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Teoria da Complexidade: sobre o pensamento complexo.
Katiene do Sacramento Suzart[1]
O  conhecimento  científico  desde  o  seu  início  teve  o  objetivo  de  associar,  hierarquizar  e
identificar  dados  para, através  dessa sistematização,  conhecer o objeto. Dessa  forma, o
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fragmentação  e  não  reconhecem  a  multidimensionalidade dos  fenômenos.  Esse tipo  de
pensamento  é  formulado  por  Descartes, e recebe de Edgar Morin o nome de “paradigma
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Nesse  contexto,  após  a  expansão  do  imperialismo  científico  ­  Termo  cunhado  por
Almeida Filho  ­,  o  aparecimento  de novos campos disciplinares vai  exigir  que  a  analítica
cartesiana  seja  repensada.  Ou  seja,  começa  a  acontecer  um  movimento  no  sentido  de
reunir e integrar as disciplinas, para sair de uma visão fragmentada. Nessa direção, Morin
citado  por  Lima   (2009)  colaca  que  “A  inteligência  parcelada,  compartimentalizada,
mecanicista,  disjuntiva,  reducionista,  destrói  a  complexidade  do  mundo  em  fragmentos
distintos,  fraciona  os  problemas,  separa  o  que  está  unido,  unidimensionaliza  o
multidimensional”.

Morin  (2003),  para  pensar  a  complexidade,  apresenta  sete  princípios:  O  princípio
sistêmico,  no  qual  o  todo  não é igual a  soma das  partes;  o  princípio hologramático, que
diz  respeito  ao  paradoxo  dos  sistemas  complexos,  onde  a  parte  não  está  somente  no
todo,  como  o  todo  está  inscrito  na  parte;  o  princípio  do  ciclo  retroativo,  ou   seja,  rompe
com  o  princípio  da  causalidade  linear:  a  causa  age  sobre  o  efeito,  e  o  efeito  sobre  a
causa;  o  princípio   do  ciclo  recorrente,  onde  os  produtos  e  consequências  são,  eles
próprios,  produtores  e  originadores  daquilo  que  produzem;  o  princípio  de
auto­ecoorganização,  no  qual  a  autonomia  dos  seres  vivos  é  inseparável  da
dependência;  o  princípio  dialógico:  permite  aceitar  racionalmente  a  associação  de
noções  contraditórias  para  conceber  um  mesmo  fenômeno  complexo;  o  princípio  da
reintrodução  do  conhecido  em  todo  o  conhecimento:  todo  o  conhecimento  é  uma
reconstrução/tradução  por  um  espírito/inteligência  em  uma  cultura  e  em  um  tempo
determinados.
Compreender  a  realidade  através  do  pensamento  complexo  é  aceitar  um  saber  não
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capaz  de  ser  questionado,  criticado, reformulado, aceitado a contradição e o risco da incerteza.
Assim,  para  Morin,  “as   verdades  denominadas  profundas,  mesmo  contrárias  umas  às  outras,
na  verdade  são  complementares,  sem  deixarem  de  ser  contrárias”   (p.7).   E   por  fim,  “O
pensamento  complexo  é,  portanto,  essencialmente,  o  pensamento  que  lida  com  a  incerteza  e
que  é  capaz  de  conceber  a  organização.  Trata­se  de  um  pensamento  capaz  de  reunir,
contextualizar,  globalizar,  mas  ao  mesmo  tempo  de  reconhecer  o  singular,  o  individual,  o
concreto” (MORIN, 2003, p. 72).

Referências

LIMA,  D.  M.  de  O.  Diálogo   entre  a  sociologia  e  a  psicanálise:  o  sujeito  e  o  indivíduo.
Salvador, 2009.
MENDES, C. (org);  LARRETA,  E.  (ed).  Representação e complexidade.  Rio de Janeiro:
Garamond, 2003.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Ed. 4; Instituto Piaget. Lisboa, 2003.

[1] Graduanda do 9º Semestre do Curso de Psicologia pela Faculdade Social da Bahia.

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  • 1. Teoria da Complexidade: sobre o pensamento complexo. Katiene do Sacramento Suzart[1] O  conhecimento  científico  desde  o  seu  início  teve  o  objetivo  de  associar,  hierarquizar  e identificar  dados  para, através  dessa sistematização,  conhecer o objeto. Dessa  forma, o objeto  é  conhecido  via  uma  lógica  clássica,  princípios  que  tendem  a  simplificação,  a fragmentação  e  não  reconhecem  a  multidimensionalidade dos  fenômenos.  Esse tipo  de pensamento  é  formulado  por  Descartes, e recebe de Edgar Morin o nome de “paradigma da  simplificação”.  Segundo  esse  paradigma,  para  conhecer  realmente  um  objeto  é preciso  reduzi­lo  em  seus  componentes  elementares,   chegando  assim,  à  sua complexidade.  Essa  base  cartesiana  dá  início  ao  desenvolvimento  de  uma  ciência  da especialização,  do  especialista,  da  especialidade,  e  por  conseguinte,  da disciplinaridade. Nesse  contexto,  após  a  expansão  do  imperialismo  científico  ­  Termo  cunhado  por Almeida Filho  ­,  o  aparecimento  de novos campos disciplinares vai  exigir  que  a  analítica cartesiana  seja  repensada.  Ou  seja,  começa  a  acontecer  um  movimento  no  sentido  de reunir e integrar as disciplinas, para sair de uma visão fragmentada. Nessa direção, Morin citado  por  Lima   (2009)  colaca  que  “A  inteligência  parcelada,  compartimentalizada, mecanicista,  disjuntiva,  reducionista,  destrói  a  complexidade  do  mundo  em  fragmentos distintos,  fraciona  os  problemas,  separa  o  que  está  unido,  unidimensionaliza  o multidimensional”. Morin  (2003),  para  pensar  a  complexidade,  apresenta  sete  princípios:  O  princípio sistêmico,  no  qual  o  todo  não é igual a  soma das  partes;  o  princípio hologramático, que diz  respeito  ao  paradoxo  dos  sistemas  complexos,  onde  a  parte  não  está  somente  no todo,  como  o  todo  está  inscrito  na  parte;  o  princípio  do  ciclo  retroativo,  ou   seja,  rompe com  o  princípio  da  causalidade  linear:  a  causa  age  sobre  o  efeito,  e  o  efeito  sobre  a causa;  o  princípio   do  ciclo  recorrente,  onde  os  produtos  e  consequências  são,  eles próprios,  produtores  e  originadores  daquilo  que  produzem;  o  princípio  de auto­ecoorganização,  no  qual  a  autonomia  dos  seres  vivos  é  inseparável  da
  • 2. dependência;  o  princípio  dialógico:  permite  aceitar  racionalmente  a  associação  de noções  contraditórias  para  conceber  um  mesmo  fenômeno  complexo;  o  princípio  da reintrodução  do  conhecido  em  todo  o  conhecimento:  todo  o  conhecimento  é  uma reconstrução/tradução  por  um  espírito/inteligência  em  uma  cultura  e  em  um  tempo determinados. Compreender  a  realidade  através  do  pensamento  complexo  é  aceitar  um  saber  não fragmentado,  incompleto,  o  qual  reconhece  que  o  conhecimento está  inacabado  e,  por  isso,  é capaz  de  ser  questionado,  criticado, reformulado, aceitado a contradição e o risco da incerteza. Assim,  para  Morin,  “as   verdades  denominadas  profundas,  mesmo  contrárias  umas  às  outras, na  verdade  são  complementares,  sem  deixarem  de  ser  contrárias”   (p.7).   E   por  fim,  “O pensamento  complexo  é,  portanto,  essencialmente,  o  pensamento  que  lida  com  a  incerteza  e que  é  capaz  de  conceber  a  organização.  Trata­se  de  um  pensamento  capaz  de  reunir, contextualizar,  globalizar,  mas  ao  mesmo  tempo  de  reconhecer  o  singular,  o  individual,  o concreto” (MORIN, 2003, p. 72). Referências LIMA,  D.  M.  de  O.  Diálogo   entre  a  sociologia  e  a  psicanálise:  o  sujeito  e  o  indivíduo. Salvador, 2009. MENDES, C. (org);  LARRETA,  E.  (ed).  Representação e complexidade.  Rio de Janeiro: Garamond, 2003. MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Ed. 4; Instituto Piaget. Lisboa, 2003. [1] Graduanda do 9º Semestre do Curso de Psicologia pela Faculdade Social da Bahia.