Há melhorias em algumas matérias e problemas noutras
1. Há melhorias em algumas matérias e problemas noutras. O Instituto de Avaliação
Educativa (IAVE) analisou os testes intermédios de Português e Matemática
realizados pelos alunos do 2.º ano do 1.º ciclo do ensino básico, nos últimos quatro
anos, para um diagnóstico precoce das dificuldades de quem aprende e para uma
intervenção pedagógica e didática atempada e eficaz de quem ensina.
Identificaram-se conteúdos consolidados e fragilidades nas aprendizagens para que
então se definam planos de ação que colmatem essas dificuldades.
E há várias dificuldades detetadas nos alunos que se encontram a meio do 1.º ciclo
de ensino. Os alunos do 2.º ano têm dificuldades em interpretar um texto, em
escrever sem erros ortográficos e de forma coerente, em aplicar acentos gráficos.
Não entendem o conceito matemático de igualdade, não contam dinheiro de forma
correta e não reconhecem o que é um quadrado ou um retângulo. Em 2014, os
testes intermédios foram realizados por 68 118 alunos na disciplina de Português e
68 681 em Matemática, em 839 escolas do país. Estes testes não têm carácter
obrigatório. As escolas inscrevem-se no projeto, os testes são elaborados a nível
central e disponibilizados às escolas inscritas e aplicados no mesmo dia e à mesma
hora em todo o país. A classificação é dada pelos próprios professores dos alunos
que fazem o teste, segundo critérios fornecidos pelo IAVE.
Na disciplina de Português, em 2014 verifica-se uma ligeira melhoria no
desenvolvimento de um texto, com a estruturação das diferentes partes, e na
produção de um texto com correção ortográfica – mesmo assim, apenas 28% dos
alunos estão no nível máximo de desempenho. Os resultados são, portanto,
insatisfatórios. No teste de 2014, apenas 39% dos alunos desenvolveram um texto
coerente e só 38% utilizaram vocabulário adequado na produção do mesmo texto.
Evidenciam-se dificuldades na leitura de informação dada e no cumprimento de
instruções escritas.
Quanto à Gramática, os alunos revelam dificuldades na aplicação dos acentos
gráficos. Em 2014, apenas 35% dos alunos acentuaram corretamente seis palavras
sublinhadas em contexto frásico, com os acentos agudo, grave e circunflexo. E há
também dificuldades na identificação de rimas com apenas 43% de respostas ao
nível máximo de desempenho. Na distinção de nomes, verbos e adjetivos, 64% das
respostas foram classificadas ao nível máximo de desempenho, o que representa
uma ligeira melhoria em 2014 relativamente aos anos anteriores. Ainda em 2104,
71% dos alunos acertaram na identificação de nomes do género masculino e no
singular, 89% na identificação de nomes do género feminino e no plural, o que
demonstra uma melhoria substancial em relação a 2012 e 2013 - anos em que os
resultados foram inferiores a 40% em ambos os casos.
Na apreensão do sentido global do texto, os resultados são satisfatórios. Em 2014,
esse item era avaliado mediante o complemento, por construção de um texto que
sintetizava o poema, e apenas 42% das respostas ficaram situadas a um nível
máximo de desempenho. A identificação de informação explícita no texto lido é uma
aprendizagem consolidada com mais de 80% de respostas no nível máximo de
desempenho. A reconstituição de uma sequência textual e a capacidade de inferir
uma ideia implícita a partir de um texto revelaram desempenhos satisfatórios.
Em termos de compreensão oral, na apreensão do sentido global do texto, avaliada
2. pela primeira vez em 2014, apenas 34% das respostas situaram-se no nível
máximo de desempenho. Na identificação das personagens intervenientes num
diálogo escutado, 62% das respostas foram classificadas com o nível máximo de
desempenho. Na avaliação do reconhecimento de um padrão de entoação e ritmo
adequado à situação comunicacional de um enunciado oral, os resultados têm sido
satisfatórios. No entanto, ao aproximar os resultados de 2014 aos de 2012,
verifica-se que alguns alunos ainda têm dificuldades na retenção de informação
relativa à identificação de personagens nos textos. Na compreensão de instruções a
partir de um enunciado oral, os resultados revelam um dos melhores desempenhos
na prova com 89% dos alunos a responderem corretamente. Os alunos tiveram um
desempenho muito favorável no reconhecimento de padrões adequados à situação
comunicativa com 90% das respostas ao nível máximo de desempenho.
Fragilidades na leitura de números
Na Matemática, os resultados revelam pior desempenho na interpretação do
enunciado de um problema e na definição de uma estratégia apropriada à sua
resolução, bem como na justificação clara e coerente dos procedimentos utilizados.
Há fragilidades nos conteúdos que apelam à mobilização da capacidade de
raciocínio. De um modo geral, há um melhor desempenho na organização e
tratamento de dados, assim como nas situações em que era necessário recorrer
essencialmente ao conhecimento de conceitos e a procedimentos matemáticos. A
resolução de problemas envolvendo um operador apresenta uma melhoria de 2013
para 2014 - no nível máximo de desempenho estão 41% dos alunos em 2014 e
35% em 2013. No cálculo mental, nota-se uma evolução positiva com 59% das
respostas no nível máximo de desempenho.
Os alunos têm dificuldades em entender o conceito de igualdade na Matemática. Na
compreensão do uso do sinal de igual numa expressão numérica apenas metade
dos alunos escolheram a opção correta no teste de 2014, quando em 2013 tinham
sido apenas 35%. Quando confrontados com situações relacionadas com o dinheiro,
regra geral, os alunos têm apresentado resultados satisfatórios, mas ainda há
fragilidades nesta matéria. Em 2014, a percentagem de alunos que responderam
corretamente neste ponto foi de 68%, menos 14% do que em 2011. O que pode
ser explicado pelo facto de em 2014 o valor em causa obrigar à seleção de euros e
cêntimos, enquanto em 2011 se pedia apenas a seleção de euros. “Apesar de estas
percentagens serem satisfatórias em ambos os casos, não deixa de ser
insatisfatório que uma percentagem ainda significativa dos alunos não tenha
resolvido a operação adequadamente, tratando-se de um tema recorrente e
essencial no dia a dia”, lê-se no relatório do IAVE.
A percentagem de alunos que ainda não reconhecem o quadrado continua muito
elevada. No teste de 2014, o conhecimento do conceito de retângulo e das suas
propriedades – identificar retângulos e saber que o quadrado é um caso particular
do retângulo – foi frágil, com apenas 31% dos alunos a identificarem o quadrado
como retângulo. Os alunos têm também algumas dificuldades ao nível de
conhecimentos dos conteúdos associados aos sólidos geométricos, nomeadamente
das suas propriedades. Verificam-se ainda fragilidades na leitura de números,
mesmo assim o nível máximo de desempenho anda pelos 80%. Ordenar números
não tem sido complicado para os alunos e os resultados demonstram um aumento
da percentagem que conhece e sabe aplicar o conceito de perímetro e uma
3. melhoria no que se prende com o conceito de área. Em Geometria e Medida, os
alunos continuam a apresentar dificuldades significativas na aplicação de
conhecimentos para a resolução de problemas e em situações que implicam
comunicação e raciocínios matemáticos. Os alunos têm também algumas
dificuldades ao nível da leitura e da interpretação de informação apresentada,
sobretudo em gráficos.
Trabalhar conteúdos gramaticais
Escrita, gramática e leitura são três áreas de Português que necessitam, portanto,
de uma intervenção mais específica no 1.º ciclo. Na primeira, sugerem-se treinos
na construção da frase, na estruturação do texto, na produção de narrativas. Na
segunda, propõe-se o reforço do trabalho nos conteúdos gramaticais. Na terceira,
salienta-se a necessidade de uma abordagem mais frequente e sistemática de
textos diversificados e na leitura de enunciados.
Na Matemática, sugere-se uma especial atenção ao significado do sinal de igual, ao
cálculo mental e ao registo escrito das estratégias utilizadas nas operações. Os
professores devem também insistir na compreensão da relação entre adição e
subtração, no significado dos símbolos matemáticos e ainda em tarefas específicas
relacionadas com os temas de Geometria e Medida. Incentivar a diversidade de
escalas em diferentes representações gráficas, resolver problemas que impliquem a
identificação de informação relevante, verificar resultados obtidos e discutir
estratégias utilizadas e resultados obtidos são também indicações a ter em conta.