo de associar, hierarquizar e
identificar dados para, através dessa sistematização, conhecer o objeto. Dessa forma, o
objeto é conhecido via uma lógica clássica, princípios que tendem a simplificação, a
fragmentação e não reconhecem a multidimensionalidade dos fenômenos. Esse tipo de
pensamento é formulado por Descartes, e recebe de Edgar Morin o nome de “paradigma
da simplificação”. Segundo esse paradigma, para conhecer realmente um objeto é
preciso reduzilo em seus componentes elementares, chegando assim, à sua
complexidade. Essa base cartesiana dá início ao desenvolvimento de uma ciência da
especialização, do especialista, da especialidade, e por conseguinte, da
disciplinaridade.
Nesse contexto, após a expansão do imperialismo científico Termo cunhado por
Almeida Filho , o aparecimento de novos campos disciplinares vai exigir que a analítica
cartesiana seja repensada. Ou seja, começa a acontecer um movimento no sentido de
reunir e integrar as disciplinas, para sair de uma visão fragmentada. Nessa direção, Morin
citado por Lima (2009) colaca que “A inteligência parcelada, compartimentalizada,
mecanicista, disjuntiva, reducionista, destrói a complexidade do mundo em fragmentos
distintos, fraciona os problemas, separa o que está unido, unidimensionaliza o
multidimensional”.
Morin (2003), para pensar a complexidade, apresenta sete princípios: O princípio
sistêmico, no qual o todo não é igual a soma das partes; o princípio hologramático, que
diz respeito ao paradoxo dos sistemas complexos, onde a parte não está somente no
todo, como o todo está inscrito na parte; o princípio do ciclo retroativo, ou seja, rompe
com o princípio da causalidade linear: a causa age sobre o efeito, e o efeito sobre a
causa; o princípio do ciclo recorrente, onde os produtos e consequências são, eles
próprios, produtores e originadores daquilo que produzem; o princípio de
autoecoorganização, no qual a autonomia dos seres vivos é inseparável da
2. dependência; o princípio dialógico: permite aceitar racionalmente a associação de
noções contraditórias para conceber um mesmo fenômeno complexo; o princípio da
reintrodução do conhecido em todo o conhecimento: todo o conhecimento é uma
reconstrução/tradução por um espírito/inteligência em uma cultura e em um tempo
determinados.
Compreender a realidade através do pensamento complexo é aceitar um saber não
fragmentado, incompleto, o qual reconhece que o conhecimento está inacabado e, por isso, é
capaz de ser questionado, criticado, reformulado, aceitado a contradição e o risco da incerteza.
Assim, para Morin, “as verdades denominadas profundas, mesmo contrárias umas às outras,
na verdade são complementares, sem deixarem de ser contrárias” (p.7). E por fim, “O
pensamento complexo é, portanto, essencialmente, o pensamento que lida com a incerteza e
que é capaz de conceber a organização. Tratase de um pensamento capaz de reunir,
contextualizar, globalizar, mas ao mesmo tempo de reconhecer o singular, o individual, o
concreto” (MORIN, 2003, p. 72).
Referências
LIMA, D. M. de O. Diálogo entre a sociologia e a psicanálise: o sujeito e o indivíduo.
Salvador, 2009.
MENDES, C. (org); LARRETA, E. (ed). Representação e complexidade. Rio de Janeiro:
Garamond, 2003.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Ed. 4; Instituto Piaget. Lisboa, 2003.
[1] Graduanda do 9º Semestre do Curso de Psicologia pela Faculdade Social da Bahia.