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Estudo de Viabilidade Econômico
           Financeira



                    Elaborado por:




        São Paulo, Dezembro de 2011




                                                                                            0
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ÍNDICE

1.        Introdução ................................................................................................................................... 2
2.        Apresentação da Companhia .................................................................................................... 6
3.        Análise do mercado de turismo no Brasil .............................................................................. 11
     A.      Introdução ............................................................................................................................. 11
     B.      Contexto social e macroeconômico ................................................................................... 12
     C.      Megaeventos – Copa 2014 e Olimpíadas 2016 ................................................................... 21
     D.      Oferta e demanda do setor de turismo ............................................................................... 25
     E.      Serviços financeiros no turismo ......................................................................................... 49
4.        Viabilidade Econômica da Brasil Travel ................................................................................. 58
     A.      Metodologia de avaliação .................................................................................................... 58
     B.      Descrição e análise da amostra .......................................................................................... 66
     C.      Composição dos Resultados .............................................................................................. 77
     D.      Taxa Interna de Retorno (TIR) e Análises de Sensibilidade ............................................. 81
     E.      Premissas utilizadas e Fatores Limitantes ........................................................................ 83
     F.      Conclusões ........................................................................................................................... 84




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1.      INTRODUÇÃO


O presente estudo de viabilidade econômico-financeira (“Estudo de Viabilidade”) da Brasil Travel
Participações e Administração S.A. (“Brasil Travel” ou “Companhia”), empresalocalizada na Rua
Fidêncio Ramos, nº 195, conjunto 15, 1º andar, Vila Olímpia, CEP 04551-010 e inscritano CNPJ sob
o nº 13.503.515/0001-56, é apresentado nos termos da Instrução nº. 400, de 29 de dezembro de
2003, conforme alterada, da Comissão de Valores Mobiliários (“Instrução CVM 400” e “CVM”,
respectivamente), no âmbito do pedido de registro de uma oferta pública primária e secundária de
ações ordinárias da Companhia (as “Ações”), a ser conduzida pela Companhia e pelos Acionistas
Vendedores (“Oferta”).

As informações aqui incluídas não dispensam a leitura do Formulário de Referência da Companhia
(“Formulário de Referência”) e dos Prospectos Preliminar e Definitivo relacionados à Oferta
(“Prospectos”), incluindo aquelas constantes das Seções 4.1 “Descrição dos Fatores de Risco” e
5.1“Descrição dos Principais Fatores de Risco de Mercado” do Formulário de Referência
(“Formulário de Referência”) e da Seção “Fatores de Risco” dos Prospectos.

Este Estudo de Viabilidade foi preparado pela A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda
(“A.T. Kearney”) em conjunto com a Companhia com base em informações públicas, informações
financeiras auditadas e outras informações fornecidas pela Brasil Travel e pelas empresas de
turismo (“Empresas de Turismo” ou “Empresas”) que irão compor o portfólio da Companhia, visando
passar um maior entendimento sobre o modelo de negócios da Companhia e fornecer subsídios que
atestem sua viabilidade econômico-financeira.

As premissas, estimativas e expectativas futuras aqui contidas têm por embasamento, em grande
parte, as expectativas atuais e tendências que afetam ou podem potencialmente vir a afetar os
negócios operacionais da Companhia. Embora acreditemos que estas estimativas e declarações
futuras encontram-se baseadas em premissas razoáveis, estas estimativas e declarações estão
sujeitas a diversos riscos, incertezas e suposições e são feitas com base nas informações de que
atualmente dispomos. Tais estimativas e expectativas podem ser influenciadas por diversos fatores,
incluindo, exemplificativamente:

        Intervenções governamentais, resultando em alteração na economia, tributos, tarifas ou
        ambienteregulatório no Brasil;
        Alterações nas condições gerais da economia, incluindo, exemplificativamente, inflação,
        taxas dejuros, câmbio, nível de emprego, crescimento populacional e confiança do
        consumidor;
        Alterações significativas nas condições da indústria de turismo, tais como aumento da
        penetração do setor, demanda por produtos ligados a turismo, capacidade da oferta em
        atender a demanda, cumprimento dos investimentos anunciados para infraestrutura;
        Capacidade de implementação da estratégia operacional e de aquisições da Companhia,
        bem como capacidade de integração das Empresas de Turismo adquiridas e que a
        Companhia pretende adquirir;
        Outros fatores de risco apresentados na seção “Fatores de Risco” do Prospecto da oferta.



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Os efetivos resultados da Companhia podem ser adversamente impactados e conseqüentemente
comprovarem-se substancialmente diferentes das expectativas descritas neste Estudo de
Viabilidade, sendo que estas estimativas não consistem a garantia de desempenho futuro da
Companhia. Por conta dessas incertezas, o investidor não deve se basear exclusivamente neste
documento para tomar uma decisão de investimento.

Alguns dos indicadores e dados referentes à indústria de turismo apresentados neste Estudo de
Viabilidade foram obtidos perante as seguintes entidades: Ministério do Turismo – Mtur, Ministério
do Trabalho e Emprego – MTE, Fundação Getúlio Vargas – FGV, Banco Central do Brasil (“Banco
Central” ou “BACEN”), Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN, Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Ministério dos Esportes, Euromonitor, Jones Lang
Lasalle hotéis, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, Infraero e Organização
Mundial do Turismo – OMT e Superintendência de Seguros Privados - SUSEP. As informações
contidas neste Estudo de Viabilidade em relação ao Brasil e à economia brasileira são baseadas em
dados publicados pelo Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Fundo Monetário Internacional – FMI e pelos órgãos
públicos e por outras fontes. Alguns indicadores da indústria de turismo, câmbio e seguros e dados
demográficos utilizados neste Estudo de Viabilidade foram extraídos de fontes consideradas
confiáveis. Apesar de acreditarmos que essas informações provêm de fontes confiáveis, estes
dados macroeconômicos, comerciais e estatísticos não foram objeto de verificação de forma
independente.

As Empresas de Turismoque irão compor o portfólio da Companhia atuam em diversas áreas do
setor de turismo, englobando consolidadores de passagens aéreas, corretora de câmbio, corretora
de seguros, operadoras de turismo, agências corporativas (dedicadas a empresas públicas e
privadas) e um portal de venda de passagens pela internet, sendo que sua receita advém
principalmente de comissões recebidas pela intermediação de produtos de turismo, como
passagens aéreas e diárias de hospedagem. As Empresas de Turismo (excluindo-se as operadoras)
detêm relacionamento direto com seus clientes, intermediando a venda de produtos e serviços. Tal
atividade tem como característica predominante a baixa necessidade de investimento, seja em ativo
fixo, pessoal ou capital de giro, muitas vezes tornando métricas de retorno sobre o capital investido
pouco significativas para atestar sua viabilidade econômico-financeira.

O presente Estudo de Viabilidade concentra sua análise e conclui pela viabilidade econômico-
financeira da estratégia de negócios proposta pela Brasil Travel para atuar na atividade de
intermediação de produtos e serviços de turismo por meio da análise de sua lucratividade,
mensurada pela margem de lucro líquido em percentual da receita líquida, apresentando cenários
diferentes e análises de sensibilidade, bem como pela análise de mercado de seus principais
segmentos de atuação. Adicionalmente, visto que a Companhia pretende desenvolver seus
negócios por meio do crescimento orgânico de suas atuais subsidiárias assim como pela aquisição
de outras Empresas, optou-se por apresentar o cálculo da Taxa Interna de Retorno (“TIR”) esperada
na aquisição destas novas Empresas, atividade que será parte relevante da estratégia da
Companhia e na qual a Companhia pretende aplicar a maior parte dos recursos primários que
pretende captar na Oferta. Tal estimativa levou em consideração o preço de aquisição de Empresas
por um múltiplo de lucro, tendo em contrapartida os lucros estimados ao longo de 8 anos e uma
eventual venda da empresa adquirida ao final do período projetivo. A Companhia acredita que o
múltiplo de lucro é o indicador adequado, pois foi o principal indicador utilizado nas negociações da
Companhia para a aquisição das Empresas de Turismo além de ser amplamente utilizado em



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avaliações econômico-financeiras no setor de turismo, de varejo e outras indústrias com baixa
necessidade de capital. Optamos por calcular a TIR apenas para novas aquisições uma vez que o
crescimento orgânico de Empresas não envolve investimentos significativos em ativos fixos ou
capital de giro tornando o calculo da TIR pouco relevante e até mesmo indutor de desinformação se
considerado no contexto de crescimento orgânico das Empresas.

Ao final deste relatório são apresentadas estimativas, elaboradas pela Companhia em conjunto com
a A.T.Kearney, que visam demonstrar os potenciais impactos financeiros para a Companhia em
decorrência da transferência, para a Companhia, das participações dos sócios fundadores(“Sócios
Fundadores” ou “Fundadores”) das respectivas Empresas de Turismo. O investidor deve estar ciente
que tais informações referem-se a eventos futuros e incluem estimativas, julgamentos e declarações
acerca do futuro, sujeitas a riscos e incertezas relevantes e, por esse motivo, o investidor não deve
tomar qualquer decisão de investimento com base em tais informações. As premissas e estimativas
aqui previstas não são fatos e o investidor não deve confiar em tais premissas ou estimativas como
sendo necessariamente indicativas de futuros resultados ou condição financeira da Companhia. O
investidor deve estar ciente de que as premissas e estimativas previstas neste Estudo de Viabilidade
podem não ser corretas, tendo em vista que dependem de diversos fatores. Todas as informações
financeiras históricas da Companhia foram auditadas pelo auditor independente contratado, porém
nem os auditores e nem qualquer outro auditor independente compilou, revisou ou conduziu
qualquer procedimento relacionado a qualquer informação prospectiva financeira. Dessa forma, as
tabelas e cálculos elaboradas neste Estudo não são, e não devem ser, consideradas demonstrações
contábeis da Companhia ou das Empresas. Os potenciais impactos financeiros consistem
exclusivamente naqueles que a Companhia tem conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade.

Os potenciais impactos financeiros consistem exclusivamente naqueles que a Companhia tem
conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade.

O presente Estudo de Viabilidade se baseia em informações públicas, no entendimento e
conhecimento do setor, por parte da A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda.A
empresa A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda, especializada em consultoria de
gestão, está localizada na Rua Joaquim Floriano, nº 72, conjunto 201, Itaim Bibi, São Paulo, SP,
CEP 04.534-000 e inscrita sob o CNPJ de no 73.142.705/0001 – 17. Fundada em 1926 em Chicago,
Estados Unidos, e desde 1993 no Brasil, a empresa desenvolve projetos de análise de mercado,
estratégias, operações e implementação de suas recomendações, oferecendo a seus clientes um
amplo leque de serviços de consultoria de alto valor agregado. As principais indústrias nas quais a
A.T.Kearney atua no Brasil são: Agronegócio, Automotiva, Bens de consumo e varejo, Indústrias de
processo e mineração, Instituições financeiras, Manufatura intensiva, Química e farmacêutica,
Saúde, Telecomunicações e mídia, Transportes e Infraestrutura.

Apresentamos a seguir o currículo das pessoas físicas e jurídicas que foram envolvidas na
elaboração e/ou revisão do presente Estudo de Viabilidade:

Silvana Machado (A.T.Kearney): A Sra. Machado é engenheira de produção, formada em 1992
pela Universidade de São Paulo, e cursou MBA na Universidade de Chicago, concluindo o curso em
1997.

A Sra. Machado tem 13 anos de experiência em consultoria de gestão, onde desenvolveu diversos
projetos de análise de mercado e planejamento estratégico. Também atuou por 5 anos como




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executiva em bancos de varejo, nas áreas de planejamento estratégico e gestão de clientes. Hoje, é
Sócia-Diretora da A.T.Kearney para a América do Sul

Ilnort Rueda Saldivar(A.T.Kearney): O Sr. Rueda é engenheiro mecânico, formado em 1996 pela
Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha, e cursou mestrado em gestão na Universidade
de St. Gallen, em 1998, na Suíça. Iniciou sua carreira no banco UBS, indo sem seguida para a
A.T.Kearney, passando pelos escritórios de Zurique e São Paulo, onde atualmente ocupa o cargo de
Diretor. Tem mais de dez anos de experiência em consultoria, tendo realizado diversos estudos de
viabilidade de negócios e projetos de análise de mercados.

Paulo Castello Branco (CEO da Brasil Travel) – Formado em Administração de Empresas pela
UFRJ em 1979, concluiu cursos de extensão de (i) Marketing Aeroportuário, Administração dos
Aeroportos de Paris, França, em 1981, (ii) Mercado de Capitais, na Fundação Getúlio Vargas, São
Paulo em 1982, (iii) Marketing Aeroportuário, na ICAO, Boston, EUA em 1983 e (iv) Planejamento
Aeroportuário, na Fundação Getúlio Vargas, São Paulo em 1986, bem como MBA em (i) Logística,
na Universidade do Reno Nevada, EUA em 2002 e (ii) Estratégia e Marketing na Fundação Getúlio
Vargas, São Paulo em 2009. O Sr. Paulo é nosso Diretor Presidente desde novembro de 2011.
Anteriormente trabalhou como Vice Presidente Comercial e Alianças da Transportes Aéreos Marília
(TAM), tendo sob sua ingerência, entre outras, a Diretoria de Vendas, Diretoria de Alianças e de
Relações Internacionais, de 2004 a 2011 e, em 2005 foi Membro do Conselho Consultivo do
Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias – SNEA. De 2001 a 2003 atuou como Vice-Presidente
de Planejamento e Logística da VARIG, coordenando a malha aérea doméstica e internacional, bem
como a área de Relações Governamentais. De 1991 a 1992, atuou como Vice-Presidente da
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT e em 1991 atuou como Diretor de Administração e
Finanças da Casa da Moeda do Brasil. De 1981 a 1989 atuou como Chefe do Departamento
Comercial da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero.




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2.      APRESENTAÇÃO DA COMP ANHIA


A Brasil Travel foi fundada em Maio de 2011 após a percepção dos seus fundadores que havia
possibilidade de implementar uma estratégia de negócios no setor de turismo que em suas visões
poderia transformar o setor. A referida estratégia prevê atuar na consolidação do setor de turismo
no Brasil. Os sócios da Companhia identificaram que o setor de turismo no Brasil é composto por
mais de 12 mil Empresas de Turismo, dado que é ratificado conforme detalhamento apresentado a
seguir neste Estudo de Viabilidade. A tese de investimentos é que apesar de muitas das empresas
dedicadas às atividades de turismo conseguirem atuar de forma lucrativa, as mesmas são
individualmente pouco representativas da magnitude econômica do setor, que tem por característica
um alto grau de fragmentação. O plano de negócios da Companhia prevê a consolidação deste
setor por meio de crescimento orgânico e, principalmente, através de aquisições de empresas
operacionais, lucrativas e, em muitos casos, líderes regionais. A idéia de uma Companhia com
escala nacional e representativa no contexto setorial pode trazer grandes benefícios aos acionistas
em termos operacionais, principalmente no que tange a sinergias de custo e vendas. Além disto o
Brasil apresenta alto crescimento esperado para o setor nos próximos anos dado os mega eventos
como Copa do Mundo e Olimpíadas. O governo brasileiro e o setor privado já estão realizando
significativo investimento em infraestrutura em aeroportos, transportes urbanos e estádios, entre
outros, para abrigar com eficiência os mega eventos e todos os demais que são atraídos por estes.
Este Estudo de Viabilidade não tem como objetivo analisar e validar a tese de investimento da
Companhia, mas sim analisar a viabilidade econômica da estratégia formulada por seus acionistas.

Para iniciar a implementação da sua estratégia, a Companhia iniciou uma profunda análise do setor
de turismo no Brasil e identificou mais de 200Empresas de Turismo, com atuação em múltiplos
segmentos da indústria, momento a partir do qual iniciou a primeira fase de consolidação do setor.
Deste universo foram selecionadas 35Empresas, com as quais a Companhia formalizou contratos
de compra e venda que são vinculados à execução correta da segunda fase da estratégia, que é a
abertura de capital da empresa.

Neste contexto, a Companhia acredita que será a maior e mais diversificada rede própria de varejo
de turismo brasileiro, com presença em 21 dos 26 Estados do Brasil mais o Distrito Federal. A
Companhia pretende atuar em todos os segmentos relacionados ao turismo, com um grupo
composto por Empresas e com presença no Brasil e nos Estados Unidos (“Grupo Econômico”) ecom
uma estrutura de venda que conta com 316 lojas, das quais 267 são lojas próprias e as demais
franquias. É importante destacar que fazem parte do Grupo Econômico uma corretora de câmbio e
uma corretora de seguros, especializada no segmento de seguro de viagens, que prestarão serviços
em caráter de exclusividade para nossas Empresas e clientes.

Para efeitos deste Estudo de Viabilidade, serão considerados ainda os valores da Empresa Pegasus
(Empresa com sede nos Estados Unidos e que passará a integrar o Grupo Econômico) e a
operação da Empresa GapNet será dividida entre as unidades de turismo (Gapnet) e sistemas de
informação (ArgoIT), que a Companhia acredita representar melhor a sua forma de operação. Nesta
conjuntura, as Empresas da Brasil Travel somaram mais de R$ 87 milhões em lucro líquido no ano
de 2010.



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A Brasil Travel acredita estar posicionada para ser a maior Companhia de turismo nacional após a
Oferta e pretende aplicar a estratégia de crescimento para se posicionar como a maior companhia
do setorna America Latina e disputar posições de liderança a níveis globais. Em 2010 seria a 23ª
empresa do setor de turismo no mundo por vendas segundo dados da Euromonitor.

Mapa nacional com posicionamento da Brasil Travel




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No ano de 2010 e até 30 de setembro de 2011, as Empresas que integrarão o grupo após a Oferta
obtiveram em conjunto um volume de vendas de R$4,39 bilhões e R$3,68 bilhões e as Empresas
emitiram 3,84 milhões e 2,66 milhões de passagens aéreas, respectivamente. No ano de 2010, as
empresas que integrarão o grupo após a Oferta apresentaram receita bruta de R$378,4 milhões e
lucro líquido de R$ 87,04 milhões; enquanto que a margem do EBITDA e a margem do lucro líquido
obtidas no mesmo período foi de 37,4% e 24,7%, respectivamente.

As empresas adquiridas pela Companhia atuam de forma integrada no setor de turismo, prestando
um acervo completo de produtos e serviços, conforme tabela abaixo:




 Corporativo          Venda de pacotes para empresas abrangendo passagens aéreas, transporte
                      terrestre, hospedagem, entre outros viabilizando a infraestrutura necessária
                      para que os colaboradores dessas empresas possam atuar em diversas
                      localidades
 Consolidador         As agências consolidadoras prestam serviços para pequenas e médias
                      Empresas que não possuem grande volume de vendas de passagens aéreas ou
                      de reservas em hotéis, atuando como intermediadora nas negociações com as
                      companhias aéreas ou hoteleiras, visando obter melhores condições de
                      negociação
 Operador de          Venda de pacotes turísticos padronizados ou customizados em vôos comerciais
 Turismo – Lazer      regulares ou fretados para todas as regiões do Brasil, incluindo passagens
                      aéreas, transporte terrestre ou marítimo, hospedagem e serviços de guias
                      especializados, entre outros
 Receptivo            Serviços de transporte, acomodação e compra de ingressos para shows e
                      eventos [para clientes estrangeiros]
 Viagens Estudantis   Explora a venda de pacotes de turismo estudantil no exterior
 Internet             Venda de pacotes turísticos e de passagens aéreas pela internet
 Corretor de Câmbio   Serviços de compra e venda de moedas, bem como de transferência e
                      recebimento de recursos para o exterior
 Corretor de          Venda de seguros de viagem, médico e hospitalar, entre outros relacionados ao
 Seguros              setor de turismo




A tabela a seguir apresenta a relação das Empresas adquiridas pela Brasil Travel, incluindo as
áreas de atuação e os produtos oferecidos:




                                                                                                                  8
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                                                       Brasil




Relação das Empresas de Turismo adquiridas pela Brasil Travel




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A Companhia manteve na gestão das empresas os sócios fundadores das mesmas. A remuneração
fixa foi sensivelmente reduzida e foi introduzida remuneração variável atrelada a metas de
desempenho das respectivasEmpresas. Há cláusulas contratuais exigindo a permanência dos
sócios fundadores (com 27 anos de experiência no setor, em média) por pelo menos 5 anos,a partir
da data de abertura de capital, na administração da Companhia e, uma vez encerrado esse prazo,
devem respeitar uma cláusula de não competição por mais 3 anos. Acreditamos que essas
cláusulas contratuais colaborem favoravelmente à Companhia em termos de inteligência de
mercado e lucratividade das companhias adquiridas.


O quadro a seguir reflete a estrutura da Brasil Travel na data de elaboração do Estudo de
Viabilidade:


Organograma do Grupo Econômico Brasil Travel




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3.      ANÁLISE DO MERCADO DE TURISMO NO BRASIL


A.      INTRODUÇÃO


O Brasil presenciou dois acontecimentos nos últimos anos que, definitivamente, serão lembrados no
futuro como transformadores do turismo como atividade econômica e como produto de consumo no
país: o crescimento econômico robusto e ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo e as
Olimpíadas.

A partir de 2005, o país presenciou a combinação de boas condições macroeconômicas, mudanças
no perfil social e demográfico, crescimento do PIB e melhor distribuição de renda, o que tem
resultado em nível de emprego recorde e aumentos ano a ano do crédito e do consumo das
famílias. A demanda por turismo, que por muitos anos foi latente, transformou-se em real, com
crescimentos significativos e consistentes em todos os indicadores de consumo, a ponto de superar
a intenção de consumir eletrônicos. Pesquisa Nielsen sobre intenção de gastos, citada pelo jornal O
Estado de S.Paulo em 13 de Novembro de 2011, mostra que a prioridade do brasileiro para gastar
dinheiro no fim deste ano é com viagens (29%), acima de roupas (26%) e eletrônicos (25%).

Em paralelo ao bom momento macroeconômico, em outubro de 2007 a FIFA anunciou o Brasil como
a sede da Copa do Mundo de 2014. Exatamente dois anos depois, o Rio de Janeiro é escolhido a
cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Será a quarta vez que um único país sediará esses
dois megaeventos no mesmo período, e a segunda vez para um país em desenvolvimento. Estes
são considerados divisores de águas para a imagem do país no exterior, com o Brasil se
credenciando mundialmente como um país capaz de gerar, convergir e coordenar recursos para
promover o maior campeonato do esporte mais popular do mundo e o maior encontro de atletas do
planeta. Os resultados já aparecem - no último relatório “2011-2012 Country Brand Index”, da Future
Brand, a “marca” Brasil subiu 10 posições entre 2009 e 2011, passando à 31ª numa lista de 113
países, registrando o maior crescimento dentre os 50 que lideram a lista.

Para materializar esses projetos e ao mesmo tempo suprir a demanda crescente resultante do
desenvolvimento econômico, inicia-se um período de investimentos significativos em infraestrutura,
também descritos neste documento, que devem durar quase uma década.

Dessa forma, a infraestrutura, até então um limitante ao crescimento da demanda turística apesar do
desenvolvimento econômico, pode tornar-se um impulsionador, graças aospreparativos para os dois
megaeventos. Se estes forem bem executados, o turismo para o Brasil terá condições de mudar
definitivamente.




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B.      CONTEXTO SOCIAL E MACROECONÔMICO


O Brasil dispõe de uma quantidade e variedade de recursos naturais singulares, com reservas
ambientais protegidas, praias e florestas, além de um território largamente inexplorado e a preços
acessíveis, do ponto de vista dos padrões internacionais.

A situação geopolítica mostra-se também favorável. A implantação da democracia e o
funcionamento das instituições são plenos, o que é positivo para as decisões de investimento
estrangeiro. As autoridades têm visado transmitir tranqüilidadeà comunidade internacional através
da célere resolução das questões relacionadas com a segurança. A instalação de Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs) em diversas comunidades carentes do Rio Janeiro é um exemplo da
preocupação em reduzir os níveis de violência nos principais centros urbanos nestes anos que
precedem os dois grandes eventos.

Adicionalmente, a população Brasileira atravessa um período de acentuada mudança demográfica,
social e econômica. Após mais de duas décadas de baixo aproveitamento do potencial de
desenvolvimento do país, os últimos anos vêm sendo caracterizados por um acentuado crescimento
econômico, num quadro de assinalável estabilidade, que nem o impacto da maior crise financeira
mundial desde 1929 conseguiu debilitar.

Este fenômeno vem se sustentando na melhoria da educação e qualificações, no crescimento da
população economicamente ativa e no aumento da renda disponível, bem como na redução da
desigualdade social através da melhoria na distribuição de renda. Neste contexto, amplia-se o
mercado de consumo interno, agora dominado por uma renovada classe média, simultaneamente
mais instruída e com maior poder aquisitivo discricionário, o que a torna mais propensa ao consumo
de produtos de cultura e lazer e potencializa o Brasil como pólo emergente de turismo.



Fatores sociais e demográficos


Em consonância com os restantes mercados emergentes de referência, como a Índia ou a China, o
Brasil apresenta hoje uma estrutura etária jovem e em mutação. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média atual da população brasileira é de 29
anos, o que se compara com os 37 anos da América do Norte e os 40 anos da Europa. Números do
censo demográfico de 2010 mostram que a população atingiu nesse ano os 191 milhões de
habitantes, após uma taxa de crescimento anual composta de 1,9% na década que terminou em
1990, 1,5% na década que terminou em 2000 e 1,2% na década que terminou em 2010. Este
crescimento continua a ser superior ao verificado nos países desenvolvidos, com a União Européia
crescendo apenas 0,1% em 2010 e os EUA com um aumento populacional previsto de 1% para
2011, segundo o CIA World Factbook.




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A expansão demográfica que se vem verificando deverá desacelerar nas próximas décadas, com os
números do IBGE mostrando que, no longo prazo, a população do Brasil poderá fixar-se em torno
dos 215 milhões, conforme demonstrado na tabela acima. O IBGE estima que o crescimentová se
situar na taxa composta de 0,8% ao ano até 2020. Por outro lado, prevê um aumento da esperança
média de vida na próxima década, de 73 anos em 2010 para 76 anos em 2020.Esta estabilização,
em conjunto com a juventude patenteada pela estrutura etária e com o incremento da esperança
média de vida, abrirá espaço para o chamado bônus demográfico. Estudo realizado pelo instituto
Insper e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em02/01/2010 indicou que o Brasil já possuía
um bônus demográfico em 2009, com uma média de 2 adultos para cada dependente (crianças e
idosos). Segundo este mesmo estudo, o bônus demográfico brasileiro deverá continuar crescendo
até 2020, quando atingirá seu auge, com adultos representando cerca 70% da população. Nesses
10 anos, as condições demográficas para o crescimento econômico do país são consideradas as
melhores possíveis.

Ao mesmo tempo, parece atenuar-se o perfil tradicionalmente desigual do país. Segundo o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini (gráfico abaixo), que permite avaliar o
desequilíbrio na distribuição de renda, caiu de 0,60 em 1995 para 0,54 em 2009. Na União Européia,
situou-se, em 2009, nos 0,30, segundo dados do CIA World Factbook. Adicionalmente, vem
melhorando o nível educacional da população brasileira. Segundo o IBGE, de 1995 a 2009 o
número médio de anos de escolaridade passou de 5,2 para 7,2 para os brasileiros com mais de 25
anos de idade.




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A existência de um bônus demográfico em conjuntocom o aumento real e melhor distribuição de
renda deverão potencializar o consumo interno, constituindo assim per se em relevantes fatores de
sustentação do crescimento econômico futuro.



Cenário macroeconômico

No seguimento da recente crise financeira, que em 2009 arrastou o crescimento econômico global
para terreno negativo pela primeira vez em muitas décadas, o caminho da recuperação,ainda que
abaixo do esperado,deverá ser razoável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que se situe
em torno dos 4%, em 2011 e 2012 (“World Economic Outlook”, Setembro/2011).

Ainda assim, a recuperação continua a efetuar-se a duas velocidades: os mercados desenvolvidos
em nítido processo de estagnação e os mercados emergentes descolando de forma robusta. Nos
primeiros, a generalizada transferência de alavancagem do setor privado para o público conduziu a
níveis insustentáveis de endividamento dos governos, forçando os mesmos a reverter as políticas de
relaxação e estímulo econômico que haviam lançado inicialmente. A correção destes fatores será
necessariamente lenta e penosa, uma vez que o crescimento econômico potencial permanece
reduzido. Já nos mercados emergentes, a situação fiscal e financeira mais favorável que vigorava
antes do eclodir da crise, em conjunto com o crescimento do mercado de consumo interno, o que
compensa a diminuição dos fluxos de comércio internacionais, torna muito mais fácil o movimento
de ajustamento. Assim, um dos desafios das autoridades residirá na capacidade de evitar o
sobreaquecimento das respectivas economias.




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O Brasil vem sendo justamente um dos grandes motores do forte crescimento econômico observado
nos mercados emergentes. A diversidade de recursos naturais, a sofisticação da estrutura
empresarial, a crescente e mais qualificada força de trabalho e o quadro de reforço das relações
com grandes potências importadoras, como a China, vêm impulsionando a economia. Segundo o
IBGE, o PIB aumentou 7,5% em 2010, o maior crescimento desde 1986, atingindo 3,7 trilhões de
reais. Desde o lançamento do Plano Real em 1994, o país vem se beneficiando de um quadro de
estabilidade política, fiscal e monetária resultante da combinação positiva de inflação controlada,
redução das taxas de juros e equilíbrio da balança de pagamentos. Somados a isso, a estabilidade
institucional e o respeito aos contratos têm se consolidado no Brasil, e hoje são considerados como
diferenciais em relação aos outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),
favorecendo investimentos externos.

Segundo estimativas do FMI, pouco mais de duas décadas decorridas desde o lançamento do Plano
Real, o PIB real do Brasil terá mais do que duplicado em 2016, conforme se observa no gráfico
abaixo. A economia Brasileira cresceu a uma taxa anual composta de 1,6% na década de 1980 a
1990, 2,5% na década de 1990 a 2000 e 3,6% na década de2000 a 2010. Apesar das recentes
revisões para baixo, o FMI estima que o crescimento do PIB brasileiro se situe sempre acima dos
3,5% nos próximos 5 anos.




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Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o consumo foi o principal responsável por este
assinalável desempenho econômico, potencializado pela melhoria das condições de crédito e pelo
elevado valor dos Índices de Confiança do Consumidor (ICC) e da Indústria (ICI), publicados
mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que permanecem na zona de otimismo e
expansão há cerca de dois anos.

A continuidade da evolução favorável do mercado de trabalho tem sido o principal pilar de
sustentação do consumo interno. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registrou-se em 2010 a criação líquida de
2,1 milhões de empregos formais. Desde 2003, a taxa de desemprego nas seis regiões
metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) reduziu-
se em mais de metade, de 10,9% para 5,3% no final de 2010, o menor nível histórico já medido pela
pesquisa.




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Com o desemprego próximo da taxa natural, existe competição acrescida pela mão-de-obra,
especialmente a mais qualificada, o que se traduz na inflação dos salários, num ciclo virtuoso de
sustentação do mercado de consumo. Esse efeito vem estimulando um movimento massivo de
imigração de médios e altos quadros provenientes de países desenvolvidos. Adicionalmente, as
grandes áreas metropolitanas, e nomeadamente São Paulo, vêm se convertendo de forma cada vez
mais acentuada em pólos centralizadores de atração de negócios na região e no mundo.

A grande vantagem deste processo de transformação reside no fato de se desenrolar em paralelo à
profunda transformação do padrão de classes sociais. A busca de um caminho de redução da
desigualdade na distribuição de renda, a melhoria das qualificações e nível educacional da
população e o seguimento de programas de transferência por parte do governo abriram caminho ao
surgimento de uma nova classe média. No ano de 2009, segundo a FGV, a Classe C passou a
representar mais de metade da população total pela primeira vez na história do país.




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Um estudo do Instituto Data Popular mostra que, contrariamente ao que acontece na Classe A, em
que apenas 10% dos elementos possuem qualificação superior à da geração de seus pais, na
Classe C esse número sobe para cerca de 70%. Esta deixará de ser encarada como apenas mais
um segmento para se converter no foco central do próprio mercado, já que o seu crescimento e
predomínio beneficiam tanto a demanda quanto a oferta. De fato, os participantes da Classe C não
só assumirão o seu papel de consumidores como também se tornarão estratégicos nas decisões de
investimento das empresas no Brasil, ao se tornarem mais exigentes na seleção dos produtos,
buscando itens cada vez mais sofisticados.



Poder aquisitivo e consumo

O promissor aumento da base de consumo interno no Brasil vem sendo potencializado e amplificado
por três relevantes alavancas: o aumento da renda per capta, a melhoria na distribuição de renda e
a democratização do crédito, o qual vem crescendo na direção dos padrões internacionais.

A primeira e a segunda alavanca traçam,respectivamente, a semelhança e a diferença entre o
desempenho nacional e o da generalidade das grandes potências emergentes. A renda média
mensal real da população Brasileira com 10 anos ou mais de idade, obtida através da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004-2009, aumentou acumuladamente 24% no
período de 5 anos em análise - o dobro do crescimento alcançado pelo PIB per capita-em sentido
contrário ao que se observa em países como a China ou a Índia. Este movimento foi impulsionado
por uma aproximação das classes de renda inferior às de renda superior. Segundo dados da PNAD
2001-2009, o décimo inferior de população aumentou a sua renda disponível com uma taxa anual




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composta de quase 7%, o que compara com o crescimento de 1,5% do décimo superior, indo ao
encontro da idéia de reforço da classe média, que constitui a referência primária para o consumo.

Uma das principais ameaças à continuação do processo de expansão da renda real no futuro diz
respeito à possibilidade de incremento da inflação nos próximos anos. Esse foi durante décadas um
dos principais bloqueadores do crescimento econômico Brasileiro, e a sua estabilização, pilar
fundamental do lançamento do Plano Real e um dos fatores que mais contribuiu para o atual cenário
de expansão vivenciado pelo país.

Neste sentido, desde a adoção pelo BCB do Regime de Metas de Inflação em 1999 e, mais
enfaticamente, desde que em 2002 o câmbio quase atingiu 4 reaispor cada dólar dos EUA, com o
IPCA cotando-se nos 12,5%, o Banco Central do Brasil (BCB) vem perseguindo uma política de forte
contenção da inflação. A recuperação e estabilização da economia Brasileira vêm permitindo a
entrada de capitais externos, conduzindo o câmbio a um máximo de quase 1,5 reais por cada dólar
dos EUA em 2008. A inflação encontra-se desde 2005 contida na banda de 4 pontos percentuais em
torno da meta de 4,5% definida pelo BCB, i.e., entre 2,5% e 6,5%, embora nos anos de 2008 e 2010
tenha se aproximado do limite superior em função do aquecimento do consumo interno.

Segundo o BCB (“Focus – Relatório de Mercado”, 18/11/2011) a expectativa do mercado é de que a
inflação continue abaixo dos 6,5% para os anos de 2011 e 2012, embora próximo ao limite superior
da banda.




Beneficiada pela estabilidade e confiança dos agentes econômicos, surge a segunda alavanca do
consumo: a democratização do crédito. Exercendo influência no consumo das famílias e nas
decisões de investimento das empresas, a trajetória de gradual redução da taxa referência SELIC
tem impulsionado este fenômeno. Adicionalmente, a bancarização do país é crescente, como se
ilustra na figura abaixo, com a duplicação do número de contas correntes desde 2001 e o




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incremento da capilaridade das instituições financeiras. O acesso ao crédito é cada vez menos
dispendioso e a prazos mais alargados.




O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) projeta a continuação dessa tendência,
dos atuais 46% para cerca de 70% do PIB em 2014. De acordo com os números do Banco Central
Europeu (BCE), o total de empréstimos do sistema financeiro representava, no final de 2010, 116%
do PIB na França, 119% na Alemanha e 185% na Espanha. Em todos os países referidos, o crédito
à Pessoa Física já é superior a 50% do PIB, ao passo que no Brasil não atingiu ainda os 20%.

De 2001 a 2010, o crédito concedido em percentagem do PIB cresceu a uma taxa anual composta
de cerca de 5%para pessoa jurídica, e de cerca de 10% para a habitação e Pessoas Físicas.Houve
também uma maior sofisticação nos produtos oferecidos pelas instituições financeiras, que
passaram a proporcionar um leque mais amplo de alternativas, expandindo garantias e seguros.

Segundo um estudo da LCA Consultores, a evolução na penetração de crédito teria sido
responsável por cerca de 40% do crescimento econômico do Brasil nos últimos 6 anos. Em suma, o
consumo das famílias, que representa mais de 60% da economia e que vem sendo alavancado pelo
surgimento da nova classe média emergente, pelo aumento generalizado das rendas e pela
expansão da disponibilidade de crédito, constitui o grande motor do crescimento Brasileiro,
conforme se pode constatar na figura abaixo. Desde 2004, o PIB cresceu 28%, ao passo que o
consumo das famílias avançou acumuladamente 37%, dados do BCB. Na medida em que o eixo de
gravidade de consumo desce das Classes A e B para as Classes C e D, cada unidade monetária
marginal de renda converte-se num valor superior de consumo.




                                                                                                                  20
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C.      MEGAEVENTOS – COPA 2014 E OLIMPÍADAS 2016


Como agentes catalisadores do cenário otimista que vem se desenhando para o setor de turismo no
Brasil, surgem os dois megaeventos a se realizar nos próximos anos: a Copa do Mundo FIFA em
2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

Esta será a quarta vez que um país é sede de ambos os eventos no mesmo período, e apenas a
segunda vez em um país em desenvolvimento.

Após o anúncio dos dois megaeventos, o país ganhou visibilidade internacional que se reflete em
vários setores. Em 2010, por exemplo, houve 50 shows internacionais no país, e em 2011 o
calendário contava com mais de 100, segundo reportagem da revista Época de 16/09/2011.



Copa 2014

Segundo estudo da Ernst & Young (“Brasil Sustentável- Impactos Socioeconômicos da Copa 2014”,
publicação em 2010), a Copa realizada na Alemanha em 2006 atraiu 3,4 milhões de expectadores
aos estádios, gerou 5 milhões de pernoites de turistas locais e estrangeiros, 18 milhões de visitas às
áreas de lazer circundantes e estimativa de mais de 26 bilhões de telespectadores acumulados.Na
África do Sul em 2010,estima-seum total 30 bilhões de telespectadores. Segundo o mesmo estudo,
a edição Brasileira deverá atingir números ainda superiores, e estima-se que o fluxo receptivo no
país durante todo o ano de 2014 será 50% maior do que foi em 2010, alcançando 7,8 milhões de
turistas estrangeiros.




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A Copa de 2014 no Brasil será realizada em 12 cidades sede – um número elevado em relação ao
padrão para Copas do Mundo – trazendo grande exposição externa para estas cidades brasileiras.
Entretanto, o fator que deverá trazer maior impacto nos fluxos turísticos doméstico e receptivo serão
os elevados investimentos que o país vai realizar em infraestrutura e qualidade dos serviços
turísticos, fruto dos preparativos para o evento.

De acordo os diversos estudos já efetuados sobre o tema, por instituições como o Ministério do
Turismo e a Fundação Getúlio Vargas, háboas possibilidades de potencialização dos investimentos
efetuados, através de um efeito multiplicador sobre a atividade econômica, não só devido ao efeito
de investimento direto público e privado como também através de uma cadeia de efeitos indiretos e
induzidos, desde que seguidas as medidas e procedimentos adequados.

Estudo do Ministério dos Esportes em parceria com a empresa de consultoria ValuePartners
(“Impactos econômicos da realização da Copa de 2014”, Março/2010) estima que a Copa gere um
impacto direto de R$ 9,5 bilhões ao turismo, através dos 600 mil turistas estrangeiros que virão,
gerando divisas de R$ 3,9 bilhões, e 3,1 milhão de turistas nacionais, gerando R$ 5,5 bilhões. Esse
estudo estima investimentos diretos que impactam o turismo em mais de R$ 47 bilhões, e um
impacto total sobre o PIB brasileiro de mais de R$ 180 bilhões.




Dos R$ 47,5 bilhões em impacto direto, os investimentos em infraestrutura somam R$ 33 bilhões,
representando aproximadamente 70% do total. Turismo e Consumo respondem pelos R$ 14,5
bilhões restantes, conforme gráfico abaixo:




                                                                                                                    22
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Parte significativa dos investimentos em infraestrutura civil será destinada aos estádios, incluindo 6
reformas de grande porte e a construção de 6 novos, totalizando R$ 6,3 bilhões:




Mesmo antes da realização da copa, os impactos na imagem brasileira como país hospedeiro de
eventos esportivos já podem ser sentidos. Segundo a revista Examede novembro/2011, utilizando
dados da Sport+Market, a aproximação dos dois megaeventos fez com que o número de feiras e
eventos relacionados ao esporte quintuplicasse, passando de 30 em 2010 para os 148 previstos
para 2011.




                                                                                                                    23
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Além dos impactos diretos e indiretos dos investimentos, existem diversos benefícios intangíveis,
mas que influenciam positivamente os fluxos turísticos:

        Fortalecimento da imagem brasileira como um pólo turístico, com infraestrutura
        adequada, bons produtos e serviços turísticos e capacidade organizacional para receber
        grandes eventos internacionais;
        Salto de qualidade dos produtos e serviços oferecidos por todos os prestadores da cadeia
        turística, particularmente nas cidades sede;
        Criação e/ ou reforço da imagem de atratividade para turismo das cidades sede e suas
        regiões ao nível internacional, pela exposição na mídia e pelo “boca-a-boca” dos turistas,
        contribuindo para descentralizar o fluxo receptivo e incrementar o interno;
        Aumento do nível de “cosmopolização” das cidades sede, contribuindo para torná-las
        locais mais receptivos aos turistas estrangeiros.



Olimpíadas 2016

Ao contrário da organização de uma Copa do Mundo, onde várias cidadessede passam por um salto
em investimentos e exposição, as Olimpíadas têm o propósito de converter uma única cidadesede
numa metrópole mundialmente conhecida e admirada, estabelecendo um novo posicionamento da
cidade na rede global de turismo. Essa foi a estratégia adotada por Barcelona, Sidney e Beijing.

Segundo oestudo ”Plano Aquarela 2020”, publicado em 2009 pelo Ministério do Turismo, estima-se
que as Olimpíadas de Sidney levaram ao país um número adicional de 1,7 milhão de turistas entre
1997 e 2004, que gastaram mais de US$ 3,4 bilhões. Além disso, a marca “Austrália” avançou o
equivalente a 10 anos. O estudo também cita um relatório elaborado em 1998 onde consta que
45% dos norte-americanos viajantes em potencial se diziam mais propensos a visitar a Austrália nos
próximos quatro anos como resultado direto da escolha de Sidney para sediar as Olimpíadas.

A estimativa calculada pela Beijing Olympic EconomicResearchAssociation é de que cerca de 600
mil turistas viajaram de fora da China e de que cerca de 2,5 milhões deles das mais diversas regiões
chinesas durante os jogos. Ainda é esperado um crescimento de 8% a 9% na quantidade de turistas
em Pequim no período 2009-2018.

Segundo o Plano Aquarela Brasil 2020, estima-se que os jogos de 2012 em Londres devam gerar
ganhos da ordem de US$ 3,4 bilhões (câmbio de julho/2011) para o Reino Unido.

Para o caso brasileiro, um estudo da FIA encomendado pelo Ministério dos Esportes (“Estudo de
impactos socioeconômicos potenciais da realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro
em 2016”, setembro/2009) aponta a estimativa de chegada de 380 mil visitantes estrangeiros ao Rio
durante as Olimpíadas em 2016, que devem gastar em hospedagem, alimentação, comércio e
serviços em torno de US$ 152 milhões. É esperado, além disso, um impacto considerável na
imagem da cidade e na sua atratividade como pólo de turismo de lazer e de negócios.




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D.      OFERTA E DEMANDA DO SETOR DE TURISMO


Nos últimos anos, uma convergência de fatores positivos macroeconômicos, demográficos e
socioeconômicos criou as condições para que uma demanda latente se materializasse numa
explosão de consumo turístico, refletida nas viagens domésticas, ao exterior, desembarques
nacionais, ocupação hoteleira, aluguel de veículos e outros. Segundo dados IPC Target, o potencial
de consumo para despesas de viagens no Brasil teve aumento médio composto de 25% ao ano,
entre 2003 a 2010, quando alcançou R$ 36 bilhões. Além disso, a o crescimento da
economiaimpulsiona também o turismo de negócios interno e o receptivo, com a crescente
quantidade de eventos de negócios locais e internacionais realizados no Brasil.

Naturalmente, o mercado não é composto só por demanda, e a oferta de serviços e produtos
turísticos tem aumentado tanto em quantidade como em qualidade ao longo dos últimos anos. Neste
sentido, infraestrutura é um limitante ao crescimento. A iniciativa privada tem contado com um
crescente esforço governamental para coordenar ações nas áreas de financiamento, suporte à
qualidade da gestão, formação de mão de obra e visibilidade do Brasil no exterior.

Como mostraremos nos próximos tópicos, o momentum da demanda turística deve continuar forte
nos próximos anos, inclusive com os impulsos dos megaeventos de 2014 e 2016, que deverãodeixar
um legado significativo na oferta de infraestrutura, produtos e serviços turísticos e visibilidade
nacional no exterior.

A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação direta no PIB baixa se comparado a
outros países, de acordo com dados do Euromonitor e FMI:




Fluxos turísticos




                                                                                                                   25
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A demanda turística contempla três fluxos turísticos, descritosem função do sentido que possuem
em relação às fronteiras do país:
                                                                                                                   B
      Fluxo doméstico refere-se às movimentações turísticas com
      origem e destino dentro do Brasil (A);
      Fluxo internacional emissor refere-se às movimentações de
      turistas com origem no Brasil com destino o exterior (B);                                             A
      Fluxo internacional receptivo refere-se às movimentações de
      turistas com origem em outros países e com destino o Brasil (C).
                                                                                                                   C

Fluxo turístico doméstico

O mercado turístico doméstico tem crescido sistematicamente, sustentando a demanda em
momentos em que a conjuntura externa apresentou-se desfavorável.

O número de viagens domésticas é um dos indicadores do vigor da demanda turística e tem
crescido nos últimos anos a uma taxa média anualizada de 6%. Para os próximos anos, o MTur e
FGV, no estudo “Turismo no Brasil, 2011- 2014”,consideram três cenários para o processo de
crescimento, desenvolvimento e de melhoria da competitividade turística no período de 2010-2014.
O mais favorável – “acelerado” (C1); o intermediário – “moderado” (C2); e o de menor crescimento –
“inercial” (C3).

Pela alta correlação entre as viagens domésticas e o desenvolvimento econômico, os cenários C1 e
C2 resultam nas mesmas projeções para o volume das viagens domésticas. Apenas no caso de
crescimento inercial é que as viagens perderiam ritmo.




Um importante indicador do vigor do fluxo turístico doméstico é o desembarque de passageiros nos
aeroportos brasileiros, que tem crescido a uma taxa anualizada média de 12%. Conforme demonstra
o gráfico abaixo, mesmo o crescimento esperado para o cenário mais otimista projetado pelo



                                                                                                                   26
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MTur(C1), subestimou o número de desembarques ocorridos em 2010, indicando uma resposta
mais sensível deste indicador às condições econômicas favoráveis no ano.




Outro setor de destaque é o de cruzeiros marítimos. Embora não seja totalmente um fluxo
doméstico – dos 793 mil turistas na temporada 2010/2011, 12,5% foram estrangeiros – o número de
cruzeiristas que viajam no Brasil cresceu a um taxa média composta de 34% ao ano nos últimos 6
anos, segundo estudo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e FGV Projetos.
Dos brasileiros, 61% são do estado de São Paulo.




Outro setor que reflete o crescimento da demanda (doméstica e receptiva internacional) é o
hoteleiro, onde, segundo estudo do BNDES sobre perspectivas do setor no Brasil, tem mostrado


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aumento na taxa de ocupação nos últimos anos, após um período pressionado pela retração da
demanda e, em alguns dos principais destinos turísticos do país, pelo excesso de oferta promovido
pela intensa construção de apart-hotéis. Outro índice com crescimento acentuado é o RevPAR
(revenue per availableroom) – índice que combina taxa de ocupação e valor da diária média paga.




Fluxo turístico internacional emissivo

O crescimento econômico brasileiro e o consequente aumento da renda discricionária das famílias,
descritos anteriormente, também impulsionam o fluxo de turistas brasileiros para o exterior, que tem
sido amplificado consideravelmente pela valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos.

Segundo Business Monitor International (BMI)no seu relatório “BrazilTourismReport Q3 2011”, em
torno de 5,6 milhões de brasileiros deveriam viajar em 2011 ao exterior. Em 2010, cada turista
brasileiro gastou em média US$ 2.610 no exterior, quase três vezes mais que o gasto médio de um
turista estrangeiro no Brasil, totalizando US$ 14,6 bilhões. Esse número pode refletir os gastos com
compras desproporcionalmente maiores realizados pelos turistas brasileiros.

Em 2010, 44% dos turistas brasileiros que foram para o exterior tiveram como destino países da
América Latina, especialmente a Argentina, refletindo alto grau de intercâmbio comercial e das
ofertas de produtos de turismo dirigidos para o país vizinho.




                                                                                                                     28
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Fluxo Turístico Internacional Receptivo

A entrada de turistas estrangeiros no Brasil atingiu um patamar em 2005, manteve-seestável até
2009 e deu sinais de iniciar uma recuperação em 2010. O ritmo dessa recuperação depende em
parte da atratividade turística do Brasil, tanto em lazer como para negócios, e também da qualidade
dos serviços e infraestrutura. O MTur e FGV projetam 3 cenários para o crescimento do fluxo
receptivo até 2014, baseados em projeções da taxa de câmbio, crescimento do PIB mundial, fluxo
turístico internacional e assentos oferecidos.

No lado da atratividade brasileira, os seguintes fatores são geralmente apontados entre aqueles que
defendema perspectiva de cenário mais otimista:

        O Brasil é um país com reconhecidas belezas naturais e também com crescentes
        atrativos culturais, culinários e de lazer em geral;
        O país sediará um número crescente de eventos esportivos, culturais e de negócios nos
        próximos 5 anos;
        O governo, através do MTur, tem aumentado seus esforços de promoção e de
        comunicação do turismo no exterior.


As metas contidas no Plano Aquarela 2020 do MTur contemplam um crescimento de 113% entre
2010 e 2020 para a chegadas de turistas ao país.




                                                                                                                    29
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No entanto, apesar da expectativa positiva, dados da Organização Mundial do Turismo e do MTur
indicam que, com os 4,8 milhões de turistas estrangeiros recebidos em 2009, o Brasil ficou na 45ª
colocação mundial, atrás de países como Turquia (7º lugar), Malásia (9º), México (10º) e Áustria
(11º), e empatado com a Argentina, apesar das diferenças em tamanho geográfico e populacional
entre os dois países.

Dessa forma, o Brasil ainda tem um longo caminho para se aproximar dos níveis de países como a
Argentina, Chile, México e África do Sul, conforme demonstrado abaixo.




                                                                                                                  30
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Outro indicador do grande espaço para crescimento são as divisas geradas pelo setor no Brasil, que
o WTTC estima em US$ 6,58 bilhões em 2011, nos colocando apenas no 42º lugar num ranking de
181 países, para uma economia queé a 7ª no mundo atualmente.

Quanto a destino, houve uma desconcentração no fluxo de passageiros internacionais nos principais
aeroportos brasileiros nos últimos anos, embora modestos. De 2003 a 2010, segundo relatórios da
Infraero, Guarulhos passou de 70% para 65% dos passageiros internacionais, enquanto Brasília
passou de praticamente nada a 1,3%, Manaus de 0,4% para 1,0%, Confins de 1,0% para 1,9% e
Porto Alegre de 1,7% para 2,8%.

Prestadores de Serviços

A prestação de serviços turísticos no Brasil ainda é considerada uma atividade com grande nível de
informalidade. O Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos – Cadastur – tem
apresentado um crescimento consistente no número de prestadores, reflexo da obrigatoriedade do
cadastro a partir de 2008. Em 2009, havia 36.846 prestadores cadastrados, um aumento de 6%
sobre o ano anterior.

Em termos de emprego, o IPEA estima uma queda lenta, mas contínua, no nível de informalidade
para o setor, saindo de 59% em 2002, para 57% em 2009. Neste período, a participação da
ocupação do turismo na economia passou de 2,0% para 2,3%.

Em 2008, segundo o IPEA, os empregos em turismo estavam divididos na seguinte forma:

        40% em transportes;
        33% em alimentação;
        13% em alojamentos;
        5% como auxiliares de transporte;
        5% em Empresas de Turismo e;
        4% em outros.




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Segundo a 7ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), as 80 maiores
Empresas de Turismo no país faturaram em 2010 R$ 42,8 bilhões e empregaram 96 mil pessoas.
Segundo a mesma pesquisa, para o período entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009) as
empresas pesquisadas reportaram aumentos de receita de um ano para o outro entre 15% e 30%.

A cadeia de valor turística engloba diversos participantes: fornecedores de produtos de turismo,
operadoras e consolidadoras, outras Empresas de Turismo, clientes corporativos e físicos,
corretoras de câmbio, bancos, operadoras de cartão de crédito e seguradoras, que formam um elo
conforme o diagrama abaixo:




                          Corretoras de câmbio



Bancos, cartões de crédito e seguradoras


  Cias aéreas,             Consolidadoras             Agências de
                                                                                      Clientes
  hotéis etc.              e Operadoras               turismo




O caráter de intermediação de serviços que caracteriza boa parte da cadeia de valor do turismo
indica que a consolidação vertical apresenta grande potencial de ganhos tanto em eficiência –
menos interfaces, refletindo em menores custos – quanto em qualidade do serviço – maior controle
sobre todos os elos da cadeia, do prestador de serviço ao canal que tem contato com o cliente final.

    Empresas de Turismo

 É uma indústria bastante pulverizada no Brasil, com 12.784 empresas cadastradas em novembro
de 2011 no Cadastur – sistema do MTur de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no
turismo –sendo a grande maioria micro ou pequenas empresas. Essa fragmentação as torna, em
geral, o elo mais fraco na cadeia de valor, já que a maioria dos demais participantes constitui-sepor
segmentos com alta concentração, proporcionando uma assimetria a favor do poder de barganha
dos outros elos diante das Empresas.

    Fornecedores das Empresas de Turismo
        o Cias aéreas: setor altamente concentrado, com o quase duopólio Gol e TAM;
        o Hotéis: setor com concentração crescente, onde cadeias nacionais e estrangeiras, com
           maior acesso a crédito, avançam na sua participação de mercado;
    Agências consolidadoras: setor não tão concentrado quanto o de cias aéreas, mas cujos
    participantes têm poder de barganha muito superior às outras categorias de Empresas de
    Turismo, com melhor acesso aos bancos, seguradoras, corretoras de câmbio e até nas Cias
    Aéreas.
    Bancos, cartões de crédito e seguradoras: setores concentrados e com tendências a
    acentuação.Empresasde menor porte tendem a ter dificuldades para levantar recursos junto aos
    bancos ou negociar taxas de intermediação com cartões de crédito;
    Corretoras de câmbio: indústria também em processo de consolidação, com grandes empresas
    estrangeiras entrando no mercado brasileiro através de aquisições;
    Clientes



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        o   Cliente final pessoa física: aumento do poder de barganha sobre as Empresas pelo
            crescimento das alternativas online de turismo e acesso direto aos fornecedores de
            serviços turísticos (turistas independentes), além da crescente fragmentação da
            demanda, que dificulta o acesso à segmentação mercadológica;
        o   Clientes corporativos: segmento com margens declinantes para as Empresas devido ao
            tamanho dos clientes e pelo serviço ser cada vez mais negociado em áreas de compras
            mais agressivas.

Esse ambiente competitivo favorece um movimento de concentração das Empresas de Turismo, que
seria uma contrapartida ao menor poder individual, possibilitando mais poder de barganha na
negociação com bancos, operadoras, fornecedores turísticos e clientes corporativos.

Outra possibilidade de ganhos é através da consolidação horizontal, onde Empresas que atendem
distintos segmentos e geografias se unem. Embora bem menos frequente, essa configuração
possibilita atingir vários segmentos da demanda turística, que valorizam abordagens e serviços
específicos,reduzindo flutuações sazonais na receita e ineficiências nas interfaces, além de
possibilitar fluxos “internos”, onde certas regiões agem como emissoras de turistas, que serão
servidos também por receptivos pertencentes ao mesmo grupo.

Pode-se esperar também uma verticalização no setor, com empresas agregando mais de um elo da
cadeia, como, por exemplo, unir operadoras, consolidadoras e outras Empresas de diversos
segmentos de atuação com corretoras de câmbio,corretoras de seguros, entre outros. Nesse caso o
ganho principal seria nas interfaces entre cada elo da cadeia e no maior controle sobre a qualidade
do serviço como um todo.

Segundo pesquisa do MTur, no primeiro semestre de 2011 as Empresas de Turismo reportaram
uma expansão dos negócios em 70%, sendo que 76% dessas Empresas planejavam investimentos
para o segundo trimestre, refletindo o bom momento atual e o otimismo para o curto prazo.
Entretanto, segundo outro estudo do MTur sobre hábitos de consumo do turista em 2009, dos que
compraram serviços de turismo, apenas 24,5% os fizeram através de Empresas, indicando um
grande potencial de penetração.

A região Sudeste concentra 48% das Empresas registradas, seguida pela região Sul com 22%,
Nordeste com 16%, Centro-Oeste com 9% e Norte com 5%. Essa distribuição reflete o peso das
regiões como emissores de turistas no país.

Há vários subsegmentos de Empresas de Turismo em função da motivação principal do viajante ou
da sua posição na cadeia de valor; entretanto, muitas atendem a mais de um segmento como forma
de minimizar sazonalidades na demanda e também como forma de otimizar estruturas de
atendimento e vendas. A seguir, vamos apresentar em breve descritivo de cada um desses
subsegmentos.



Agências de Turismo Receptivo

 Por definição, não trabalham com a emissão de turistas para outras localidades. Restringem-seà
recepção de viajantes e em atividades complementares como reserva de hotéis, tickets para shows
e eventos, transportes de passageiros e realização de passeios turísticos no destino, sendo parte
importante nos fluxos turísticos doméstico e receptivo internacional. Algumas Empresas de maior


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porte fecham acordos diretamente com Empresas emissoras nos respectivos países e repassam
alguns serviços para as chamadas Receptivas, que organizam apenas translados e passeios.

A sazonalidade da demanda no turismo de lazer torna bastante flutuante a receita para essas
empresas, sendo agravada nos casos onde a dependência do fluxo receptivo estrangeiro é grande.
A diversificação geográfica – atendendo fluxos com sazonalidades complementares – e por
segmento – mercado corporativo e eventos de negócios – é uma alternativa de crescimento para as
receptivas.

Agências Corporativas

Empresas focadas no mercado corporativo, com volume maior de transações mas com margens
menores. Algumas empresas oferecem serviços adjacentes às viagens, como gestão do fluxo de
viagens para a empresa cliente – caso da Flytour – ou a organização dos eventos corporativos –
caso da Belvitur.

Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem Corporativas (Abracorp), em 2010
aproximadamente 75% do faturamento do setor veio da emissão de passagens aéreas. Entretanto,
o segmento que mais cresce é o de viagens de incentivos e eventos.

Agências exclusivas para o Governo

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, citando o Sistema Integrado de Administração Financeira do
Governo Federal (Siafi), os gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2011 com viagens e
deslocamentos de funcionários somou R$ 122 milhões. Esse subsegmento tem atraído a atenções
de algumas Empresas que atendem exclusivamente o governo. Entretanto, é um segmento
competitivo, cujo ciclo de contratação é longo e sob licitação.

Agências focadas em Turismo Educacional e Intercâmbio

Neste caso, o público alvo é o turista cujo objetivo principal é aprimorar seu conhecimento sobre
outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. As vendas
são consultivas, demandando nível de treinamento de pessoal acima da média do setor. Além disso,
Empresas são de porte médio para grande, pois exige capacidade de coordenação com equipes de
apoio nos vários países envolvidos nos intercâmbios.

O número de brasileiros em cursos no exterior tem crescido a uma taxa anual média de 26%,
segundo a Belta. Em 2005 contava-se pouco mais de meia centena, ao passo que para 2011 a Belta
estima que sejam ultrapassados os 200 mil. As principais Empresas de intercâmbio são a CI e a
STB, com mais de 60 lojas cada, a Experimento com 28 lojas e a World Study com 16 lojas.
Segundo o Valor Econômico, o faturamento das empresas do setor cresceu 40% entre o primeiro
semestre de 2010 e o de 2011.

Agências de Turismo de Aventura e Ecoturismo

Segmento onde os produtos são direcionados aos viajantes cuja motivação é de aventura (com
algum nível de risco controlado) de caráter recreativo e também produtos onde a preocupação em
não agredir o meio ambiente é primordial.




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Segundo estudo da EuromonitorInternational(“TravelandTourism Global Overview”, março/2011), a
categoria de turismo que mais vai crescer globalmente entre 2010 e 2015 será a de turismo a
parques nacionais.

Agências Consolidadoras

Estas são Empresasque consolidam serviços junto às cias aéreas e repassam às Empresas de
menor porte, que não são credenciadas para este fim.

Operadoras

Diferentemente das outras Empresas de turismo, as operadoras em geral não mantém contato nem
comercializam com o cliente final, o turista, mas somente com os fornecedores de serviços e
produtos turísticos. Elas adquirem os serviços, elaboram pacotes e os disponibilizam para as
Empresas de Turismo para que sejam comercializados. Entretanto, algumas desenvolvem canais de
venda no varejo, como lojas físicas ou canal eletrônico (internet) de vendas.

Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), no seu Anuário 2011,
estima-se que seus 86 associados comercializaram 85% dos pacotes turísticos no Brasil 2010 e
transportaram aproximadamente 4,8 milhões de viajantes, gerando vendas conjuntas de R$ 7,6
bilhões. Pelas estatísticas da Braztoa, o mercado brasileiro total de operadoras teria,
consequentemente, gerado vendas de aproximadamente R$ 8,9 bilhões em 2010.

Algumas operadoras utilizam lojas como canal de vendas no varejo para seus produtos. O uso de
sistemas de franquias acelera expansão das lojas, mas pode trazer riscos pela redução do controle
sobre o próprio canal de vendas.

Organizadores de Feiras e Eventos

O setor de empresas organizadoras de eventos é caracteristicamente pulverizado e informal,
composto por 90% de micro ou pequenas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de
Eventos (ABEOC). Não há estatísticas confiáveis sobre o setor, mas, segundo o “Anuário Brasileiro
das Promotoras e Organizadoras de Eventos”, em 2008 havia 6 mil empresas organizando 319 mil
eventos/ano no país, nem todos relacionados ao turismo.

Além disso, há uma grande diversidade em tamanhos, desde empresas iniciadas por ex-
funcionários que passam a organizar os eventos corporativos para o antigo empregador, até
grandes como a Reed ExhibitionsAlcantara Machado, joint venture constituída em 2007, que
segundo seu presidente, espera realizar 42 feiras em 2011 e 2012, com investimentos de R$ 100
milhões. Em 2011 suas feiras hospedarão 6 mil expositores e receberão 4 milhões de visitantes. A
empresa, que informa ter faturado US$ 150 milhões no Brasil em 2010, ainda segundo seu
presidente, tomou a decisão estratégica de diversificar geograficamente, e deve destinar pelo menos
25% dos seus negócios para o Nordeste nos próximos anos.


Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Hospedagem

Diferentemente dos meios de transporte, a hotelaria está inteiramente vinculada à demanda
turística. Os meios de hospedagem se compõem por hotéis, pousadas e hospedarias, que prestam
serviços basicamente para os vários segmentos de turistas.



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Segundo estudo setorial do BNDES, o mercado brasileiro de hotelaria tem baixa concentração,
sendo que os 20 maiores grupos de hotelaria por quantidade de quartos, que administram mais de
500 hotéis, ofertam apenas 19% das unidades habitacionais hoteleiras.

Relatório da Hotel InvestmentAdvisors (HIA) e da Horwath HTL, citados em estudo do BNDES em
agosto de 2007, afirma que existiam no Brasil 7.153 hotéis e flats em 2007, totalizando 359 mil
quartos. Já em julho de 2010, segundo estudo publicado pela Jones Lang LasalleHotels, “Hotelaria
em números Brasil 2010”, havia 9.524 hotéis e flats no país (incluindo condo hotéis), totalizando 441
mil quartos. Segundo documento do MTur, estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão em
hotelaria até Copa de Mundo de 2014 e um crescimento anual de 7% para onúmero total de
estabelecimentos hoteleiros no período.




Uma característica importante do fluxo turístico doméstico é o fato, capturado em uma pesquisa da
FIPE em 2007, de que a maioria dos turistas brasileiros em viagens de lazer hospeda-se em casa
de amigos ou parentes, sendo queapenas 23% hospedaram-se em hotéis. No turismo de negócios,
por outro lado, a penetração dos hotéis é bem maior, tendo atingido 60% dos viajantes.




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Assim, a segmentação da demanda em 2009, segundo a Jones Lang LaSalle, mostrou uma
concentração de 50% nos clientes corporativos para os hotéis e flats urbanos.




Há uma forte concentração de quartos na região Sudeste, com 47%, seguido por Nordeste e Sul
com 21% cada, Centro-Oeste com 8% e Norte com 3%.

Em linha com esses dados, o estudo da Jones Lang LaSalle indicou que existiam, em julho de 2010,
153 projetos hoteleiros em construção ou em fase adiantada de planejamento e que serão afiliados
às principais redes hoteleiras que operam no país, adicionando 24.147 novos apartamentos à oferta
atual, concentrados nos segmentos econômico e superior. Isso representaria um acréscimo de
apenas 5,5%.



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Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Transporte

Transporte Aéreo

As maiores companhias aéreas operando no mercado doméstico brasileiro, em número de assentos
instalados em dezembro/2011, segundo anuário ANAC 2010, são: TAM com 26.859: Gol: 21.155;
Azul: 2.948; Trip: 2.740; Avianca: 1.946; Pantanal: 819 e; Passaredo: 637.

Portanto, o transporte aéreo de passageiros no Brasil é bastante concentrado, quase um duopólio,
onde as duas empresas principais tiveram, nos vôos domésticos em 2010, 83% e 82% dos assentos
quilômetros oferecidos (AKS) e dos passageiros quilômetros transportados, respectivamente,
segundo o relatório anual ANAC. Portanto, desempenho dessas duas companhias reflete em grande
parte o que acontece no setor como um todo.

Abaixo, alguns dados sobre a Gol Linhas Aéreas:

    37% de participação de mercado (jul/2011);
    Faturamento de quase R$ 7 bilhões em 2010.
    115 aeronaves;
    18,7 mil funcionários.

Dados sobre a líder de mercado, a TAM:

    45% de participação de mercado;
    Faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2010;
    157 aeronaves em operação.

Neste setor, vemos o impacto do crescimento da demanda turística com bastante clareza. Segundo
a ANAC, de 2002 a 2010 houve um aumento de 153% no Passageiro Quilômetro Pago
Transportado (RPK) (1 RPK = 1 passageiro pagante que voou por 1 km) para vôos domésticos.
Também segundo a ANAC, de julho de 2010 a junho de 2011, o preço médio das passagens aéreas
no Brasil foi o menor desde o início da série histórica, em 2002, contribuindo para o aumento da
demanda.



Transporte Terrestre

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o transporte rodoviário de
passageiros no Brasil é responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de
usuários/ano. O transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva
de usuários nas viagens de âmbito interestadual, segundo o MTur e FGV. Embora perdendo
mercado ao longo dos últimos anos, conta com um faturamento anual superior a R$ 2,5 bilhões,
utilizando 13.400 ônibus, conforme o Anuário Estatístico da ANTT. O desembarque de passageiros
em transporte rodoviário coletivo para percursos acima de 75 km, indicador utilizado pelo Plano
Nacional de Turismo, mostra uma queda de 12% entre 2004 e 2008. Segundo estudo realizado pela
Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, em relação ao transporte
turístico, o setor opera hoje com uma demanda a 20% da registrada em 1985. Essa perda é



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concomitante não somente com o aumento expressivo do número de veículos licenciados e de
veículos locados a partir de 2003, o que poderia explicar parcialmente o comportamento da
demanda segundo o MTur e FGV, como também o aumento da oferta e redução das a tarifas
aéreas para viagens de longa distância,o que incentivou parte dos viajantes a trocar o ônibus pelo
avião.

Por outro lado, o mercado de locação de veículos vem crescendo com taxas de dois dígitos. No
período de 2003 a 2010, segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), a
frota teve um CAGR de 12% e o faturamento um CAGR de 11%.

Em 2010, 56% das locações tiveram como objetivo a terceirização de frota, 24% o turismo de
negócios e 20% para o turismo de lazer.




Segmentação por classe de demanda

Em pesquisa realizada pelo MTur e FIPE em 2007, o lazer foi a motivação principal para viagem
doméstica declarada por cerca de dois terços dos entrevistados, seguida por negócios com 24% e
outros motivos com 9%.

Turismo de Lazer

O turismo de lazer é, por definição, composto por viagens motivadas pela busca do entretenimento
em praias, campo, em cidades com ricos acervos culturais, históricos ou naturais, em parques
temáticos, em resorts que ofereçam serviços especializados ou diferenciados, visitas a parentes e
amigos. Há um alto grau de viagens discricionárias nesse segmento, ou seja, a demanda é muito
influenciada pela renda disponível das famílias e da atratividade do turismo como consumo.




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A.T. Kearney Ltda.       Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201   55 11 3040 6200
                                Management Consultants   04534-000 São Paulo-SP             55 11 3168 3709 Fax
                                                         Brasil




Segundo estudo da EuromonitorInternational (“TravelandTourism Global Overview”, março/2011), as
vendas no varejo de turismo de lazer a nível global em 2010 foram três vezes maiores que as
corporativas, o que deve se manter até 2015, onde deve atingir aproximadamente US$ 600 bilhões.

Em pesquisa do MTur e FIPE, os principais motivos dos turistas nas viagens de lazer domésticas
foram: a visita a parentes/amigos; sol e praia; compras pessoais; turismo cultural e; diversão
noturna.

Algumas características distinguem o turista doméstico de lazer do de negócios, também levantadas
pelo estudo do MTurFIPE:

    As viagens de lazer usam automóvel em 50% dos casos, enquanto as de negócios em 36%. Em
    contrapartida, viagens de negócios usamo avião em 22% dos casos, contra apenas 8% das de
    lazer;
    Em mais da metade das viagens a lazer o turista se hospeda na casa de amigos e parentes,
    indicando uma grande oportunidade para o setor hoteleiro;
    92% dos turistas alegam não ter usado os serviços das Empresas de Turismo para organizar a
    sua principal viagem, indicando também uma grande oportunidade para as empresas do setor
    aumentar sua penetração.



Turismo de Negócios

O turismo de negócios trata das viagens onde a motivação seja algum compromisso de natureza
profissional, o que inclui participação em congressos, seminários, feiras e etc.

Em 2007 foram realizadas 37 milhões de viagens domésticas motivadas por negócios, segundo o
MTur. O dinamismo do turismo de negócios no Brasil pode ser comprovado pelo desempenho do
segmento corporativo das Empresas de Turismo, incluindo as operadoras. Segundo a pesquisa
“Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas”, encomendada pela Associação Brasileira de
Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV), o setor de viagens corporativas cresceu 20% em 2010,
movimentando R$ 21 bilhões.

O mercado crescente tem estimulado a consolidação no Brasil, exemplificada pelo anúncio em
novembro da aquisição de 100% da Net Tour pela CarlsonWagonlitTravel (CWT), a maior empresa
do mundo de turismo corporativo. Segundo seu presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico,
coma aquisição a CWT deve faturar em torno de R$ 1,5 bilhão em 2012.

Já o fluxo receptor internacional de turistas estrangeiros em viagens de negócios, segundo o MTur
baseado em dados do WTO, veio apresentando uma queda leve a partir de 2005, que se acentuou
em 2009, impulsionado principalmente pela crise financeira nos principais países emissores. Em
2010 houve uma recuperação nos níveis de entrada de turistas estrangeiros no Brasil, e estudos da
MTur e FGV estimam que a proporção relativa a viagens de negócios, que estava em patamares de
29% até 2005 e chegou a 23% em 2009, deva retornar gradativamente aos 29%. Além disso, a
crescente importância brasileira no contexto econômico mundial, aliada ao crescente número de
eventos de negócios internacionais sediados no Brasil, reforça a atratividade do país.




                                                                                                                  40
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                                                         Brasil




Eventos de Negócios

O Brasil tem se desenvolvido nos últimos anos como destino de eventos de negócios internacionais.
Segundo o InternationalCongressandConventionAsssociation (ICCA), passou de 62 em 2003 para
275 eventos em 2010, ocupando por 3 anos a 7ª posição mundial.




Apesar de estar concentrada em São Paulo, que sediou 75 eventos em 2010, a quantidade de
cidades brasileiras nesse grupo passou de 22 para 45 nesse período, caracterizando uma
desconcentração, distribuindo os ganhos por outras capitais brasileiras.




                                                                                                                  41
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Em 2008, os 254 eventosICCA contaram com 64.500 participantes não-residentes no Brasil,
segundo o EMBRATUR. Os segmentos mais importantes em número de participantes foram
Tecnologia e Meio Ambiente (46%), Médico (38%), e Educação Social e Esporte (12%).

Segundo estudo da EMBRATUR (2008/2009), o turista estrangeiro que chega ao Brasil para
participar de evento associativo tem gasto diário médio de US$ 280, contra apenas US$ 68 para o
turista de lazer.




Intercâmbio e outros Relacionados à Educação

O turismo emissor de intercâmbio, ou educacional, é aquele em que o objetivo principal do turista é
aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em
cursos curriculares ou não. O aumento da internacionalização do Brasil, onde cada vez mais as
empresas valorizam experiências internacionais no recrutamento de jovens, além do câmbio
favorável, têm contribuído para este ser um dos segmentos de maior crescimento atualmente.

Segundo a BrazilianEducational&LanguageTravelAssociation (Belta), que diz representar 90% do
mercado das Empresas para turismo de intercâmbio, os cursos de intercâmbio disponíveis no
mercado em geral envolvem: cursos colegiais (jovens de 15-18 anos), idiomas, idiomas combinado
com interesses específicos, para professores, terceira idade e programas de férias.




A nível mundial, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), atualmente 3 milhões de estudantes realizam estudos no exterior, que, estima-se, atingirá
10 milhões em 2025.




Outros Motivos de Viagem


                                                                                                                   42
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  • 2. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil ÍNDICE 1. Introdução ................................................................................................................................... 2 2. Apresentação da Companhia .................................................................................................... 6 3. Análise do mercado de turismo no Brasil .............................................................................. 11 A. Introdução ............................................................................................................................. 11 B. Contexto social e macroeconômico ................................................................................... 12 C. Megaeventos – Copa 2014 e Olimpíadas 2016 ................................................................... 21 D. Oferta e demanda do setor de turismo ............................................................................... 25 E. Serviços financeiros no turismo ......................................................................................... 49 4. Viabilidade Econômica da Brasil Travel ................................................................................. 58 A. Metodologia de avaliação .................................................................................................... 58 B. Descrição e análise da amostra .......................................................................................... 66 C. Composição dos Resultados .............................................................................................. 77 D. Taxa Interna de Retorno (TIR) e Análises de Sensibilidade ............................................. 81 E. Premissas utilizadas e Fatores Limitantes ........................................................................ 83 F. Conclusões ........................................................................................................................... 84 1
  • 3. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil 1. INTRODUÇÃO O presente estudo de viabilidade econômico-financeira (“Estudo de Viabilidade”) da Brasil Travel Participações e Administração S.A. (“Brasil Travel” ou “Companhia”), empresalocalizada na Rua Fidêncio Ramos, nº 195, conjunto 15, 1º andar, Vila Olímpia, CEP 04551-010 e inscritano CNPJ sob o nº 13.503.515/0001-56, é apresentado nos termos da Instrução nº. 400, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada, da Comissão de Valores Mobiliários (“Instrução CVM 400” e “CVM”, respectivamente), no âmbito do pedido de registro de uma oferta pública primária e secundária de ações ordinárias da Companhia (as “Ações”), a ser conduzida pela Companhia e pelos Acionistas Vendedores (“Oferta”). As informações aqui incluídas não dispensam a leitura do Formulário de Referência da Companhia (“Formulário de Referência”) e dos Prospectos Preliminar e Definitivo relacionados à Oferta (“Prospectos”), incluindo aquelas constantes das Seções 4.1 “Descrição dos Fatores de Risco” e 5.1“Descrição dos Principais Fatores de Risco de Mercado” do Formulário de Referência (“Formulário de Referência”) e da Seção “Fatores de Risco” dos Prospectos. Este Estudo de Viabilidade foi preparado pela A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda (“A.T. Kearney”) em conjunto com a Companhia com base em informações públicas, informações financeiras auditadas e outras informações fornecidas pela Brasil Travel e pelas empresas de turismo (“Empresas de Turismo” ou “Empresas”) que irão compor o portfólio da Companhia, visando passar um maior entendimento sobre o modelo de negócios da Companhia e fornecer subsídios que atestem sua viabilidade econômico-financeira. As premissas, estimativas e expectativas futuras aqui contidas têm por embasamento, em grande parte, as expectativas atuais e tendências que afetam ou podem potencialmente vir a afetar os negócios operacionais da Companhia. Embora acreditemos que estas estimativas e declarações futuras encontram-se baseadas em premissas razoáveis, estas estimativas e declarações estão sujeitas a diversos riscos, incertezas e suposições e são feitas com base nas informações de que atualmente dispomos. Tais estimativas e expectativas podem ser influenciadas por diversos fatores, incluindo, exemplificativamente: Intervenções governamentais, resultando em alteração na economia, tributos, tarifas ou ambienteregulatório no Brasil; Alterações nas condições gerais da economia, incluindo, exemplificativamente, inflação, taxas dejuros, câmbio, nível de emprego, crescimento populacional e confiança do consumidor; Alterações significativas nas condições da indústria de turismo, tais como aumento da penetração do setor, demanda por produtos ligados a turismo, capacidade da oferta em atender a demanda, cumprimento dos investimentos anunciados para infraestrutura; Capacidade de implementação da estratégia operacional e de aquisições da Companhia, bem como capacidade de integração das Empresas de Turismo adquiridas e que a Companhia pretende adquirir; Outros fatores de risco apresentados na seção “Fatores de Risco” do Prospecto da oferta. 2
  • 4. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Os efetivos resultados da Companhia podem ser adversamente impactados e conseqüentemente comprovarem-se substancialmente diferentes das expectativas descritas neste Estudo de Viabilidade, sendo que estas estimativas não consistem a garantia de desempenho futuro da Companhia. Por conta dessas incertezas, o investidor não deve se basear exclusivamente neste documento para tomar uma decisão de investimento. Alguns dos indicadores e dados referentes à indústria de turismo apresentados neste Estudo de Viabilidade foram obtidos perante as seguintes entidades: Ministério do Turismo – Mtur, Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, Fundação Getúlio Vargas – FGV, Banco Central do Brasil (“Banco Central” ou “BACEN”), Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Ministério dos Esportes, Euromonitor, Jones Lang Lasalle hotéis, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, Infraero e Organização Mundial do Turismo – OMT e Superintendência de Seguros Privados - SUSEP. As informações contidas neste Estudo de Viabilidade em relação ao Brasil e à economia brasileira são baseadas em dados publicados pelo Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Fundo Monetário Internacional – FMI e pelos órgãos públicos e por outras fontes. Alguns indicadores da indústria de turismo, câmbio e seguros e dados demográficos utilizados neste Estudo de Viabilidade foram extraídos de fontes consideradas confiáveis. Apesar de acreditarmos que essas informações provêm de fontes confiáveis, estes dados macroeconômicos, comerciais e estatísticos não foram objeto de verificação de forma independente. As Empresas de Turismoque irão compor o portfólio da Companhia atuam em diversas áreas do setor de turismo, englobando consolidadores de passagens aéreas, corretora de câmbio, corretora de seguros, operadoras de turismo, agências corporativas (dedicadas a empresas públicas e privadas) e um portal de venda de passagens pela internet, sendo que sua receita advém principalmente de comissões recebidas pela intermediação de produtos de turismo, como passagens aéreas e diárias de hospedagem. As Empresas de Turismo (excluindo-se as operadoras) detêm relacionamento direto com seus clientes, intermediando a venda de produtos e serviços. Tal atividade tem como característica predominante a baixa necessidade de investimento, seja em ativo fixo, pessoal ou capital de giro, muitas vezes tornando métricas de retorno sobre o capital investido pouco significativas para atestar sua viabilidade econômico-financeira. O presente Estudo de Viabilidade concentra sua análise e conclui pela viabilidade econômico- financeira da estratégia de negócios proposta pela Brasil Travel para atuar na atividade de intermediação de produtos e serviços de turismo por meio da análise de sua lucratividade, mensurada pela margem de lucro líquido em percentual da receita líquida, apresentando cenários diferentes e análises de sensibilidade, bem como pela análise de mercado de seus principais segmentos de atuação. Adicionalmente, visto que a Companhia pretende desenvolver seus negócios por meio do crescimento orgânico de suas atuais subsidiárias assim como pela aquisição de outras Empresas, optou-se por apresentar o cálculo da Taxa Interna de Retorno (“TIR”) esperada na aquisição destas novas Empresas, atividade que será parte relevante da estratégia da Companhia e na qual a Companhia pretende aplicar a maior parte dos recursos primários que pretende captar na Oferta. Tal estimativa levou em consideração o preço de aquisição de Empresas por um múltiplo de lucro, tendo em contrapartida os lucros estimados ao longo de 8 anos e uma eventual venda da empresa adquirida ao final do período projetivo. A Companhia acredita que o múltiplo de lucro é o indicador adequado, pois foi o principal indicador utilizado nas negociações da Companhia para a aquisição das Empresas de Turismo além de ser amplamente utilizado em 3
  • 5. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil avaliações econômico-financeiras no setor de turismo, de varejo e outras indústrias com baixa necessidade de capital. Optamos por calcular a TIR apenas para novas aquisições uma vez que o crescimento orgânico de Empresas não envolve investimentos significativos em ativos fixos ou capital de giro tornando o calculo da TIR pouco relevante e até mesmo indutor de desinformação se considerado no contexto de crescimento orgânico das Empresas. Ao final deste relatório são apresentadas estimativas, elaboradas pela Companhia em conjunto com a A.T.Kearney, que visam demonstrar os potenciais impactos financeiros para a Companhia em decorrência da transferência, para a Companhia, das participações dos sócios fundadores(“Sócios Fundadores” ou “Fundadores”) das respectivas Empresas de Turismo. O investidor deve estar ciente que tais informações referem-se a eventos futuros e incluem estimativas, julgamentos e declarações acerca do futuro, sujeitas a riscos e incertezas relevantes e, por esse motivo, o investidor não deve tomar qualquer decisão de investimento com base em tais informações. As premissas e estimativas aqui previstas não são fatos e o investidor não deve confiar em tais premissas ou estimativas como sendo necessariamente indicativas de futuros resultados ou condição financeira da Companhia. O investidor deve estar ciente de que as premissas e estimativas previstas neste Estudo de Viabilidade podem não ser corretas, tendo em vista que dependem de diversos fatores. Todas as informações financeiras históricas da Companhia foram auditadas pelo auditor independente contratado, porém nem os auditores e nem qualquer outro auditor independente compilou, revisou ou conduziu qualquer procedimento relacionado a qualquer informação prospectiva financeira. Dessa forma, as tabelas e cálculos elaboradas neste Estudo não são, e não devem ser, consideradas demonstrações contábeis da Companhia ou das Empresas. Os potenciais impactos financeiros consistem exclusivamente naqueles que a Companhia tem conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade. Os potenciais impactos financeiros consistem exclusivamente naqueles que a Companhia tem conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade. O presente Estudo de Viabilidade se baseia em informações públicas, no entendimento e conhecimento do setor, por parte da A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda.A empresa A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda, especializada em consultoria de gestão, está localizada na Rua Joaquim Floriano, nº 72, conjunto 201, Itaim Bibi, São Paulo, SP, CEP 04.534-000 e inscrita sob o CNPJ de no 73.142.705/0001 – 17. Fundada em 1926 em Chicago, Estados Unidos, e desde 1993 no Brasil, a empresa desenvolve projetos de análise de mercado, estratégias, operações e implementação de suas recomendações, oferecendo a seus clientes um amplo leque de serviços de consultoria de alto valor agregado. As principais indústrias nas quais a A.T.Kearney atua no Brasil são: Agronegócio, Automotiva, Bens de consumo e varejo, Indústrias de processo e mineração, Instituições financeiras, Manufatura intensiva, Química e farmacêutica, Saúde, Telecomunicações e mídia, Transportes e Infraestrutura. Apresentamos a seguir o currículo das pessoas físicas e jurídicas que foram envolvidas na elaboração e/ou revisão do presente Estudo de Viabilidade: Silvana Machado (A.T.Kearney): A Sra. Machado é engenheira de produção, formada em 1992 pela Universidade de São Paulo, e cursou MBA na Universidade de Chicago, concluindo o curso em 1997. A Sra. Machado tem 13 anos de experiência em consultoria de gestão, onde desenvolveu diversos projetos de análise de mercado e planejamento estratégico. Também atuou por 5 anos como 4
  • 6. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil executiva em bancos de varejo, nas áreas de planejamento estratégico e gestão de clientes. Hoje, é Sócia-Diretora da A.T.Kearney para a América do Sul Ilnort Rueda Saldivar(A.T.Kearney): O Sr. Rueda é engenheiro mecânico, formado em 1996 pela Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha, e cursou mestrado em gestão na Universidade de St. Gallen, em 1998, na Suíça. Iniciou sua carreira no banco UBS, indo sem seguida para a A.T.Kearney, passando pelos escritórios de Zurique e São Paulo, onde atualmente ocupa o cargo de Diretor. Tem mais de dez anos de experiência em consultoria, tendo realizado diversos estudos de viabilidade de negócios e projetos de análise de mercados. Paulo Castello Branco (CEO da Brasil Travel) – Formado em Administração de Empresas pela UFRJ em 1979, concluiu cursos de extensão de (i) Marketing Aeroportuário, Administração dos Aeroportos de Paris, França, em 1981, (ii) Mercado de Capitais, na Fundação Getúlio Vargas, São Paulo em 1982, (iii) Marketing Aeroportuário, na ICAO, Boston, EUA em 1983 e (iv) Planejamento Aeroportuário, na Fundação Getúlio Vargas, São Paulo em 1986, bem como MBA em (i) Logística, na Universidade do Reno Nevada, EUA em 2002 e (ii) Estratégia e Marketing na Fundação Getúlio Vargas, São Paulo em 2009. O Sr. Paulo é nosso Diretor Presidente desde novembro de 2011. Anteriormente trabalhou como Vice Presidente Comercial e Alianças da Transportes Aéreos Marília (TAM), tendo sob sua ingerência, entre outras, a Diretoria de Vendas, Diretoria de Alianças e de Relações Internacionais, de 2004 a 2011 e, em 2005 foi Membro do Conselho Consultivo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias – SNEA. De 2001 a 2003 atuou como Vice-Presidente de Planejamento e Logística da VARIG, coordenando a malha aérea doméstica e internacional, bem como a área de Relações Governamentais. De 1991 a 1992, atuou como Vice-Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT e em 1991 atuou como Diretor de Administração e Finanças da Casa da Moeda do Brasil. De 1981 a 1989 atuou como Chefe do Departamento Comercial da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero. 5
  • 7. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil 2. APRESENTAÇÃO DA COMP ANHIA A Brasil Travel foi fundada em Maio de 2011 após a percepção dos seus fundadores que havia possibilidade de implementar uma estratégia de negócios no setor de turismo que em suas visões poderia transformar o setor. A referida estratégia prevê atuar na consolidação do setor de turismo no Brasil. Os sócios da Companhia identificaram que o setor de turismo no Brasil é composto por mais de 12 mil Empresas de Turismo, dado que é ratificado conforme detalhamento apresentado a seguir neste Estudo de Viabilidade. A tese de investimentos é que apesar de muitas das empresas dedicadas às atividades de turismo conseguirem atuar de forma lucrativa, as mesmas são individualmente pouco representativas da magnitude econômica do setor, que tem por característica um alto grau de fragmentação. O plano de negócios da Companhia prevê a consolidação deste setor por meio de crescimento orgânico e, principalmente, através de aquisições de empresas operacionais, lucrativas e, em muitos casos, líderes regionais. A idéia de uma Companhia com escala nacional e representativa no contexto setorial pode trazer grandes benefícios aos acionistas em termos operacionais, principalmente no que tange a sinergias de custo e vendas. Além disto o Brasil apresenta alto crescimento esperado para o setor nos próximos anos dado os mega eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. O governo brasileiro e o setor privado já estão realizando significativo investimento em infraestrutura em aeroportos, transportes urbanos e estádios, entre outros, para abrigar com eficiência os mega eventos e todos os demais que são atraídos por estes. Este Estudo de Viabilidade não tem como objetivo analisar e validar a tese de investimento da Companhia, mas sim analisar a viabilidade econômica da estratégia formulada por seus acionistas. Para iniciar a implementação da sua estratégia, a Companhia iniciou uma profunda análise do setor de turismo no Brasil e identificou mais de 200Empresas de Turismo, com atuação em múltiplos segmentos da indústria, momento a partir do qual iniciou a primeira fase de consolidação do setor. Deste universo foram selecionadas 35Empresas, com as quais a Companhia formalizou contratos de compra e venda que são vinculados à execução correta da segunda fase da estratégia, que é a abertura de capital da empresa. Neste contexto, a Companhia acredita que será a maior e mais diversificada rede própria de varejo de turismo brasileiro, com presença em 21 dos 26 Estados do Brasil mais o Distrito Federal. A Companhia pretende atuar em todos os segmentos relacionados ao turismo, com um grupo composto por Empresas e com presença no Brasil e nos Estados Unidos (“Grupo Econômico”) ecom uma estrutura de venda que conta com 316 lojas, das quais 267 são lojas próprias e as demais franquias. É importante destacar que fazem parte do Grupo Econômico uma corretora de câmbio e uma corretora de seguros, especializada no segmento de seguro de viagens, que prestarão serviços em caráter de exclusividade para nossas Empresas e clientes. Para efeitos deste Estudo de Viabilidade, serão considerados ainda os valores da Empresa Pegasus (Empresa com sede nos Estados Unidos e que passará a integrar o Grupo Econômico) e a operação da Empresa GapNet será dividida entre as unidades de turismo (Gapnet) e sistemas de informação (ArgoIT), que a Companhia acredita representar melhor a sua forma de operação. Nesta conjuntura, as Empresas da Brasil Travel somaram mais de R$ 87 milhões em lucro líquido no ano de 2010. 6
  • 8. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A Brasil Travel acredita estar posicionada para ser a maior Companhia de turismo nacional após a Oferta e pretende aplicar a estratégia de crescimento para se posicionar como a maior companhia do setorna America Latina e disputar posições de liderança a níveis globais. Em 2010 seria a 23ª empresa do setor de turismo no mundo por vendas segundo dados da Euromonitor. Mapa nacional com posicionamento da Brasil Travel 7
  • 9. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax No ano de 2010 e até 30 de setembro de 2011, as Empresas que integrarão o grupo após a Oferta obtiveram em conjunto um volume de vendas de R$4,39 bilhões e R$3,68 bilhões e as Empresas emitiram 3,84 milhões e 2,66 milhões de passagens aéreas, respectivamente. No ano de 2010, as empresas que integrarão o grupo após a Oferta apresentaram receita bruta de R$378,4 milhões e lucro líquido de R$ 87,04 milhões; enquanto que a margem do EBITDA e a margem do lucro líquido obtidas no mesmo período foi de 37,4% e 24,7%, respectivamente. As empresas adquiridas pela Companhia atuam de forma integrada no setor de turismo, prestando um acervo completo de produtos e serviços, conforme tabela abaixo: Corporativo Venda de pacotes para empresas abrangendo passagens aéreas, transporte terrestre, hospedagem, entre outros viabilizando a infraestrutura necessária para que os colaboradores dessas empresas possam atuar em diversas localidades Consolidador As agências consolidadoras prestam serviços para pequenas e médias Empresas que não possuem grande volume de vendas de passagens aéreas ou de reservas em hotéis, atuando como intermediadora nas negociações com as companhias aéreas ou hoteleiras, visando obter melhores condições de negociação Operador de Venda de pacotes turísticos padronizados ou customizados em vôos comerciais Turismo – Lazer regulares ou fretados para todas as regiões do Brasil, incluindo passagens aéreas, transporte terrestre ou marítimo, hospedagem e serviços de guias especializados, entre outros Receptivo Serviços de transporte, acomodação e compra de ingressos para shows e eventos [para clientes estrangeiros] Viagens Estudantis Explora a venda de pacotes de turismo estudantil no exterior Internet Venda de pacotes turísticos e de passagens aéreas pela internet Corretor de Câmbio Serviços de compra e venda de moedas, bem como de transferência e recebimento de recursos para o exterior Corretor de Venda de seguros de viagem, médico e hospitalar, entre outros relacionados ao Seguros setor de turismo A tabela a seguir apresenta a relação das Empresas adquiridas pela Brasil Travel, incluindo as áreas de atuação e os produtos oferecidos: 8
  • 10. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Relação das Empresas de Turismo adquiridas pela Brasil Travel 9
  • 11. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A Companhia manteve na gestão das empresas os sócios fundadores das mesmas. A remuneração fixa foi sensivelmente reduzida e foi introduzida remuneração variável atrelada a metas de desempenho das respectivasEmpresas. Há cláusulas contratuais exigindo a permanência dos sócios fundadores (com 27 anos de experiência no setor, em média) por pelo menos 5 anos,a partir da data de abertura de capital, na administração da Companhia e, uma vez encerrado esse prazo, devem respeitar uma cláusula de não competição por mais 3 anos. Acreditamos que essas cláusulas contratuais colaborem favoravelmente à Companhia em termos de inteligência de mercado e lucratividade das companhias adquiridas. O quadro a seguir reflete a estrutura da Brasil Travel na data de elaboração do Estudo de Viabilidade: Organograma do Grupo Econômico Brasil Travel 10
  • 12. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil 3. ANÁLISE DO MERCADO DE TURISMO NO BRASIL A. INTRODUÇÃO O Brasil presenciou dois acontecimentos nos últimos anos que, definitivamente, serão lembrados no futuro como transformadores do turismo como atividade econômica e como produto de consumo no país: o crescimento econômico robusto e ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A partir de 2005, o país presenciou a combinação de boas condições macroeconômicas, mudanças no perfil social e demográfico, crescimento do PIB e melhor distribuição de renda, o que tem resultado em nível de emprego recorde e aumentos ano a ano do crédito e do consumo das famílias. A demanda por turismo, que por muitos anos foi latente, transformou-se em real, com crescimentos significativos e consistentes em todos os indicadores de consumo, a ponto de superar a intenção de consumir eletrônicos. Pesquisa Nielsen sobre intenção de gastos, citada pelo jornal O Estado de S.Paulo em 13 de Novembro de 2011, mostra que a prioridade do brasileiro para gastar dinheiro no fim deste ano é com viagens (29%), acima de roupas (26%) e eletrônicos (25%). Em paralelo ao bom momento macroeconômico, em outubro de 2007 a FIFA anunciou o Brasil como a sede da Copa do Mundo de 2014. Exatamente dois anos depois, o Rio de Janeiro é escolhido a cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Será a quarta vez que um único país sediará esses dois megaeventos no mesmo período, e a segunda vez para um país em desenvolvimento. Estes são considerados divisores de águas para a imagem do país no exterior, com o Brasil se credenciando mundialmente como um país capaz de gerar, convergir e coordenar recursos para promover o maior campeonato do esporte mais popular do mundo e o maior encontro de atletas do planeta. Os resultados já aparecem - no último relatório “2011-2012 Country Brand Index”, da Future Brand, a “marca” Brasil subiu 10 posições entre 2009 e 2011, passando à 31ª numa lista de 113 países, registrando o maior crescimento dentre os 50 que lideram a lista. Para materializar esses projetos e ao mesmo tempo suprir a demanda crescente resultante do desenvolvimento econômico, inicia-se um período de investimentos significativos em infraestrutura, também descritos neste documento, que devem durar quase uma década. Dessa forma, a infraestrutura, até então um limitante ao crescimento da demanda turística apesar do desenvolvimento econômico, pode tornar-se um impulsionador, graças aospreparativos para os dois megaeventos. Se estes forem bem executados, o turismo para o Brasil terá condições de mudar definitivamente. 11
  • 13. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil B. CONTEXTO SOCIAL E MACROECONÔMICO O Brasil dispõe de uma quantidade e variedade de recursos naturais singulares, com reservas ambientais protegidas, praias e florestas, além de um território largamente inexplorado e a preços acessíveis, do ponto de vista dos padrões internacionais. A situação geopolítica mostra-se também favorável. A implantação da democracia e o funcionamento das instituições são plenos, o que é positivo para as decisões de investimento estrangeiro. As autoridades têm visado transmitir tranqüilidadeà comunidade internacional através da célere resolução das questões relacionadas com a segurança. A instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em diversas comunidades carentes do Rio Janeiro é um exemplo da preocupação em reduzir os níveis de violência nos principais centros urbanos nestes anos que precedem os dois grandes eventos. Adicionalmente, a população Brasileira atravessa um período de acentuada mudança demográfica, social e econômica. Após mais de duas décadas de baixo aproveitamento do potencial de desenvolvimento do país, os últimos anos vêm sendo caracterizados por um acentuado crescimento econômico, num quadro de assinalável estabilidade, que nem o impacto da maior crise financeira mundial desde 1929 conseguiu debilitar. Este fenômeno vem se sustentando na melhoria da educação e qualificações, no crescimento da população economicamente ativa e no aumento da renda disponível, bem como na redução da desigualdade social através da melhoria na distribuição de renda. Neste contexto, amplia-se o mercado de consumo interno, agora dominado por uma renovada classe média, simultaneamente mais instruída e com maior poder aquisitivo discricionário, o que a torna mais propensa ao consumo de produtos de cultura e lazer e potencializa o Brasil como pólo emergente de turismo. Fatores sociais e demográficos Em consonância com os restantes mercados emergentes de referência, como a Índia ou a China, o Brasil apresenta hoje uma estrutura etária jovem e em mutação. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média atual da população brasileira é de 29 anos, o que se compara com os 37 anos da América do Norte e os 40 anos da Europa. Números do censo demográfico de 2010 mostram que a população atingiu nesse ano os 191 milhões de habitantes, após uma taxa de crescimento anual composta de 1,9% na década que terminou em 1990, 1,5% na década que terminou em 2000 e 1,2% na década que terminou em 2010. Este crescimento continua a ser superior ao verificado nos países desenvolvidos, com a União Européia crescendo apenas 0,1% em 2010 e os EUA com um aumento populacional previsto de 1% para 2011, segundo o CIA World Factbook. 12
  • 14. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A expansão demográfica que se vem verificando deverá desacelerar nas próximas décadas, com os números do IBGE mostrando que, no longo prazo, a população do Brasil poderá fixar-se em torno dos 215 milhões, conforme demonstrado na tabela acima. O IBGE estima que o crescimentová se situar na taxa composta de 0,8% ao ano até 2020. Por outro lado, prevê um aumento da esperança média de vida na próxima década, de 73 anos em 2010 para 76 anos em 2020.Esta estabilização, em conjunto com a juventude patenteada pela estrutura etária e com o incremento da esperança média de vida, abrirá espaço para o chamado bônus demográfico. Estudo realizado pelo instituto Insper e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em02/01/2010 indicou que o Brasil já possuía um bônus demográfico em 2009, com uma média de 2 adultos para cada dependente (crianças e idosos). Segundo este mesmo estudo, o bônus demográfico brasileiro deverá continuar crescendo até 2020, quando atingirá seu auge, com adultos representando cerca 70% da população. Nesses 10 anos, as condições demográficas para o crescimento econômico do país são consideradas as melhores possíveis. Ao mesmo tempo, parece atenuar-se o perfil tradicionalmente desigual do país. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini (gráfico abaixo), que permite avaliar o desequilíbrio na distribuição de renda, caiu de 0,60 em 1995 para 0,54 em 2009. Na União Européia, situou-se, em 2009, nos 0,30, segundo dados do CIA World Factbook. Adicionalmente, vem melhorando o nível educacional da população brasileira. Segundo o IBGE, de 1995 a 2009 o número médio de anos de escolaridade passou de 5,2 para 7,2 para os brasileiros com mais de 25 anos de idade. 13
  • 15. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A existência de um bônus demográfico em conjuntocom o aumento real e melhor distribuição de renda deverão potencializar o consumo interno, constituindo assim per se em relevantes fatores de sustentação do crescimento econômico futuro. Cenário macroeconômico No seguimento da recente crise financeira, que em 2009 arrastou o crescimento econômico global para terreno negativo pela primeira vez em muitas décadas, o caminho da recuperação,ainda que abaixo do esperado,deverá ser razoável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que se situe em torno dos 4%, em 2011 e 2012 (“World Economic Outlook”, Setembro/2011). Ainda assim, a recuperação continua a efetuar-se a duas velocidades: os mercados desenvolvidos em nítido processo de estagnação e os mercados emergentes descolando de forma robusta. Nos primeiros, a generalizada transferência de alavancagem do setor privado para o público conduziu a níveis insustentáveis de endividamento dos governos, forçando os mesmos a reverter as políticas de relaxação e estímulo econômico que haviam lançado inicialmente. A correção destes fatores será necessariamente lenta e penosa, uma vez que o crescimento econômico potencial permanece reduzido. Já nos mercados emergentes, a situação fiscal e financeira mais favorável que vigorava antes do eclodir da crise, em conjunto com o crescimento do mercado de consumo interno, o que compensa a diminuição dos fluxos de comércio internacionais, torna muito mais fácil o movimento de ajustamento. Assim, um dos desafios das autoridades residirá na capacidade de evitar o sobreaquecimento das respectivas economias. 14
  • 16. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil O Brasil vem sendo justamente um dos grandes motores do forte crescimento econômico observado nos mercados emergentes. A diversidade de recursos naturais, a sofisticação da estrutura empresarial, a crescente e mais qualificada força de trabalho e o quadro de reforço das relações com grandes potências importadoras, como a China, vêm impulsionando a economia. Segundo o IBGE, o PIB aumentou 7,5% em 2010, o maior crescimento desde 1986, atingindo 3,7 trilhões de reais. Desde o lançamento do Plano Real em 1994, o país vem se beneficiando de um quadro de estabilidade política, fiscal e monetária resultante da combinação positiva de inflação controlada, redução das taxas de juros e equilíbrio da balança de pagamentos. Somados a isso, a estabilidade institucional e o respeito aos contratos têm se consolidado no Brasil, e hoje são considerados como diferenciais em relação aos outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), favorecendo investimentos externos. Segundo estimativas do FMI, pouco mais de duas décadas decorridas desde o lançamento do Plano Real, o PIB real do Brasil terá mais do que duplicado em 2016, conforme se observa no gráfico abaixo. A economia Brasileira cresceu a uma taxa anual composta de 1,6% na década de 1980 a 1990, 2,5% na década de 1990 a 2000 e 3,6% na década de2000 a 2010. Apesar das recentes revisões para baixo, o FMI estima que o crescimento do PIB brasileiro se situe sempre acima dos 3,5% nos próximos 5 anos. 15
  • 17. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o consumo foi o principal responsável por este assinalável desempenho econômico, potencializado pela melhoria das condições de crédito e pelo elevado valor dos Índices de Confiança do Consumidor (ICC) e da Indústria (ICI), publicados mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que permanecem na zona de otimismo e expansão há cerca de dois anos. A continuidade da evolução favorável do mercado de trabalho tem sido o principal pilar de sustentação do consumo interno. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registrou-se em 2010 a criação líquida de 2,1 milhões de empregos formais. Desde 2003, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) reduziu- se em mais de metade, de 10,9% para 5,3% no final de 2010, o menor nível histórico já medido pela pesquisa. 16
  • 18. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Com o desemprego próximo da taxa natural, existe competição acrescida pela mão-de-obra, especialmente a mais qualificada, o que se traduz na inflação dos salários, num ciclo virtuoso de sustentação do mercado de consumo. Esse efeito vem estimulando um movimento massivo de imigração de médios e altos quadros provenientes de países desenvolvidos. Adicionalmente, as grandes áreas metropolitanas, e nomeadamente São Paulo, vêm se convertendo de forma cada vez mais acentuada em pólos centralizadores de atração de negócios na região e no mundo. A grande vantagem deste processo de transformação reside no fato de se desenrolar em paralelo à profunda transformação do padrão de classes sociais. A busca de um caminho de redução da desigualdade na distribuição de renda, a melhoria das qualificações e nível educacional da população e o seguimento de programas de transferência por parte do governo abriram caminho ao surgimento de uma nova classe média. No ano de 2009, segundo a FGV, a Classe C passou a representar mais de metade da população total pela primeira vez na história do país. 17
  • 19. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Um estudo do Instituto Data Popular mostra que, contrariamente ao que acontece na Classe A, em que apenas 10% dos elementos possuem qualificação superior à da geração de seus pais, na Classe C esse número sobe para cerca de 70%. Esta deixará de ser encarada como apenas mais um segmento para se converter no foco central do próprio mercado, já que o seu crescimento e predomínio beneficiam tanto a demanda quanto a oferta. De fato, os participantes da Classe C não só assumirão o seu papel de consumidores como também se tornarão estratégicos nas decisões de investimento das empresas no Brasil, ao se tornarem mais exigentes na seleção dos produtos, buscando itens cada vez mais sofisticados. Poder aquisitivo e consumo O promissor aumento da base de consumo interno no Brasil vem sendo potencializado e amplificado por três relevantes alavancas: o aumento da renda per capta, a melhoria na distribuição de renda e a democratização do crédito, o qual vem crescendo na direção dos padrões internacionais. A primeira e a segunda alavanca traçam,respectivamente, a semelhança e a diferença entre o desempenho nacional e o da generalidade das grandes potências emergentes. A renda média mensal real da população Brasileira com 10 anos ou mais de idade, obtida através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004-2009, aumentou acumuladamente 24% no período de 5 anos em análise - o dobro do crescimento alcançado pelo PIB per capita-em sentido contrário ao que se observa em países como a China ou a Índia. Este movimento foi impulsionado por uma aproximação das classes de renda inferior às de renda superior. Segundo dados da PNAD 2001-2009, o décimo inferior de população aumentou a sua renda disponível com uma taxa anual 18
  • 20. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil composta de quase 7%, o que compara com o crescimento de 1,5% do décimo superior, indo ao encontro da idéia de reforço da classe média, que constitui a referência primária para o consumo. Uma das principais ameaças à continuação do processo de expansão da renda real no futuro diz respeito à possibilidade de incremento da inflação nos próximos anos. Esse foi durante décadas um dos principais bloqueadores do crescimento econômico Brasileiro, e a sua estabilização, pilar fundamental do lançamento do Plano Real e um dos fatores que mais contribuiu para o atual cenário de expansão vivenciado pelo país. Neste sentido, desde a adoção pelo BCB do Regime de Metas de Inflação em 1999 e, mais enfaticamente, desde que em 2002 o câmbio quase atingiu 4 reaispor cada dólar dos EUA, com o IPCA cotando-se nos 12,5%, o Banco Central do Brasil (BCB) vem perseguindo uma política de forte contenção da inflação. A recuperação e estabilização da economia Brasileira vêm permitindo a entrada de capitais externos, conduzindo o câmbio a um máximo de quase 1,5 reais por cada dólar dos EUA em 2008. A inflação encontra-se desde 2005 contida na banda de 4 pontos percentuais em torno da meta de 4,5% definida pelo BCB, i.e., entre 2,5% e 6,5%, embora nos anos de 2008 e 2010 tenha se aproximado do limite superior em função do aquecimento do consumo interno. Segundo o BCB (“Focus – Relatório de Mercado”, 18/11/2011) a expectativa do mercado é de que a inflação continue abaixo dos 6,5% para os anos de 2011 e 2012, embora próximo ao limite superior da banda. Beneficiada pela estabilidade e confiança dos agentes econômicos, surge a segunda alavanca do consumo: a democratização do crédito. Exercendo influência no consumo das famílias e nas decisões de investimento das empresas, a trajetória de gradual redução da taxa referência SELIC tem impulsionado este fenômeno. Adicionalmente, a bancarização do país é crescente, como se ilustra na figura abaixo, com a duplicação do número de contas correntes desde 2001 e o 19
  • 21. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil incremento da capilaridade das instituições financeiras. O acesso ao crédito é cada vez menos dispendioso e a prazos mais alargados. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) projeta a continuação dessa tendência, dos atuais 46% para cerca de 70% do PIB em 2014. De acordo com os números do Banco Central Europeu (BCE), o total de empréstimos do sistema financeiro representava, no final de 2010, 116% do PIB na França, 119% na Alemanha e 185% na Espanha. Em todos os países referidos, o crédito à Pessoa Física já é superior a 50% do PIB, ao passo que no Brasil não atingiu ainda os 20%. De 2001 a 2010, o crédito concedido em percentagem do PIB cresceu a uma taxa anual composta de cerca de 5%para pessoa jurídica, e de cerca de 10% para a habitação e Pessoas Físicas.Houve também uma maior sofisticação nos produtos oferecidos pelas instituições financeiras, que passaram a proporcionar um leque mais amplo de alternativas, expandindo garantias e seguros. Segundo um estudo da LCA Consultores, a evolução na penetração de crédito teria sido responsável por cerca de 40% do crescimento econômico do Brasil nos últimos 6 anos. Em suma, o consumo das famílias, que representa mais de 60% da economia e que vem sendo alavancado pelo surgimento da nova classe média emergente, pelo aumento generalizado das rendas e pela expansão da disponibilidade de crédito, constitui o grande motor do crescimento Brasileiro, conforme se pode constatar na figura abaixo. Desde 2004, o PIB cresceu 28%, ao passo que o consumo das famílias avançou acumuladamente 37%, dados do BCB. Na medida em que o eixo de gravidade de consumo desce das Classes A e B para as Classes C e D, cada unidade monetária marginal de renda converte-se num valor superior de consumo. 20
  • 22. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil C. MEGAEVENTOS – COPA 2014 E OLIMPÍADAS 2016 Como agentes catalisadores do cenário otimista que vem se desenhando para o setor de turismo no Brasil, surgem os dois megaeventos a se realizar nos próximos anos: a Copa do Mundo FIFA em 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Esta será a quarta vez que um país é sede de ambos os eventos no mesmo período, e apenas a segunda vez em um país em desenvolvimento. Após o anúncio dos dois megaeventos, o país ganhou visibilidade internacional que se reflete em vários setores. Em 2010, por exemplo, houve 50 shows internacionais no país, e em 2011 o calendário contava com mais de 100, segundo reportagem da revista Época de 16/09/2011. Copa 2014 Segundo estudo da Ernst & Young (“Brasil Sustentável- Impactos Socioeconômicos da Copa 2014”, publicação em 2010), a Copa realizada na Alemanha em 2006 atraiu 3,4 milhões de expectadores aos estádios, gerou 5 milhões de pernoites de turistas locais e estrangeiros, 18 milhões de visitas às áreas de lazer circundantes e estimativa de mais de 26 bilhões de telespectadores acumulados.Na África do Sul em 2010,estima-seum total 30 bilhões de telespectadores. Segundo o mesmo estudo, a edição Brasileira deverá atingir números ainda superiores, e estima-se que o fluxo receptivo no país durante todo o ano de 2014 será 50% maior do que foi em 2010, alcançando 7,8 milhões de turistas estrangeiros. 21
  • 23. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A Copa de 2014 no Brasil será realizada em 12 cidades sede – um número elevado em relação ao padrão para Copas do Mundo – trazendo grande exposição externa para estas cidades brasileiras. Entretanto, o fator que deverá trazer maior impacto nos fluxos turísticos doméstico e receptivo serão os elevados investimentos que o país vai realizar em infraestrutura e qualidade dos serviços turísticos, fruto dos preparativos para o evento. De acordo os diversos estudos já efetuados sobre o tema, por instituições como o Ministério do Turismo e a Fundação Getúlio Vargas, háboas possibilidades de potencialização dos investimentos efetuados, através de um efeito multiplicador sobre a atividade econômica, não só devido ao efeito de investimento direto público e privado como também através de uma cadeia de efeitos indiretos e induzidos, desde que seguidas as medidas e procedimentos adequados. Estudo do Ministério dos Esportes em parceria com a empresa de consultoria ValuePartners (“Impactos econômicos da realização da Copa de 2014”, Março/2010) estima que a Copa gere um impacto direto de R$ 9,5 bilhões ao turismo, através dos 600 mil turistas estrangeiros que virão, gerando divisas de R$ 3,9 bilhões, e 3,1 milhão de turistas nacionais, gerando R$ 5,5 bilhões. Esse estudo estima investimentos diretos que impactam o turismo em mais de R$ 47 bilhões, e um impacto total sobre o PIB brasileiro de mais de R$ 180 bilhões. Dos R$ 47,5 bilhões em impacto direto, os investimentos em infraestrutura somam R$ 33 bilhões, representando aproximadamente 70% do total. Turismo e Consumo respondem pelos R$ 14,5 bilhões restantes, conforme gráfico abaixo: 22
  • 24. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Parte significativa dos investimentos em infraestrutura civil será destinada aos estádios, incluindo 6 reformas de grande porte e a construção de 6 novos, totalizando R$ 6,3 bilhões: Mesmo antes da realização da copa, os impactos na imagem brasileira como país hospedeiro de eventos esportivos já podem ser sentidos. Segundo a revista Examede novembro/2011, utilizando dados da Sport+Market, a aproximação dos dois megaeventos fez com que o número de feiras e eventos relacionados ao esporte quintuplicasse, passando de 30 em 2010 para os 148 previstos para 2011. 23
  • 25. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Além dos impactos diretos e indiretos dos investimentos, existem diversos benefícios intangíveis, mas que influenciam positivamente os fluxos turísticos: Fortalecimento da imagem brasileira como um pólo turístico, com infraestrutura adequada, bons produtos e serviços turísticos e capacidade organizacional para receber grandes eventos internacionais; Salto de qualidade dos produtos e serviços oferecidos por todos os prestadores da cadeia turística, particularmente nas cidades sede; Criação e/ ou reforço da imagem de atratividade para turismo das cidades sede e suas regiões ao nível internacional, pela exposição na mídia e pelo “boca-a-boca” dos turistas, contribuindo para descentralizar o fluxo receptivo e incrementar o interno; Aumento do nível de “cosmopolização” das cidades sede, contribuindo para torná-las locais mais receptivos aos turistas estrangeiros. Olimpíadas 2016 Ao contrário da organização de uma Copa do Mundo, onde várias cidadessede passam por um salto em investimentos e exposição, as Olimpíadas têm o propósito de converter uma única cidadesede numa metrópole mundialmente conhecida e admirada, estabelecendo um novo posicionamento da cidade na rede global de turismo. Essa foi a estratégia adotada por Barcelona, Sidney e Beijing. Segundo oestudo ”Plano Aquarela 2020”, publicado em 2009 pelo Ministério do Turismo, estima-se que as Olimpíadas de Sidney levaram ao país um número adicional de 1,7 milhão de turistas entre 1997 e 2004, que gastaram mais de US$ 3,4 bilhões. Além disso, a marca “Austrália” avançou o equivalente a 10 anos. O estudo também cita um relatório elaborado em 1998 onde consta que 45% dos norte-americanos viajantes em potencial se diziam mais propensos a visitar a Austrália nos próximos quatro anos como resultado direto da escolha de Sidney para sediar as Olimpíadas. A estimativa calculada pela Beijing Olympic EconomicResearchAssociation é de que cerca de 600 mil turistas viajaram de fora da China e de que cerca de 2,5 milhões deles das mais diversas regiões chinesas durante os jogos. Ainda é esperado um crescimento de 8% a 9% na quantidade de turistas em Pequim no período 2009-2018. Segundo o Plano Aquarela Brasil 2020, estima-se que os jogos de 2012 em Londres devam gerar ganhos da ordem de US$ 3,4 bilhões (câmbio de julho/2011) para o Reino Unido. Para o caso brasileiro, um estudo da FIA encomendado pelo Ministério dos Esportes (“Estudo de impactos socioeconômicos potenciais da realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro em 2016”, setembro/2009) aponta a estimativa de chegada de 380 mil visitantes estrangeiros ao Rio durante as Olimpíadas em 2016, que devem gastar em hospedagem, alimentação, comércio e serviços em torno de US$ 152 milhões. É esperado, além disso, um impacto considerável na imagem da cidade e na sua atratividade como pólo de turismo de lazer e de negócios. 24
  • 26. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil D. OFERTA E DEMANDA DO SETOR DE TURISMO Nos últimos anos, uma convergência de fatores positivos macroeconômicos, demográficos e socioeconômicos criou as condições para que uma demanda latente se materializasse numa explosão de consumo turístico, refletida nas viagens domésticas, ao exterior, desembarques nacionais, ocupação hoteleira, aluguel de veículos e outros. Segundo dados IPC Target, o potencial de consumo para despesas de viagens no Brasil teve aumento médio composto de 25% ao ano, entre 2003 a 2010, quando alcançou R$ 36 bilhões. Além disso, a o crescimento da economiaimpulsiona também o turismo de negócios interno e o receptivo, com a crescente quantidade de eventos de negócios locais e internacionais realizados no Brasil. Naturalmente, o mercado não é composto só por demanda, e a oferta de serviços e produtos turísticos tem aumentado tanto em quantidade como em qualidade ao longo dos últimos anos. Neste sentido, infraestrutura é um limitante ao crescimento. A iniciativa privada tem contado com um crescente esforço governamental para coordenar ações nas áreas de financiamento, suporte à qualidade da gestão, formação de mão de obra e visibilidade do Brasil no exterior. Como mostraremos nos próximos tópicos, o momentum da demanda turística deve continuar forte nos próximos anos, inclusive com os impulsos dos megaeventos de 2014 e 2016, que deverãodeixar um legado significativo na oferta de infraestrutura, produtos e serviços turísticos e visibilidade nacional no exterior. A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação direta no PIB baixa se comparado a outros países, de acordo com dados do Euromonitor e FMI: Fluxos turísticos 25
  • 27. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil A demanda turística contempla três fluxos turísticos, descritosem função do sentido que possuem em relação às fronteiras do país: B Fluxo doméstico refere-se às movimentações turísticas com origem e destino dentro do Brasil (A); Fluxo internacional emissor refere-se às movimentações de turistas com origem no Brasil com destino o exterior (B); A Fluxo internacional receptivo refere-se às movimentações de turistas com origem em outros países e com destino o Brasil (C). C Fluxo turístico doméstico O mercado turístico doméstico tem crescido sistematicamente, sustentando a demanda em momentos em que a conjuntura externa apresentou-se desfavorável. O número de viagens domésticas é um dos indicadores do vigor da demanda turística e tem crescido nos últimos anos a uma taxa média anualizada de 6%. Para os próximos anos, o MTur e FGV, no estudo “Turismo no Brasil, 2011- 2014”,consideram três cenários para o processo de crescimento, desenvolvimento e de melhoria da competitividade turística no período de 2010-2014. O mais favorável – “acelerado” (C1); o intermediário – “moderado” (C2); e o de menor crescimento – “inercial” (C3). Pela alta correlação entre as viagens domésticas e o desenvolvimento econômico, os cenários C1 e C2 resultam nas mesmas projeções para o volume das viagens domésticas. Apenas no caso de crescimento inercial é que as viagens perderiam ritmo. Um importante indicador do vigor do fluxo turístico doméstico é o desembarque de passageiros nos aeroportos brasileiros, que tem crescido a uma taxa anualizada média de 12%. Conforme demonstra o gráfico abaixo, mesmo o crescimento esperado para o cenário mais otimista projetado pelo 26
  • 28. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil MTur(C1), subestimou o número de desembarques ocorridos em 2010, indicando uma resposta mais sensível deste indicador às condições econômicas favoráveis no ano. Outro setor de destaque é o de cruzeiros marítimos. Embora não seja totalmente um fluxo doméstico – dos 793 mil turistas na temporada 2010/2011, 12,5% foram estrangeiros – o número de cruzeiristas que viajam no Brasil cresceu a um taxa média composta de 34% ao ano nos últimos 6 anos, segundo estudo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e FGV Projetos. Dos brasileiros, 61% são do estado de São Paulo. Outro setor que reflete o crescimento da demanda (doméstica e receptiva internacional) é o hoteleiro, onde, segundo estudo do BNDES sobre perspectivas do setor no Brasil, tem mostrado 27
  • 29. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil aumento na taxa de ocupação nos últimos anos, após um período pressionado pela retração da demanda e, em alguns dos principais destinos turísticos do país, pelo excesso de oferta promovido pela intensa construção de apart-hotéis. Outro índice com crescimento acentuado é o RevPAR (revenue per availableroom) – índice que combina taxa de ocupação e valor da diária média paga. Fluxo turístico internacional emissivo O crescimento econômico brasileiro e o consequente aumento da renda discricionária das famílias, descritos anteriormente, também impulsionam o fluxo de turistas brasileiros para o exterior, que tem sido amplificado consideravelmente pela valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos. Segundo Business Monitor International (BMI)no seu relatório “BrazilTourismReport Q3 2011”, em torno de 5,6 milhões de brasileiros deveriam viajar em 2011 ao exterior. Em 2010, cada turista brasileiro gastou em média US$ 2.610 no exterior, quase três vezes mais que o gasto médio de um turista estrangeiro no Brasil, totalizando US$ 14,6 bilhões. Esse número pode refletir os gastos com compras desproporcionalmente maiores realizados pelos turistas brasileiros. Em 2010, 44% dos turistas brasileiros que foram para o exterior tiveram como destino países da América Latina, especialmente a Argentina, refletindo alto grau de intercâmbio comercial e das ofertas de produtos de turismo dirigidos para o país vizinho. 28
  • 30. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Fluxo Turístico Internacional Receptivo A entrada de turistas estrangeiros no Brasil atingiu um patamar em 2005, manteve-seestável até 2009 e deu sinais de iniciar uma recuperação em 2010. O ritmo dessa recuperação depende em parte da atratividade turística do Brasil, tanto em lazer como para negócios, e também da qualidade dos serviços e infraestrutura. O MTur e FGV projetam 3 cenários para o crescimento do fluxo receptivo até 2014, baseados em projeções da taxa de câmbio, crescimento do PIB mundial, fluxo turístico internacional e assentos oferecidos. No lado da atratividade brasileira, os seguintes fatores são geralmente apontados entre aqueles que defendema perspectiva de cenário mais otimista: O Brasil é um país com reconhecidas belezas naturais e também com crescentes atrativos culturais, culinários e de lazer em geral; O país sediará um número crescente de eventos esportivos, culturais e de negócios nos próximos 5 anos; O governo, através do MTur, tem aumentado seus esforços de promoção e de comunicação do turismo no exterior. As metas contidas no Plano Aquarela 2020 do MTur contemplam um crescimento de 113% entre 2010 e 2020 para a chegadas de turistas ao país. 29
  • 31. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil No entanto, apesar da expectativa positiva, dados da Organização Mundial do Turismo e do MTur indicam que, com os 4,8 milhões de turistas estrangeiros recebidos em 2009, o Brasil ficou na 45ª colocação mundial, atrás de países como Turquia (7º lugar), Malásia (9º), México (10º) e Áustria (11º), e empatado com a Argentina, apesar das diferenças em tamanho geográfico e populacional entre os dois países. Dessa forma, o Brasil ainda tem um longo caminho para se aproximar dos níveis de países como a Argentina, Chile, México e África do Sul, conforme demonstrado abaixo. 30
  • 32. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Outro indicador do grande espaço para crescimento são as divisas geradas pelo setor no Brasil, que o WTTC estima em US$ 6,58 bilhões em 2011, nos colocando apenas no 42º lugar num ranking de 181 países, para uma economia queé a 7ª no mundo atualmente. Quanto a destino, houve uma desconcentração no fluxo de passageiros internacionais nos principais aeroportos brasileiros nos últimos anos, embora modestos. De 2003 a 2010, segundo relatórios da Infraero, Guarulhos passou de 70% para 65% dos passageiros internacionais, enquanto Brasília passou de praticamente nada a 1,3%, Manaus de 0,4% para 1,0%, Confins de 1,0% para 1,9% e Porto Alegre de 1,7% para 2,8%. Prestadores de Serviços A prestação de serviços turísticos no Brasil ainda é considerada uma atividade com grande nível de informalidade. O Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos – Cadastur – tem apresentado um crescimento consistente no número de prestadores, reflexo da obrigatoriedade do cadastro a partir de 2008. Em 2009, havia 36.846 prestadores cadastrados, um aumento de 6% sobre o ano anterior. Em termos de emprego, o IPEA estima uma queda lenta, mas contínua, no nível de informalidade para o setor, saindo de 59% em 2002, para 57% em 2009. Neste período, a participação da ocupação do turismo na economia passou de 2,0% para 2,3%. Em 2008, segundo o IPEA, os empregos em turismo estavam divididos na seguinte forma: 40% em transportes; 33% em alimentação; 13% em alojamentos; 5% como auxiliares de transporte; 5% em Empresas de Turismo e; 4% em outros. 31
  • 33. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Segundo a 7ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), as 80 maiores Empresas de Turismo no país faturaram em 2010 R$ 42,8 bilhões e empregaram 96 mil pessoas. Segundo a mesma pesquisa, para o período entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009) as empresas pesquisadas reportaram aumentos de receita de um ano para o outro entre 15% e 30%. A cadeia de valor turística engloba diversos participantes: fornecedores de produtos de turismo, operadoras e consolidadoras, outras Empresas de Turismo, clientes corporativos e físicos, corretoras de câmbio, bancos, operadoras de cartão de crédito e seguradoras, que formam um elo conforme o diagrama abaixo: Corretoras de câmbio Bancos, cartões de crédito e seguradoras Cias aéreas, Consolidadoras Agências de Clientes hotéis etc. e Operadoras turismo O caráter de intermediação de serviços que caracteriza boa parte da cadeia de valor do turismo indica que a consolidação vertical apresenta grande potencial de ganhos tanto em eficiência – menos interfaces, refletindo em menores custos – quanto em qualidade do serviço – maior controle sobre todos os elos da cadeia, do prestador de serviço ao canal que tem contato com o cliente final. Empresas de Turismo É uma indústria bastante pulverizada no Brasil, com 12.784 empresas cadastradas em novembro de 2011 no Cadastur – sistema do MTur de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no turismo –sendo a grande maioria micro ou pequenas empresas. Essa fragmentação as torna, em geral, o elo mais fraco na cadeia de valor, já que a maioria dos demais participantes constitui-sepor segmentos com alta concentração, proporcionando uma assimetria a favor do poder de barganha dos outros elos diante das Empresas. Fornecedores das Empresas de Turismo o Cias aéreas: setor altamente concentrado, com o quase duopólio Gol e TAM; o Hotéis: setor com concentração crescente, onde cadeias nacionais e estrangeiras, com maior acesso a crédito, avançam na sua participação de mercado; Agências consolidadoras: setor não tão concentrado quanto o de cias aéreas, mas cujos participantes têm poder de barganha muito superior às outras categorias de Empresas de Turismo, com melhor acesso aos bancos, seguradoras, corretoras de câmbio e até nas Cias Aéreas. Bancos, cartões de crédito e seguradoras: setores concentrados e com tendências a acentuação.Empresasde menor porte tendem a ter dificuldades para levantar recursos junto aos bancos ou negociar taxas de intermediação com cartões de crédito; Corretoras de câmbio: indústria também em processo de consolidação, com grandes empresas estrangeiras entrando no mercado brasileiro através de aquisições; Clientes 32
  • 34. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil o Cliente final pessoa física: aumento do poder de barganha sobre as Empresas pelo crescimento das alternativas online de turismo e acesso direto aos fornecedores de serviços turísticos (turistas independentes), além da crescente fragmentação da demanda, que dificulta o acesso à segmentação mercadológica; o Clientes corporativos: segmento com margens declinantes para as Empresas devido ao tamanho dos clientes e pelo serviço ser cada vez mais negociado em áreas de compras mais agressivas. Esse ambiente competitivo favorece um movimento de concentração das Empresas de Turismo, que seria uma contrapartida ao menor poder individual, possibilitando mais poder de barganha na negociação com bancos, operadoras, fornecedores turísticos e clientes corporativos. Outra possibilidade de ganhos é através da consolidação horizontal, onde Empresas que atendem distintos segmentos e geografias se unem. Embora bem menos frequente, essa configuração possibilita atingir vários segmentos da demanda turística, que valorizam abordagens e serviços específicos,reduzindo flutuações sazonais na receita e ineficiências nas interfaces, além de possibilitar fluxos “internos”, onde certas regiões agem como emissoras de turistas, que serão servidos também por receptivos pertencentes ao mesmo grupo. Pode-se esperar também uma verticalização no setor, com empresas agregando mais de um elo da cadeia, como, por exemplo, unir operadoras, consolidadoras e outras Empresas de diversos segmentos de atuação com corretoras de câmbio,corretoras de seguros, entre outros. Nesse caso o ganho principal seria nas interfaces entre cada elo da cadeia e no maior controle sobre a qualidade do serviço como um todo. Segundo pesquisa do MTur, no primeiro semestre de 2011 as Empresas de Turismo reportaram uma expansão dos negócios em 70%, sendo que 76% dessas Empresas planejavam investimentos para o segundo trimestre, refletindo o bom momento atual e o otimismo para o curto prazo. Entretanto, segundo outro estudo do MTur sobre hábitos de consumo do turista em 2009, dos que compraram serviços de turismo, apenas 24,5% os fizeram através de Empresas, indicando um grande potencial de penetração. A região Sudeste concentra 48% das Empresas registradas, seguida pela região Sul com 22%, Nordeste com 16%, Centro-Oeste com 9% e Norte com 5%. Essa distribuição reflete o peso das regiões como emissores de turistas no país. Há vários subsegmentos de Empresas de Turismo em função da motivação principal do viajante ou da sua posição na cadeia de valor; entretanto, muitas atendem a mais de um segmento como forma de minimizar sazonalidades na demanda e também como forma de otimizar estruturas de atendimento e vendas. A seguir, vamos apresentar em breve descritivo de cada um desses subsegmentos. Agências de Turismo Receptivo Por definição, não trabalham com a emissão de turistas para outras localidades. Restringem-seà recepção de viajantes e em atividades complementares como reserva de hotéis, tickets para shows e eventos, transportes de passageiros e realização de passeios turísticos no destino, sendo parte importante nos fluxos turísticos doméstico e receptivo internacional. Algumas Empresas de maior 33
  • 35. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil porte fecham acordos diretamente com Empresas emissoras nos respectivos países e repassam alguns serviços para as chamadas Receptivas, que organizam apenas translados e passeios. A sazonalidade da demanda no turismo de lazer torna bastante flutuante a receita para essas empresas, sendo agravada nos casos onde a dependência do fluxo receptivo estrangeiro é grande. A diversificação geográfica – atendendo fluxos com sazonalidades complementares – e por segmento – mercado corporativo e eventos de negócios – é uma alternativa de crescimento para as receptivas. Agências Corporativas Empresas focadas no mercado corporativo, com volume maior de transações mas com margens menores. Algumas empresas oferecem serviços adjacentes às viagens, como gestão do fluxo de viagens para a empresa cliente – caso da Flytour – ou a organização dos eventos corporativos – caso da Belvitur. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem Corporativas (Abracorp), em 2010 aproximadamente 75% do faturamento do setor veio da emissão de passagens aéreas. Entretanto, o segmento que mais cresce é o de viagens de incentivos e eventos. Agências exclusivas para o Governo Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, citando o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), os gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2011 com viagens e deslocamentos de funcionários somou R$ 122 milhões. Esse subsegmento tem atraído a atenções de algumas Empresas que atendem exclusivamente o governo. Entretanto, é um segmento competitivo, cujo ciclo de contratação é longo e sob licitação. Agências focadas em Turismo Educacional e Intercâmbio Neste caso, o público alvo é o turista cujo objetivo principal é aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. As vendas são consultivas, demandando nível de treinamento de pessoal acima da média do setor. Além disso, Empresas são de porte médio para grande, pois exige capacidade de coordenação com equipes de apoio nos vários países envolvidos nos intercâmbios. O número de brasileiros em cursos no exterior tem crescido a uma taxa anual média de 26%, segundo a Belta. Em 2005 contava-se pouco mais de meia centena, ao passo que para 2011 a Belta estima que sejam ultrapassados os 200 mil. As principais Empresas de intercâmbio são a CI e a STB, com mais de 60 lojas cada, a Experimento com 28 lojas e a World Study com 16 lojas. Segundo o Valor Econômico, o faturamento das empresas do setor cresceu 40% entre o primeiro semestre de 2010 e o de 2011. Agências de Turismo de Aventura e Ecoturismo Segmento onde os produtos são direcionados aos viajantes cuja motivação é de aventura (com algum nível de risco controlado) de caráter recreativo e também produtos onde a preocupação em não agredir o meio ambiente é primordial. 34
  • 36. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Segundo estudo da EuromonitorInternational(“TravelandTourism Global Overview”, março/2011), a categoria de turismo que mais vai crescer globalmente entre 2010 e 2015 será a de turismo a parques nacionais. Agências Consolidadoras Estas são Empresasque consolidam serviços junto às cias aéreas e repassam às Empresas de menor porte, que não são credenciadas para este fim. Operadoras Diferentemente das outras Empresas de turismo, as operadoras em geral não mantém contato nem comercializam com o cliente final, o turista, mas somente com os fornecedores de serviços e produtos turísticos. Elas adquirem os serviços, elaboram pacotes e os disponibilizam para as Empresas de Turismo para que sejam comercializados. Entretanto, algumas desenvolvem canais de venda no varejo, como lojas físicas ou canal eletrônico (internet) de vendas. Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), no seu Anuário 2011, estima-se que seus 86 associados comercializaram 85% dos pacotes turísticos no Brasil 2010 e transportaram aproximadamente 4,8 milhões de viajantes, gerando vendas conjuntas de R$ 7,6 bilhões. Pelas estatísticas da Braztoa, o mercado brasileiro total de operadoras teria, consequentemente, gerado vendas de aproximadamente R$ 8,9 bilhões em 2010. Algumas operadoras utilizam lojas como canal de vendas no varejo para seus produtos. O uso de sistemas de franquias acelera expansão das lojas, mas pode trazer riscos pela redução do controle sobre o próprio canal de vendas. Organizadores de Feiras e Eventos O setor de empresas organizadoras de eventos é caracteristicamente pulverizado e informal, composto por 90% de micro ou pequenas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Eventos (ABEOC). Não há estatísticas confiáveis sobre o setor, mas, segundo o “Anuário Brasileiro das Promotoras e Organizadoras de Eventos”, em 2008 havia 6 mil empresas organizando 319 mil eventos/ano no país, nem todos relacionados ao turismo. Além disso, há uma grande diversidade em tamanhos, desde empresas iniciadas por ex- funcionários que passam a organizar os eventos corporativos para o antigo empregador, até grandes como a Reed ExhibitionsAlcantara Machado, joint venture constituída em 2007, que segundo seu presidente, espera realizar 42 feiras em 2011 e 2012, com investimentos de R$ 100 milhões. Em 2011 suas feiras hospedarão 6 mil expositores e receberão 4 milhões de visitantes. A empresa, que informa ter faturado US$ 150 milhões no Brasil em 2010, ainda segundo seu presidente, tomou a decisão estratégica de diversificar geograficamente, e deve destinar pelo menos 25% dos seus negócios para o Nordeste nos próximos anos. Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Hospedagem Diferentemente dos meios de transporte, a hotelaria está inteiramente vinculada à demanda turística. Os meios de hospedagem se compõem por hotéis, pousadas e hospedarias, que prestam serviços basicamente para os vários segmentos de turistas. 35
  • 37. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Segundo estudo setorial do BNDES, o mercado brasileiro de hotelaria tem baixa concentração, sendo que os 20 maiores grupos de hotelaria por quantidade de quartos, que administram mais de 500 hotéis, ofertam apenas 19% das unidades habitacionais hoteleiras. Relatório da Hotel InvestmentAdvisors (HIA) e da Horwath HTL, citados em estudo do BNDES em agosto de 2007, afirma que existiam no Brasil 7.153 hotéis e flats em 2007, totalizando 359 mil quartos. Já em julho de 2010, segundo estudo publicado pela Jones Lang LasalleHotels, “Hotelaria em números Brasil 2010”, havia 9.524 hotéis e flats no país (incluindo condo hotéis), totalizando 441 mil quartos. Segundo documento do MTur, estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão em hotelaria até Copa de Mundo de 2014 e um crescimento anual de 7% para onúmero total de estabelecimentos hoteleiros no período. Uma característica importante do fluxo turístico doméstico é o fato, capturado em uma pesquisa da FIPE em 2007, de que a maioria dos turistas brasileiros em viagens de lazer hospeda-se em casa de amigos ou parentes, sendo queapenas 23% hospedaram-se em hotéis. No turismo de negócios, por outro lado, a penetração dos hotéis é bem maior, tendo atingido 60% dos viajantes. 36
  • 38. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Assim, a segmentação da demanda em 2009, segundo a Jones Lang LaSalle, mostrou uma concentração de 50% nos clientes corporativos para os hotéis e flats urbanos. Há uma forte concentração de quartos na região Sudeste, com 47%, seguido por Nordeste e Sul com 21% cada, Centro-Oeste com 8% e Norte com 3%. Em linha com esses dados, o estudo da Jones Lang LaSalle indicou que existiam, em julho de 2010, 153 projetos hoteleiros em construção ou em fase adiantada de planejamento e que serão afiliados às principais redes hoteleiras que operam no país, adicionando 24.147 novos apartamentos à oferta atual, concentrados nos segmentos econômico e superior. Isso representaria um acréscimo de apenas 5,5%. 37
  • 39. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Transporte Transporte Aéreo As maiores companhias aéreas operando no mercado doméstico brasileiro, em número de assentos instalados em dezembro/2011, segundo anuário ANAC 2010, são: TAM com 26.859: Gol: 21.155; Azul: 2.948; Trip: 2.740; Avianca: 1.946; Pantanal: 819 e; Passaredo: 637. Portanto, o transporte aéreo de passageiros no Brasil é bastante concentrado, quase um duopólio, onde as duas empresas principais tiveram, nos vôos domésticos em 2010, 83% e 82% dos assentos quilômetros oferecidos (AKS) e dos passageiros quilômetros transportados, respectivamente, segundo o relatório anual ANAC. Portanto, desempenho dessas duas companhias reflete em grande parte o que acontece no setor como um todo. Abaixo, alguns dados sobre a Gol Linhas Aéreas: 37% de participação de mercado (jul/2011); Faturamento de quase R$ 7 bilhões em 2010. 115 aeronaves; 18,7 mil funcionários. Dados sobre a líder de mercado, a TAM: 45% de participação de mercado; Faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2010; 157 aeronaves em operação. Neste setor, vemos o impacto do crescimento da demanda turística com bastante clareza. Segundo a ANAC, de 2002 a 2010 houve um aumento de 153% no Passageiro Quilômetro Pago Transportado (RPK) (1 RPK = 1 passageiro pagante que voou por 1 km) para vôos domésticos. Também segundo a ANAC, de julho de 2010 a junho de 2011, o preço médio das passagens aéreas no Brasil foi o menor desde o início da série histórica, em 2002, contribuindo para o aumento da demanda. Transporte Terrestre Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o transporte rodoviário de passageiros no Brasil é responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de usuários/ano. O transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva de usuários nas viagens de âmbito interestadual, segundo o MTur e FGV. Embora perdendo mercado ao longo dos últimos anos, conta com um faturamento anual superior a R$ 2,5 bilhões, utilizando 13.400 ônibus, conforme o Anuário Estatístico da ANTT. O desembarque de passageiros em transporte rodoviário coletivo para percursos acima de 75 km, indicador utilizado pelo Plano Nacional de Turismo, mostra uma queda de 12% entre 2004 e 2008. Segundo estudo realizado pela Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, em relação ao transporte turístico, o setor opera hoje com uma demanda a 20% da registrada em 1985. Essa perda é 38
  • 40. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil concomitante não somente com o aumento expressivo do número de veículos licenciados e de veículos locados a partir de 2003, o que poderia explicar parcialmente o comportamento da demanda segundo o MTur e FGV, como também o aumento da oferta e redução das a tarifas aéreas para viagens de longa distância,o que incentivou parte dos viajantes a trocar o ônibus pelo avião. Por outro lado, o mercado de locação de veículos vem crescendo com taxas de dois dígitos. No período de 2003 a 2010, segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), a frota teve um CAGR de 12% e o faturamento um CAGR de 11%. Em 2010, 56% das locações tiveram como objetivo a terceirização de frota, 24% o turismo de negócios e 20% para o turismo de lazer. Segmentação por classe de demanda Em pesquisa realizada pelo MTur e FIPE em 2007, o lazer foi a motivação principal para viagem doméstica declarada por cerca de dois terços dos entrevistados, seguida por negócios com 24% e outros motivos com 9%. Turismo de Lazer O turismo de lazer é, por definição, composto por viagens motivadas pela busca do entretenimento em praias, campo, em cidades com ricos acervos culturais, históricos ou naturais, em parques temáticos, em resorts que ofereçam serviços especializados ou diferenciados, visitas a parentes e amigos. Há um alto grau de viagens discricionárias nesse segmento, ou seja, a demanda é muito influenciada pela renda disponível das famílias e da atratividade do turismo como consumo. 39
  • 41. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Segundo estudo da EuromonitorInternational (“TravelandTourism Global Overview”, março/2011), as vendas no varejo de turismo de lazer a nível global em 2010 foram três vezes maiores que as corporativas, o que deve se manter até 2015, onde deve atingir aproximadamente US$ 600 bilhões. Em pesquisa do MTur e FIPE, os principais motivos dos turistas nas viagens de lazer domésticas foram: a visita a parentes/amigos; sol e praia; compras pessoais; turismo cultural e; diversão noturna. Algumas características distinguem o turista doméstico de lazer do de negócios, também levantadas pelo estudo do MTurFIPE: As viagens de lazer usam automóvel em 50% dos casos, enquanto as de negócios em 36%. Em contrapartida, viagens de negócios usamo avião em 22% dos casos, contra apenas 8% das de lazer; Em mais da metade das viagens a lazer o turista se hospeda na casa de amigos e parentes, indicando uma grande oportunidade para o setor hoteleiro; 92% dos turistas alegam não ter usado os serviços das Empresas de Turismo para organizar a sua principal viagem, indicando também uma grande oportunidade para as empresas do setor aumentar sua penetração. Turismo de Negócios O turismo de negócios trata das viagens onde a motivação seja algum compromisso de natureza profissional, o que inclui participação em congressos, seminários, feiras e etc. Em 2007 foram realizadas 37 milhões de viagens domésticas motivadas por negócios, segundo o MTur. O dinamismo do turismo de negócios no Brasil pode ser comprovado pelo desempenho do segmento corporativo das Empresas de Turismo, incluindo as operadoras. Segundo a pesquisa “Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas”, encomendada pela Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV), o setor de viagens corporativas cresceu 20% em 2010, movimentando R$ 21 bilhões. O mercado crescente tem estimulado a consolidação no Brasil, exemplificada pelo anúncio em novembro da aquisição de 100% da Net Tour pela CarlsonWagonlitTravel (CWT), a maior empresa do mundo de turismo corporativo. Segundo seu presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico, coma aquisição a CWT deve faturar em torno de R$ 1,5 bilhão em 2012. Já o fluxo receptor internacional de turistas estrangeiros em viagens de negócios, segundo o MTur baseado em dados do WTO, veio apresentando uma queda leve a partir de 2005, que se acentuou em 2009, impulsionado principalmente pela crise financeira nos principais países emissores. Em 2010 houve uma recuperação nos níveis de entrada de turistas estrangeiros no Brasil, e estudos da MTur e FGV estimam que a proporção relativa a viagens de negócios, que estava em patamares de 29% até 2005 e chegou a 23% em 2009, deva retornar gradativamente aos 29%. Além disso, a crescente importância brasileira no contexto econômico mundial, aliada ao crescente número de eventos de negócios internacionais sediados no Brasil, reforça a atratividade do país. 40
  • 42. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Eventos de Negócios O Brasil tem se desenvolvido nos últimos anos como destino de eventos de negócios internacionais. Segundo o InternationalCongressandConventionAsssociation (ICCA), passou de 62 em 2003 para 275 eventos em 2010, ocupando por 3 anos a 7ª posição mundial. Apesar de estar concentrada em São Paulo, que sediou 75 eventos em 2010, a quantidade de cidades brasileiras nesse grupo passou de 22 para 45 nesse período, caracterizando uma desconcentração, distribuindo os ganhos por outras capitais brasileiras. 41
  • 43. A.T. Kearney Ltda. Rua Joaquim Floriano, 72 Cj. 201 55 11 3040 6200 Management Consultants 04534-000 São Paulo-SP 55 11 3168 3709 Fax Brasil Em 2008, os 254 eventosICCA contaram com 64.500 participantes não-residentes no Brasil, segundo o EMBRATUR. Os segmentos mais importantes em número de participantes foram Tecnologia e Meio Ambiente (46%), Médico (38%), e Educação Social e Esporte (12%). Segundo estudo da EMBRATUR (2008/2009), o turista estrangeiro que chega ao Brasil para participar de evento associativo tem gasto diário médio de US$ 280, contra apenas US$ 68 para o turista de lazer. Intercâmbio e outros Relacionados à Educação O turismo emissor de intercâmbio, ou educacional, é aquele em que o objetivo principal do turista é aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. O aumento da internacionalização do Brasil, onde cada vez mais as empresas valorizam experiências internacionais no recrutamento de jovens, além do câmbio favorável, têm contribuído para este ser um dos segmentos de maior crescimento atualmente. Segundo a BrazilianEducational&LanguageTravelAssociation (Belta), que diz representar 90% do mercado das Empresas para turismo de intercâmbio, os cursos de intercâmbio disponíveis no mercado em geral envolvem: cursos colegiais (jovens de 15-18 anos), idiomas, idiomas combinado com interesses específicos, para professores, terceira idade e programas de férias. A nível mundial, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), atualmente 3 milhões de estudantes realizam estudos no exterior, que, estima-se, atingirá 10 milhões em 2025. Outros Motivos de Viagem 42